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O 1º DE DEZEMBRO

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Associando-me ao "MOVIMENTO 1º DE DEZEMBRO" quero deixar aqui o meu inconformismo, pela perda do FERIADO referente à comemoração do 1º de Dezembro (dia que assinala a RESTAURAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL), apagado da nossa história pela Lei nº 23/2012.

Lisboa, 1 de Dezembro de 2013
Agostinho de Paiva Sobreira -APS


ALAMEDA DOM AFONSO HENRIQUES [ VIII ]

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 Alameda Dom Afonso Henriques (2013) Foto de N.J.Rosa Nataniel J. (A "FONTE MONUMENTAL" da "ALAMEDA", já em pleno funcionamento) inAVENTURA LX
 Alameda Dom Afonso Henriques - (1959) Foto de Armando Serôdio (Escultura do "RIO TEJO" da autoria de "DIOGO de MACHADO", colocada no lago principal da "Fonte Monumental" na "Alameda" in AFML 
 Alameda Dom Afonso Henriques - (1959) Foto de Armando Serôdio (Uma "TÁGIDE", ninfa do "TEJO", escultura da autoria de "Diogo de Macedo"1889-1958, na "FONTE MONUMENTAL" da "ALAMEDA" in AFML
 Alameda Dom Afonso Henriques - (1959) Foto de Armando Serôdio (Uma "TÁGIDE" ninfa do "TEJO". Escultura da autoria de "Diogo de Macedo", na "FONTE MONUMENTAL" na "ALAMEDA"in AFML
 Alameda Dom Afonso Henriques - (1959) Foto de Armando Serôdio (Uma das "NEREIDES", colocadas agarradas à parede da "FONTE MONUMENTAL", escultura da autoria de "MAXIMIANO ALVES") inAFML 
Alameda Dom Afonso Henriques - (c. 1952) Foto de António Passaporte (Postal Nº 216 da "FONTE MONUMENTAL" na "ALAMEDA DOM AFONSO HENRIQUES" na década de 50) in AFML 
Alameda Dom Afonso Henriques - ( 195_) Foto de Judah Benoiel (A "ALAMEDA" contornando a "FONTE MONUMENTAL" no lado Sul, em direcção à "Rua Barão Sabrosa") (Abre emtamanho grande) inAFML


(CONTINUAÇÃO) - ALAMEDA DOM AFONSO HENRIQUES [ VIII ]

«A FONTE MONUMENTAL DA ALAMEDA DOM AFONSO HENRIQUES (2)»

No final dos anos quarenta não sendo propriamente dito uma «FONTE LUMINOSA», pois não permitia jogos de água e de luz, não deixa de ter em conta a valorização que à noite, lhe imprimia a iluminação, provida de potentes holofotes exteriores.


Ainda no âmbito das "COMEMORAÇÕES CENTENÁRIAS", foi idealizada uma fonte luminosa de tal grandiosidade, que  excedeu tudo o que até então se tinha construído: a "FONTE MONUMENTAL DA ALAMEDA DOM AFONSO HENRIQUES", cuja inauguração prevista para a altura, acabou por ser adiada.
O excelente conjunto modernista de edifícios do "INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO", projectado por "PARDAL MONTEIRO" em 1927 e concluído em 1935, definira um novo eixo urbano, a "ALAMEDA" que, ao longo da qual se foram erguendo diversos edifícios entre os anos 1936 a 1946.
Nesta nova ALAMEDA lisboeta de 120 metros de largura, já pontuada de edifícios, a "FONTE MONUMENTAL" vinha cumprindo um triplo objectivo; fornecer um fecho condigno à ALAMEDA que, simultâneamente, valorizasse o conjunto do "INSTITUTOSUPERIOR TÉCNICO"; proporcional um miradouro que permitisse à população desfrutar de amplo panorama sobre o conjunto da obra realizada; por fim, um objectivo simbólico, comemorativo da entrada das águas do vale do Tejo na cidade, que permitiram, em 1940, em virtude das obras hidráulicas desenvolvidas, elevar para cem milhões de litros o caudal diário destinado ao consumo.
A obra que veio a erguer, seguiu com exactidão, o projecto que o Arquitecto "CARLOSREBELO DE ANDRADE" (1887-1971) riscou em 1939 uma imensa mole em cantaria de CABRIZ (do Concelho de Sintra) (abrangendo quase toda a largura da "ALAMEDA"), verdadeira muralha colocada num plano sobranceiro, em terrenos que tinham pertencido à antiga "QUINTA DOALPERCHE", dotada de dois corpos avançados nos extremos, com baixos-relevos, e escadarias laterais de acesso ao terraço superior, delimitado por uma balaustrada. Ao alto do corpo central treze olhos de água (repartidos num grupo central de sete; e em dois grupos laterais de três) despejam o seu caudal sobre três enormes descarregadores de queda dupla, a primeira de 1,50 metros e a segunda de 6,50 metros de altura. Cada um destes descarregadores é formado por duas taças sobrepostas sendo o central de maior dimensão. Deles se precipitam em catadupa, a água corre depois para um lago superior de perfil contra curvado donde extravasa para um grande lago inferior de moldura elíptica.
Nesta lago grande existe a figura central de um "TRITÃO" montado num cavalo-marinho, tendo ao lado quatro "TÁGIDES" que repuxariam a água para as toalhas líquidas que caíam das taças, por sua vez (agarrado às suas paredes) é decorado com treze "NEREÍDES" em alto relevo, cada uma com seu vaso, deitando água para o lago superior.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«ALAMEDA DOM AFONSO HENRIQUES [ IX ]-A FONTE MONUMENTAL DA ALAMEDA DOM AFONSO HENRIQUES ( 3 )».

ALAMEDA DOM AFONSO HENRIQUES [ IX ]

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 Alameda Dom Afonso Henriques - (Post. 1948) Foto de Horácio Novais Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian - (A "FONTE MONUMENTAL DA ALAMEDA" em actividade no seu início) inFLICKR 
 Alameda Dom Afonso Henriques - (Post. 1948) Foto de Horácio Novais (1910-1988) Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian) (A "FONTE MONUMENTAL" em pleno funcionamento, numa noite nos  finais dos anos quarenta do século passado) inFLICK
 Alameda Dom Afonso Henriques - (1948) Foto de Fernando Martins Pozal (A "FONTE MONUMENTAL" da "ALAMEDA" foi inaugurada em 28 de Maio de 1948) inAFML 
 Alameda Dom Afonso Henriques - (195_) Foto de António Castelo Branco ( Panorâmica da "FONTE MONUMENTAL", construída no lado Nascente da "Alameda Dom Afonso Henriques") inAFML 
 Alameda Dom Afonso Henriques - (2013) Foto de N. J. Rosa  (Algumas "NEREIDES" na parte de baixo das taças da "FONTE MONUMENTAL DA ALAMEDA", que este ano entrou novamente em funcionamento) in AVENTURA LX
Alameda Dom Afonso Henriques - (2013) - Foto de Nataniel J. Rosa - (A "FONTE MONUMENTAL" depois da sua reabertura e devolvida à cidade) inAVENTURA LX 


(CONTINUAÇÃO) - ALAMEDA DOM AFONSO HENRIQUES [ IX ]

«A FONTE MONUMENTAL DA AVENIDA DOM AFONSO HENRIQUES ( 3 )»

A construção da "FONTE LUMINOSA" teve início em 1940, porém a obra sofreu atrasos. As figuras das "NEREIDES"m entregues ao escultor "MAXIMIANO ALVES", só estariam terminadas em 1942; também a empreitada escultórica, confiada a "DIOGO MACEDO", só em 1943 seria concluída. Por essa altura, a fonte estaria quase pronta, contudo a sua inauguração oficial só se verificou a 28 de Maio de 1948,  celebrando simultâneamente a "REVOLUÇÃO NACIONAL" e a abertura da "I EXPOSIÇÃO DE OBRAS PÚBLICAS".
Os jogos de água luminosa seguiram à letra os previstos no plano de 1939, e só a estátua apresentou ligeiras modificações; "DIOGO DE MACEDO" (1889-1958) esculpiu uma alegórica figura do TEJO, segurando uma nau que um  "TRITÃO-CRIANÇA" procurava alcançar, montado num cavalo-marinho empinado sobre golfinhos que vomitam repuxos. Esculpiu também as "TÁGIDES" com caudas de peixes, segurando golfinhos e búzios, repuxando água parabolicamente e com efeitos de cornucópia.
"MAXINIANO ALVES"(1888-1954), por seu turno, concebeu as treze "NEREIDES" como figuras de vulto de distintas torções, segurando búzios e vieiras donde caem fios de água.
Envolvendo as esculturas do lago grande, dispõem-se feixes e repuxos verticais e parabólicos, que alternam com cortinas de água pulverizada: a contracurva de bordo do primeiro lago apresenta duas ordens de repuxos parabólicos formando gambiarras em leque, enquanto o bordo do lago grande é inteiramente percorrido por 66 repuxos parabólicos. Por fim, bocas de água submersas no grande lago proporcionam efeitos de água revolta.
Para as fachadas dos corpos laterais, que albergam a maquinaria, o escultor "JORGEBARRADAS"(1894-1971) concebeu dois "BAIXOS-RELEVOS VERTICAIS", com alegorias ao trabalho, outrora policromo. Do mesmo modo, também o conjunto do terraço-miradouro superior se encontra hoje alterado.
A "FONTE MONUMENTAL" esteve largos anos um pouco abandonada de manutenção. Em Dezembro de 2012 após obras de melhoramentos no valor de cerca de 1.3 Milhões de euros, foi finalmente recuperada.
Nesta intervenção foram introduzidos um novo sistema de alimentação, duas novas bombas (num total de seis, sendo as restantes reparadas) e quadros eléctricos diferenciados para as bombas e para a iluminação (fornecida por 292 projectores, servidos por cerca de 80 transformadores). Um sistema computorizado que permite uma diversidade de efeitos cénicos dos jogos de água e luz e programação das horas de funcionamento, para horários de Verão e Inverno. O sistema eléctrico tem como principal objectivo a poupança de energia. Procedeu-se à limpeza da "FONTE LUMINOSA" selou-se fissuras e restaurou-se conjuntos escultóricos. 
E finalmente a "FONTE MONUMENTAL" foi devolvida ainda mais bonita à cidade de Lisboa, aos turistas e lisboetas, com todo o seu esplendor que lhe é merecido.
[FINAL]

BIBLIOGRAFIA

- ACCIAIUOLI, Margarida - Os Cinemas de Lisboa - Bizâncio - 2013-LISBOA
- DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA - Carlos Quintas&Associados-consultores 1994-Sacavém
- FERNANDES, José Manuel - Lisboa em Obras - Liv. Horizonte-1997-Lisboa
- FRANÇA, José-Augusto- Lisboa:Urbanismo e Arquitectura. Liv. Horizonte-1997-Lisboa
- GUIA URBANÍSTICO E ARQUITECTÓNICO DE LISBOA-Associação dos Arquitectos Portugueses-1987-Lisboa
- QUARTAS JORNADAS DE TOPONÍMIA DE LISBOA - CML-2004 - Lisboa

INTERNET
- WIKIPÉDIA
- LISBOA VERDE
- CINEMA AOS COPOS
-RESTOS DE COLECÇÃO

(PRÓXIMO)«ÍNDICE DE ARTÉRIAS EDITADAS EM 2013»

ÍNDICE DE ARTÉRIAS EDITADAS EM 2013

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                                      ALAMEDA, PRAÇA e RUAS de LISBOA


                                                 ÍNDICE POR FREGUESIAS


Foram publicadas durante o ano de 2013 - 1 ALAMEDA (representando 9 publicações) Uma Praça e RUAS num total de 97 publicações relacionadas com artérias de LISBOA.


(PRÓXIMO)«NOVAS FREGUESIAS COM MAPA»


FREGUESIAS DE LISBOA

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De acordo com a recente «REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA», foram reduzidas de 53 para 24 asFREGUESIAS de LISBOA.
Implementadas para o ano de 2013, foram promulgadas pelo Senhor Presidente da República em 16.01.2013.

MAPA DOS NOVOS LIMITES DE LISBOA E NOMES DE JUNTAS DE  FREGUESIA


ORGANIZAÇÃO DAS JUNTAS DE FREGUESIAS DE LISBOA - Fonte:CML

-  1  - AJUDA (Mantém)

-  2  - ALCÂNTARA (Mantém)

-  3  - ALVALADE (Engloba CAMPO GRANDE e SÃO JOÃO DE BRITO)

-  4  - AREEIRO (Engloba ALTO DO PINA e SÃO JOÃO DE DEUS)

-  5  - ARROIOS (Engloba ANJOS, PENA e SÃO JORGE DE ARROIOS)

-  6  - AVENIDAS NOVAS (Engloba S. Sebastião da Pedreira e Nª. Senhora de Fátima)

-  7  - BEATO (Mantém)

-  8  - BELÉM (Engloba SÃO FRANCISCO XAVIER e SANTA MARIA DE BELÉM)

-  9  - BENFICA (Mantém)

- 10 - CAMPO DE OURIQUE (Engloba SANTO CONDESTÁVEL e SANTA ISABEL)

- 11 - CAMPOLIDE (Mantém)

- 12 - CARNIDE (Mantém)

- 13 - ESTRELA (Engloba LAPA, SANTOS-O-VELHO e PRAZERES)

- 14 - LUMIAR (Mantém)

- 15 - MARVILA (Mantém)

- 16 - MISERICÓRDIA (Engloba MERCÊS, STª CATARINA, ENCARNAÇÃO e S. PAULO)

- 17 - OLIVAIS (antiga designação de SANTA MARIA DOS OLIVAIS)

- 18 - PARQUE DAS NAÇÕES (Nova)

- 19 - PENHA DE FRANÇA (Engloba SÃO JOÃO)

- 20 - SANTA CLARA (Engloba CHARNECA e AMEIXOEIRA)

- 21 - SANTA MARIA MAIOR (Engloba CASTELO, MADALENA, MÁRTIRES,          SACRAMENTO, SANTA JUSTA, SANTIAGO, SANTO ESTÊVÃO, SÃO CRISTÓVÃO e  SÃO LOURENÇO, SÃO MIGUEL, SÃO NICOLAU, SÉ e SOCORRO)

- 22 - SANTO ANTÓNIO (Engloba SÃO MAMEDE, S. JOSÉ e CORAÇÃO DE JESUS)

- 23 - SÃO DOMINGOS DE BENFICA (Mantém)

- 24 - SÃO VICENTE (Engloba GRAÇA e SANTA ENGRÁCIA)


(PRÓXIMO)«BOAS FESTAS»

BOAS FESTAS

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Desejamos a todos os "BLOGUISTAS" e AMIGOSFELIZ NATALe um BOM ANO NOVO de 2014.

Estamos próximo doNATAL, é habitual fazermos uma paragem para meditação.


Voltaremos no próximo ANO (se Deus quiser e nos der saúde) com mais RUAS. Até lá vivamos esta quadra com o espírito de verdadeiroNATAL.

Façam o favor de serem felizes!

APS

RUA DO GRILO [ I ]

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 Rua do Grilo - (2014) - (Desenho adaptado da "RUA DO GRILO" e seu enquadramento - s/escala - APS - LEGENDA - 1) Rua do Grilo - 2) Convento dos Grilos - 3) Igreja dos Grilos - 4) Convento das Grilas - 5) Manutenção Militar - 6) Palácio dos Duques de Lafões - 7) Cine-Pátria - 8)  Bombeiros Voluntários do Beato e Olivais - 9) Antigo chafariz do Grilo)  in ARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (1938) Foto de Eduardo Portugal (O antigo local da "Rua do Grilo", onde só passava um veículo de cada vez, devido ao estreitamento da rua) in AFML
 Rua do Grilo - (1939) Foto de Eduardo Portugal ( O chafariz do Grilo e escada no lado esquerdo que dava acesso à "Rua da Manutenção Militar" (hoje demolidos), em frente da escadaria da "Igreja do Beato" ou dos "Grilos") inAFML 
 Rua do Grilo - (1940) Foto de Eduardo Portugal (A parte final da "Rua do Grilo", junto da "Calçada do Grilo")  in AFML 
 Rua do Grilo - (1969) Foto de Arnaldo Madureira (A "RUA DO GRILO" próximo da parte mais estreita da rua e frente ao antigo Convento dos Grilos e Igreja, que podemos deduzir pela  configuração dos carris dos eléctricos) in AFML
 Rua do Grilo - (1986) Foto de APS (Porta com o número 129, ornamentada com a "Caravela" seiscentista)  in ARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (1986) Foto de APS (O espaço onde existia o "CHAFARIZ DO GRILO" e o casebre onde  está afixada a "Caravela em pedra" de feição seiscentista) in ARQUIVO/APS
Rua do Grilo - (2013) - (Vista panorâmica do "Sítio do Grilo", na zona Oriental de Lisboa)  in GOOGLE EARTH


RUA DO GRILO [ I ]

«A RUA DO GRILO E SEU ENQUADRAMENTO»

A "RUA DO GRILO" (antiga "RUA DIREITA DOS GRILOS") pertence à freguesia do "BEATO". Tem o seu início na "ALAMEDA DO BEATO" e finaliza na "CALÇADA DOM GASTÃO".
São convergentes a esta rua, de Norte para Sul no seu lado direito; "CALÇADA DUQUESDE LAFÕES", "BECO DO GRILO"e"CALÇADA DO GRILO", no lado esquerdo temos unicamente a "TRAVESSA DO GRILO".
A "RUA DO GRILO" uma artéria não muito longa, foi privilegiada com dois "CONVENTOS"e um"PALÁCIO" de magníficos Jardins.
Na "RUA DO GRILO", mesmo em frente da "IGREJA DO GRILO"ou "IGREJA DOBEATO", a parte que fica virada para o rio na reentrância da rua, existia um pequeno chafariz (conforme foto que apresentamos, do final dos anos trinta). O chafariz visto de frente, tinha no seu  lado direito uma escadaria em lances que nos conduzia ao Rio passando pela "RUA DA MANUTENÇÃO". Ainda nos recordamos que essa escada estava quase sempre inundada com a água que corria do chafariz, tornando-se perigoso transitar por ela. Foi a primeira a ser tapada e depois destruída.
Igualmente passado uns anos o velho chafariz era também desactivado e depois demolido.
No lado direito do "VELHO CHAFARIZ" podemos ainda observar por cima da porta com o nº 129, de um casebre que lhe ficava contíguo (e ainda se mantém) pertença na época da "COMPANHIA DOS TABACOS", um interessante baixo-relevo simbolizando uma CARAVELA, esculpido em pedra de feição seiscentista.
A representação da CARAVELA ou GALEÃO (com ou sem corvos, atributo de SÃOVICENTE), apareceu em algumas "RUAS"ou"CHAFARIZES"da cidade de LISBOA.
Sabemos que a CARAVELAé uma peça muito vulgar na heráldica de domínio, para assinalar povoações de COSTA de MAR. Este tipo de embarcação também figurou nas armas de influência de povos com portos de mar, e esse interessantíssimo aspecto, está bem vincado nos elementos de "LISBOA ANTIGA" que chegaram até nós.
Baseado-nos ainda na "CARAVELA"que ornamentava o"CHAFARIZ  E TANQUE" de "XABREGAS" ( na"RUA DE XABREGAS") presentemente no"MUSEU DA CIDADE". Esta que ainda hoje se encontra por cima da porta, "olhará" provavelmente para o lugar do desaparecido "CHAFARIZ DO GRILO", certamente para assinalar que aquele lugar ficava junto do RIO.
Nesta sitio da "RUA DO GRILO" um ou dois metros no sentido do "BEATO" e próximo do "CHAFARIZ", a rua tornava-se estreita (hoje os armazéns foram demolidos para o alargamento da rua) e a circulação rodoviária (embora não tão intensa como hoje) tornava-se desagradável por um eléctrico ter de esperar que o outro passasse, para continuar o seu percurso.
Na história desta freguesia, existiram vários  acontecimentos marcante no século XIX, como a inauguração do "CAMINHO-DE-FERRO" em 1856,  também  pela ocupação de CONVENTOS e IGREJAS que vinha acontecendo (depois de 1834), como uma dinamização da Industria local e a grande modificação na paisagem.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ II ]O CONVENTO DOS GRILOS (1)»

RUA DO GRILO [ II ]

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 Rua do Grilo - (1856-1858) (Pormenor da Planta Nº 16 do "Atlas da Carta Topográfica de Lisboa de Filipe Folque", onde se pode perceber a grande extensão do "Convento de Nª Senhora da Conceição do Monte Olivete", da Ordem dos Eremitas Descalços de Santo Agostinho, mais tarde "Convento dos Grilos" inAHML
 Rua do Grilo - (1999) Foto de António Sacchetti (Recanto do Convento no corredor do primeiro pisos de celas, com janelão sobre o Rio) inCAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Grilo - (1993) Foto de António Sacchetti  ("CONVENTO DOS GRILOS" escadas de acesso ao piso superior)  inLISBOA, UM PASSEIO A ORIENTE
 Rua do Grilo - (1993) Foto de António Sacchetti (Interior do antigo "CONVENTO DOS GRILOS" na "RUA GRILO", actual "Recolhimento do Grilo" sob a protecção da "Santa Casa da Misericórdia de Lisboa" in LISBOA, UM PASSEIO A ORIENTE
 Rua do Grilo - (200_) Foto de Autor não identificado (Panorama do "CONVENTO DOS GRILOS" e "IGREJA DO BEATO" na "Rua do Grilo") in HISTÓRIA
Rua do Grilo - (2007) (Vista aérea do antigo "CONVENTO DOS GRILOS", "IGREJA DO BEATO" ou "IGREJA DOS GRILOS" e parte da "Rua do Grilo) inGOOGLE EARTH


(CONTINUAÇÃO) - RUA DO GRILO [ II ]

«O CONVENTO DOS GRILOS ( 1 )»

O «CONVENTO DOS GRILOS» ou mais propriamente dito «CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO MONTE OLIVETE», cabeça da"ORDEM DOS EREMITAS DESCALÇOS DE SANTO AGOSTINHO", foi fundado na zona do"GRILO" - por isso a designação de os "GRILOS" - pela rainha "D. LUÍSA DE GUSMÃO", viúva de "D. JOÃO IV".
Foi sua intenção fundar dois conventos, um masculino e outro feminino, para tal a rainha solicitou ao Geral da Ordem a autorização para concretizar a sua ideia, no ano de 1663.
Os cinco reformadores - vigário, confessor, capelão, sacristão e um outro, vindos do "CONVENTO DA GRAÇA" - que se descalçaram e vestiram o habito reformado dos "AGOSTINHOS", pararam numa ermida de "D. GASTÃO COUTINHO" de onde saíram em procissão "para a igreja e capela da sereníssima rainha", juntamente com as religiosas.
Neste CONVENTO pregou aquele que ficaria por prelado, "FREI MANUEL DACONCEIÇÃO", confessor da rainha e que a aconselhara sobre aquela fundação. Escreveu ele ao papa "CLEMENTE IX" que persuadira a rainha, "que fizesse uma obra que seria muito agradável a Nosso Senhor; e foi que introduzisse naquele Reino a Reformação dos Descalços de meu Padre Santo AGOSTINHO"( 1 ).
A data da fundação não está determinada com exactidão. "Carvalho da Costa" aponta para o ano de 1664 ( 2 ), e justifica o orago de "MONTE OLIVETE""por uma devota imagem de Nosso Senhor orando no Horto, que estava na capelinha, a qual hoje se venera na portaria do Convento".
A existência dessa capelinha é afirmada por "FREI AGOSTINHO" que fala de"uma capela que tinha na cerca"( 3 ).  Este segundo autor, cronista coevo, vigário-geral da Ordem e importante fonte para a história desta instituição, refere o dia 02.04.1663 para a sua fundação e a de 15.05.1666 para o lançamento por "D. Afonso VI"( 4 ) da primeira pedra do edifício, projectado tal como a das "GRILAS", por "JOÃO NUNES TINOCO", "arquitecto da casa da rainha (1665"( 5 ), em cuja edificação terá participado, como pedreiro, "JOÃO ANTUNES" ( 6 ). 
Leva-nos a crer que durante aquele interregno, os religiosos se acomodaram em casas ali existentes, até à construção do edifício próprio.
Este CONVENTO foi erguido numa quinta que a rainha mandou comprar, pertencente a "GONÇALO VASQUES DA CUNHA", situada no "SÍTIO DE XABREGAS", para nela se fazer agasalho para o confessor, capelães e mais religiosos que deveriam assistir no Mosteiro às religiosas recoletas capuchas de "SANTO AGOSTINHO", que a mesma senhora fundou no dito sítio "(...)e em efeito se tomou a dita quinta e nela estão já os respectivos religiosos 16.06.1665"( 7 ).
Entretanto, falecendo o vendedor, coube aos seus sucessores a efectivação da venda, cujo valor importou à rainha em quatro mil cruzados, depois de emanado o alvará de desobrigação, por a propriedade ser de Morgado.

( 1 ) - Madahil, António da Rocha, A CRÓNICA INÉDITA DA CONGREGAÇÃO DOS AGOSTINHOS DESCALÇOS, Coimbra, 1938, Coimbra Editora, p. 9 - nota.
( 2 ) - Costa, A. Carvalho da, COROGRAFIA PORTUGUESA, BRAGA, Typographia de Domingos Gonçalves Gouveia, 1868, Vol. III, p. 413.
( 3 ) -SANTA MARIA, Frei Agostinho de, Santuário Mariano, Lisboa, oficina de Antº. Pedrozo Galram, 1721, Tomo VII, p. 14.
( 4 ) - SANTA MARIA, Frei Agostinho de, obra citada, Lisboa, 1707, Tomo I, p. 477.
( 5 ) - Santos, Reynaldo dos, OITO SÉCULOS DE ARTE PORTUGUESA, Lisboa, ENP., Vol. II, pp. 217.
( 6 ) - João Antunes - Arquitecto - 1643.1712(Catálogo), Insti. Português do Património Cultural, 1988, pp. 9-10.
( 7 ) - Instituto de Arquivos Nacionais/Torre do Tombo, Cartórios Notariais, C-9A, Cx. 41, Lº 196, fls. 37-39. 


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ III ] O CONVENTO DOS GRILOS (2


RUA DO GRILO [ III ]

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 Rua do Grilo - (2005) Foto de APS (Panorama do antigo "Convento dos Grilos" hoje "Recolhimento do Grilo" e "Igreja do Beato". Uma vista tirada da "Rua da Manutenção". No séc. XIX o rio chegava até a uma parte desta muralha, conforme se pode ver no mapa nº 16 de Filipe Folque) in  ARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (1999) - Foto de António Sacchetti (Vista da "Igreja do Beato" na "Rua do Grilo", foto tirada da parte de cima dos silos da "Manutenção Militar") inCAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Grilo- (2013) (A "Rua do Grilo" no sentido para Sul, tendo ao seu lado direito o antigo "Convento dos Grilos" e no lado esquerdo a seguir aos contentores, o tal casebre com a "Caravela" seiscentista) inGOOGLE EARTH
 Rua do Grilo - (2013) (O antigo "Convento dos Grilos", hoje "Recolhimento do Grilo" e a "Igreja do Beato"in GOOGLE EARTH
Rua do Grilo - (2013) - (A "Rua do Grilo" no sentido para Norte (Beato), no seu lado esquerdo a escadaria da "Igreja do Beato")  in GOOGLE EARTH


(CONTINUAÇÃO) - RUA DO GRILO [ III ]

«O CONVENTO DOS GRILOS ( 2 )»

A Igreja já devia estar concluída dois anos depois, visto que no dia 19.07.1668, "FERNÃO DE CASTILHO DE MENDONÇA"doou ao CONVENTO a sua"QUINTA DA TOURADA", na "CAPARICA", "com a obrigação de o sepultarem na capela-mor do dito Convento no Carneiro que está nela feito"( 1 ).
Esta Igreja sofreu um grande incêndio em 23.10.1683, que em menos de duas horas, terá destruído a IGREJA e boa parte do CONVENTO.
Da IGREJA primitiva, diz-nos "FREI AGOSTINHO DE SANTA MARIA": o fogo eclodiu em ocasião quando estava a Igreja armada com grande perfeição, e tudo com muito asseio. Estando a Comunidade de Religiosos rezando (...) louvando ao Senhor Sacramento, que se encontrava num rico trono, adornado de muitas luzes, e tudo concertado com muita perfeição, e tanto cuidado puseram nisto, que melhor fora não porem tanto, porque formaram um trono, ou monte, que encheram por dentro de carqueja e cobriram de algodão, e muitos Serafins de cera (...). Caiu uma vela que pegou no trono, e logo levantou uma grande chama e como a Igreja  era pequena, e baixa (porque ainda ali viviam os religiosos no Convento velho) e era também forrada de pinho da "Flandres". Tudo velho e seco e assim pegou o fogo, que tomou tanta força que correndo pelo tecto, num instante se foi ateando, até chegar ao coro, de onde apenas se puderam retirar os livros, por onde os Religiosos rezavam, e os levaram consigo.
Os frades que estavam na IGREJA, eram dois irmãos leigos, nenhum teve ânimo para subir ao altar, (...) tirar a custódia, também deveria ser difícil porque estava atada.
E o fogo acabou por se propagar à rouparia e ao noviciado. E "FREI AGOSTINHO" afirma que aquele sinistro não fora coisa natural, pois naquele dia caiu a espada da mão de "D. AFONSO HENRIQUES", cuja imagem estava no frontispício do "MOSTEIRO DEALCOBAÇA" e também se quebrou a estátua jacente de "D. DUARTE" (foi ele quem tomou Tanger aos Mouros), sobre o seu mausoléu, no Mosteiro da Batalha
E tudo isto aconteceu precisamente no dia em que os padres católicos eram expulsos de "TANGER", e incendiadas Igrejas e lugares sagrados, por abandono daquela nossa antiga praça pelos ingleses, a quem a mesma fora entregue quando do casamento da princesa "D. CATARINA DA BRAGANÇA"com o rei Inglês"CARLOS II".
"SANTUÁRIO MARIANO", de Frei Agostinho de Santa Maria, Vol. VII, pág. 11 e 12, Lisboa, 1721.
Não demorou muito a sua reconstrução, embora com inevitáveis alterações no conjunto edificado, ao longo do segundo quartel do século XVIII.
Pelo facto de não ter sofrido muito com o terramoto permitiu ao Convento preservar a sua estrutura, mantendo elementos como o corredor onde se abrem as antigas celas e a escadaria conventual, cujo tecto moldado em estuque foi executado no ano de 1746 e mais tarde retocado em 1870.
Quando da extinção das ORDENS RELIGIOSAS em 1834, segundo o inventário dos seus bens, no CONVENTO constava: dois dormitórios, primeiro e segundo piso, os quais olham para o Rio. Também um pequeno dormitório, e noviciado para a parte de terra. Há um refeitório, cozinha e dispensas.
Dentro da portaria existem quatro casas abobadadas. A sua cerca é de figura triangular, que consta de parreiras e um bocado de vinha, poucas árvores de caroço e alguns tabuleiros de horta; tem duas noras e um poço.
Confronta pela parte SUL com a"CALÇADA DO GRILO"e a POENTE com a "ESTRADA DE MARVILA". Pelo lado NORTE com a cerca das freiras "GRILAS". Pelo Nascente o CONVENTO, Igreja, Armazéns e provavelmente a "RUA DIREITA DO GRILO".
Embora existissem profundas transformações nesta zona Oriental da cidade que sofreu desde o século XIX, nela coabitam ainda algumas das mais preservadas unidades que nos permitem uma aproximação à imagem original de alguns conjuntos. Um deles é, sem dúvida, este "CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO MONTE OLIVETE", dos"AGOSTINHO DESCALÇOS", preservado pela manutenção de um uso próximo da sua função original.
Após a saída dos frades em (1834) foi o seu lugar ocupado pelas senhoras do recolhimento mantendo-se quase intacta a estrutura primitiva. Este facto, aliado à riqueza artística - quer arquitectónica, quer decorativa - fazem deste conjunto um caso à parte no panorama patrimonial lisboeta.  
Neste recolhimento vamos encontrar o seu átrio revestido de silhares de azulejos com motivos bíblicos, legendados em latim, podendo ler-se com ortografia actualizada a lápide que foi trazida do antigo "RECOLHIMENTO DA MOURARIA".
EL-REI / O SENHOR D. JOÃO, O 3º. FOI INSTITUIDOR DESTE COLÉGIO / NO ANO DE 1546. EL-REI / O AUGUSTÍSSIMO SENHOR D. JOSÉ O 1º. FOI O FUNDADOR / DO DITO COLÉGIO NO ANO DE 1753 SENDO SEU  /  SECRETÁRIO DE ESTADO E INTERCESSOR DA  /  OBRA O ILUSTRÍSSIMO E EMINENTÍSSIMO  DIOGO DE / MENDONÇA CORTE REAL  /  PROVEDOR O PADRE JOSÉ FERREIRA DE HORTA DEPUTADO  /  DA MESA DA CONSCIÊNCIA E ORDENS  /  E REITOR O PADRE JOÃO DE SÁ PEREIRA FREIRE PROFESSO /  NA ORDEM DE CRISTO.

( 1 ) - INDEX DAS NOTAS DE VÁRIOS TABELIÃES DE LISBOA, LISBOA,BIBLIOTECA NACIONAL DE LISBOA, 1949 T. 4, fl. 37.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ IV ] O CONVENTO DOS GRILOS ( 3 )»

RUA DO GRILO [ IV ]

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 Rua do Grilo - (1986) Foto de APS (Uma vista do antigo "Convento dos Grilos" e "Igreja dos Grilos", também conhecida por "Igreja do Beato", na "Rua do Grilo")  in  ARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (1986) - (foto de APS) (Entrada principal do antigo "Convento dos Grilos", hoje "Recolhimento do Grilo" na "Rua do Grilo")  inARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (1970) Foto de João H. Goulart (Fachada lateral do antigo "Convento dos Grilos" virado para a "Calçada do Grilo" e com esquina para a "Rua do Grilo")  in  AFML
 Rua do Grilo - (1999) Foto de António Sacchetti  (Panorama do "Convento dos Grilos" e "Igreja do Beato", o antigo muro de suporte à "Rua do Grilo"sobranceiro (na época) à margem do Rio Tejo) in CAMINHO DO ORIENTE
Rua do Grilo - (2013) (Vista de Satélite da área do antigo "Convento dos Grilos" e sua Igreja, ao fundo, junto ao Tejo, uma parte do "Parque de Contentores de Xabregas" espaço ganho ao Rio) in GOOGLE  EARTH

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO GRILO [ IV ]

«O CONVENTO DOS GRILOS ( 3 )»

Após o incêndio de 1683, o CONVENTO foi reconstruído e muito aumentado, substituindo-se o modesto de uma casa eremíta pela exuberância de uma notável decoração barroca. 
Infelizmente não dispomos do arquivo desta congregação para se poder avançar com alguma segurança para a pormenorização das diversas fases dessas obras, bem como para o conhecimento dos autores dos projectos.
A data mais antiga, 1739, consta na lápide de consagração do altar-mor da Igreja e refere o patrocínio de um membro da Ordem, "D. FREI LEANDRO DA PIEDADE", Bispo de "S. TOMÉ". Sendo o mais natural é essas obras terem-se arrastado com vários intervenientes, denotando-se nalguns detalhes a justaposição de diferentes sensibilidades estéticas, mas na maioria já bem dentro do século XVIII.
Assim, logo na fachada se destaca a sobreposição sobre um muro liso de pequena abertura de verga encurvada - já portanto do século XVIII, mas num arranjo global bem dentro da tradição conventual - do corpo esguio de três pisos  da portaria, belo apontamento barroco onde é sensível a influencia da prática vulgarizada de "J.F.LUDOVICE".
Finalmente deverá realçar-se no interior da parte conventual a portaria e a escadaria, bem como os dois amplos corredores sobrepostos que correm ao longo de todo o edifício.
Impõe-se a exuberância decorativa dos azulejos num conjunto marcado pelo ar profano mais próprio de um Palácio, mas estranho numa casa conventual de eremitas descalços, obedientes a uma estreita regra de pobreza.
É até possível que o Bispo "D. FREI LEANDRO" tenha utilizado este edifício como residência, introduzindo-lhe essa componente mundana de aparato barroco.
A escadaria é um dos elementos  mais interessantes, quer pela sua beleza e qualidade, quer pelo carácter unitário da intervenção, toda ela datável - arquitectura, azulejos, gradaria e tecto - da década de quarenta do século XVIII. Quanto ao tecto, onde consta a data de 1746, será possivelmente obra de "GROSSI", introdutor em LISBOA deste tipo de decoração em estuque, aqui chagado nesta mesma  década, sendo esta, portanto, uma das suas primeiras realizações lisboetas.
Este conjunto de grande qualidade, tão raramente preservado na sua unidade original, merece bastante mais atenção do que aquela que lhe tem sido prestada para entendermos esse momento charneira da arquitectura e do gosto lisboeta, marcado pela opção deliberada de "D. JOÃO V" pela estética barroca de matriz romana.

O CONVENTO, que já não tinha frades em 1829, depois da extinção das Ordens Religiosas, serviu de albergue também de idosos do "RECOLHIMENTO DE NOSSA SENHORA DO AMPARO", que tinha estado na MOURARIA. Anos depois o albergue passou somente a designar-se de "RECOLHIMENTO DO GRILO" e ainda se mantém na "RUA DO GRILO" Nº 116 E, sob a protecção da "SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA"

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ V ] A IGREJA PAROQUIAL DE S. BARTOLOMEU DO BEATO ( 1 )»

RUA DO GRILO [ V ]

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 Rua do Grilo - (2005) - Foto de APS (Vista do conjunto do antigo "Convento dos Grilos" e "Igreja dos Grilos" também chamada de "Igreja Paroquial de S. Bartolomeu do Beato" na "Rua do Grilo") in ARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (2009) Foto Dias dos Reis ( "Igreja do Grilo" ou "Igreja do Beato" na "Rua do Grilo") inDIAS DOS REIS
 Rua do Grilo - (2011) Foto de Luís Paiva Boléo (Fachada da "Igreja do Beato" na "Rua do Grilo") in PANORAMIO 
 Rua do Grilo - (2011) Foto de Luís Paiva Boléo (Capela-mor setecentista da "Igreja do Beato", tendo o altar ornado com colunas salomónicas de mármore policromo) inPANORAMIO
Rua do Grilo - (2013) - (Lateralmente à artéria o antigo "Convento dos Grilos" e "Igreja do Beato" na "Rua do Grilo") inGOOGLE EARTH

CONTINUAÇÃO - RUA DO GRILO [ V ]

«A IGREJA PAROQUIAL DE S. BARTOLOMEU DO BEATO ( 1 )»

A «IGREJA PAROQUIAL DE S. BARTOLOMEU DO BEATO» está integrada no conjunto de edifícios de que fazia parte também o «CONVENTO DOS GRILOS», na Quinta que pertenceu a "GONÇALO VASQUES DA CUNHA". Este templo encontra-se contemplado com várias designações: "IGREJA DO BEATO" ; "IGREJA DO GRILO"; "IGREJA DO MONTE OLIVETE"; "IGREJA DE S. BARTOLOMEU DO BEATO"e"IGREJA DOS AGOSTINHOS DESCALÇOS".
A sua fundação remonta ao século XVII, pelos irmãos "DESCALÇOS DE SANTOAGOSTINHO", instalados em PORTUGAL desde 02.04.1663.
Um violento incêndio destruiu por completo a Igreja primitiva. Reconstruida prontamente, não sofreu grandes danos com o terramoto de 1755, o que ainda assim obrigou a algumas obras.
O mesmo não aconteceu com a antiga «IGREJA PAROQUIAL DE S. BARTOLOMEU", situada no "LARGO DOS LÓIOS" ao (Castelo de S. Jorge), tendo o incêndio que se seguiu destruído praticamente todo o recheio, incluindo os respectivos livros de registos. 
Em 1770 instalou-se esta antiquíssima paróquia no "CONVENTO DO BEATO" (depois de ter passado por vários espaços), mas em 16 de Outubro de 1835, devido ao estado de ruína a que chegara o "CONVENTO DE S. BENTO DE XABREGAS", dos Cónegos Seculares de "S. JOÃO EVANGELISTA", vulgarmente chamado "CONVENTO DO BEATO". Ordenou o Governo de então que a mesma fosse transferida para o "CONVENTO DE SANTA MARIA DE JESUS DE XABREGAS" (antiga Fábrica do Tabaco).
Por oposição do povo e atendendo ao péssimo estado do templo dos "FRANCISCANOS", era mais acertado colocar a paróquia na "IGREJA DO CONVENTO DOS AGOSTINHOS DESCALÇOS" ao"GRILO".
Foi determinada a transferência da paróquia para o extinto "CONVENTO DOS GRILOS" em 28 de Novembro de 1835, para a "IGREJA DO CONVENTO DE Nª. SENHORA DA CONCEIÇÃO DO MONTE OLIVETE" vulgarmente cognominado de "GRILO", dos "RELIGIOSOS AGOSTINHOS DESCALÇOS", para onde foi solenemente em 27 de Dezembro do mesmo ano, onde hoje permanece, ocupando apenas a "IGREJA" e a "SACRISTIA".
O "CONVENTO DO BEATO" onde anteriormente se achava a paróquia foi vendido, e nele se encontra funcionando, assim como na Igreja a "FÁBRICA DE MOAGEM DA COMPANHIA INDUSTRIAL PORTUGAL E COLÓNIAS", hoje"A NACIONAL". O território onde seestabeleceu de novo a paróquia pertencia às freguesias de "SANTA ENGRÁCIA" e de "SANTA MARIA DOS OLIVAIS", e os seus limites, do lado Oriental, foram nessa altura rectificados por um Decreto do CARDEAL PATRIARCA DE LISBOA, "D. MANUEL GONÇALVES CEREJEIRA",  datado de 8 de Setembro de 1942.
Repare-se que depois do terramoto de 1755, teve esta paróquia a sua sede em duas Igrejas de extintos conventos.
O certo é que a paróquia de "S. BARTOLOMEU DO BEATO" continua ainda na "IGREJA DO GRILO", mas por"IGREJA DO BEATO" passaria então a ser impropriamente a ser designada. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ VI ]-A IGREJA PAROQUIAL DE S. BARTOLOMEU DO BEATO (2)» 

RUA DO GRILO [ VI ]

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 Rua do Grilo - (1993) Foto de António Sacchetti (Fachada da "Igreja do Beato" na "Rua do Grilo", com o pormenor de ainda existir as linhas dos eléctricos) in LISBOA, UM PASSEIO A ORIENTE
 Rua do Grilo - (194_) Foto de Eduardo Portugal (Fachada principal da "Igreja do Beato", no lado esquerdo da foto, nessa altura estava ali instalada a "Junta de Freguesia do Beato", hoje a capela mortuária) inAFML 
 Rua do Grilo - (1968) Foto de Armando Serôdio (Conjunto do Grilo, fachada principal. Primitivamente foi "Convento dos Agostinho Descalços" no tempo do reinado de "D. João IV". Foi reedificada sucessivamente antes e depois do terramoto de 1755. Com a extinção das Ordens Religiosas, instalou-se no Convento o "Recolhimento de Nossa Senhora do Amparo". A Igreja passou a servir de sede à paróquia de S. Bartolomeu. De registar a presença de bons azulejos do século XVIII com cenas do Antigo Testamento) in  AFML 
 Rua do Grilo - (200_) Foto de autor não identificado (Capela-mor da "Igreja do Beato" no altar-mor estão as imagens de "Nossa Senhora do Monte Olivete" orago do Convento ao centro, de "São Bartolomeu" - à esquerda - orago da paróquia e à direita da Senhora está o "Santo Agostinho" fundador da Ordem) inIGREJA PAROQUIAL DO BEATO
 Rua do Grilo - (2011) Foto de Luís Paiva Boléo (Uma das Capelas da "Igreja do Beato" onde se encontra "S. Pedro" e a "Senhora das Graças" ou "Nossa Senhora da Soledade" inPANORAMIO
Rua do Grilo - (2011) Foto de Luís Paiva Boléo (Varandim do Coro da "Igreja do Beato" um trabalho de talha) in PANORAMIO

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO GRILO [ VI ]

«A IGREJA PAROQUIAL DE S. BARTOLOMEU DO BEATO (2)»

A «IGREJA PAROQUIAL DE S. BARTOLOMEU DO BEATO» ou simplesmente «IGREJADO BEATO», é um edifício de Arquitectura Barroca que apresenta uma bonita galilé de três arcos de acesso ao interior, tem três capelas de cada lado, e uma de cada lado do "Transepto"( 1 ).
Do lado do "Evangelho" ( 2 ), fica a capela do «SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS», (antiga de "Nª. Sª. da Graça") a seguir, a capela de "São Pedro" onde está instalada a "Nossa Senhora das Graças" ou "Nª. Senhora da Soledade", e remata este lado esquerdo com a capela de "São José com o menino ao colo", juntamente na parte inferior com "São Sebastião". Do lado da "Epístola"( 3 ), ficam as capelas do "Senhor dos Passos"; "Nossa Senhora do Carmo" juntamente com o "Santo António" e na última Capela a "Nossa Senhora das Dores".
A segunda Capela do "TRANSEPTO"à direita, fica "Nossa Senhora de Fátima", (antiga Capela de "S. Sebastião"). ( Por precaução, alertamos os leitores que em diferentes consultas literárias as imagens nas Capelas, não correspondiam às designações - aqui apresentadas - possivelmente, porque de quando em quando, as imagens são mudadas).
O Coro tem um varandim de talha, o qual pertencia ao Recolhimento. A paróquia só ocupou a Igreja e a Sacristia.
Merecem destaque a "CAPELA-MOR" setecentista em cujo altar ornado de colunas salomónicas de mármore policromo, coroado pelas armas reais, exibe a imagem de "NOSSA SENHORA DO MONTE OLIVETE", (em memória da primitiva Igreja    que ardeu, em 23 de Outubro de 1683 num violento incêndio), sendo esta imagem o orago do "CONVENTO", ladeada pelo seu lado esquerdo por "SÃO BARTOLOMEU", orago da Paróquia, e do seu lado direito o "SANTO AGOSTINHO", fundador da Ordem. Na sacristia existem belos azulejos do século XVIII em muito bom estado de conservação, retratando "NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM" e a fuga para o "EGIPTO". O tecto da Igreja não tem muito interesse é de estuque em abóbada de arco de cesto.
COMO CURIOSIDADE
Na minha "CÉDULA PESSOAL" está escrito que fui registado em 17 de Julho de 1936 na "2ª CONSERVATÓRIA DO REGISTO CIVIL DE ARROIOS" e baptizado nesta Igreja de "SÃO BARTOLOMEU DO BEATO" (Cartório Paroquial) em 10 de Abril de 1937.
Dizia minha mãe que a minha madrinha tinha sido a "NOSSA SENHORA DO BOM DESPACHO", imagem que figurava nesta Igreja (numa Capela Lateral) e lembro-me de ter assistido a algumas procissões (dentro da própria Igreja) nos anos quarenta do século passado. Recordo ainda que no final da procissão se escrevia um pedido que desejasse-mos, e íamos depositá-lo num saco que a "Nossa Senhora do Bom Despacho" segurava. O meu pedido não foi atendido. Então eu disse para minha mãe, (muito ingenuamente).
- Talvez a "Santinha" não tivesse compreendido a minha letra?

( 1 ) - TRANSEPTO - Parte transversal das Igrejas que se estende para fora da nave e forma os braços do cruzeiro.
( 2 ) - EVANGELHO - Lado esquerdo dos assistentes.
( 3 ) - EPÍSTOLA - Lado direito do Altar. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ VII ] O CONVENTO DAS GRILAS ( 1 )»

RUA DO GRILO [ VII ]

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 Rua do Grilo - (1856-1858) Filipe Folque (Panorama da carta Nº 16 do "ATLAS TOPOGRÁFICO DE LISBOA" de Filipe Folque. Nesta imagem já nos mostra um pouco do "Conventos das Grilas"in ARQUIVO MUNICIPAL DE LISBOA
 Rua do Grilo - (1856-1858) Filipe Folque (Fragmento da carta Nº 16 onde se pode observar o "Convento das Freiras Grilas" junto do rio Tejo. Para Norte uma ponte sobre a rua, dando ligação ao resto da propriedade das Freiras) in ARQUIVO MUNICIPAL DE LISBOA
 Rua do Grilo - (1833) Desenho de Luís Gonzaga Pereira (Antiga frontaria do "Convento das freiras Grilas" segundo um desenho publicado in Monumentos Sacros de Lisboa-1883) inHATHI TRUST - Dugital Library
 Rua do Grilo - (1663?) (D. Luísa Francisca de Gusmão Medina Sidónio esposa de el-Rei D. João IV, fundadora do "Convento das freiras Grilas", provavelmente no ano de 1665) inMODUS VIVENDI
Rua do Grilo - (1986) (Local onde foi edificado o "CONVENTO DAS FREIRAS GRILAS" depois de 1888, as instalações da "MANUTENÇÃO MILITAR") inARQUIVO/APS

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO GRILO [ VII ]

«O CONVENTO DAS FREIRAS GRILAS ( 1 )»

No sítio onde foi erigido o edifício da "MANUTENÇÃO MILITAR", nos terrenos da antiga quinta de "D. FRANCISCO DE MASCARENHAS", existiu o famoso Convento das Freiras chamadas de "GRILAS".
O antigo Mosteiro das religiosas "DESCALÇAS DE SANTO AGOSTINHO", foi fundado pela rainha "D. LUÍSA DE GUSMÃO" (1613-1666) que já viúva, ali se recolheu e veio a falecer. Embora em datas não coincidentes, com todos os autores que sobre ela escreveram.
Tanto "FREI GUILHERME DE SANTA MARIA" na sua crónica dos "AGOSTINHOSDESCALÇOS", como "FREI AGOSTINHO DE SANTA MARIA" que dizem ter seguido a rainha.
"J.B. de CASTRO" por seu turno, diz que a rainha (...) lhe deu princípio em 02.04.1663, sendo a 1ª fundadora a venerável Madre SOROR "MARIA DA APRESENTAÇÃO", que veio com outras cinco religiosas do "MOSTEIRO DE SANTA MÓNICA DE LISBOA"( 1 ).
"FREI CLAUDIO DA CONCEIÇÃO", escrevendo no século XIX, seguindo as citadas fontes, apenas acrescenta que o "CONDE DA PONTE" ofereceu à rainha uma quinta para o novo instituto, que mal se separou do governo, "deu princípio à fundação do Convento"( 2 ), (...) que ainda não estava acabado (...) quando se recolheu (...) nas (...) poucas e imperfeitas casas do Convento ( 3 ).
Sabe-se que a rainha em 16.06.1665 terá adquirido uma quinta que "GONÇALO VASQUESDA CUNHA"tinha no sítio de Xabregas para nela se fazer hospedagem para o confessor, Capelães e mais religiosos que deveriam assistir no Mosteiro das religiosas recoletas capuchas de Santo Agostinho, que a mesma senhora fundou no dito sítio ( 4 ).
Meses depois a rainha mandou que se tomasse em (22.08.1665) "(...) a quinta adiante de Xabregas onde chamam o "GRILO", a «FRANCISCO DE MELO, MARQUÊS DE SANDE E CONDE DA PONTE»,(...) para nela fundar o Mosteiro das Recoletas de Santo Agostinho (...).
Apesar da rainha já ali se encontrar, o certo é que a quinta não foi oferecida, "terá custado na altura Doze mil setecentos e sessenta e cinco cruzados ( 5 ). (...)assim de principal custos e benfeitorias que nela havia feito o dito "MARQUÊS" depois que entrou na sua posse ( ... ). Esta fidalgo arrematara a quinta em praça, em consequência da acção que "LUÍS ÁLVARES DE ANDRADE" movera contra os herdeiros de "D. FRANCISCOMASCARENHAS" (1661) Governador de Macau, que terá trazido a primeira laranjeira doce para a sua "Quinta do Grilo". Num registo de "SÃO BENTO DE XABREGAS" (1716) lê-se que o "CONVENTO e cerca das Religiosas dos Agostinhos Descalços se fundou em uma quinta dos MASCARENHAS"( 6 ).
Assim a primeira pedra do novo templo foi lançado por "D. FREI DOMINGOS DE GUSMÃO" Arcebispo de ÉVORA, sobrinho da rainha fundadora"( 7 ), a traça pertence ao arquitecto "JOÃO NUNES TINOCO", por atribuição  de "REYNALDO DOS SANTOS" ( 8 ). As religiosas foram acompanhadas em carroças por damas da Corte até à Ermida de "D. GASTÃO", de onde saíram em procissão.
A antecipação da rainha "D. LUÍSA DE GUSMÃO" em se ter recolhido no CONVENTO - segundo os cronistas da época - estava em causa o desgosto que ela sentia com o rumo político do país. Os Conselheiros do Rei "D. AFONSO VI" seu filho, teriam aconselhado o afastamento da Rainha da Corte, devido à adversidade política que manifestara com o filho.
A este casarão das "GRILAS" vinha diariamente, o príncipe "D. PEDRO" saber das melhoras de sua mãe, durante a prolongada doença que a consumiu.

( 1 ) -CASTRO, João B. de, Mappa de Portugal Antigo e Moderno, Lisboa, 1763, Vol. III, p. 481
( 2 ) -CONCEIÇÃO, Fr. Claudio da, Gabinete Histórico, Lisboa, Impressão Régia, T. III p. 284.
( 3 ) - CONCEIÇÃO, Fr. Claudio da, ob. cit. T. III, p. 294.
( 4 ) - IAN/TT, CN, C-9A, CX. 41, Lº 196, fls. 37-39.
( 5 ) - IAN/TT, CN, C-9A, CX. 41, Lº 196, fls. 54-55v.
( 6 ) -IAN/TT, CSBX, Lº 15, fl. 12.
( 7 ) -COSTA, A. Carvalho da, Corografia Portugueza, Braga, Typografia Domingos Gonçalves Gouveia, 1868, Vol. III l. 413.
( 8 ) -SANTOS, Reynaldo dos, Oito Séculos de Arte Portuguesa, Lisboa, Empresa Nacional Publicidade, Vol. II p. 217.
SIGLAS
IAN/TT - Instituto de Arquivos Nacionais/Torre do Tombo
CN - Cartórios Notariais
CSBX - Convento de São Bento de Xabregas

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ VIII ] O CONVENTO DAS FREIRAS GRILAS(2)»

RUA DO GRILO [ VIII ]

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 Rua do Grilo - (1986) Foto de APS ( O edifício da "Manutenção Militar" na "Rua do Grilo", local do antigo "CONVENTOS DAS FREIRAS GRILAS") in  ARQUIVO/APS 
 Rua do Grilo - (1986) Foto de APS (A "Rua do Grilo" no lado esquerdo prolongava-se a cerca do "CONVENTO DAS FREIRAS GRILAS", depois instalações da "Manutenção Militar") inARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (dep. de 1640) - ("D. JOÃO IV" rei de Portugal e dos Algarves, marido de "D. Luísa de Gusmão", que  depois da morte do esposo, foi regente do trono português) inWIKIPÉDIA
 Rua do Grilo - (1663?) Composição de Marlene Correia ("D. LUÍSA DE GUSMÃO" foi fundadora de dois Conventos na zona do GRILO. Um para religiosos masculinos e outro para religiosas femininas das "Descalças de Santo Agostinho", que vieram a ser conhecidas pelas "GRILAS"). in ESPAÇO EFA
Rua do Grilo - (2013) Foto de autor não identificado (Estas religiosas das "Agostinhas Descalças" -possivelmente da mesma Ordem das nossas "Grilas" - deixaram o seu Mosteiro de "Santo Sepulcro" em Alicante, Espanha onde viviam desde Dezembro de 1597) inORDEM DOS AGOSTINIANOS RECOLETOS 

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO GRILO [ VIII ]

«O CONVENTO DAS FREIRAS GRILAS ( 2 )»

«D. LUÍSA DE GUSMÃO» aqui fez testamento em 26 de Fevereiro de 1666, no qual estipulou que o seu corpo fosse depositado na "IGREJA DO SACRAMENTO", "enquanto Sua Majestade lhe não fizesse a sua Igreja, e sepultura no Mosteiro das (...) Descalças de Santo Agostinho, de quem se apartava com tanto sentimento" ( 1 ).
Diz-nos "NORBERTO DE ARAÚJO": "D. LUÍSA DE GUSMÃO", mulher de "D. JOÃO IV, terá fundado em Abril de 1660, e destinado às religiosas Descalças daquela Ordem. Nesta casa religiosa, ainda então não concluída, se recolheu em 23 de Junho de 1662 a rainha fundadora, que nele morreu a 27 de Fevereiro de 1666.
Falecida a rainha, "D. AFONSO VI" mandou continuar as obras das duas fundações da mãe, escrevendo desde logo aos prelados dos dois Mosteiros garantindo-lhes igual cuidado ao prestado pela rainha. No dia da conclusão das obras da Igreja das Freiras "GRILAS" em 28 de Agosto de 1706 "(...) nela houve pomposa festa com assistência de El-Rei "D . PEDRO II" e de toda a corte"( 2 ).
Uma vez concluído o jazigo, em 1713, "D. JOÃO V" fez cumprir a vontade da avó, ali depositando "seus ossos até Final Juizo"( 3 ).

O Mosteiro, erguido entre a praia e a via pública, ligava-se à cerca fronteira por um passadiço em arco sobre a estrada. Em 1734 as religiosas contraíram um empréstimo de três mil cruzados "para continuação das obras do dito Convento e regularidade da clausura dele (...)"( 4 ).
Da Igreja sabe-se que era escura e de reduzidas dimensões, "mas muito rica em pedraria e obras de talha"( 5 )


Em 1833, o conjunto é assim descrito:"encostado à beira-mar, no rio Tejo, sobre fortíssimas muralhas, cujo Convento termina com o cais dos "Duques de Lafões" pelo nascente (...) a Igreja é ornada de quadros, os quais se conservam com muito zelo, e mostram ser pinturas de "ANDRÉ GONÇALVES" (isto as mais modernas), e as antigas são de "BENTO COELHO DA SILVEIRA"( 6 ).

Já com os terrenos da cerca cortados pelo Caminho-de-ferro, com a morte da última freira em (1888), a propriedade foi destinada ao "MINISTÉRIO DA GUERRA". No antigo edifício conventual (reedificado segundo projecto do "Engº JOAQUIM RENATO BAPTISTA"), do qual se vêem ainda na fachada  com seu corpo central de frontão triangular e na cerca instalou-se também a "MANUTENÇÃO MILITAR". A adaptação à fábrica de moagem, bolachas e padaria, sacrificou inevitavelmente a Igreja que chegara a albergar seiscentos fiéis.

Em 1889 procedeu-se à transladação para "SÃO VICENTE DE FORA" dos restos mortais da rainha fundadora, sepultada atrás do altar-mor da primitiva Igreja, verificando-se então, "que o ataúde tinha sido violado"( 7 ).
Os silhares de azulejos que enriqueciam o velho Convento, foram retirados e colocados nos claustros da "CONVENTO E IGREJA DA MADRE DE DEUS" em Xabregas.

( 1 ) - FREIRE, Fr. Sebastião.
2 ) - BRANCO, Manuel Bernardes, História das Ordens Monásticas em Portugal, Lisboa, Livraria Editora de Tavares Cardoso & Irmão, 1888, Vol. III, p. 255.
( 3 ) - IAN/TT, Fundo das Gavetas, gaveta 16, mç. 2, nº 30.
( 4 ) - IAN/TT, CN, C-11, Lº 525, Cx. 120, fls, 49v-51. 
( 5 ) - BRANCO, Manuel Bernardes, ob. cit., Vol III, p. 255
( 6 ) -PEREIRA, Luís Gonzaga, Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa, BNL, 1927, pp, 221-223.
( 7 ) - OLIVEIRA, E. Freire de, Elementos para a História do Município de Lisboa, Lisboa, Typographia Universal, 1894, T VIII, p. 585.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ IX ] O CONVENTO DAS FREIRAS GRILAS (3)»

RUA DO GRILO [ IX ]

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 Rua do Grilo - ( 2005) Foto de APS (A "Rua do Grilo" antigo espaço onde cerca de 200 anos permaneceu o "CONVENTO DAS FREIRAS GRILAS")  in  ARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (2005) - Foto de APS ( Nestes terrenos existiu o "Convento das Freiras Grilas" as religiosas "Descalças de Santo Agostinho") inARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (1970) Foto de João H. Goulart (A "Rua do Grilo" dividia o "Convento das Freiras Grilas" da cerca, que se estendia para lá da linha do caminho-de-ferro. Onde está este portão e junto do "Palácio dos Duques de Lafões", seguia a cerca do Convento) inAFML
Rua do Grilo - (2013) (Uma perspectiva da "Rua do Grilo" tendo ao nosso lado direito o lugar onde existiu o "Convento das Freiras Grilas" e no lado esquerdo a sua cerca, que se prolongava para lá da linha do caminho-de-ferro) inGOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO)-RUA DO GRILO [ IX ]

«O CONVENTO DAS FREIRAS GRILAS ( 3 )»

Embora irreconhecível no actual conjunto da "MANUTENÇÃO MILITAR" que corre ao longo da "RUA DO GRILO", o antigo Convento das "AGOSTINHAS DESCALÇAS", vulgarmente chamadas as «GRILAS», é uma peça central, na definição urbana de toda a vasta área, tal como a congénere congregação masculina dos «GRILOS».

Da antiga estrutura conventual pouco ou nada resta, além de algumas paredes e abóbadas, tendo desaparecido toda a decoração da Igreja, onde,  como se afirma na documentação, se destacavam as pinturas de "BENTO COELHO DA SILVEIRA" e "ANDRÉ GONÇALVES". No entanto, temos de realçar a unidade desta grande propriedade que se estendia dos dois lados da via pública (RUA DIREITA DOS GRILLOS), reunindo numa só por vontade da rainha "D. LUÍSA DE GUSMÃO", pelo menos duas quintas distintas: uma que pertencera a "D. FRANCISCO DE MASCARENHAS", Governador de MACAU (07.08.1623), que a tradição diz aqui ter plantado a primeira laranjeira doce trazida do Oriente, depois adquirida em praça pública por "FRANCISCO DE MELO""CONDE DA PONTE E MARQUÊS DE SANDE"; e a outra que fora de"GONÇALO VASQUES DA CUNHA"possivelmente a que ficava a poente, do lado superior da Estrada.

Através de um passadiço em arco que unia sobre a "RUA DO GRILO" as duas partes do conjunto - a casa Conventual do lado do rio e os terrenos da cerca em frente - era uma imagem de marca nesta zona, pontuando durante muito tempo com a sua aparência harmónica o tom pausado deste antigo caminho suburbano.

Diz-nos ainda «ALBERTO PIMENTEL» que o "CONVENTOS DAS GRILAS" era vasto sem que todavia, nada tenha de monumental. As "AGOSTINHAS DESCALÇAS" não ostentavam pompas monásticas e no interior do Convento havia todo o aspecto de uma clausura severa; longos corredores sombrios, celas estreitas e mal iluminadas. O Convento era disposto em três alas formando um claustro quadrado, cujo lado Sul era delimitado pelo TEJO.
Deste Convento antigo nada resta; a antiga Igreja passou a um laboratório. No início do século XX ainda se podia ver um ou outro vestígio, as moradias dos oficiais, que ocupavam o espaço, as antigas celas, embora restauradas e ampliadas, será o que resta da lembrança da "Casa" das freiras "GRILAS".

O grande Terramoto destruiu parte do Convento que, posteriormente, chegou a ser reestruturado, embora a Igreja tivesse de ser reconstruída de base.
Durante o período da revolução industrial, o Convento sofreu profanações e a sua estrutura foi alterada para poder ser adaptada a outros fins.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ X ] A MANUTENÇÃO MILITAR (1)» 

RUA DO GRILO [ X ]

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 Rua do Grilo - (2005) Foto de APS (Fachada do edifício da "MANUTENÇÃO MILITAR" na "Rua do Grilo" no local onde existiu o "CONVENTO DAS FREIRAS GRILAS") in ARQUIVO/APS
 Rua do Grilo (1987) - (Planta Aerofotogramétrica das instalações da "Manutenção Militar" na "Rua do Grilo". O tracejado a Norte na linha ferroviária, corresponde ao túnel de passagem para o resto das instalações fabris) inCÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA
Rua do Grilo - (2007) (Uma vista das instalações da "MANUTENÇÃO MILITAR" na "RUA DO GRILO" e antigo espaço do "CONVENTO DAS GRILAS") inGOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO GRILO [ X ]

«A MANUTENÇÃO MILITAR ( 1 )»

No antigo Convento das freiras ermitas descalças "GRILAS" da Ordem de "SANTO AGOSTINHO" (na"RUA DO GRILO) fundado por "D. LUÍSA DE GUSMÃO", após a morte da última religiosa em Maio de 1888, por decisão governamental, foi instalada a «MANUTENÇÃO MILITAR».
Este estabelecimento do Exército sucedera à antiga "PADARIA MILITAR", fundada em 1861 e cuja sede estava localizada no "ATERRO", próximo à "ROCHA DO CONDE DE ÓBIDOS".
A ideia que esteve por detrás da construção de um dos mais importantes estabelecimentos militares foi"a tentativa de fabricação e fornecimento de pão ao exército por administração directa".
Os avanços da tecnologia da moagem e do fabrico de bolachas não se compadeciam dos sistemas e práticas que outrora se faziam em PORTUGAL. Os fornos do "VALE DEZEBRO" na margem esquerda do TEJO (próximo de Palhais-Barreiro), importantes no seu tempo, estavam ultrapassados. O crescimento das forças militares e do serviço militar obrigatório (nessa altura), exigia a criação de autenticas fábricas para o abastecimento das tropas.
As obras de construção dos edifícios para o fabrico de pão começaram em 1889, e prolongaram-se até início do século XX, com um orçamento de Seiscentos e trinta contos de réis. No final a «MANUTENÇÃO MILITAR» abarcava 38 edifícios às diversas especialidades da moagem de farinhas ao fabrico de pão e bolachas.
Em 11 de Junho de 1897 é aprovado o PLANO DE ORGANIZAÇÃO da "MANUTENÇÃO MILITAR" por decreto do rei "D. CARLOS".
O Capitão de Engenharia "JOAQUIM RENATO BAPTISTA" foi encarregado de proceder aos vários estudos, dirigir os trabalhos para a instalação dos vários serviços da "MANUTENÇÃOMILITAR" e escolher os melhores equipamentos para as várias fábricas e oficinas.
O PLANO da"MANUTENÇÃO MILITAR", só foi possível ser concretizado devido ao zelo do antigo director da "PADARIA MILITAR", major"CARLOS HONÓRIO DE FARIA", que conseguiu, com a sue gerência, a dotação de importantes verbas.
O primeiro Regulamento da "MANUTENÇÃO MILITAR" data de 1907, e aí se especifica"que é um estabelecimento com sede em LISBOA (RUA DO GRILO-BEATO), com sucursais e depósitos noutros pontos do país, destinado à preparação de viveres ao Exército e a outras instituições oficiais".
De acordo com o referido Decreto de 11 de Junho de 1897, o principal objectivo da "MANUTENÇÃO MILITAR" residia na fabricação de farinhas, pão e outros produtos alimentares, para abastecer o Exército, a Armada e os vários corpos e estabelecimentos dependentes dos MINISTÉRIOS DO REINO - (JUSTIÇA, GUERRA e MARINHA), bem como fornecer forragens aos solípedes do Exército. Outras funções foram-lhe ainda atribuídas, como o dever de fornecer as padarias municipais as farinhas necessárias para o fabrico de pão e o abastecer directamente a público em geral, em época de crise.
Esta nova industria alimentar ficava dependente do "MINISTÉRIO DA GUERRA" e subordinada à "DIRECÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO MILITAR".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ XI ] A MANUTENÇÃO MILITAR (2)»   

RUA DO GRILO [ XI ]

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 Rua do Grilo - (1964) Foto de APS (Programa do espectáculo realizado pela F.N.A.T. no Salão de Festas da "MANUTENÇÃO MILITAR", por ocasião do seu aniversário) in  ARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (1964) - Foto de APS (Elenco do Espectáculo realizado pela F.N.A.T. no Salão de Festas da "M.M.", no dia do seu aniversário 6 de Junho de, dedicado ao seu pessoal) in ARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (2006) (A "MANUTENÇÃO MILITAR" numa perspectiva vista dos silos) in RESTOS DE COLECÇÃO
Rua do Grilo - (2013) - (A "MANUTENÇÃO MILITAR" pelo lado Norte junto da linha ferroviária, que representava a cerca do antigo "Convento das freiras Grilas") inGOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO - RUA DO GRILO [ XI ]

«A MANUTENÇÃO MILITAR ( 2 )»

As instalações da «MANUTENÇÃO MILITAR» passaram de uma construção religiosa: o antigo «CONVENTO DA FREIRAS GRILAS» (profanado), a um conjunto fabril monumental, marcado pelo ritmo da "REVOLUÇÃO INDUSTRIAL".
O grande edifício que actualmente identifica a "MANUTENÇÃO MILITAR", reconstruído segundo os planos do engenheiro e professor da "Escola do Exército", "JOAQUIM RENATOBAPTISTA", data do último quartel do século XIX. Ostenta um relógio (comprado e instalado posteriormente, provavelmente nos anos 50 do século XX), é caracterizado por uma simetria de formas e de volumes marcados por um corpo central com frontão.
O edifício espelha uma arquitectura industrial de influência tipicamente inglesa e muito aplicada às industrias do ESTADO, muito embora corresponda provavelmente, às fundações do antigo Convento.
Com a construção de diversos edifícios, numa vasta área desde o Tejo, onde foi conquistado alguns terreno (aterros), de que são exemplo o "CAIS DA MANUTENÇÃO MILITAR", mais tarde integrado na A. G. P. L., revestindo-se de uma feição mais industrial e onde se encontravam a maioria das actividades produtivas de panificação e bolachas, para o "Exército Português". 
A "RUA DO GRILO" delimita uma área Sul e uma área Norte. Assim, a Norte encontram-se instalações com uma compleição racionalista e cujas funções se relacionam mais com os serviços administrativos, de que destacamos o edifício da Direcção, bom exemplo de arquitectura, executado pela firma «SOCIEDADE DE CONSTRUÇÕES AMADEU GAUDÊNCIO, LDA» em 1929. O espaço Norte foi alargado através de terrenos insolventes. A aquisição de uma parte da "Quinta dos Duques de Lafões"é disso exemplo.
O acesso a esta zona, que fica para lá da linha do caminho de ferro, teve de ser rasgada através de um túnel sob a linha férrea do Norte, onde possuíam largas instalações designadas por; "GARE DA MANUTENÇÃO". Parte dos terrenos localizados nesta área foram utilizados para construção de algumas habitações sociais.
A "MANUTENÇÃO MILITAR", a par da implementação da industria alimentar preocupou-se também com os trabalhadores, tanto civis como militares.  Ainda que estas preocupações tenha começado principalmente a partir dos anos 20, é durante a década de quarenta que sofre um forte impulso, inserindo-se na política social desenvolvida pelo "ESTADO NOVO".
Alguns dos serviços criados relacionam-se com o apoio materno-infantil (creches, escolas pré-primária e primária), a assistência médica e medicamentosa, com a caixa de previdência para o pessoal. E outras iniciativas tiveram lugar com um Refeitório, Sala de Estar eBalneário e ainda uma sala de Cinema e Espectáculos, inaugurado no ano de 1959 e a sua construção foi efectuada por empreitada de "CARLOS DURÃO" de iniciativa dos Directores Coronel "ROSADO JÚNIOR"e Coronel"MANUEL DOMINGOS".  O Super Mercadoé do risco do Arquitecto "NUNO CABEÇADAS" de 1977.
Ainda aquando do aniversário da «MANUTENÇÃO MILITAR» era usual fazer-se uma grande festa realizada no salão de festas deste departamento, um "Serão para trabalhadores" organizado pela F.N.A.T. e dedicado ao pessoal em serviço na "MANUTENÇÃO MILITAR". Além do espectáculo cultural e recreativo, era habitual presentearem não só com um magnifico "Beberete", como era entregue a cada colaborador da F.N.A.T., um saco com os produtos que a "M.M." ali produzia. Tenho ainda ideia de um tipo de bolachas (fabrico exclusivo da "M.M.") de duas qualidades: uma amanteigado e outra de chocolate, (se não estou em erro) eram designadas por "TARATAS" eram uma delícia.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ XII ] A MANUTENÇÃO MILITAR (2)»  

RUA DO GRILO [ XII ]

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 Rua do Grilo - (2009) (Edifício com influência de Arquitectura tipicamente Inglesa, do último quartel do século XIX. A "MANUTENÇÃO MILITAR" instalou-se no antigo "CONVENTO DAS FREIRAS GRILAS")inRESTOS DE COLEÇÃO
 Rua do Grilo - (1917) (Album da "M.M.") (Fábrica e fornos de pão na primeira década do século XX) inCAMINHO DO ORIENTE
Rua do Grilo - (1998) Foto de António Sacchetti (O amassador eléctrico na sala dos fornos da "Manutenção Militar") in CAMINHO DO ORIENTE


(CONTINUAÇÃO - RUA DO GRILO [ XII ]

«A MANUTENÇÃO MILITAR ( 3 )»

Em termos funcionais e industriais a «MANUTENÇÃO MILITAR» compunha-se de: uma fábrica de moagem de cereais; uma padaria; uma oficina para o fabrico de massas alimentares; uma oficina para bolachas e produtos similares; um depósito de material de padarias de campanha; armazéns para trigo, farinhas, massas e outros produtos ou géneros destinados à alimentação dos militares; oficinas de reparações de material; um laboratório químico e tecnológico para estudo de cereais, farinhas, fermentos, assim como pão e outros produtos; secretaria e suas dependências, alojamento de pessoal, enfermaria e cavalariças.
Nos projectos iniciais encontra-se concebida uma das primeiras estruturas de ensilagem moderna do país.
A «MANUTENÇÃO MILITAR» tinha conservado a organização inicial até ao ano de 1907. Só então, através do novo regulamento, redimensionou a sua estrutura e produção.  Daqui por diante, cabia-lhe o fornecimento de todos os géneros de alimentação às tropas (rancho e conservas) e instrução na parte fabril. dos oficiais e praças da "COMPANHIA DESUBSISTÊNCIA" no serviço de campanha; a apresentação da proposta para a aquisição de matérias-primas, géneros e forragens; a organização de reservas de todos os produtos fabricados de acordo com os índices de consumo indicado pelo "MINISTÉRIO DA GUERRA".
A autonomia administrativa é alcançada pelo regulamento de 1911, libertando-se de um papel meramente executivo.
Com a entrada para o cargo directivo de um dos homens mais enérgicos que passaram pelas chefias da "M.M.", o Coronel"LUÍS ANTÓNIO VASCONCELOS DIAS", de 09.06.1911 a 08.12.1920), operou-se várias mudanças.
Até cerca de meados dos anos 30, um dos períodos cronológicos mais importantes para o crescimento e afirmação da "M.M.", desenvolvem-se as suas estruturas industriais e alarga-se o seu dispositivo a todo o território nacional.
A "M.M." estava agora a concretizar uma área de produção baseada no decreto da sua fundação. Para tal vamos muito resumidamente descrever as principais fábricas que nasceram nessa época.
FABRICA DE MOAGEM
(Distribuída por três andares em 1922 estava com 8 amassadores eléctricos e 16 fornos metálicos, nessa altura ultrapassava sensivelmente os cinquenta mil quilos de pão). (No livro «Farinhas, Moinhos e Moagens» de 1999 diz-nos que no ano de 1926, entre diversos estabelecimentos moageiros que existiam em LISBOA a no país, a moagem da "M.M." era considerada a maior do país". "(...) com dois moinhos, de uma capacidade total de 300 000 Kg em 24 horas)". ( 1 )
FABRICA DE MASSAS
(Com dois fornos contínuos)
FABRICA DE CONSERVAS
(Integrando também frutos cristalizados)
REFINARIA DE AÇÚCAR
(Com uma produção média de 4500 quilos por dia)
MATADOURO E SALSICHARIA
(Produção de ração para gado, na Salsicharia fabricava 75 quilos de chouriço de sangue, 150 quilos de chouriço de carne, 90 quilos de farinheira e 150 quilos de banha em 24 horas de serviço).
LEITARIA E FÁBRICA DE MANTEIGA
(Produzia a manteiga necessária para o fabrico das bolachas e abastecia deste produto as diversas sucursais do país, "COIMBRA" por exemplo).
TRATAMENTO DE VINHOS
(Instalado junto da Estação de caminho-de-ferro na "RUA JOSÉ DO PATROCÍNIO" em MARVILA, com um depósito de vinhos com capacidade total de 606 600 litros. Ali se procedia também ao engarrafamento, dispondo de três máquinas de engarrafamento, lavagem, de rolhamento e capsulagem). 
O conjunto destas fábricas tinham como apoio técnico e funcional um número elevado de oficiais também na área produtiva como: latoaria, serração, lavandaria, canastraria, tipografia etc. etc.

( 1 ) - Boletim do Trabalho Industrial, Nº 36 de 1926.
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ XIII ]-A MANUTENÇÃO MILITAR ( 4 )»

RUA DO GRILO [ XIII ]

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 Rua do Grilo - (2006) Foto de António Sacchetti (Fachada principal da "Manutenção Militar" construída no espaço do antigo "Convento das Freiras Grilas" na "Rua do Grilo") inCAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Grilo - (1937) Foto de autor não identificado (O fabrico de bolachas na "Manutenção Militar" na "Rua do Grilo" nos finais dos anos trinta do século passado) in ARQUIVO NACIONAL TORRE DO TOMBO-DIRECÇÃO GERAL DE ARQUIVOS
 Rua do Grilo - (ant. 1993) Foto de autor não identificado (Bateria de seis fornos, revestidos a azulejos datados de 1954 da fábrica do Outeiro-Águeda, com várias fases de fabrico de pão, na "Manutenção Militar" na "Rua do Grilo") inPELAS FREGUESIAS DE LISBOA-CML
Rua do Grilo - (1998) - Foto de António Sacchetti (Prensa para moldar bolachas por processo contínuo, exposta no "Museu da Manutenção") in CAMINHO DO ORIENTE


(CONTINUAÇÃO - RUA DO GRILO [ XIII ]

«A MANUTENÇÃO MILITAR ( 4 )»

Para a laboração deste enorme conjunto de equipamentos instalaram-se infraestruturas energéticas condizentes em termos de potência. Antes de 1911, existia uma máquina a vapor horizontal que accionava a moagem e duas verticais com força individual de 50 c/v. As máquinas verticais trabalhavam alternadamente, fornecendo energia eléctrica aos restantes serviços. 
Mais tarde, depois da ampliação constante das diversas unidades produtivas, tornou-se necessário o aumento da força motriz.
A máquina inicial foi substituída por outra de 300 c/v e as verticais deram lugar a duas com potência de 750 c/v.
Assim, da época do vapor, passava-se aos poucos para a época da electricidade. A fase de produção inicialmente resultava da força do vapor aplicada a dínamos.
Foram instaladas turbinas a diesel mais tarde, que autonomamente produziam energia para as diferentes empresas fabris. Em 1921 era instalado na "MANUTENÇÃO MILITAR" uma central a "DIESEL" eléctrica de dois grupos.
Passados seis anos eram implementados novos grupos "POLAR-ASEA" (250cv/210Kva) e, em 1931 outro grupo da mesma marca com (80cv/80Kva).
Simultâneamente com os motores instalaram o quadro respectivo  de distribuição e manobra dez painéis, com uma bancada de manobra e cem motores eléctricos. 
Um novo equipamento para a fabricação de bolachas, foi publicado em 19 de Janeiro de 1955 no "DIÁRIO DA REPÚBLICA", pelo Decreto nº 40 039 em que autorizava a "MANUTENÇÃO MILITAR" na aquisição à "SOCIEDADE COMERCIAL LUSO-ITALIANA,LDA.", o fornecimento de uma instalação completa para o fabrico de bolachas, no valor total de um milhão oitocentos e seis mil duzentos e trinta e um escudos e sessenta centavos.
O período também muito importante para a expansão da "MANUTENÇÃO MILITAR" e para a confirmação da função abastecedora desta unidade, relaciona-se com o final dos anos 50 e início dos anos 60.
A situação prende-se com o decorrer da "GUERRA COLONIAL" e a urgência de uma resposta constante às necessidades do abastecimento militar (apesar da instalação de algumas Delegações existentes no Ultramar) e a toda a população civil, que cada vez, em maior número trabalhavam nas diversas fábricas  e oficinas da "MANUTENÇÃO MILITAR".
Na década de 70, instalaram-se ainda alguns sectores da industria alimentar, um destes exemplos pertence à fábrica de pastelaria e confeitaria. A primeira abastecia principalmente os supermercados e as messes e a segunda tinha como objectivo complementar a fábrica de pão. Criou-se ainda uma fábrica de fritos, projectada para o fabrico de salgados (fritos e congelados), tendo sido depois remodelada de modo a incrementar o fabrico dos ultra-congelados.
Com a "REVOLUÇÃO do 25 de ABRIL" houve uma certa retracção. Os anos que se seguiram foram de adaptação a uma nova realidade, publicando-se, inclusive, novas orientações legislativas. No ano de 1992 iniciou-se um processo de reestruturação orgânica e funcional, sendo suprimidos a maioria dos seus supermercados.
Com estas alterações funcionais parte dos trabalhadores do activo tornaram-se excedentários, diminuindo também o pessoal operacional.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ XIV ]-A MANUTENÇÃO MILITAR (5)»

RUA DO GRILO [ XIV ]

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 Rua do Grilo - (2007) (Uma vista panorâmica da "Rua do Grilo" dividindo as instalações, no lado esquerdo da foto podemos observar os Silos da "MANUTENÇÃO MILITAR") inGOOGLE EARTH
 Rua do Grilo - (1988) Foto de António Sacchetti (Sala do forno contínuo para o fabrico de pão na "Manutenção Militar") in CAMINHO DO ORIENTE
Rua do Grilo - (2012) Foto de autor não identificado (Aspecto de um forno revestido a azulejos da fábrica do Outeiro-Águeda, de 1954 na "MANUTENÇÃO MILITAR") in RESTOS DE COLECÇÃO

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO GRILO [ XIV ]

«A MANUTENÇÃO MILITAR ( 5 )»

A «MANUTENÇÃO MILITAR» durante os anos 90 desempenhou um novo tipo de funções. Em várias situações de apoio humanitário, responsabilizou-se pela recepção, armazenamento, distribuição e transporte de milhares de produtos e alimentos.


Actualmente encontra-se em actividades de serviços e apoio à ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, COMÉRCIO DE FARDAS MILITARES, COMÉRCIO DE COMBUSTÍVEL para veículos motorizados, distribuição de PRODUTOS ALIMENTARES e RAÇÕES DE COMBATE.

Referente ao ano de 2005 encontrámos na INTERNET um documento em PDF onde se referia à "M.M.". Trata-se de um mestrado e pertence à "UNIVERSIDADE DE LISBOA- FACULDADE DE BELAS ARTES"tem como título: "UMA NOVA REDE DE MUSEUS PARA O EXÉRCITO" de Francisco António Amado Rodrigues - Mestrado em Museologia e Museografia - 2005. "(...) a "M.M."é um estabelecimento Fabril do Exército com autonomia administrativa,financeira e patrimonial. No entanto, tem dependência funcional do COMANDO DA LOGÍSTICA. A sua Sede localiza-se em Lisboa. A principal missão da "M.M."é apoiar o Exército nas actividades de fabrico e de apoio logístico nas classes de víveres, combustível e lubrificantes, artigos de cantina e expediente e impressos. Também apoia actividades de pesquisa e instrução no âmbito do SERVIÇO DE INTENDÊNCIA e assegura o apoio logístico às FORÇAS NACIONAIS DESTACADAS em países estrangeiros, em missão de paz. (...) o seu organograma não contempla um museu (ou núcleo Museológico).
No entanto, no gabinete de apoio à Direcção possuí um (a) técnico (a) superior com licenciatura em História.
A "M.M." tem a "SALA DE EXPOSIÇÃO CORONEL "LUÍS ANTÓNIO VASCONCELOS DIAS", onde está essencialmente preservado algum património material da sua actividade Comercial e Industrial. (...) A sala de Exposições da "M.M." não se encontra regularmente aberta ao público. Ainda não possui "REGULAMENTO DE MUSEU" em 2003, o que inviabiliza a avaliação sobre as suas metas, objectivos e política do "MUSEU" de forma a cumprir a designação considerada pelo "CONSELHO INTERNACIONAL DE MUSEUS" e, mais recentemente, pela lei nº 4/2004 de 19 de Agosto de 2004. O ingresso de visitantes é registado apenas a partir de 2001 e, até 2003, o seu número foi sempre inferior a 500".
No Blogue "PATRIMÓNIO NACIONAL" de "RUI PONTE SOUSA" em 10.05.2012 publicava sobre este "MUSEU DA MANUTENÇÃO MILITAR - LISBOA", e dizia ele: "Aqui se encontram várias máquinas industriais de cozinha bem como maquetas e fardamento do pessoal civil. Uma das atracções deste museu é o local onde se encontram os fornos do pão com frentes forradas com painéis de azulejos da fábrica do OUTEIRO - ÁGUEDA, com data da década de cinquenta, e que mostram as várias fases do fabrico do pão, desde a sementeira até ao produto final". ( é recomendável uma visita a este Blogue, é bastante interessante além de ter  muitas fotos do Museu).
A "MANUTENÇÃO MILITAR" está consagrada na toponímia de LISBOA, pela"RUA DAMANUTENÇÃO" (que lhe tiraram posteriormente o MILITAR) e  a "TRAVESSA DA MANUTENÇÃO", artérias desta freguesia do "BEATO". (embora a população desta zona lhe chamasse sempre "RUA DA MANUTENÇÃO MILITAR").

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ XV ] -O CINE-PÁTRIA» 

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