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Channel: RUAS DE LISBOA COM ALGUMA HISTÓRIA
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RUA DO GRILO [ XV ]

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 Rua do Grilo - (2005) Foto de APS (O antigo espaço do"Cine-Pátria" na "Rua do Grilo", 46, instalado na propriedade do "Palácio dos Duques de Lafões") inARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (1967) Foto de João H. Goulart (O Cinema "CINE-PÁTRIA" na "Rua do Grilo" números 44B a 46) in   AFML
 Rua do Grilo - (Anos 30 do século XX) (Planta da sala do cinema "CINE-PÁTRIA" no "BEATO", depois de algumas alterações, a sala passou a ter capacidade para 447 espectadores) in CINEMA AOS COPOS
 Rua do Grilo - (anos 30 de séc. XX) Desenho de autor não identificado (Alçado do "Cine-Pátria" no início dos anos trinta) in JUNTA DE FREGUESIA DO BEATO
Rua do Grilo - (2013) - (O local onde ficava o cinema "CINE-PÁTRIA", no seguimento do Banco Espírito Santo. Este sítio do  cinema, também era conhecido pelo "Largo do Beato") inGOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO GRILO [ XV ]

«O CINEMA CINE-PÁTRIA»

No chamado "Bairro do Beato" na época densamente povoado, surge no edifício do antigo "PALÁCIO DOS DUQUES DE LAFÕES" na "RUA DO GRILO" número 46 que, para o mesmo espaço se chegou a projectar  um edifício que devia integrar cinema e habitação, lugar onde se veio a instalar o "CINE-PÁTRIA" quase no inicio do século vinte. A este propósito diz-nos "NORBERTO DE ARAUJO"em (1937) que: "(...) a seguir vê-se a muralha sobre a qual assentavam os jardins, (do Palácio) e foi essa muralha escavada há cerca de trinta anos, e nela se construíram estabelecimentos que antecederam o "ANIMATÓGRAFO" popular".
Sendo a única sala de cinema existente na freguesia do "BEATO", foi fundado no ano de 1917 por "JOSÉ PERDIGÃO", um funcionário da "COMPANHIA CINEMATOGRÁFICA DE PORTUGAL". 
No ano de 1928, é adquirido por "JOSÉ MANUEL GINJA" que o venderia três anos depois à firma "MENDONÇA & SOARES".
Nos anos subsequentes foram introduzidas significativas melhorias na sala e na fachada (que felizmente ainda hoje mantém a traça original), tendo nessa altura o cinema capacidade para acomodar quatrocentos e quarenta e sete espectadores.
Em finais da década de quarenta início de cinquenta, frequentei muito este cinema de "BAIRRO". Lembro-me que quando a lotação se esgotava (principalmente nas tardes de Domingo), os arrumadores colocavam uns bancos corridos na frente da primeira fila, para satisfazer mais uns quantos clientes. Em outras ocasiões o cinema encontrava-se esgotado, só restavam aquelas cadeiras que apanhavam as colunas da sala. Podemos confirmar na imagem da "Planta da Sala" as oito colunas perturbadoras.
A sala era composta de uma plateia, ligeiramente inclinada, acontece que motivado à pouca altura e à falta de adequada  ventilação, durante os meses quentes de verão, com a casa lotada, os espectadores sofriam com o calor ali produzido. Também, devido a sala não ter altura adequada, a cabina de projecção situava-se abaixo do nível normal, pelo que, com a sessão já iniciada, os retardatários eram obrigados a curvar-se para evitar que a sua sombra fosse projectada no ecrã. Existiam ainda os distraídos que para desespero dos mais impacientes, reclamavam pela perturbação que causavam.

O sócio maioritário "BALDOMERO CHARNECA" da firma "MENDONÇA & SOUSA", em 1950 assumiu a gerência do "CINE-PÁTRIA", onde se manteve cerca de  três décadas à frente dos desígnios do cinema.
No ano de 1968 o "CINE-PÁTRIA" acabaria por encerrar as suas portas, reabrindo de novo no início de 70. Já com as obras realizadas de recuperação e remodelação concluídas, o Cinema continuava encerrado. 
Sabe-se que na década de setenta passava filmes  "Indianos"e"Western" e que na última sessão eram projectados filmes pornográficos.

O cinema tem actualmente uma capacidade para 250 pessoas, divididas pela Plateia e Balcão, disposição que, como se sabe, é cada vez mais rara nas salas de cinema. A sala não logrou, porém, obter a rentabilidade esperada, e com o negócio cada vez menos rentável nos últimos anos, a fraca qualidade dos filmes exibidos e a decadência da sala, contribuíram para o afastamento do público do cinema do "BAIRRO".
Tendo  exibido filmes até aos primeiros anos da década de oitenta, foi posteriormente aproveitado para outras actividades de culto religioso.

(CONTINUA)-(RUA DO GRILO [ XVI ] OS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DO BEATO E OLIVAIS»


RUA DO GRILO [ XVI ]

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 Rua do Grilo - (2005)-Foto de autor não identificado ("Bombeiros Voluntários do Beato e Olivais" com as suas viaturas estacionadas fora do quartel) in CDS/PP-BEATO-LISBOA
 Rua do Grilo - (2005)- Foto de autor não identificado (O antigo "Largo do Beato" na versão popular, com os carros estacionados dos "Bombeiros Voluntários do Beato e Olivais"inCDS/PP-BEATO-LISBOA
 Rua do Grilo - (2005) - Foto de autor não identificado (Um carro Tanque dos "Bombeiros Voluntários do Beato e Olivais", estacionado junto ao quartel do Beato) inCDS/PP-BEATO-LISBOA
 Rua do Grilo - (2011) (Foto de uma notícia publicada no "JORNAL DE NOTÍCIAS" referente às más condições das instalações desta corporação em 14.01.2011) in JORNAL DE NOTÍCIAS
 Rua do Grilo - (2013) - ("Corpo de Bombeiros Voluntários" e "Cruz Vermelha" no antigo edifício dos "Duques de Lafões" na "Rua do Grilo") inGOOGLE EARTH
 Rua do Grilo - (2012) - (Emblema do "CORPO DE BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DO BEATO", na "Rua do Grilo" antigas cocheiras do "Palácio dos Duques de Lafões")     in    BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DO BEATO

Rua do Grilo - (1996) Foto de Luís Fradinho (Junto da "Praça do Comércio" um carro tanque dos "Bombeiros Voluntários do Beato e Olivais" no combate ao incêndio na Câmara Municipal de Lisboa em 07.11.1996)  in AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO GRILO [ XVI ]

«OS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DO BEATO E OLIVAIS»

Os "BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DO BEATO E OLIVAIS" estão instalados na "RUA DO GRILO" números 38-40 desde 6 de Maio de 1932, nas antigas cavalariças do "Palácio dos Duques de Lafões".
Este "Corpo Voluntário de Bombeiros", tem o número operacional (2107), é detido pela "ASSOCIAÇÃO HUMANITÁRIA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DO BEATO E OLIVAIS". Com área de actuação nas freguesias (antes do novo ordenamento de freguesias de Lisboa) - BEATO ; SÃO JOÃO; PENHA DE FRANÇA; ALTO DO PINAeSANTAENGRÁCIA. (Depois da Reforma de 2013) - «BEATO» (População de 14 241 - área 1,55 Km2; «PENHA DE FRANÇA» (Absorve "S. João") (População 30 795 - área 2.20 Km2); «AREEIRO» (junta "Alto do Pina"e"S. João de Deus" (População 21 035 - área 1,76 Km2) e «SÃO VICENTE» (junta "S. Vicente de Fora", "Graça" e  "Santa Engrácia"(População 17 087 - área 1,22 Km2) (Total de população das freguesias 83 158, com a área total de 6,73 Km2), (CENSOS de 2001 - fonte: CML.
 Com esta alteração de agrupamentos de freguesias, não estamos certos se a corporação irá preencher a sua actuação nesta área tão extensa.
O "CORPO DE BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS" tem a classificação do tipo 4, integrando sessenta elementos.
Num artigo publicado no "JORNAL DE NOTÍCIAS" em 14.01.2011, era referido que nem a boa vontade destes bombeiros voluntários, alguns com profissões de electricistas ou de carpinteiros, conseguem "mascarar" a realidade: o quartel do BEATO não tem ponta por onde se lhe pegue.
Quando chove são eles que precisam de ajuda.
Dizem ainda: Quando a capital foi atingida por grandes chuvadas os homens escalados para pernoitar no quartel de prevenção, foram também eles vítimas da intempérie. A água entrou e molhou os colchões e cobertores de quem estava a dormir no chão. E dormiam no chão, porque não existe, naquelas instalações, outro local para pernoitar. As camaratas são exíguas, tal como todo o resto.
O Presidente da Câmara Municipal de Lisboa da altura aprovou por unanimidade, uma proposta dos vereadores do movimento "LISBOA COM CARMONA", a qual reconhecia que o quartel não tinha quaisquer condições e propunha que as instalações fossem transferidas para um edifício (onde no passado estiveram instalados os "BOMBEIROS MUNICIPAIS"), situado junto ao"PALÁCIO DA MITRA".
A pedido dos bombeiros, a Câmara chegou a ceder, a título precário, um barracão para que a corporação pudesse guardar algum material de apoio. Sabe-se que o espaço junto ao "PALÁCIO DA MITRA"é suficientemente espaçoso para acolher também as viaturas, que estão  estacionadas na via pública.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ XVII ]-O PALÁCIO DOS DUQUES DE LAFÕES OU PALÁCIO DO GRILO (1)»

RUA DO GRILO [ XVII ]

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 Rua do Grilo - (2005) Foto de APS (Fachada primitiva do "Palácio dos Duques de Lafões" seguido do piso térreo sobre a "Rua do Grilo" a justa posição de um revestimento de cantaria, de acordo com o projecto de renovação pós-terramoto) (Abre em tamanho grande) in ARQUIVO/APS
 Rua do Grilo ((1856-1858)-Filipe Folque ("Atlas da Carta Topográfica de Lisboa" sob a direcção de Filipe Folque em 1856-1858. Planta Nº 9 onde nos mostra a panorâmica da propriedade dos "Duques de Lafões" da "Rua Direita dos Ananázes" (hoje Rua de Marvila) até à "Rua direita do Grilo" e ainda na margem do Tejo tinham o "Cais dos Duques de Lafões")  in  ARQUIVO MUNICIPAL DA CÂMARA MUNICIPAL DE  LISBOA
 Rua do Grilo - ( 19__) Foto de Alberto Carlos Lima (O 2º "DUQUE DE LAFÕES""JOÃO CARLOS BRAGANÇA" (1719-1806), 1º Presidente da Academia Real das Ciências) in AFML 
 Rua do Grilo - ( 2007 )  ("Palácio dos Duques de Lafões" fachada principal virada para a "Rua do Grilo") inIGESPAR
Rua do Grilo - (2007) (Uma parte da antiga propriedade dos "Duques de Lafões", podemos ver a "Rua do Grilo" que limita o palácio pelo Sul, e a Poente a "MANUTENÇÃO MILITAR") inGOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO GRILO [ XVII ]

«O PALÁCIO DOS DUQUES DE LAFÕES OU PALÁCIO DO GRILO ( 1 )»

Este "PALÁCIO DO GRILO" estava integrado numa vastíssima propriedade, que subia a encosta em declive acentuado na actual zona do BEATO.
A "QUINTA DO GRILO" pertencera a «D. ANTÓNIO MASCARENHAS», que o indiscreto genealogista "ALDO DE MORAIS" (PEDATURA LUSITANA), diz que teve a alcunha pouco simpática de o "SUJO". Foi ele que a vinculou e deu em dote à sua filha primogénita "D. MARIANA DE CASTRO", a qual casou em 1645 com "D. HENRIQUE DE SOUSA TAVARES" 1º Marquês de ARRONCHES e 3º CONDE de MIRANDA DO CORVO (1626-1706).
Mais tarde, a herdeira única da casa, bisneta desse casal "D. LUÍSA ANTÓNIA INÊS CASIMIRA DE SOUSA NASSAU E LIGNE", que foi 6ª Condessa de MIRANDA DO CORVO, casada com "D. MIGUEL DE BRAGANÇA", filho legitimado de "D. PEDRO II", que teve tratamento de Alteza, tendo também sido concedidas a esta senhora as honras de "DUQUESA", por carta de 02.04.1716 e, em 22.06.1718 foi-lhe atribuída a denominação de «DUQUESA DE LAFÕES» com tratamento deALTEZA.
Do enlace principesco nasceram o "D. JOÃO CARLOS DE BRAGANÇA" (1719-1806) futuro 2º DUQUE DE LAFÕES,  e seu irmão primogénito "D. PEDRO HENRIQUE DE BRAGANÇA"(1718-1761), que"D. JOÃO V", seu tio, agraciou com o primeiro titulo de "DUQUE DE LAFÕES" no dia do seu baptizado.
Assim, os "DUQUES DE LAFÕES" herdaram esta quinta incluída no imenso património da poderosa «CASA DE ARRONCHES». Possivelmente já existia um palácio, que não sabemos a sua data, mas que naturalmente resultava de sucessivos acrescentos impostos pelo aumento de grandeza da família. O próprio "D. ANTÓNIO DE MASCARENHAS" já ali devia ter as suas casas onde se recolhia.
Provavelmente o PALÁCIO começou a ser construído, em princípios da segunda metade do século XVIII a partir das edificações já existentes. O objectivo era erguer uma habitação condigna dos seus moradores, descendentes directos de um monarca de Portugal. Todavia, este projecto grandioso nunca se concretizou inteiramente, já que as obras de adaptação foram feitas por fases, em diferentes épocas. Essa a impressão que se colhe quando se confrontam as estruturas existentes com as plantas do "PALÁCIO DOS DUQUES DE LAFÕES", reveladas pela "Drª. IRISALVA MOITA" na exposição comemorativa do 2º Centenário da morte de POMBAL em 1982, onde foram pela primeira vez expostas no "MUSEU DA CIDADE", e lá permanecem guardadas. Estas plantas (desenhos) do palácio tinham sido adquiridas por este MUSEU e provenientes da "CASA DE LAFÕES". No catálogo da exposição informava que estes desenhos estavam guardados numa pasta antiga, que tinha escrito na sua capa «DESENHOS DE EUGÉNIO DOS SANTOS».
Só através de observação atenta dessas plantas e dos alçados se pode compreender o todo no seu conjunto, bem como as indefinições e permanências que mais complicam a leitura do edifício. Assim, a qualidade e raridade desses desenhos no panorama setecentista português é de tal monta, que merecia que lhes fosse dedicada alguma atenção.
Existiu um dos poucos autores que se debruçou com algum detalhe sobre este PALÁCIO foi «NORBERTO DE ARAÚJO" (INVENTÁRIO DE LISBOA). Afirma, segundo a tradição mais comum, que o palácio foi iniciado em 1777, pelo "2º DUQUE DE LAFÕES", quando este regressou a LISBOA, depois do exílio que se prolongava desde 1757. Logo aqui se levantam alguns problemas, dado que sabemos que o DUQUE só regressou em 1779.
Acontece que o PALÁCIO de facto, há muito tinha sido concebido e iniciado. Mais exacto, tinha começado a ser refeito. Com efeito, entre as plantas hoje guardadas no MUSEU, uma é fundamental para se perceber a génese e a imagem actual desta construção.
Trata-se do levantamento das construções preexistentes no início das obras setecentistas.
Concebida numa estrutura em " L ", tendo o seu corpo maior disposto no sentido NORTE-SUL, vertical ao RIO, e o menor a ele virado bem como à via pública.
No seu interior rasgava-se um pátio, fechado por outras construções mais modestas. Esse pátio estava a nível superior ao da rua, e a ele se fazia acesso através de uma rampa que passava por baixo do corpo mais curto do " L ", que dava sobre o caminho público.
A parte principal deste palácio, o corpo maior do " L "é, ainda hoje, bem sensível no conjunto existente, formando a sua ala virada a Poente. Foi possivelmente o seu carácter antigo, que levou «JOSÉ-AUGUSTO FRANÇA» a referir-se, e bem, ao seiscentismo das fachadas em: (A ARTE EM PORTUGAL NO SÉCULO XIX, VOL. I pág. 169) "(...) o palácio de Lafões, do Beato - que o segundo Duque, parente da casa reinante e homem de cultura cientifica, construiu ao voltar do meio exílio a que o votara Pombal - data da mesma altura mas o seu programa é bem menor, indo apenas até a um gosto actualizado num "LUÍS XVI" pobre, numa das fachadas só acabadas uns cem anos mais tarde e que contrasta com o seiscentismo das outras".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ XVIII ] O PALÁCIO DOS DUQUES DE LAFÕES OU PALÁCIO DO GRILO (2)»

RUA DO GRILO [ XVIII ]

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 Rua do Grilo - (2005) Foto de APS ("Palácio dos Duques de Lafões" o corpo primitivo que fica na "RUA DO GRILO", foto obtida da "Travessa do Grilo") (Abre em tamanho grande) inARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (1856-1858) Filipe Folque (A propriedade dos "Duques de Lafões" no "Atlas da Carta Topográfica de Lisboa", estando bem marcado o perímetro inicial entre a "Estrada de Marvila" e a "Rua do Grilo". Notando-se o corte dos belos jardins, pela linha do Caminho-de-ferro) inCÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA
 Rua do Grilo - (1999) Foto de António Sacchetti ("Palácio dos Duques de Lafões" vista sobre o pátio. Este conjunto foi erguido possivelmente já no século XIX, com acesso ao salão sobre o jardim) inCAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Grilo - (2007) Foto de Autor não identificado ("Palácio dos Duques de Lafões", interior da sala do andar nobre) inIGESPAR
 Rua do Grilo - (2007) Foto de autor não identificado ("Palácio dos Duques de Lafões", interior da Sala da Academia; pintura no tecto da autoria de "CYRILLO VOLKMAR MACHADO") inIGESPAR
 Rua do Grilo - (2013) (Fachada do "Palácio dos Duques de Lafões" lado Sul e principal nascente, sobre a "RUA DO GRILO") inGOOGLE EARTH 
Rua do Grilo - (2013) - (Uma panorâmica da propriedade dos "Duques de Lafões" obtida de Poente para Nascente. Depois da linha do Caminho-de-ferro, a propriedade continuava, conforme se pode ver no "Atlas da Carta Topográfica de Lisboa" de Filipe Folque em 1858) inGOOGLE EARTH


(CONTINUAÇÃO - RUA DO GRILO [ XVIII ]

«O PALÁCIO DOS DUQUES DE LAFÕES OU PALÁCIO DO GRILO ( 2 )»

Foi "PRIMEIRO DUQUE DE LAFÕES - "D. PEDRO HENRIQUE DE BRAGANÇA E LIGNE SOUSA TAVARES MASCARENHAS E SILVA) (1718-1761) primogénito do infante "D. MIGUEL DE BRAGANÇA" filho bastardo do rei "D. PEDRO II" e da francesa "ANA ARMANDA DU VERGE" que fora dama da rainha "D. MARIA FRANCISCA ISABEL DE SABÓIA" (a rainha portuguesa que casou com dois Reis portugueses).
"D. PEDRO DE BRAGANÇA" desempenhava na época conturbada em que viveu, além de princípe de sangue e parente chegado ao Rei "D. JOÃO V", tinha o importante cargo de hierarquia tradicional da Administração portuguesa. "Regedor das Justiças da Casa de Suplicação". De educação esmerada, distingue-se como músico tendo composto algumas missas e um ofício para a semana Santa. Nestes primeiros momentos, parece ter-se sabido adaptar ao emergente poder pombalino, vivendo com ele uma perfeita coabitação. Funções que naturalmente pressupunham uma directa e constante relação com o ministro "SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO".
Assim, devido ao terremoto de 1755 o "DUQUE DE LAFÕES" ficou sem residência em LISBOA do sumptuoso Palácio que tinha perto do "CONVENTO DO CARMO", que com o cataclismo ficou em ruínas e não pode ou não entendeu reconstrui-lo.
Poderíamos pensar que se albergaria nesta "QUINTA DO GRILO", mas não: Andou por casas emprestadas pelo Rei, incluindo o "PALÁCIO DE ALCÂNTARA". Porque? "NORBERTO DE ARAÚJO" retira deste feito a certeza da inexistência no "GRILO" de qualquer Palácio.
Pela leitura da planta, já sabemos que o Palácio não só existia, como, curiosamente ainda lá está. Estamos pois em crer que a razão  do "DUQUE" não se recolher no "GRILO", simplesmente porque o Palácio estava em obras.

Em determinado momento tudo muda na vida do "DUQUE". Assim, em 1760 é desterrado da Corte, recolhendo-se à sua quinta da "GRANJA DE ALPRIATE", onde morreria no ano seguinte sem deixar descendentes.
A acusação que determinou a sentença é categórica. O "DUQUE" tinha-se recusado a iluminar a sua residência por ocasião do casamento da princesa do "BRASIL", futura "D.MARIA I", com seu tio o "INFANTE D. PEDRO III.  Reside neste enlace a chave do problema. O "DUQUE", primo do REI, era também candidato à mão da princesa. Perdeu na corrida com o INFANTE, certamente por defeito de bastardia de seu pai, mas também por ser notoriamente uma personalidade mais forte de que o concorrente, capaz de perturbar os projectos de "POMBAL".
Não nos podemos esquecer que o poder deste Ministro do REI, tinha sido recentemente reforçado, após o «CASO DOS TÁVORAS»(1759) e a concessão pelo monarca do título de "CONDE DE OEIRAS". 
O "DUQUE" foi o último a ser afastado por POMBAL na sua corrida, o que não deixa de reflectir a posição de destaque de que "D. PEDRO DE BRAGANÇA" até então gozava.
Não admira, pois, que se guardasse no "PALÁCIO DOS LAFÕES" uma pasta com o nome do arquitecto "EUGÉNIO DOS SANTOS". Era ao"DUQUE"que o arquitecto do"SENADODA CÂMARA", principal responsável executivo pela "SALA DO RISCO", tinha de mostrar os seus projectos, depois  submetidos ao REI, ou melhor, a "POMBAL", que os assinava. Compreende-se pois, que os primeiros desenhos não aprovados estivessem nessa pasta, por isso só conhecidos na exposição em que foram divulgados os referentes ao "GRILO".
A posição social e política de relevo do "DUQUE", senhor de uma grande fortuna, ainda por cima com secretas ambições de eventual casamento, mexendo-se muito à vontade no meio dos arquitectos, que dele dependiam, era evidente que o "DUQUE" tinha de tratar com desvelo da imagem da sua casa. E, neste tempo, tal passava sempre pela pedra e cal.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ XIX ]-O PALÁCIO DOS DUQUES DE LAFÕES OU PALÁCIO DO GRILO ( 3 )»

RUA DO GRILO [ XIX ]

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 Rua do Grilo - (2005) Foto de APS (Portão que dá acesso ao "Palácio dos Duques de Lafões" e ao seu jardim, este virado para a "CALÇADA DO DUQUE DE LAFÕES") in ARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (2013) - (O "Palácio dos Duques de Lafões" a parte térrea onde deveria finalizar a construção inicialmente proposta no século XVIII. À direita podemos ver a "Calçada Duques de Lafões") in GOOGLE EARTH
 Rua do Grilo - ( 2007 ) - ("Palácio dos Duques de Lafões" fachada posterior e jardim) inIGESPAR
 Rua do Grilo - (2007) - ("Palácio dos Duques de Lafões" vistas das fachadas lateral Poente e principal Sul, sobre a "Rua do Grilo") in IGESPAR
 Rua do Grilo - (1999) Foto de António Sacchetti (Um interior da sala do andar nobre com pinturas oitocentistas do "Palácio dos Duques de Lafões)  in CAMINHO DO ORIENTE
Rua do Grilo - (Finais do séc. XVIII) ("D. João Carlos de Bragança e Ligne de Sousa Tavares Mascarenhas da Silva, 2º Duque de Lafões -1719-1806) inWIKIPÉDIA

(CONTINUAÇÃO - RUA DO GRILO [ XIX ]

«O PALÁCIO DOS DUQUES DE LAFÕES OU PALÁCIO DO GRILO (3)»

O «2º DUQUE DE LAFÕES "D. JOÃO CARLOS DE BRAGANÇA SOUSA LIGNE TAVARES MASCARENHAS DA SILVA"», nasceu em LISBOA a 06.03.1719 e faleceu a 10.11.1806, irmão do anterior "DUQUE". Foi também 4º MARQUÊS DE ARRONCHES e 8º CONDE DE "MIRANDA DO CORVO", 32º senhor da CASA DE SOUSA e de todas as comendas, senhorios, alcaidarias, capelas e mais bens da coroa e próprias da grande CASA que herdou de seu irmão. Antes do falecimento deste, teve por Carta de "D. JOÃO V" de 1738, as honras de "MARQUÊS" e o tratamento de sobrinho de El-Rei.
Foi uma das personalidades mais notáveis e fascinantes do seu tempo. Estudou com seu irmão "HUMANIDADES"e"FILOSOFIA" ingressou depois na "UNIVERSIDADE DECOIMBRA" para estudar "DIREITO CANÓNICO", como porcionista ( 1 ) no COLÉGIO DES. PAULO. Desejava o rei "D. JOÃO V" a sua carreira eclesiástica para o qual o ilustre senhor não tinha vocação.
Amante da vida da Corte, homem de grande craveira intelectual, carácter dinâmico e mundano, apaixonado pelas ARTES, LETRAS, LINGUÍSTICA, DESPORTO e VIAGENS, teve vida atribulada repleta de peripécias.
Com a subida ao trono de "D. JOSÉ" e início do férreo absolutismo de "SEBASTIÃO JOSÉDE CARVALHO E MELO", não conseguiu "D. JOÃO CARLOS DE BRAGANÇA" alhear-se do embate entre a alta nobreza e o duro e autoritário ministro. Caiu no desagrado do monarca e quando seu irmão, o "1º DUQUE DE LAFÕES" faleceu, o rei terá mesmo recusado a deixá-lo entrar na posse da CASA E DUCADO DE LAFÕES, recusando-se a renovar nele o título. Em face desta atitude do soberano e das tragédias em que POMBAL semeara a vida das primeiras famílias do Reino, pediu "D. JOÃO CARLOS", licença para se ausentar, o que lhe foi concedido.
Contribuíram para o seu afastamento da Corte alguns nobres, ciosos dos seus pergaminhos de classe, viram com maus olhos a ascensão a altos cargos de um indivíduo de obscuro ou duvidoso nascimento quando não até meros burgueses. A indignação gerada à volta do poderoso Ministro de "D. JOSÉ", acumulou o ódio de aristocratas mais poderosos que intentaram uma conjura para o derrubar. O libelo presente ao rei, denunciava de concussionário "SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO". Este, porém, soube defender-se perante o monarca,e uma onda de prisões pôs termo à conspiração. Entre os fidalgos, encontrava-se o "DUQUE DE LAFÕES", que teve de exilar-se.
Cerca de vinte anos andou o "2º DUQUE DE LAFÕES" por outros reinos, mas, homem irrequieto, não se abalando com a sua condição de expatriado. Aliás, ele fará parte da plêiade de vultos lusitanos que, por razões óbvias, deambularam pela EUROPA, numa época de grandes mutações económicas, políticas, sociais e culturais, e assim beberam novas ideias e conceitos, importando-as de algum modo para a sua pátria. Continuando a viajar (e não voltar à PÁTRIA, onde POMBAL ainda mantinha o seu regime de terror). Percorre quase toda a EUROPA, foi até ao ORIENTE ao EGIPTO a as províncias do IMPÉRIO ROMANO. Mais tarde viajou no NORTE DA EUROPA, visitando a PRUSSIA a POLÓNIA e os países escandinavos, levando o seu percurso nestes últimos até à LAPÓNIA. 
Entre os homens notáveis do tempo com cuja amizade se honrou figurar, está o IMPERADOR JOSÉ II, daÁUSTRIA, que muitos anos depois ainda com ele se correspondia.
Com a queda de POMBAL após a morte de D JOSÉ, foi para ele razão de regresso ao Reino em 1779. A nova soberana D. MARIA I(1734-1816) concedeu-lhe então o título de 2º DUQUE DE LAFÕES, que seu pai o rei D. José lhe recusara aquando da morte de seu irmão, bem como todas as comendas e rendimentos em atraso, nomeando-o CONSELHEIRO DE GUERRA.
Conhecia o DUQUE, de boa reputação, o abade JOSÉ CORREIA DA SERRA, que vivia em ROMA ao tempo da sua estada na CORTE DE NÁPOLES. Quando veio para LISBOA hospedou-se no seu palácio, e dessa intimidade intelectual e científica nasceu a ideia a de fundar a ACADEMIA DAS CIÊNCIAS a exemplo de outras similares da EUROPA. Assim, com a necessária aprovação régia, é fundada em 1779, a ACADEMIA REAL DASCIÊNCIAS, cujo objectivo era o incremento de todos os ramos do saber - CIÊNCIAS NATURAIS, MATEMÁTICA e LITERATURA. Foi seu primeiro secretário o abade CORREIA DA SERRA, que redigiu os estatutos, e presidente vitalício o próprio DUQUE DE LAFÕES.
Este 2º DUQUE DE LAFÕES foi estadista e homem público, e aos 82 anos era ainda GENERAL-MARECHAL COMANDANTE DO EXÉRCITO PORTUGUÊS.
Casou com D. HENRIQUETA MARIA JÚLIA DE LORENA E MENESES, filha dos MARQUESES DE MARIALVA, a qual lhe sobreviveu. Deste casamento existiu um filho varão, que foi o 1º DUQUE DE MIRANDA DO CORVO que faleceu criança, e duas filhas. D.ANA MARIA, que lhe sucedeu, e D. MARIA DOMINGAS, que pelo casamento foi DUQUESA DO CADAVAL.
D. JOÃO CARLOS DE BRAGANÇA, instalou-se na parte antiga do PALÁCIO DO GRILO. O fundador da ACADEMIA REAL DAS CIÊNCIAS, prosseguiu, através de várias campanhas em datas desconhecidas, as obras iniciadas pelo irmão. 

- ( 1 ) - PORCIONISTA - Aluno que num estabelecimento educativo paga a sua educação ou sustento. 

(CONTINUA) - (PRÓXIMA)« RUA DO GRILO [XX]-O PALÁCIO DOS DUQUES DE LAFÕES OU PALÁCIO DO GRILO (4)».  

RUA DO GRILO [ XX ]

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 Rua do Grilo - (20__) - Foto de autor não identificado (Fachada do "Palácio dos Duques de Lafões ou do Grilo" virado a nascente para "Rua do Grilo" e a Sul para a "Manutenção Militar") inCÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA
 Rua do Grilo - (1999) Foto de António Sacchetti ("Palácio dos Duques de Lafões" vista sobre o pátio. A fachada lateral com o revestimento em junta fendida, a única que obedece ao desenho do projecto de reconstrução pós-terramoto) in CAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Grilo - (Século XVIII) - (Planta do Piso térreo do projecto de renovação do Palácio. A vermelho está marcado o edifício anterior e a amarelo os acrescentos propostos. Mantém-se o Pátio central. agora reordenado com construções em redor, e sendo substituída a rampa de acesso da "Rua do Grilo" por um vestíbulo e escadarias. Lateralmente a Norte foi aberto novo pátio com acesso pela "Calçada Duque de Lafões") inMUSEU DA CIDADE
 Rua do Grilo - (Século XVIII) (Projecto ou frente principal do Palácio, proposto para a fachada nobre virada para a "Rua do Grilo". Podemos verificar que as 4 primeiras janelas do andar nobre (lado esquerdo), correspondem ao edifício inicialmente projectado, as únicas ainda existentes) in MUSEU DA CIDADE
 Rua do Grilo - (Século XVIII) (A Fachada Norte (embora na planta ela venha indicada como virada a nascente). Este corpo novo do edifício nunca chegou a ser construído na sua totalidade, existindo somente o extremo poente, antiga cozinha do Palácio. Ao centro, aberto sobre o pátio da calçada, um pequeno corpo mais cuidado no desenho albergava uma pequena sala redonda, ligando directamente ao pátio interior) inMUSEU DA CIDADE
Rua do Grilo - (Século XVIII) (Fachada Poente (embora na planta seja indicada como virada a Norte), faz frente para os jardins. Ao centro um grande Salão de cinco aberturas - mais tarde em parte construído com outras gramáticas decorativas -, constituía o ponto culminante de todo o projecto aproveitado com mestria o próprio desnível do terreno. Repare-se a dominante volumétrica do desenho proposto de forte sensibilidade  barroca, com colunas salientes e óculos ovais. Realce-se, ainda, a perfeita integração com o edifício preexistente, encostado a Sul em plano inferior, onde se encontra a citada "SALA DA ACADEMIA") inMUSEU DA CIDADE


(CONTINUAÇÃO - RUA DO GRILO [ XX ]

«O PALÁCIO DOS DUQUES DE LAFÕES OU PALÁCIO DO GRILO (4)»

O autor do desenho do «PALÁCIO DOS DUQUES DE LAFÕES» mantinha o grande corpo anterior, incluindo a sua divisão interna ao nível do andar nobre. O corpo sobre a RUA era duplicado, formando uma fachada de onze aberturas, divididas em dois pisos, o térreo e o nobre.
Conservava o pátio a nível superior quase com as mesmas dimensões, somente corrigido para garantir as simetrias, mas desaparecia a rampa que desce a RUA que, anteriormente, lhe dava acesso. No piso térreo da fachada era proposto um átrio nobre, do qual nascia uma escadaria simplificada, que conduzia a um grande salão aberto sobre esse pátio.
A Nascente deveria nascer outro corpo, simetricamente disposto ao já existente. Aproveitado com mestria o declive, por onde se podia entrar directamente para o pátio, chegando-se lá através de uma rampa, conhecida hoje por CALÇADA DO DUQUE DE LAFÕES.
Por fim a Norte do pátio central erguia-se um novo corpo, bastante complexo na sua articulação. Na parte de trás, sobre os jardins dispostos em Cascatas pela encosta, aparece um imenso Salão de invulgares dimensões. Ao mesmo nível e a ele ligado dispõe-se uma outra grande divisão, cuja marcação na planta parece destinar-se a uma Biblioteca.
Pela leitura destas plantas constata-se, que este PALÁCIO pouco tem a ver com a tradição aristocrática portuguesa. Essa era feita sempre de mais simplicidade, que torna mais fácil a leitura orgânica dos palácios lisboetas.
Este, do "GRILO", passa-se exactamente o contrário. É o projecto em si que se compõe de uma complexidade erudita, própria de quem estava habituado a manusear a arquitectura com um teorizavel exercício de estilo e familiarizado com as grandes construções palacianas que se iam erguendo pela Europa.
Assim se pode deduzir que o ano de 1760 poderá ser pois, uma data-chave para este Palácio. Foi ela que permaneceu na memória de que fez eco "NORBERTO DE ARAÚJO".
Mas as obras terão começado uns anos antes, certamente depois de 1755. Com a expulsão do DUQUE DE LAFÕES em 1760, é o fim dessa primeira campanha.
Assim, com o regresso do 2º CONDE DE LAFÕES, D. JOÃO CARLOS DE BRAGANÇA, as obras terão continuado de forma irregular. Este senhor aproveitou as divisões do corpo antigo para se instalar, sendo uma delas a dita SALA DA ACADEMIA.
No PALÁCIO DO GRILO os interiores caracterizam-se pela riqueza decorativa, os conjuntos de  azulejaria dos séculos XVIII e XIX, as pinturas murais da autoria de CIRILO VOLKMAR MACHADO, com "vários pensamentos poéticos da sua invenção "(JOSÉ-AUGUSTO FRANÇA em A ARTE EM PORTUGAL NO SÉCULO XIX, Vol. I pág. 171), que ornamentam as salas temáticas do PALÁCIO, como a SALA DA ACADEMIA, a SALA VÉNUS e a SALA CHINESA. O PALÁCIO DOS DUQUES DE LAFÕES é, pois, mais uma promessa, que uma realidade. Mas a sua produção em LISBOA, em simultâneo com o processo de reflexão que o planeamento da BAIXA POMBALINA, naturalmente impôs, não pode deixar de ser tomado em conta por quem pretenda ter dessa realidade uma clara consciência.
A CAPELA tem o orago de NOSSA SENHORA DA PIEDADE, alberga um retábulo de talha dourada e policromático do século XVIII, tendo o seu acesso pelo número um da CALÇADA DUQUE DE LAFÕES. Nesta CAPELA onde têm sido baptizados e algumas vezes apadrinhados por monarcas, desde D. JOÃO V, aos filhos dos proprietários da casa.
O PALÁCIO DOS DUQUES DE LAFÕES do gosto setecentista, localiza-se no interior de uma quinta arborizada, cortada pela linha do Caminho -de-ferro, continua na posse dos representantes dos dois irmãos, figuras de primeiro plano na segunda metade do século XVIII. Um deles bem lembrado e o outro pela força inelutável das contigências históricas.[FINAL]. 

BIBLIOGRAFIA

- A FREGUESIA DO BEATO NA HISTÓRIA . 1º Ed. da Junta de Freguesia do Beato-1995-LISBOA
- ARAÚJO, Norberto de - Peregrinações em Lisboa- Livro XV- Ed. Vega-1993- LISBOA
- ATLAS da Carta Topográfica de LISBOA-Direcção de Filipe Folque:1856-1858 -CML - Departamento do Património Cultural - Arquivo Municipal de Lisboa - 2000 - LISBOA
- CAEIRO, Baltazar Matos - Os Conventos de Lisboa - Distri Editora - Edª. 1ª 1989 - LISBOA
- DELGADO, Ralph - A Antiga Freguesia dos Olivais - Grupo de Amigos de Lisboa 1969 - LISBOA
- DIAS, Jaime Lopes - Brasão da Cidade de Lisboa - CML - 1968 - LISBOA
- DIAS, Marina Tavares - Lisboa Misteriosa - 1º Ed. Quimera - 2004 - LISBOA
- DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA - Francisco Santana e Eduardo Sucena-Carlos Quintas & Associados-Consultores, Lda. - Sacavém - 1994
- FERREIRA, Jaime Alberto do Couto - FARINHAS, MOINHOS E MOAGENS- Ed. Âncora 1999- LISBOA
- FERREIRA, PAULA CRISTINA - SANCHEZ, Paula - FIGUEIREDO. Sandra - A FREGUESIA DO BEATO NA HISTÓRIA - Ed. da J. Freguesia do Beato - 1995 - LISBOA
- FOLGADO, Deolinda e CUSTÓDIO, Jorge - CAMINHO DO ORIENTE - Guia do Património Industrial - Liv. Horizonte - 1999 - LISBOA
- FRANÇA, José-Augusto-A ARTE EM PORTUGAL NO Século XIX  1º e 2º Vol. Liv. Bertrand - 1966 - LISBOA
- FURTADO, Mário - DO ANTIGO SÍTIO DE XABREGAS - Ed. 1ª-Vega - 1997 - LISBOA
- LISBOA - ADRAGÃO, José Vítor - PINTO, Natália e RASQUILHO, Rui - Ed. Presença - 1993- LISBOA.
- MATOS, José Sarmento de - PAULO, Jorge Ferreira - Caminho do Oriente - Guia Histórico II - Liv. Horizonte - 1999 - LISBOA
- MATOS, José Sarmento de - LISBOA, um passeio a Oriente - Ed. Parque Expor'98-1993 LISBOA
- NOBREZA DE PORTUGAL E DO BRASIL - Cood. Afonso Eduardo M. Zuquete- Editorial Enciclopédia, Lda. Vol. II - 1960 - LISBOA
- PELAS FREGUESIAS DE LISBOA - LISBOA ORIENTAL - CONSIGLIERI, Carlos-RIBEIRO,Filomena-VARGAS, José Manuel e ABEL, Marília- CML - Pelouro da Cultura - 1993 - LISBOA
- REIS DE PORTUGAL - Direcção :ROBERTO CARNEIRO - 34 Vol. Círculo de Leitores - 2006 - LISBOA.

INTERNET
- CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA 
- IGESPAR
- MUSEU DA CIDADE - CML

(PRÓXIMO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS"2ª [ I ] A RUA ACÚRCIO PEREIRA(1)»

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS-2ª SÉRIE [ I ]

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RUA ACÚRCIO PEREIRA
 Rua Acúrcio Pereira - (1926) Desenho de Stuart (Capa da folha de música da revista "CABAZ DE MORANGOS" onde "Acúrcio Pereira" foi co-autor no texto, representada no EDEN no ano de 1926) inVIDA POSTAL
 Rua Acúrcio Pereira - (1967) Foto de Vasco G. de Figueiredo (Rua F. Planta 14170, tipo 1 a 14 actuais ruas "Acúrcio Pereira" e "Cândido de Oliveira" in AFML
 Rua Acúrcio Pereira- (1967) Foto de Vasco de Figueiredo (Rua F.  Planta 14170, tipos 1 a 14, actuais ruas "Acúrcio Pereira" e "Cândido de Oliveira", nos Olivais Sul) in AFML
 Rua Acúrcio Pereira - (2007) (Panorâmica dos OLIVAIS SUL, particularmente a "Rua Acúrcio Pereira")  in GOOGLE EARTH
 Rua Acúrcio Pereira - (2013) (Um troço da "RUA ACÚRCIO PEREIRA" na actual freguesia dos "OLIVAIS") in  GOOGLE EARTH
Rua Acúrcio Pereira- (2013) (Um troço da "RUA ACÚRCIO PEREIRA" nos "OLIVAIS SUL) inGOOGLE EARTH

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 2ª SÉRIE [ I ]

«A RUA ACÚRCIO PEREIRA ( 1 )»


Vamos iniciar outra ronda de JORNALISTAS cujos nomes merecem uma RUA em LISBOA. Este,num bairro novo dos "OLIVAIS SUL", um daqueles que foi erguido numa zona onde, ainda há poucas décadas, cresciam as árvores (OLIVEIRAS) e espreitavam livremente as ervas. E ainda actualmente constituindo uma das maiores e sem dúvida também a mais populosa freguesia alfacinha.
Chamaram-lhe até finais de 2012 «SANTA MARIA DOS OLIVAIS», hoje com a nova REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA, chamam-lhe só «OLIVAIS».
Foi nesta enorme freguesia que um Edital de 29 de Janeiro de 1979 (publicado em 5 de Fevereiro seguinte) lhe determinou a atribuição do topónimo de "RUA ACÚRCIO PEREIRA". 
A decisão da CÂMARA não surpreendeu ninguém; um ano e pouco antes, tinha falecido um dos mais carismáticos jornalistas portugueses; era óbvio que o seu nome tinha de aparecer numa rua da capital.

«JOAQUIM ACÚRCIO PEREIRA» nasceu em LISBOA, em Dezembro de 1891, e na sua cidade viveu sempre. Constituiu família muito cedo, pelo que se tornou numa espécie de homem de sete ofícios para ganhar a vida: frequentava o CURSO SUPERIOR DE LETRAS e tirava também o curso de bibliotecário-arquivista enquanto dava aulas particulares; tentou entretanto uma experiência que o levaria a uma carreira de mais de sessenta anos.
De facto, com 19 anos incompletos, em 1910, decidiu experimentar a sua sorte como jornalista.
Ingressou então na redacção do mais recente jornal do tempo. Era um vespertino chamado "A CAPITAL", fundado em Maio desse ano por um jornalista combativo e sabedor, MANUELGUIMARÃES. Funcionava na RUA DO NORTE, num prédio que faz esquina com a "PRAÇA LUÍS DE CAMÕES", e formou a primeira série desse jornal.
Teria começado, pois, em boa escola. Embora de feição marcadamente republicana (dizia-o, aliás, junto do cabeçalho, e ainda antes da mudança do regime), o jornal de MANUEL GUIMARÃES não quis enveredar por um tipo de informação em que só o facto político tivesse cabimento. A vida literária e artística, a crónica, o folhetim e sobretudo os acontecimentos do dia-a-dia ocupavam boa parte do periódico.
Esta visão generalista das coisas influenciou muito o futuro mestre. A essa aprendizagem sobre ACÚRCIO PEREIRA devemos juntar a sua própria capacidade de observação e a sua facilidade de escrita. Deu nas vistas e, poucos meses depois do ingresso em "A CAPITAL", era assediado pelo "DIÁRIO DE NOTÍCIAS", jornal onde viria a ganhar os primeiros galões.
No jornalismo, como noutras profissões, sempre houve e haverá pelo menos dois tipos de executantes: por um lado, aqueles que, quase desde início se prendem a uma empresa, uma instituição, e nela permanecem contra ventos e marés; por outro, os que preferem passar por experiências várias, sempre em busca de melhor realização e, naturalmente, de melhores condições. (Presentemente não podemos pensar da mesma maneira motivado pela crise que grassa em Portugal, mormente pela falta de empregos). 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS-2ª SÉRIE [ II ]-A RUA ACÚRCIO PEREIRA (2)»

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS -2ª SÉRIE [ II ]

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RUA ACÚRCIO PEREIRA ( 2 )
 Rua Acúrcio Pereira - (2013) - (Um troço da "RUA ACÚRCIO PEREIRA" na actual freguesia dos "OLIVAIS") inGOOGLE EARTH
 Rua Acúrcio Pereira - (2007) (Panorama dos "OLIVAIS SUL" em particular a "RUA ACÚRCIO PEREIRA") inGOOGLE EARTH
 Rua Acúrcio Pereira - (2013) (Um troço da "Rua Acúrcio Pereira" na actual freguesia dos "Olivais") inGOOGLE EARTH
 Rua Acúrcio Pereira- (2013) ( Mais um troço da "Rua Acúrcio Pereira" in GOOGLE EARTH
 Rua Acúrcio Pereira - (2013) - (A "Rua Acúrcio Pereira" nos "Olivais Sul" inGOOGLE EARTH
Rua Acúrcio Pereira -(1967) Foto de Vasco Gouveia de Figueiredo (Rua F. Planta 14170, tipos 15 e 20, actuais ruas "ACÚRCIO PEREIRA" e "CÂNDIDO DE OLIVEIRA") inAFML


(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS-2ª SÉRIE [ II ]

«RUA ACÚRCIO PEREIRA ( 2 )»


"ACÚRCIO PEREIRA" entrou no "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" dirigido por ALFREDO CUNHA, e, aos 27 anos , já era chefe de redacção. As modificações no jornal (a propriedade mudara de mãos e o escritor AUGUSTO DE CASTRO entrou como director) não lhe trouxeram qualquer alteração de estatuto.
Ainda no "DIÁRIO DE NOTÍCIAS", pelo Inverno de 1919, no dia 13 ou 14 de Dezembro "ACÚRCIO" recebeu uma carta no jornal remetida pelo "CONDE DE NOVA GOA", o professor LUÍS DE CASTRO, antigo colunista do jornal. A carta era longa e alarmante. "o ilustre professor comunicava que, em Lisboa, havia troupes de malandros que se dedicavam a roubar crianças, transportando-as para sítios desconhecidos, para o estrangeiro até, aviltando-as no crime, mergulhando-as em podridão", lembrou o jornalista. Conhecedor das rotinas profissionais do jornalismo, o CONDE DE NOVA GOA juntava provas ao que alegava. E contava a história de JOSÉ ANTÓNIO LUÍS BISPO, rapaz de 13 anos, aluno do LICEU GIL VICENTE, morador na RUA DO PASSADIÇO, 148 - 3º Dtº.
Segundo o relato pungente, o DIÁRIO DE NOTÍCIAS dispunha ali de um "furo" jornalístico.
Mais nenhuma redacção tivera acesso ao relato. ACÚRCIO PEREIRA fechou-se no gabinete do director e escreveu uma prosa pungente. Na Edição de 17 de Dezembro, o jornal assegurava: "UM PERIGO PÚBLICO, LADRÕES DE CRIANÇAS. O DIÁRIO DE NOTÍCIAS DESCOBRE A EXISTÊNCIA DUMA TEMÍVEL QUADRILHA DE BANDIDOS".
Mas este caso não passou de um gigantesco logro, narrado depois à polícia pelo próprio rapaz de 13 anos, de imaginação muito fértil. Publicamente humilhado, o "DN" não deu facilmente a mão à palmatória. Em LISBOA, não se falava de outra coisa e o "DN" voltou ao tema no dia seguinte. E, com o tempo, o próprio "ACÚRCIO PEREIRA" modificou a sua memória da história, ao escrever sobre ela em 1928, em "UMA HORA DE JORNALISMO" e na sua biografia, infelizmente mal conhecida ("UMA NO CRAVO... OUTRA NA FERRADURA", s/d, edição do autor), reviu o episódio com grande humor e espírito desportivo.
Assim, em 1924, vamos encontrá-lo como redactor de "O MUNDO", jornal - de que aqui já se falou-, e que tinha a sua sede num prédio que dava para a "RUA DA MISERICÓRDIA" e para a "RUA DAS GÁVEAS". Mas também não chegou a aquecer o lugar. Fez ainda uma incursão pelo jornal "O PAÍS", dirigido por MEIRA E SOUSA. No entanto, o seu destino estava traçado: em Março de 1925, entrava para a redacção do jornal "O SÉCULO", assumindo então um lugar de subchefe de redacção.
Aquele diário passou a ser a segunda casa de ACÚRCIO PEREIRA. Voltou a trabalhar com MANUEL GUIMARÃES quando terminou a primeira série de "A CAPITAL" e o seu velho director regressou ao jornal "O SÉCULO".
Em 1950 passava o mestre "ACÚRCIO" a chefiar a redacção daquele matutino já desaparecido à cerca de 35 anos.
Não se dispensou, contudo, o jornalista de outras deambulações pela escrita. Assim, como autor, além de ter publicado livros com memórias, reportagens e crónicas de viagens, trabalhou com frequência para o teatro.
Fez parte de parcerias, sendo co-autor de revistas como "CABAZ DE MORANGOS" ou de opereta como "FLOR DE LIS".
Cultivava o dito de espírito, a "blague"( 1 ). Dele conta OLIVEIRA GUIMARÃES que rejeitou a notícia de um casamento de gente importante porque tinha para esse espaço o relato de uma catástrofe, que achou mais relevante.
Esteve no activo durante sessenta e dois anos. Em 1972, ainda editou um livro "DA VIDA DE UM REPORTER".
Faleceu na sua terra, em 1977, Em 1979 era nome de RUA, nos "OLIVAIS".

- ( 1 )-BLAGUE -(do Fr. Blague) s.f. Arola, embuste, facécia, galga, gracejo, logro, maranhão, mentira, patranha, peta, piada, pilhéria - (dito xistoso) e (galicismo inútil). 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS -2ª SÉRIE [ III ]-RUA ADELAIDE FELIX»

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2º SÉRIE [ III ]

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RUA ADELAIDE FÉLIX 
 Rua Adelaide Félix - (2013) (A "RUA ADELAIDE FÉLIX" na freguesia de "CARNIDE" na antiga "QUINTA DOS CONDES DE CARNIDE" inGOOGLE EARTH
 Rua Adelaide Félix - (2007) (Panorama da abtiga "Quinta dos Condes de Carnide" onde foi inserida a Urbanização e dado o topónimo da jornalista) inGOOGLE EARTH
 Rua Adelaide Félix - (2013) (Um troço da "Rua Adelaide Félix" na freguesia de Carnide) inGOOGLE EARTH
 Rua Adelaide Félix - (1973) - (Artigo publicado na revista "CRÓNICA FEMININA" quando ensinava Inglês e Alemão, logo que atingiu a sua reforma) in  LEIRIA
 Rua Adelina Félix - (1914) Foto de Novães (Grupo de alunos do 4º ano (período transitório) da FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE LETRAS DE LISBOA, publicado na Revista "O OCIDENTE") in LEIRIA
Rua Adelaide Félix - (Uma publicação de Adelaide Félix - "ROTEIROS DE VIAGENS FEITAS, NO MAR TORMENTOSO DAS LETRAS, POR GENTE DE LEIRIA E SEU TERMO")   in LEIRIA

(CONTINUAÇÃO - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ III ]

«A RUA ADELAIDE FÉLIX»

A «RUA ADELAIDE FÉLIX» pertence à freguesia de "CARNIDE" que não sofreu alteração pela "REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA". Tem o seu inicio na "RUA GUIOMARTORRESÃO",  e não tem saída. Pelo Edital de 31 de Janeiro de 1978, foi dado ao antigo impasse 5, da "QUINTA DOS CONDES DE CARNIDE" e corresponde à execução do "Plano de Urbanização"UNOR 36"), o topónimo "RUA ADELAIDE FÉLIX". Como particular interesse, todas as artérias desta urbanização da "Quinta dos Condes de Carnide" são as primeiras da cidade a deter uma toponímia  essencialmente feminina.
Tempos houve - e não vão muito distantes - em que uma presença feminina no exercício de certas profissões, era caso para foguetes e falatório.
Mesmo quando a mulher começou, muito por força das necessidades criadas pela REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, a ser, admitida no mundo do trabalho, fazia-se uma nítida distinção entre os "misteres" que lhe podiam ser confiados e os trabalhos considerados mais complexos, reservados, claro está aos homens.
O jornalismo, por exemplo, era tarefa essencialmente masculina. Quem hoje vê uma redacção cheia de gente nova, recentemente saída dos cursos de "Comunicação Social", e onde geralmente imperam as raparigas, não perceberá facilmente que há sessenta e poucos anos, a presença de uma repórter numa redacção fosse caso singular. Mas aconteceu...
A escritora "ADELAIDE DA PIEDADE CARVALHO FÉLIX" natural de SANTARÉM, nasceu no ano de 1886 e veio a falecer em LISBOA em 1971.
Foi professora, formada em FILOLOGIA GERMÂNICA pela UNIVERSIDADE DE LISBOA, e estagiou na ALEMANHA, país que visitava regularmente, distingue-se ainda como docente nos liceus RODRIGO LOBO (LEIRIA), CAROLINA DE MICHAELIS (PORTO), MARIA AMÁLIA VAZ DE CARVALHO e D. FILIPA DE LENCASTRE em LISBOA. 
Após muitos anos dedicados ao ensino, como professora de Inglês e Alemão, "ADELAIDE FÉLIX atingiu a sua reforma bem cedo ainda, para se dedicar inteiramente às letras. Citemos SHAKESPEARE e o OTELO ensaio há muito esgotado, foi a sua primeira obra publicada (inCrónica Feminina 1973).
Publicou também o seu primeiro romance "HORA DO INSTINTO" no ano de 1919 e , em 1924 uma colectânea de contos "MIRAGENS TORVAS". 
Mais conhecida como escritora e professora, ADELAIDE FÉLIX, trabalhou activamente em jornais, embora não chegasse a ser portadora de carteira profissional. Deixou numerosos escritos no antigo diário católico "NOVIDADES", no"DIÁRIO DE LUANDA", no"CORREIODA NOITE" (BRASIL) e em várias revistas como, ACÇÃO e RENASCENÇA, durante vários anos presidiu ao CENÁCULO LITERÁRIO e foi membro correspondente da "REAL ACADEMIA GALEGA"e da"SOCIEDADE DE GEOGRAFIA DE LISBOA". 
Fica muito bem, por isso, nesta galeria de gente que passou pelos jornais, e tem hoje o seu nome numa RUA DE LISBOA.
COMO CURIOSIDADE
Diga-se, porém, que não foi LISBOA, a primeira cidade, a ter a ideia de lhe atribuir um topónimo. A cidade de LEIRIA, onde aquela mulher de letras foi professora e efectuou numerosos trabalhos, consagrou-lhe uma RUA ainda em vida (prática que, como se sabe, é interdita na toponímia lisboeta).
Em 1946 o "DIÁRIO DE LISBOA" publicou uma informação que dizia: «No LICEU DE D. FILIPA DE LENCASTRE", realiza-se no próximo dia 29 pelas 21 e 30, uma Sessão de homenagem à memória de "AFONSO LOPES VIEIRA", em que é conferente a professora daquele liceu e escritora "ADELAIDE FÉLIX"».

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS[ IV ]-RUA AFONSO LOPES VIEIRA»

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS-2ª SÉRIE [ IV ]

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RUA AFONSO LOPES VIEIRA
 Rua Afonso Lopes Vieira - (18.03.2013) Foto de Filipa Sena Marcos (Placa toponímica Tipo II de pedra com letras pretas na fachada da "RUA AFONSO LOPES VIEIRA") inLISBOA (IN) ACESSÍVEL 
 Rua Afonso Lopes Vieira - (2007) (Panorâmica do "Bairro de Alvalade" onde está inserida a "RUA AFONSO LOPES VIEIRA")  in GOOGLE EARTH
 Rua Afonso Lopes Vieira - (2007) (A "Rua Afonso Lopes Vieira" vista de cima na sua entrada pela "Avenida do Brasil") inGOOGLE EARTH
 Rua Afonso Lopes Vieira - (2013) (Entrada para a "Rua Afonso Lopes Vieira" na "Avenida do Brasil") inGOOGLE EARTH
 Rua Afonso Lopes Vieira - (2013) (Um troço da "Rua Afonso Lopes Vieira")  in   GOOGLE EARTH
Rua Afonso Lopes Vieira - (1962-64) Foto de Artur Goulart (Obras na esquina da "Avenida do Brasil" junto da "Rua Afonso Lopes Vieira") inAFML 

 Rua Afonso Lopes Vieira - (1961) Foto de Artur Goulart ( Aspecto da "Rua Afonso Lopes Vieira" na década de sessenta do século vinte) in AFML 

 Rua Afonso Lopes Vieira - (1963-01) Foto de Artur Goulart  (Prédio em construção na "Rua Afonso Lopes Vieira" número 58)  in AFML 
Rua Afonso Lopes Vieira - (1963-01) Foto de Artur Goulart  ( A "Rua Afonso Lopes Vieira" agora na freguesia de "ALVALADE")  in AFML 

(CONTINUAÇÃO - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ I V ]

«RUA AFONSO LOPES VIEIRA»

A «RUA AFONSO LOPES VIEIRA» pertencia à antiga freguesia do "CAMPO GRANDE", hoje freguesia de «ALVALADE».  Tem o seu início na "RUA ANTÓNIO PATRÍCIO" número 24 e finaliza na "AVENIDA DO BRASIL" no número 30-D.
Um Edital de 19 de Julho de 1948 mandou que um arruamento do novo bairro (antiga RUA Nº 1) tomasse o nome de "RUA AFONSO LOPES VIEIRA".
Esta Rua que invoca um terno poeta leiriense, homem de vasta cultura e de princípios sólidos.
Como sonhador inveterado dividiu a sua vida adulta entre LISBOA e SÃO PEDRO DE MOEL", trabalhando por cá, convivendo por lá, ou vice-versa.
Metê-lo no rol dos Jornalistas será um tanto forçado. Mas não pode omitir-se, pura e simplesmente, uma faceta deste homem que se deu por inteiro às letras e à arte. A verdade é que ele, depois de ter sido colaborador de  "A ÁGUIA", foi um dos fundadores, redactores e grande animador da revista "LUSITÂNIA REVISTA DE ESTUDOS PORTUGUESES".
Esta publicação, que saiu entre Janeiro de 1924 e Outubro de 1927, atingia só determinada camada de público; aquele que se interessava especialmente pela escrita, pela língua, pela arte em geral. A direcção esteve entregue em primeiro lugar a "CAROLINA MICHAELIS DE VASCONCELOS".
ANTÓNIO LOPES VIEIRA foi, portanto, um jornalista "sui generis", ocupado na matéria que especialmente mais lhe interessava. 
Nasceu em Leiria a 26 de Janeiro de 1878 e faleceu em LISBOA a 25 de Janeiro de 1946.
Era sobrinho do poeta, prosador e jornalista "ANTÓNIO RODRIGUES CORDEIRO".
Na casa de seu tio-avô, na aldeia de "CORTES" LEIRIA, privando de perto com os clássicos aí existentes.
Formou-se em Direito pela UNIVERSIDADE DE COIMBRA em 1900, tendo declinado o cargo de subdelegado régio e tentou a carreira de advocacia, sob a alçada do pai até 1906, ano em que aceitou o cargo de redactor na CÂMARA DOS DEPUTADOS que exerceu até ao ano de 1916.
Só em 1916 se dedica exclusivamente à actividade literária, que se prolongará até 1947.
Tendo sido um acérrimo defensor do património cultural português, valendo-lhe o reconhecimento de alguns e a crítica de outros. No entanto ao publicar em 1935 "ÉCLOGAS DE AGORA", demarca-se da ideologia Salazarista.
Homem de cultura, é considerado um ilustre poeta, ligado à corrente conhecida como RENASCENÇA PORTUGUESA. Foi por todos estes atributos, que o tornaram digno do título: "GRÃO-MESTRE DE PORTUGALIDADE".
Outra das características de AFONSO LOPES VIEIRAé a dedicação ao público infantil/juvenil ao qual lhe é conhecido inúmeras obras literárias.
Uma das facetas pouco conhecidas deste autor, foi efectivamente o interesse pelo cinema da época. Realizou um pequeno filme com crianças (O afilhado do Santo António) e escreveu a adaptação dos diálogos para o filmes de CAMÕES e INÊS DE CASTRO, de LEITÃO DE BARROS e para o filme AMOR DE PERDIÇÃO de ANTÓNIO LOPES RIBEIRO.
AFONSO LOPES VIEIRA doou à autarquia a sua casa situada em SÃO PEDRO DE MOEL, sendo hoje utilizado para a organização de uma colónia de férias infantil.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ V ] RUA ALBERTO PIMENTEL» 

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS-2ª SÉRIE [ V ]

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RUA ALBERTO PIMENTEL
 Rua Alberto Pimentel - (2013) (A "RUA ALBERTO PIMENTEL" com início na "Rua Barão Sabrosa" no sítio do "BAIRRO DOS ALIADOS") in GOOGLE EARTH
 Rua Alberto Pimentel (2007) - (Vista panorâmica da actual freguesia do "AREEIRO" onde podemos localizar a "Rua Alberto Pimentel")  inGOOGLE EARTH
 Rua Alberto Pimentel - (2013) (A "Rua Alberto Pimentel" tem início na "Rua Barão Sabrosa" e converge com a "Rua Jorge Castilho"(antigo troço da "Azinhaga Fonte do Louro") inGOOGLE EARTH 
 Rua Alberto Pimentel (1966) Foto de Arnaldo Madureira (A "Rua Alberto Pimentel" está localizada no "Bairro dos Aliados", ao fundo na imagem a antiga "Quinta do Monte Coxo")  in AFML
 Rua Alberto Pimentel - (1940) - Foto de Arnaldo Madureira ( A "Rua Alberto Pimentel" nos anos quarenta do século XX)  in AFML 
Rua Alberto Pimentel - (1940) Foto de Arnaldo Madureira (Um troço da "Rua Alberto Pimentel" em terrenos da antiga "Quinta do Bacalhau")  in AFML 
 Rua Alberto Pimentel - (1904) (Frontispício do livro "O LOBO DA MADRAGÔA" de Alberto Pimentel)  in LIVROS SUMÉRIA
Rua Alberto Pimentel - (1869) (de P. Mar. Gr.) (Retrato de "Alberto Augusto de Almeida Pimentel" 1849-1925, publicado no livro "Seara em Flor" Volume I em 1905)  in  WIKIPÉDIA 

(CONTINUAÇÃO) RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ V ]

«RUA ALBERTO PIMENTEL»


A«RUA ALBERTO PIMENTEL» pertencia à antiga freguesia do "ALTO DO PINA" que, juntamente com a freguesia de "SÃO JOÃO DE DEUS" resultou na actual designação de «AREEIRO» à qual este topónimo agora pertence.
Tem o seu início na "RUA BARÃO SABROSA" número 290 e finaliza na "RUA JORGECASTILHO" (antigo troço da "AZINHAGA FONTE DO LOURO"). Localiza-se no "BAIRRO DOS ALIADOS", era a "RUA Nº 3" que por Deliberação Camarária de 23.03.1932 e Edital de 31.03.1932 passou a chamar-se "RUA ALBERTO PIMENTEL".

Jornalista, escritor e funcionário público "ALBERTO PIMENTEL" não era, nem será o último dos homens com duplo ofício. Quando a necessidade aguça o engenho, os jornalistas, em largos períodos da História, muito mal remunerados, eram obrigados, obviamente, a procurar proventos noutros sectores.
Muita gente o lembrará como escritor, menos o recordarão como jornalista, raros serão os que o conheceram como funcionário público.

Nascido em CEDOFEITA no PORTO em 14 de Abril de 1849, de seu nome completo: ALBERTO AUGUSTO DE ALMEIDA PIMENTEL (1849-1925), parecia destinado a ser médico como seu pai. Mas o vício da escrita corria-lhe nas veias e cedo entrou para a redacção de um então existente "JORNAL DO PORTO".
Aí publicou, em folhetins, o seu primeiro romance, "TESTAMENTO DE SANGUE"(1872). Aos 23 anos, foi convidado por GASPAR FERREIRA BALTAR, fundador e primeiro director de "O PRIMEIRO DE JANEIRO" para integrar a redacção daquele diário portuense.
Entretanto, constituíra família e tinha, naturalmente. necessidade de a sustentar. Aceitou assim, a nomeação de que fora alvo para o lugar de "SECRETÁRIO DO PROCURADOR RÉGIO", em LISBOA.
Instala-se, definitivamente, na CAPITAL, embora, como é natural, nunca perdesse o seu apurado amor pelo PORTO. E logo arranjou maneira de seguir a sua carreira na função pública e não descurar a sua paixão pela escrita.
Entrou para um "DIÁRIO ILUSTRADO" que ao tempo era editado em LISBOA.
ALBERTO PIMENTEL passou depois por uma série de publicações. Deixou trabalho literário e jornalístico no JORNAL DA NOITE, em"O ECONOMISTA", num primeiro "DIÁRIO POPULAR" e no jornal católico "NOVIDADES". No entanto, não descurava a sua carreira pública, tanto assim que em breve era chamado a desempenhar as funções de chefe de repartição na "CÂMARA DOS PARES". Acabou por ser, episodicamente, administrador do Concelho de Portalegre e deputado em várias legislaturas pelos círculos de PÓVOA DO VARZIM e CINFÃES. Foi ainda nomeado em 1897 COMISSÁRIO régio junto do TEATRO DE DONA MARIA II.
Como escritor, ia tendo actividade fervilhante. Verdadeiro entusiasta de CAMILO CASTELO BRANCO (com quem conviveu na juventude), publicou nada menos de oito obras sobre o escritor (1890). E, entre romances históricos e crónicas, ainda deixou trabalhos em que LISBOA  é o tema: será o caso de VIDA EM LISBOA. publicado em 1900, e "O LOBO DA MADRAGÔA", de 1904.
Faleceu em 1925 aos 76 anos, em Queluz. LISBOA decidiu homenageá-lo, dando o seu nome a uma rua da (antiga) freguesia do ALTO DO PINA, consagrando assim, aquele que foi: jornalista, escritor e funcionário público, ALBERTO PIMENTEL entra na toponímia lisboeta.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ VI ] RUA ALICE PESTANA (Caiel)(1)»  

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE [ VI ]

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RUA ALICE PESTANA (CAIEL)-(1)
 Rua Alice Pestana (CAIEL) - (2013) (Um troço da "Rua Alice Pestana" no "Bairro de Caselas") in GOOGLE EARTH
 Rua Alice Pestana (CAIEL) - (2007) (Vista Panorâmica do "Bairro de Caselas" onde se insere a "Rua Alice Pestana") inGOOGLE EARTH
 Rua Alice Pestana (CAIEL) - (2013) (A "Rua Alice Pestana" vista da "Rua Casal da Raposa") inGOOGLE EARTH
 Rua Alice Pestana (CAIEL) - (2013) (A "Rua Alice Pestana" numa das ruas do "Bairro de Caselas") in GOOGLE EARTH
Rua Alice Pestana (CAIEL) - (Início do século XX)? (A Jornalista "ALICE PESTANA" em "AS MULHERES E A REPÚBLICA - 2010 - Agenda Feminista") inA CIDADE DAS MULHERES


(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 2ª SÉRIE [ VI ]

«RUA ALICE PESTANA (CAIEL) - (1)»

A «RUA ALICE PESTANA" (CAIEL) pertencia à antiga freguesia de "SÃO FRANCISCOXAVIER"actual«BELÉM». Tem o seu início na "RUA DA CRUZ" número 2 e finaliza na "RUA CASAL DA RAPOSA" no número 17.
Na Acta Nº 2/88 de 25 de Março de 1988, reuniu a "Comissão Municipal de Toponímia", tendo emitido o parecer apresentado pela então JUNTA DE FREGUESIA DE S. FRANCISCO XAVIER, na atribuição no"BAIRRO DE CASELAS"de alguns nomes de vulto nas ARTES e LETRAS. Também num artigo do "Dr. AUGUSTO DE CASTRO", publicado anteriormente à construção do BAIRRO, chamava à atenção no "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" para a necessidade de se prestar homenagem a figuras ilustres que ali nasceram ou viveram.
Assim, por EDITAL de 20 de Abril de 1988 mandou que fosse atribuído o topónimo ao arruamento do "BAIRRO DE CASELAS", à antiga "RUA 3" e tomasse o nome de "RUA ALICE PESTANA"(CAIEL).
"ALICE EVELINA PESTANA COELHO" nascida em SANTARÉM a 7 de Abril de 1860, e veio a ser escritora, jornalista e pedagoga notável que na literatura usou, muitas vezes o pseudónimo de "CAIEL), formado pelas letras de seu próprio nome e ainda outros como: "EDUARDO CAIEL", "CIL" como estratégia de legitimação, e ainda o anagrama "CÉLIA ELEVANI".
Versada em línguas (cujo estudo fez acompanhar pelo da música), deverá ter sido a primeira mulher portuguesa a escrever numa revista estrangeira: "THE FINANCIAL and MERCANTIL GAZETTE", para onde redigiu, em inglês, um artigo de crítica à tradução que el-Rei "D. LUÍS"fizera do"HAMLET". Depois colaborou durante quatro anos naquela publicação britânica. Em Portugal, deu a sua colaboração a uma revista literária onde pontificavam "CAMILO" e "TOMÁS RIBEIRO", mas estendeu ainda a sua pena para os jornais"VANGUARDA", "FOLHA DO POVO", "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"e"O SÉCULO", dedicando-se especialmente, aos problemas do ensino.
Casada com um escritor espanhol "D. PEDRO BLANCO" em 1902, viveu largo tempo em MADRID, tendo falecido nesta cidade espanhola no ano de 1927.
O Governo português aproveitou em 1888 a sua grande experiência como pedagoga, encarregando-a de várias missões ao estrangeiro, nomeadamente na recolha de elementos sobre o ensino secundário feminino nalguns países. Também, mais tarde, quando residia em ESPANHA, em 1914, o Governo espanhol a incumbiu de estudar os métodos do ensino feminino usado em Portugal.
Defendeu a educação média da mulher por ser um meio de formar a mulher moderna, habilitando-a aos cargos da sua missão complexa. Sempre foi sensibilizada para o pacifismo, fundando a "LIGA PORTUGUESA DA PAZ" em 1899, de que foi a primeira presidente.
Com o pseudónimo de CAIEL escreveu"A FILHA DE JOÃO DO OUTEIRO" editado em 1894.
Um artigo da Doutora ELINA GUIMARÃES publicado no "DIÁRIO POPULAR" em 16 de Abril de 1973, fará relembrar esta figura, que tanto fez pelas mulheres portuguesas: a escritora, professora e jornalista "CAIEL", de seu nome verdadeiro"ALICE PESTANA".
"CAIEL" foi fundamentalmente escritora, tanto jornalista como romancista. E, com ela, verifica-se mais uma vez a eterna história das escritoras apreciadas: mas com obras esgotadas que não se reeditam. Deliciosas ou dolorosas vinhetas da vida de LISBOA, com seus usos diferentes nas personagens cuja psicologia é eterna...

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS[ VII ]-RUA ALICE PESTANA (CAIEL) (2)».

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE [ VII ]

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RUA ALICE PESTANA (CAIEL) (2)
 Rua Alice Pestana (CAIEL) - (2013) (A "Rua Alice Pestana" vista da "Rua da Igreja" no "Bairro de Caselas") in GOOGLE EARTH
 Rua Alice Pestana (CAIEL) - (Uma parte do "Bairro de Caselas" onde se insere a "Rua Alice Pestana"in GOOGLE EARTH
 Rua Alice Pestana (CAIEL) - (2013) ( A "RUA ALICE PESTANA" no "Bairro de Caselas") in GOOGLE EARTH
 Rua Alice Pestana (CAIEL) - (2013) (Um troço da "RUA ALICE PESTANA), professora, escritora e jornalista) in GOOGLE EARTH
Rua Alice Pestana (CAIEL) - (1894) (Uma obra literária de "Alice Pestana" com o pseudónimo de "CAIEL", publicada pela "Parceria António Maria Pereira" em 1894) in AVELAR MACHADO

(CONTINUAÇÃO)-RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS-2ª SÉRIE

«RUA ALICE PESTANA (CAIEL) (2)»

A vida de "ALICE PESTANA", sob seu desenrolar singelo, marca bem a coragem da mulher que teve a inteligência de SER, numa época em que as senhoras se contentavam em estar...
Tem-se dito já várias vezes que o acesso ao trabalho foi a melhor das conquistas feministas. "ALICE PESTANA"é mais outro exemplo. Hoje, quando qualquer rapariga deseja preparar-se para o futuro, escolhe a profissão e frequenta a escola que lhe convém. Isto não se consegue sem grande persistência e auto-disciplina. Mas nos finais do século XIX, este esforço era ainda acrescido de mil dificuldades. Não havia escolas nem professoras para o sexo feminino. As meninas eram educadas em casa, por preceptoras estrangeiras a quem se pedia apenas que fossem de "boas famílias". Aprendiam também piano. Os colégios particulares, muito caros, não ensinavam nada mais...
ALICE PESTANA viu-se ainda jovem na necessidade de ganhar a vida, tendo parcialmente a seu cargo a avó que a educara e um irmão mais novo, que cedo morreria.
Escolheu a profissão de professora. Mas como em consciência, não se julgava habilitada para ela, teve primeiro de fazer um a um alguns dos exames liceais, como então era regra. Isto obrigava a lições particulares dadas por professores, o que se tornava particularmente oneroso. "ALICE PESTANA" foi obrigada a pedir a sua madrinha, que era de família rica, um empréstimo que levou anos a pagar. A carta desta senhora, generosa e sensata, em que acede ao pedido, recomenda que não descure a boa alimentação do corpo, pois sem saúde nada resultaria.
As habilitações femininas contavam tão fracamente... No entanto, havia quem desejasse dar mais cultura às filhas. Estamos convencidos de que a influência de professoras como ela, tanto nas discípulas como nas mães destas, foi causa da brusca explosão da instrução feminina que se verificou em PORTUGAL logo após a  1ª Grande Guerra.
Mas se ALICE professora nunca cerrou seu labor, foi a escritora "CAIEL", nome que adoptou, quem mais e melhor serviu a causa feminina. Não era uma combatente e as questões sociais interessavam-na mais do que a política.
Mas a dignificação da mulher era o seu ideal constante. Seus livros para a juventude, dos primeiros que seus pais lhe deram a ler, marcaram-a muito. Não falavam de princípes, mas de meninos pobres.
O seu casamento, relativamente tardio (aos quarenta anos), desta intelectual tranquila, foi de certo modo romanesco.
Casou em 1902 com o professor e escritor espanhol "D. PEDRO PLANCO", com que se correspondia por indicação do Dr. BERNARDINO MACHADO, como sendo a pessoa que melhor  o poderia elucidar sobre o feminismo em PORTUGAL.
DETALHE PITORESCO:
"D. PEDRO BLANCO", por erro de leitura, de início, julgava dirigir-se a um homem. Desta correspondência nasceu o desejo do conhecimento pessoal e resultou num casamento excepcionalmente feliz e harmonioso.
O casamento fixou CAIEL em Espanha e lá exerceu com seu marido o professorado, no prestigioso "INSTITUTO DE LIBRE  ENSENANZA". Mas não deixou de escrever para Portugal. A sua obra ganhou nessa altura mais realismo e vigor. Seus livros seguem a trajectória de sua vida: "ÀS MÃES E ÀS FILHAS"e o adorável"AMOR À ANTIGA", na mocidade; "DESGARRADAS"e"MADAME RENAN", na maturidade.
Nos últimos anos fazia traduções, enriquecendo duas pátrias. Bela e operosa vida, que sabe bem recordar... [ Drª. ELINA GUIMARÃES].

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ VIII ] RUA ALMADA NEGREIROS».

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE [ VIII ]

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RUA ALMADA NEGREIROS
 Rua Almada Negreiros - (2013) A entrada da "RUA ALMADA NEGREIROS" pelo lado da "Avenida Cidade de Luanda")  in GOOGLE EARTH
 Rua Almada Negreiros - (2007) - (Vista de satélite da zona dos OLIVAIS onde podemos encontrar a "RUA ALMADA NEGREIROS" desde 1970)  in  GOOGLE EARTH
 Rua Almada Negreiros - (2013) - (Um troço da "RUA ALMADA NEGREIROS" na freguesia dos OLIVAIS)  in GOOGLE EARTH
 Rua Almada Negreiros - (2013) (A "Rua Almada Negreiros" no Bairro dos "OLIVAIS SUL") in  GOOGLE EARTH
 Rua Almada Negreiros - (2013) - (A "Rua Almada Negreiros" no sítio dos "OLIVAIS SUL" in GOOGLE EARTH
Rua Almada Negreiros - (1929) - ( A cara de "ALMADA NEGREIROS", caricatura de "STUART CARVALHAIS" publicada na "ILUSTRAÇÃO" do repórter "X" em 1929)  in LUZES DA RIBALTA

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS-2ª SÉRIE [ VIII ]

«A RUA ALMADA NEGREIROS»

A "RUA ALMADA NEGREIROS" pertence à freguesia dos «OLIVAIS», antiga freguesia de "SANTA MARIA DOS OLIVAIS", actualizada no ano de 2013 pela "REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA".
Tem início na "AVENIDA CIDADE DE LUANDA" e finaliza na "AVENIDA DE PÁDUA".
Um Edital de 11 de Julho de 1970 (menos de um mês passado sobre a morte de ALMADANEGREIROS, que terá ocorrido em 15 de Junho do mesmo ano), mandou que no antigo arruamento denominado "RUA E 2 - Célula E - OLIVAIS SUL", tomasse o nome de "RUA ALMADA NEGREIROS".
De seu nome completo "JOSÉ SOBRAL DE ALMADA NEGREIROS" (1893-1970), o homem que foi artista plástico, escritor, caricaturista, futurista e tudo, deixou-nos há cerca de 44 anos. No passado ano de 2013, no dia 7 de Abril foi comemorado o 120º aniversário do seu nascimento.
ALMADA NEGREIROS nasceu na ILHA DE SÃO TOMÉ, em 7 de Abril de 1893, fica órfão de mãe aos 3 anos de idade. Seu pai, vem viver para a Metrópole, deixando os seus dois filhos entregues aos cuidados dos "JESUÍTAS DO COLÉGIO DE CAMPOLIDE" e, mais tarde, ALMADA ingressa na ESCOLA NACIONAL DE BELAS ARTES.
Foi dono, como se sabe, de um talento polifacetado. Aos 18 anos, em 1911, escreveu a sua primeira peça de teatro e publica os primeiros desenhos e caricaturas, aos 19 expôs pela primeira vez. LISBOA está cheia de amostras da sua arte, não só em museus como principalmente, em locais que estão patentes ao grande público.
De referir os mosaicos e pinturas da IGREJA DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA, seguindo-se as pinturas murais das gares Marítimas de ALCÂNTARA e da ROCHA DO CONDE DE ÓBIDOS os trabalhos nas fachadas dos mais antigos edifícios da CIDADE UNIVERSITÁRIA ao CAMPO GRANDE.
ALMADA além da pintura mural fez ainda pintura a óleo, tapeçaria, gravura, mosaico, azulejo e vitral. Os quadros da "A BRASILEIRA DO CHIADO" (1925) são também de sua autoria, assim como do BRISTOL CLUB em 1926.
Foi ainda romancista, autor teatral, novelista, conferencista, panfletário, poeta...etc, etc..
A INVENÇÃO DO DIA CLARO(1921) ou NOME DE GUERRA(1938) são entre outros, títulos que os leitores se habituaram a fixar.
É óbvio, portanto, que a um homem destes não podia escapar o sortilégio dos jornais ou melhor dizendo, das publicações periódicas. E é essa faceta que especialmente nos interessa, nesta ronda que estamos a fazer pelas RUAS DE LISBOA com nomes de pessoas ligadas aos jornais.
ALMADA NEGREIROS, logo em 1915, foi co-fundador da revista "ORFHEU", que tanta influência exerceu na renovação da LITERATURA e da ARTE em Portugal. E, no que respeita à sua participação em publicações do mesmo género, assinalem-se ainda as intervenções na "CONTEMPORÂNEA", na"ATHENA", no"PORTUGAL FUTURISTA" etc..
Não se ficou por ai: o extinto "DIÁRIO DE LISBOA" e o seu irmão mais novo, o jornal humorístico "SEMPRE FIXE" tiveram-no como colaborador assíduo, com escritos e desenhos. Antes disso, porém, já ALMADA NEGREIROS andara pela"A CAPITAL" e espalhara o seu talento por "A MANHÃ", "A LUTA","O SÉCULO CÓMICO" e até pelo regionalista "JORNAL DE ARGANIL".
ALMADA saltou fronteiras, também no que a jornais diz respeito. Existem trabalhos dispersos do artista e escritor pelo menos nos periódicos espanhóis "ABC", "BLANCO Y NEGRO", "REVISTA DE OCIDENTE", "GAZETA LITERÁRIA" e "LA ESFERA".
Foi um grande apoiante da política de Salazar e como é lógico, chamado a colaborar nas grandes obras do Regime.
Trabalhou sempre mesmo com a sua avançada idade e temos o exemplo do painel de pedra geométrico, para o átrio do edifício da FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN(1968-69) e os frescos da FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA (sua última obra).  
Numa nota complementar, destinada a assinalar a sua estima por esta cidade, diga-se ainda que ALMADA NEGREIROS foi um dos fundadores do septuagenário "GRUPO AMIGOS DE LISBOA (1936), cuja insígnia desenhou.
O mestre ALMADA NEGREIROS faleceu a 15 de Junho de 1970 vítima de paragem cardíaca, no HOSPITAL DE SÃO LUÍS DOS FRANCESES no mesmo quarto onde faleceu "FERNANDO PESSOA".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA COM NOMES DE JORNALISTAS-2ª SÉRIE [ IX ]-AVENIDA ANTÓNIO DE SERPA»

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE [ IX ]

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AVENIDA ANTÓNIO SERPA
 Avenida António Serpa - (2013) ( A "Avenida António Serpa" vista da "Avenida da República"in GOOGLE EARTH
 Avenida António Serpa (2007) (Vista Panorâmica de parte da freguesia das "Avenidas Novas", onde está inserida a "Avenida António Serpa") in GOOGLE EARTH
 Avenida António Serpa - (1964-08) Foto de Armando Madureira (Moradia "provavelmente já demolida" na "AVENIDA ANTÓNIO SERPA", 32) in AFML
 Avenida António Serpa - (1966) Foto de Artur Goulart ("AVENIDA ANTÓNIO SERPA" dos números 31 a 33, na antiga freguesia de "Nª. Srª. de Fátima" hoje "AVENIDAS NOVAS") in AFML
 Avenida António Serpa - (1970) Foto de Inácio Bastos (A "Avenida da República", esquina com a "Avenida António Serpa" nos anos setenta do século passado)  in AFML
 Avenida António Serpa - (1883)? - ("ANTÓNIO DE SERPA PIMENTEL" iniciou a vida política em 1856 e chegou a formar um governo que presidiu de Janeiro a Setembro de 1890) in WIKIPÉDIA
Avenida António Serpa - (finais do século XIX) ("António de Serpa Pimentel" passou por deputado, Conselheiro de Estado, Ministro das Obras Públicas, Ministro da Guerra (interino), Ministro da fazenda e Ministro dos Negócios Estrangeiros, tendo formado um Governo em 1890)  in FUNDAÇÃO MÁRIO SOARES 

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS-2ª SÉRIE [ IX ]

«AVENIDA ANTÓNIO SERPA»

A «AVENIDA ANTÓNIO SERPA» pertencia à antiga freguesia de "Nª. Srª. de FÁTIMA", hoje integrada com a freguesia de "SÃO SEBASTIÃO DA PEDREIRA", pela REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA, adoptando o nome de «AVENIDAS NOVAS». Tem o seu início na "AVENIDA DA REPÚBLICA"(antiga "Rua António Maria Avelar" e finaliza na "AVENIDA CINCO DE OUTUBRO" (antiga "Avenida Ressano Garcia). O topónimo "AVENIDA ANTÓNIO SERPA" foi atribuído durante a Monarquia, a 29 de Novembro de 1902.
Em 22 de Julho de 1982, a COMISSÃO MUNICIPAL DE TOPONÍMIA (ACTA Nº 2/82) responde a um ofício do "MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA", remetendo cópia de requerimento apresentado na ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA pelo deputado "ANTÓNIODE SOUSA LARA", com o pedido de esclarecimento sobre a possibilidade do topónimo "AVENIDA ANTÓNIO DE SERPA PIMENTEL".
Parecer: Considerando que a pretendida rectificação representaria alteração de uma nomenclatura já muito consagrada na toponímia de LISBOA e que grandes transtornos iria provocar aos residentes ou estabelecimentos no local, a COMISSÃO entendeu preferível optar-se pela inscrição nas respectivas placas toponímicas, de uma legenda que identifique melhor a figura homenageada, sugerindo, para o efeito, que imediatamente a seguir à designação toponímica seja gravada a seguinte legenda: "Político e escritor" (1825-1900)
Assim, mandou a Câmara Municipal de Lisboa que uma via pública situada entre as antigas "Estrada do Arco do Cego" e a "Rua António Maria Avelar" (designação que entretanto desapareceram) passasse a ter o nome do Matemático, professor Universitário, Militar, Político, Escritor e ainda Jornalista "ANTÓNIO SERPA".
ANTÓNIO DE SERPA PIMENTEL nasceu em COIMBRA, a 20 de Novembro de 1825 e faleceu em LISBOA a 2 de Março de 1900.
Tendo começado por assentar praça em Infantaria aos 17 anos, acabou por ingressar na UNIVERSIDADE DE COIMBRA onde, aos 21, se doutorava em Matemática. Veio para LISBOA, foi lente da ESCOLA POLITÉCNICA, onde ensinou álgebra e cálculo. Pouco depois, por proposta de ALEXANDRE HERCULANO, era feito sócio da ACADEMIA REALDAS CIÊNCIAS. A partir daí, a carreira política e o jornalismo surgiram em cheio na sua vida. Estamos, assim, diante de mais um caso em que o jornalismo foi actividade-trampolim para uma carreira política.
ANTÓNIO SERPA ligou-se aos jornais também pela mão de HERCULANO, como de LATINO COELHO e ANDRADE CORVO, com os quais fez "O NOVO TROVADOR".
Só com "LATINO COELHO" dirigiu "O PHAROL". E foi também um dos principais redactores do "meu""JORNAL DO COMÉRCIO", no qual se notabilizou pelos artigos sobre matéria financeira. Foi ainda o fundador da "GAZETA DE PORTUGAL", jornal que, durante anos, foi o órgão do PARTIDO REGENERADOR.
Na vida política iniciou-se em 1856 como deputado eleito por OLIVEIRA DE AZEMEIS.
Em 1876 no dia 31 de Janeiro foi nomeado Conselheiro de Estado. A 12 de Agosto de 1886, era presidente do Tribunal de Contas. Foi ministro de várias pastas e acabou por ser chefe do PARTIDO REGENERADOR e, por esse facto, ascendeu à presidência do Ministério.
Foi ainda incumbido de ir a PARIS pedir a mão da princesa D. AMÉLIA DE ORLEANS para o então príncipe "D . CARLOS". Teve tempo para tudo!

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS -2ª SÉRIE [ X ] .RUA APRÍGIO MAFRA»

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE [ X ]

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RUA APRÍGIO MAFRA
 Rua Aprígio Mafra - (2013) - (Um troço da "RUA APRÍGIO MAFRA", jornalista e crítico teatral na nova freguesia de "ALVALADE") inGOOGLE EARTH
 Rua Aprígio Mafra - (2007) - (Vista Panorâmica de parte do "Bairro de Alvalade" onde se insere a "Rua Aprígio Mafra") inGOOGLE EARTH
 Rua Aprígio Mafra - (2013) - ("Aprígio Mafra" jornalista Alentejano, tem uma rua na actual freguesia de "ALVALADE") in GOOGLE EARTH
 Rua Aprígio Mafra, 2 a 8 - (1963-12) Foto de Artur Goulart (A "Rua Aprígio Mafra" no "Bairro de Alvalade" freguesia de "ALVALADE) inAFML 
 Rua Aprígio Mafra - (1964-02) Foto de Artur Goulart (A "Rua Aprígio Mafra), 4 no "Bairro de Alvalade") in  AFML 
 Rua Aprígio Mafra - (1964-02) Foto de Artur Goulart (A "Rua Aprígio Mafra" nos anos sessenta do século passado) (Abre em tamanho grande)  in  AFML
 Rua Aprígio Mafra - (1964-05) Foto de Artur Goulart (A "Rua Aprígio Mafra" na actual freguesia de "ALVALADE")  (Abre em tamanho grande) inAFML 
Rua Aprígio Mafra - (Segundo quartel do século XX) (Caricatura de "Aprígio Mafra" feita por "Fernando Neves" in LUZES DA RIBALTA

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE

«RUA APRÍGIO MAFRA »

A «RUA APRÍGIO MAFRA» pertencia à freguesia de  "SÃO JOÃO DE BRITO", que com as freguesias de "ALVALADE" e"CAMPO GRANDE" se agruparam, por determinação do novo ordenamento Administrativo das Novas Freguesias de LISBOA, passando a designar-se por freguesia de «ALVALADE».
Tem o seu início na "AVENIDA DO BRASIL"e finaliza na"RUA JOÃO SARAIVA".
Por Edital de 25 de Janeiro de 1961 que às "RUAS 3 e 4à RUA JOÃO SARAIVA", fosse dado o topónimo de "RUA APRÍGIO MAFRA" - Jornalista (1887-1953).
"FRANCISCO APRÍGIO MAFRA" era, apesar do apelido, alentejano de Portalegre, cidade onde nasceu em 26 de Novembro de 1877. Na sua terra natal frequentou o liceu, tendo continuado o curso secundário no Porto, no "LICEU RODRIGUES DE FREITAS". Deu-se  depois a sua entrada na "Seminário de Portalegre".
Teologia e um curso complementar de LETRAS, foram as habilitações com que o futuro jornalista se apresentou perante a vida prática.
Em 1911, deu-se, porém, o acontecimento talvez mais marcante da história de "Aprígio Mafra": teve oportunidade de entrar para a redacção de «A NAÇÃO». Agarrou a dádiva e nunca mais largou  a profissão. 
O seu percurso, foi evidenciado pelas suas crónicas mordazes, que fazia nos jornais. A sua profissão de jornalista e crítico, foi vivida sempre de mãos dadas com o «PARQUE MAYER», onde naquele tempo era costuma depois da estreia, os actores esperarem ansiosos pela crítica jornalística que saía logo na manhã seguinte.
Trabalhou ainda nos jornais: "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" ; "CORREIO DA MANHÃ"; "O SÉCULO"; "PÁTRIA"; "LUTA"; "DIÁRIO DE LISBOA" e "DIÁRIO POPULAR"... Foi, porém, no "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" que esteve mais tempo e foi nesse jornal que assumiu funções de maior responsabilidade, já que ali foi chefe de redacção.
Pelo meio, ficaram a presidência do "SINDICATO DOS JORNALISTAS" e um cargo político que exerceu por pouco tempo: procurador à CÂMARA CORPORATIVAórgão consultiva previsto na CONSTITUIÇÃO de 1933, do ESTADO NOVO.
Chegou mesmo a ser secretário desse órgão colegial, mas cedo pediu escusa por não querer descurar o trabalho que mais lhe agradava: chefiar a redacção do «DIÁRIO DE NOTÍCIAS».
O teatro também o apaixonou tendo  ele traduzido algumas obras, como a peça «PÉ DEVENTO» dos IRMÃOS QUINTERO, que foi representado no TEATRO D. MARIA II.
Recebeu ainda duas condecorações: uma de OFICIAL DA ORDEM DE CRISTO e da ORDEM DE LEOPOLDO II DA BÉLGICA.
Durante 42 anos ligado às redacções, que foram a sua casa mais constante, sendo mais um jornalista a figurar na toponímia alfacinha. Faleceu em 19 de Novembro de 1953. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ XI ]-RUA ARNALDO GAMA»

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE [ XI ]

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RUA ARNALDO GAMA
 Rua Arnaldo Gama - (2013) - (A "RUA ARNALDO GAMA" no antigo "Bairro do Arco do Cego" na recente freguesia do "AREEIRO")  in GOOGLE EARTH 
 Rua Arnaldo Gama - (2007) - (Panorâmica do antigo "Bairro Social do Arco do Cego" onde se insere a "Rua Arnaldo Gama")  in GOOGLE EARTH
 Rua Arnaldo Gama - (2013) - (Um troço da "Rua Arnaldo Gama" no antigo "Bairro do Arco do Cego")  in GOOGLE EARTH 
 Rua Arnaldo Gama- (1863) - (O "SARGENTO-MOR DE VILAR" uma obra de "Arnaldo Gama" que relata episódios da invasão dos franceses em 1809)  in LIVRARIA LUMIÈRE
 Rua Arnaldo Gama - (1876) - (Edição popular da obra de "Arnaldo Gama" com o título "EL-REI DINHEIRO", edição póstuma sob a direcção de "Augusto Gama") in  LOJA DO JÚLIO 
Rua Arnaldo Gama - (1973) ("Obras de Arnaldo Gama" publicado por "Lello & Irmãos Editores) in MERCADO LIVRE

(CONTINUAÇÃO)-RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE [ XI ]

«RUA ARNALDO GAMA»

A «RUA ARNALDO GAMA» pertencia à freguesia de "SÃO JOÃO DE BRITO" que pela REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA, juntamente com a antiga freguesia do "ALTO DO PINA" agrupadas, passando a denominar-se freguesia do «AREEIRO».
Tem o seu início na RUA BRÁS PACHECO e finaliza na"RUA JOSÉ SARMENTO".
Por Edital publicado em 18 de Julho de 1933 destinou a "RUA Nº 3"do "BAIRRO SOCIAL DO ARCO DO CEGO", entre as ruas"COSTA GOODOLFIM"e"BRÁS PACHECO", consagrar a «RUA ARNALDO GAMA», ficando assim, perpetuado mais um jornalista portuense, na toponímia alfacinha.

ARNALDO DE SOUSA DANTES DA GAMA conhecido mais como escritor que jornalista, e especialmente como autor de romances históricos, este portuense (nascido em 1 de Agosto de 1828) também andou pelos jornais como se verá.
Foi a COIMBRA formar-se em DIREITO e voltou ao PORTO, onde montou escritório de Advogado. Passou, aliás, praticamente toda a vida no grande burgo nortenho, situando ali parte da sua obra.
Nos seus curtos 41 anos de vida (faleceu no PORTO, em 29 de Agosto de 1869), publicou poesia e contos. Mas foi, como se disse, no romance histórico que veio a tornar-se célebre.
De facto, os analistas da sua obra são unânimes em dizer que os romances eram escritos com notável exactidão, de acordo com o rigor histórico e sem dar larga margem à imaginação, como era apanágio de muitos dos seus camaradas na época. 

Destacam-se as obras "O GÉNIO DO MAL"(1856-1857) (Obra em quatro volumes, começada a editar quando ARNALDO GAMA tinha apenas 28 anos),  "UM MOTIM DE HÁ CEM ANOS" (1861), "O SARGENTO-MOR DE VILAR" (1863), "O SEGREDO DO ABADE" (1864), "A ÚLTIMA DONA DE S. NICOLAU" (1864), !O FILHO DO BALDAIA" (1866), "A CALDEIRA DE PERO BOTELHO" (1866), "O BALIO DO LEÇA" (1872), póstumo  o "EL-REI DINHEIRO" (1876), são as suas mais conhecidas obras.
Mas também a este homem da história e do foro, tentaram os demónios do jornalismo. Começou devagarinho, como redactor de um jornal literário, "A PENINSULA", onde escrevia, portanto, sobre temas considerados como da "sua arte". Mas o bichinho da política mordeu-o e aí não resistiu a ser redactor político e a sustentar algumas aguerridas polémicas.
Trabalhou então nos jornais "PORTO e CARTA", "CONSERVADOR" e acabou por fundar o "JORNAL DO NORTE".
Foi distinguido como "Cavaleiro da Ordem de Torre-e-Espada" e era sócio da "ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA".
LISBOA quis consagrar numa rua sua o nome deste ilustre escritor e jornalista portuense "ARNALDO GAMA".
Na verdade, esta ronda singela, que temos vindo a fazer pelas "RUAS DE LISBOA" que usam nomes de homens e mulheres ligadas aos jornais, vem recordando que muito boa gente percorreu o caminho inverso: isto é, houve muitos que se distinguiram noutros campos, nomeadamente na escrita de livros de qualidade, e não resistiram à tentação dos jornais. Os exemplos não faltam, no passado e no presente.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ XII ]RUA VIRGÍNIA QUARESMA»

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE [ XII ]

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RUA VIRGÍNIA QUARESMA
 Rua Virgínia Quaresma -(2013) (A "Rua Virgínia Quaresma" vista obtida da "Rua Casal Raposa" no "Bairro de Caselas"in GOOGLE EARTH
 Rua Virgínia Quaresma - (2007) (Vista de Satélite o "BAIRRO DE CASELAS"in GOOGLE EARTH
 Rua Virgínia Quaresma - (2007) (Vista Panorâmica do "Bairro de Caselas" onde se insere a "Rua Virgínia Quaresma") inGOOGLE EARTH
 Rua Virgínia Quaresma - (2013) (Um troço da "Rua Virgínia Quaresma" de Sul para Norte) inGOOGLE EARTH
 Rua Virgínia Quaresma - (2013) (A "Rua Virgínia Quaresma" na sua extensão para Norte, no "Bairro de Caselas")  in GOOGLE EARTH
 Rua Virgínia Quaresma - (2013) (Início da "Rua Virgínia Quaresma" na parte Sul,  junto da "Rua da Cruz de Caselas") inGOOGLE EARTH
Rua Virgínia Quaresma -(Início do século XX) ("Virgínia Quaresma" a primeira jornalista portuguesa com carteira profissional) inSILÊNCIOS E MEMÓRIAS

(CONTINUAÇÃO)-RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE [ XII ]

«RUA VIRGÍNIA QUARESMA»

A «RUA VIRGÍNIA QUARESMA» pertencia à antiga freguesia de "SÃO FRANCISCO XAVIER" que pela "REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA" foi incorporada na freguesia de "SANTA MARIA DE BELÉM", passando a denominar-se freguesia de «BELÉM». Tem início na "RUA DA CRUZ A CASELAS" e finaliza na "RUA DO CASAL DA RAPOSA".
Por Edital Camarário de 20 de Abril de 1988, o antigo arruamento da "RUA 4"do"BAIRRO DE CASELAS", passou a ter o topónimo de "RUA VIRGÍNIA QUARESMA".
Já nos tínhamos referido em anteriores publicações, mas voltamos a recordar, que não é fácil a vida de jornalistas (femininas) numa redacção de um jornal com projecção Nacional. Habituados que estamos nesta altura em que as mulheres "invadem" (no melhor sentido) os órgãos de Comunicação Social, recordemos pois, "VIRGÍNIA QUARESMA" a primeira jornalista profissional.
"VIRGÍNIA SOFIA DA GUERRA QUARESMA" nasceu em ELVAS em 28 de Dezembro de 1882 e faleceu em LISBOA, no dia 22 de Outubro de 1973.
As considerações tecidas ajudarão por certo a realçar ainda mais as qualidades de uma alentejana, que foi a primeira mulher detentora de uma carteira profissional de jornalista, e o seu "atrevimento" não data de há 40 ou 50 anos, mas sim de quase cento e quatro anos.
"VIRGÍNIA" veio para LISBOA e aqui teve logo um golpe de audácia ao matricular-se no então "CURSO SUPERIOR DE LETRAS" (hoje FACULDADE DE LETRAS DE LISBOA), em 1903. Mulher em curso universitário era bicho raro... E, como gostava muito de escrever, foi oferecer-se à redacção de "A CAPITAL", o vespertino cuja primeira série, começou a publicar-se em 1910, sob a direcção de "MANUEL GUIMARÃES".
Entendamos: mulher em redacção de jornais não era inédito. Algumas, embora raras, letradas, mandavam as suas colaborações, escreviam os seus artigos. O que nunca tinha acontecido em Portugal era um ser humano de saias andar na rua a fazer reportagens, ir fazer perguntas aos gabinetes, infiltrar-se nos meios mais diversos para conseguir colher informações "frescas" e seguras.
VIRGÍNIA atreveu-se, MANUEL GUIMARÃES foi suficientemente moderno para apostar naquela ousada e assim nasceu uma repórter que se notabilizou essencialmente na esfera da política. E convenhamos que foi intrincado e difícil o período em que esta pioneira trabalhou entre o TERREIRO DO PAÇO e SÃO BENTO: apanhou desde os tempos que se seguiram à proclamação da REPÚBLICA até ao golpe de 28 de Maio de 1926, com a sua série de conspirações, revoluções, intentonas e mudanças de gabinetes.
Vivia geralmente no "HOTEL AVENIDA PALACE", onde tinha possibilidade de encontrar as individualidades estrangeiras que visitavam LISBOA e ali se hospedavam. No tempo da "primeira grande guerra"(1914-1918), esses contactos foram-lhe muito úteis para a elaboração de notícias correctas.
Interrompida a publicação de "A CAPITAL" exactamente em 1926, pouco depois do golpe de Maio, "VIRGÍNIA" mudou para o jornal "O SÉCULO", embora por pouco tempo.
O seu feitio irrequieto, fê-la seguir até ao BRASIL, onde trabalhou pelo menos no "CORREIO PORTUGUÊS", "GAZETA DE NOTÍCIAS"e em"A ÉPOCA" onde também se distinguiu: a sua actividade jornalística valeu-lhe o título de cidadã carioca honorária.
Foi ainda no BRASIL que  conheceu "ÓSCAR DE CARVALHO AZEVEDO" que a convidou para chefiar a delegação lisboeta da "AGÊNCIA AMERICANA DE NOTÍCIAS" (Agência Noticiosa criada por OLAVO BILAC), paredes meias com o cinema CHIADOTERRACE ali na "RUA ANTÓNIO MARIA CARDOSO". Durante a Primeira Guerra Mundial  esta estrutura foi colocada ao serviço da cruzada das mulheres portuguesas, promovendo o auxilio aos estropiados de guerra, órfãos e viúvas e por isso foi condecorada com o grande oficialato da ORDEM DE SANTIAGO.

O Jornal "REPÚBLICA" dava assim a notícia em 23 de Outubro de 1973, assinalando o seu desaparecimento: "Com 91 anos, faleceu em LISBOA, "VIRGÍNIA QUARESMA", natural de ELVAS, que trabalhou nos jornais "O SÉCULO" e "A CAPITAL". Como jornalista distinguiu-se, na cobertura de acontecimentos políticos, nomeadamente quando da implantação da REPÚBLICA. Foi a fundadora de uma das primeiras Agências de Publicidade do país e, durante largo tempo, trabalhou no BRASIL". [fazendogenero.ufsc.br]. [ FINAL ].

BIBLIOGRAFIA
- ACTAS DA COMISSÃO MUNICIPAL DE TOPONÍMIA DE LISBOA [1974-1989].Volume II -Edição da C.M.L. - 2000 - LISBOA
- ALMADA NEGREIROS . Fotobiografias do Século XX - Direcção de Joaquim Vieira - Circulo de Leitores - 2001 - Rio de Mouro.
- CRÓNICA FEMININA - 1973.
- DIÁRIO POPULAR de 16 de Abril de 1973 - Drª. Elisa Guimarães.
- HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA - SARAIVA, Antº José e LOPES, Óscar - 17ª Ed. Porto Editora - 1996 - PORTO.
- PACHECO, José - STUART e o MODERNISMO EM PORTUGAL - Artes/Ilustradas - Edições VEGA - 1988 - LISBOA.

INTERNET
- TOPONÍMIA DE LISBOA - CML (Novo)

(PRÓXIMO)«LARGO DO CARMO  [ I ] - O LARGO DO CARMO (1)»

LARGO DO CARMO [ I ]

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 Largo do Carmo - (2014) (Desenho adaptado do "LARGO DO CARMO" e seu enquadramento - Sem Escala - APS)  -  LEGENDA - 1)LARGO DO CARMO - 2)CHAFARIZ DO CARMO - 3)AS RUÍNAS DA IGREJA DO CARMO - 4)CONVENTO DO CARMO(GNR) - 5)PALÁCIO VALADARES  - 6)A CAPELA DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO - 7)IGREJA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO - 8)ELEVADOR DE SANTA JUSTA - 9)IGREJA DE SÃO ROQUE - 10)IGREJA DE NOSSA SENHORA DO LORETO - 11)IGREJA DE NOSSA SENHORA DA ENCARNAÇÃO - 12)BASÍLICA DE NOSSA SENHORA DOS MÁRTIRES - 13)TEATRO DA TRINDADE. (As RUAS assinaladas a vermelho já foram publicadas neste Blogue) in ARQUIVO/APS
 Largo do Carmo - (Século XV) Desenho de Jesuíno A. Ganhado) - (Planta Geral do território do "CARMO E DA TRINDADE" no final do século XV. Acentua-se o traçado das vias de comunicação que se tinham anteriormente esboçado, e documenta-se o povoamento da "Vila Nova de Santa Catarina" e do "Rossio da Trindade" in O CARMO E A TRINDADE 
 Largo do Carmo - (Século XVI) (Desenho de Jesuíno A. Ganhado) - (Planta geral do Território do "CARMO E DA TRINDADE" no final do século XVI. Podendo ver-se já o seu povoamento, incluindo novas ruas de "Vila do Olival", abertas no princípio do século, nas herdades dos TRINOS e dos CARMELITAS)  in O CARMO E A TRINDADE
 Largo do Carmo - (1939) (Desenho de Jesuíno A. Ganhado) (Planta do Território do CARMO E DA TRINDADE, no segundo quartel do século XX) in O CARMO E A TRINDADE
Largo do Carmo - (2013) (Panorama do sítio do CARMO, vendo-se no lado esquerdo as "Ruínas da Igreja", o Elevador de Santa Justa e o Convento do Carmo (hoje GNR), bastante acrescentado com novos edifícios) in GOOGLE EARTH 

LARGO DO CARMO [ I ]

«O LARGO DO CARMO ( 1 )»

O «LARGO DO CARMO» (antigo "Terreiro ou Adro do Carmo" no século XV) pertenceu à antiga freguesia do SACRAMENTO, hoje freguesia de «SANTA MARIA MAIOR» no âmbito da "REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA" em 2013 .
O LARGO DO CARMO está rodeado de CALÇADAS, RUAS e TRAVESSAS. Assim na parte Sul temos a CALÇADA DO SACRAMENTO, RUA ALMIRANTE PESSANHA (antiga "Travessa do Sacramento), para Poente a TRAVESSA DO CARMO e RUA DA TRINDADE, a Norte RUA DA OLIVEIRA ao CARMO (antiga Rua da Oliveira), RUA DA CONDESSA (antiga Condessa da Vidigueira) e CALÇADA DO CARMO (antiga Calçadinha do Carmo). Para Nascente tem apenas o antigo PÁTIO DO CARMO ou CORREDOR DO CARMO que dá acesso ao Elevador de Santa Justa e tem hoje o nome de TRAVESSA DOM PEDRO DE MENESES.

O LARGO DO CARMO não se parecia nada como o que hoje se apresenta, era pouco mais de metade da área actual. Não tinha ainda os seus Jacarandás, nem o bulício das pessoas nas esplanadas e seus quiosques.
Tudo se terá modificado com o Terremoto de 1755, acreditamos mesmo que toda a obra exceptuando as "RUÍNAS DA IGREJA DO CONVENTO DO CARMO" (com seu aspecto no presente), todo o resto por ali é obra nova dos séculos XVIII e XIX. (As plantas que publicamos são eloquentes).
Assim, no século XVI já esta zona era um pouco urbanizada em torno dos seus dois Conventos: da TRINDADE e do CARMO, dentro da MURALHA FERNANDINA.
No LARGO DO CARMO podemos ainda destacar o antigo PALÁCIO DO CONDE DE VALADARES, (antes pertencia aos PESSANHAS) do século XIV, foi mais tarde a UNIVERSIDADE DE LISBOA, também designado (ESTUDO GERAL), a casa do JUDEU NAVARRO.  Um outro casarão urbano, enorme prédio de rendimento, também com frente para o LARGO DO CARMO, tendo as laterais viradas para a CALÇADA DOSACRAMENTO e RUA DO ALMIRANTE PESSANHA; foi construído no espaço onde existia (antes do Terramoto) o Palácio que pertenceu aos ALBUQUERQUE MEXIAS, antepassados dos CONDES DE SOUZEL.
Este LARGO dá para a RUA DA OLIVEIRA (antes do Olival) reminiscência toponímica do sítio do OLIVAL, ou HERDADE DO OLIVAL do século XV.
A RUA DA CONDESSA também lhe é convergente, ficando esta rua em frente do POSTIGO DO CONDE ou TORRE DO CONDESTÁVEL (D. NUNO ÁLVARES PEREIRA) aberto na MURALHA FERNANDINA da cidade, no pátio da antiga ESCOLA ACADÉMICA, que tomou o nome do CONDESTÁVEL, por estar situada em terrenos da herdade do CONDE SANTO, adquiridos por este para a construção do CONVENTO E IGREJA DO CARMO. Esta antiga artéria que vinha da TORRE DO CONDESTÁVEL para o TERREIRO DO CARMO e descendo a RUA DO SACRAMENTO ligava à actual RUA GARRETT, tinha o nome de CAMINHO PÚBLICO DO POSTIGO DO CARMO no século XV.
A RUA DO DUQUE (do Cadaval) (antiga Rua da Condessa de Cantanhede e mais antiga a Rua dos Galegos), torna-se quase paralela com a RUA DA CONDESSA sendo convergente à CALÇADA DO CARMO, (antiga Calçadinha do Carmo), que vem finalizar no LARGO DO CARMO e foi aberta na encosta dos terrenos do CONVENTO para onde as habitações dos CARMELITAS tinham a face Poente.
Por escritura de 27 de Novembro de 1855 a Câmara comprou ao MARQUÊS DE TORRESNOVAS as barracas que estavam na passagem entre o TEMPLO DO CARMO e o Palácio deste titular, resto das ruínas que o terramoto fizera na casa nobre de JOÃO COSTACARNEIRO, incluída no domínio dos VALADARES.
COMO CURIOSIDADE
Depois do Terramoto, o povo de LISBOA tinha uma expressão que ainda nos dias de hoje se usa dizer: «CAIR O CARMO E A TRINDADE». Esta expressão, que significa algo de estrondoso, surpreendente ou de grande impacto, remonta ao terramoto de um de Novembro de 1755, quando os CONVENTOS DO CARMO e da TRINDADE, localizados no sítio da PEDREIRA em LISBOA desabaram. Durante o Terramoto, ouviu-se um enorme estrondo. Quando os habitantes descobriram qual tinha sido a verdadeira causa de tal barulheira, logo disseram: CAIU O CARMO E A TRINDADE, isto é, desabaram os CONVENTOS DO CARMO E  DA TRINDADE.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO CARMO [ II ] O LARGO DO CARMO ( 2 )»   

LARGO DO CARMO [ II ]

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 Largo do Carmo - (2013)  (Aspecto do "LARGO DO CARMO" numa tarde de Verão, com seus jacarandás ainda floridos) in GOOGLE EARTH
 Largo do Carmo - (2013) (= LARGO DO CARMO no seu topo mais a Norte, confrontando com a "Rua da Trindade" (ainda com as linhas dos eléctricos) e a "Rua da Oliveira ao Carmo" (antiga "Rua da Oliveira")  in GOOGLE EARTH
 Largo do Carmo - (1925) Foto de Eduardo Portugal ("Largo do Carmo" casa onde se supõe ter nascido "Camilo Castelo Branco" a 16 de Março de 1825) in AFML
 Largo do Carmo - (1939) Desenho de Jesuíno A. Ganhado) (Planta do sítio do CARMO em 1939 para ser conjugada com as plantas dos séculos XIV, XV e XVI, e observando o seu desenvolvimento) in O CARMO E A TRINDADE
Largo do Carmo - (1969) Foto de João H. Golart ("Escola Básica do 1º Ciclo "antiga "Escola Primária Nº 73", no "Largo do Carmo" esquina com a "Travessa do Carmo")  in AFML

(CONTINUAÇÃO- LARGO DO CARMO [ II ]

«O LARGO DO CARMO ( 2 )»

Chamava-se então à actual passagem do elevador o "PÁTIO DO CARMO". Em 1855 a Câmara ainda pensou em colocar naquele local umas casas para servir de "sanitários".
O "CORREDOR DO CARMO" que a Câmara tinha adquirido foi vedado com um muro e portão de ferro, substituindo o antigo tapume. Assim, o facto de se estar a construir o «ELEVADOR DE SANTA JUSTA» entre a RUA DO OURO e o LARGO DO CARMO, e este ser destinado para sua serventia. O antigo PÁTIO ou CORREDOR DO CARMO de que a Câmara se apossara foi cedido à empresa construtora do ELEVADOR para a passagem do público entre o ELEVADOR DE SANTA JUSTA, que liga o LARGO DO CARMOà BAIXA POMBALINA, mais exactamente à RUA DO OURO.
O ASCENSOR foi construído entre 1898 e 1901 pelo Engenheiro portuense RAUL MESNIER DU PONSARD e inaugurado em Setembro de 1901.
Como complemento da obra fez-se o "arranjo" do CORREDOR DO CARMO e a representação da Associação detentora das ruínas da IGREJA, reclamou, mas foi prontamente atendida. Montou-se uma vedação defendendo a serventia da porta lateral, que ficou inferior ao pavimento da passagem, e construiu-se escada de acesso. O piso para onde se abre a referida porta lateral, marca a altura do primitivo pavimento.
Por aí se pode ver que a parede da IGREJA está soterrada e se calcula, confrontando essa observação com a da porta principal que abre para o LARGO DO CARMO, a altura do entulho que se lançou para diminuir o desnível entre o CARMO e a TRINDADE. O actual LARGO DO CARMO deve estar quase dois metros acima do antigo. Daí nasceu igualmente, a redução do declive da antiga CALÇADINHA DA TRINDADE (hoje RUA DA TRINDADE).
Os prédios no LARGO DO CARMO foram delineados consoante o plano pombalino, formando-lhe três das faces. O lado Nascente ocupa-o as ruínas da IGREJA DO CONVENTO DO CARMO e o CONVENTO que será eventualmente representado pelo QUARTEL DA GNR.
A face OCIDENTALdeste LARGO é formado por dois grandes prédios. Tanto um como o outro foram construídos pelos "POMBAIS". o 1º  Ministro de D. JOSÉ I comprara, depois de 1755 alguns chãos e ruínas neste local. O PALÁCIO que constituía a face SUL do Largo. tinha uma frente pequena, era a casa nobre dos "SILVEIRAS ALBUQUERQUE MEXIAS". Na face NORTE existia desde o século XVII a Instituição da ORDEM TERCEIRA DOCARMO, num prédio modesto entre a "RUA DA OLIVEIRA AO CARMO"e a"RUA DACONDESSA" (da Vidigueira).
Segundo nos informa a GAZETA de 15 de Outubro de 1791, estiveram instalados neste LARGO DO CARMO, embora não se possa localizar com precisão, uma Oficina de Tipografia de António Gomes. Em 1823, a GAZETA de 7 de Julho, refere-se ao armazém de fazendas de BENTO ANTÓNIO DE ANDRADE, onde eram vendidos tecidos originários de Damasco e da Índia.
Entre os anos de 1826 e 1828 existia por estas paragens uma oficina de fabrico de móveis e outras bugigangas. A GAZETA de 14 de Janeiro e 12 de Julho de 1882 citam, que neste LARGO DO CARMO existia uma "Fábrica de Massas e de Aletria" que, no início desse ano viera para aqui do LORETO, e que depois foi para a a RUA DA ROSA.
E quantas mais lojas e oficinas não terão passado por este velho "ADRO DO CARMO".
Também, entre os anos de 1908 e 1912, alugou um quarto (onde viveu sozinho), no número 18 -1º Esqº. deste LARGO DO CARMO, o nosso grande «FERNANDO PESSOA».

O LARGO DO CARMO encontra-se rodeado por via pública pavimentada a calçada de basalto, tendo a zona central com "CALÇADA À PORTUGUESA" formando desenhos geométricos, pontuando por bancos e árvores, criando um espaço ajardinado.
Em tempos, neste LARGO também existiram algumas carreiras de eléctricos, chegando mesmo a ser o seu término.
Para ilustrar um pouco esta narrativa, tendo como fonte o livro "LISBOA-125 anos sobre carris" de JOÃO DE AZEVEDO. A 02.11.1907 era inaugurada a linha de eléctricos (CARMO-BENFICA) - 17.12.1942 a linha 24 (CARMO-PRAÇA DO CHILE). Existiu ainda a chapa Nº5 (CARMO-BENFICA)  a 07.04.1962, tendo a  eliminação desta chapa acontecido em 15.07.1973.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO CARMO [ III ] O SÍTIO DA PEDREIRA»    
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