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Channel: RUAS DE LISBOA COM ALGUMA HISTÓRIA
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LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ IX ]

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«RAFAEL BORDALO PINHEIRO ( 3 )»
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2014) -  (A parte central do "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO" que antes de 1913 se chamava "LARGO DA ABEGOARIA"  in  GOOGLE EARTH
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro -  (1875) - Desenho de RAFAEL (O zé povinho simboliza o eterno explorado.Publicação na "LANTERNA MÁGICA" em que diz: Continuam todos debaixo da capa. A mesma albarda em cima das mesmas costas)  in  HEMEROTECA DIGITAL
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (1880)  -  (Caricatura de "RAMALHO ORTIGÃO) feita por RAFAEL BORDALO PINHEIRO )    in   LAGASH
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (12.06.1875)  - (O Sultão de Zanzibar na publicação da "LANTERNA MÁGICA")  (ABRE EM TAMANHO GRANDEin   HEMEROTECA DIGITAL
Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (1870)  - (Caricatura gravada a água forte onde eram retratadas as mais ilustres figuras do meio literário lisboeta)  in CITI

(CONTINUAÇÃO) - LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ VIII ]

«RAFAEL BORDALO PINHEIRO ( 3 )»

Sobre a circunstância de ali ter morado, base da comemoração oficial do «LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO», acresce ainda a razão deste grande artista ter sido idealizador da urbanização novecentista, do sítio da TRINDADE.
Muito boa gente costuma confundir a morada do pintor, com o prédio do "FERREIRA DAS TABULETAS", conhecido pelos azulejos, que se encontra aliás à distância de poucos metros.
"RAFAEL BORDALO PINHEIRO"tanto gostava de LISBOA que acabou por rejeitar ou abandonar cedo as propostas vantajosas que recebeu de grandes jornais estrangeiros, como o britânico "ILLUSTRATED LONDON NEWS" em 1873. Colaborou com várias publicações, mas nunca se decidiu a fixar residência fora da sua terra.  A excepção chama-se BRASIL, onde esteve por mais de três anos, colaborando em "O MOSQUITO", no "PST!!!", em 15.09.1877 tendo durado 3 meses. Também no"BESOURO" em (1878/79) com grande êxito...  mas acabou por voltar roído de saudades.
A infância e Juventude de "RAFAEL BORDALO PINHEIRO" foram praticamente passadas entre uma vocação que era irreprimível  (a de desenhar com especial inclinação para a caricatura) e a dispersão de esforços e estudos, fruto em grande parte de uma submissão à vontade paternal.
De facto, tendo iniciado os seus estudos de desenho com o pai, cedo "RAFAEL" mostrou grande interesse e aptidão para um género então considerado menor: a CARICATURA. Simplesmente este tipo de trabalho artístico era ainda pouco habitual e quase sempre mal,  recebido pelos visados. Quer dizer:  enquanto hoje a caricatura pode até ser considerada uma homenagem do artista a uma determinada personalidade e, por outro lado, o sentido de humor (mesmo que forçado) obriga o retratado a rir-se, noutros tempos o acentuar de certos traços físicos, o brincar com a cara de cada um era tomado à conta de ofensa. 
"MANUEL BORDALO" contrariou, pois, o filho quanto pôde. Chegou mesmo a conseguir colocá-lo como amanuense da "CÂMARA DOS PARES", a seu lado, na esperança de que o moço, dedicando-se ao trabalho, esquecesse as caricaturas.
O próprio "RAFAEL" decidiu matricular-se na "ACADEMIA DE BELAS-ARTES" portanto, por outros tipos de desenhos e pinturas. Mas a ironia e o espírito crítico estavam-lhe na massa do sangue. Aos 24 anos, lançava a sua primeira publicação, a "LANTERNA MÁGICA" de caricaturas para as quais obtivera autorização dos visados, pessoas superiores e com sentido de humor à frente da sua época: ALEXANDRE HERCULANO; BULHÃO PATO; PINHEIRO CHAGAS; RAMALHO ORTIGÃO; JÚLIO CÉSAR MACHADO; MANUEL DE ARRIAGA e outros mais...
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO[ X ]RAFAEL BORDALO PINHEIRO ( 4 )».

LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ X ]

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«RAFAEL BORDALO PINHEIRO ( 4 )»
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - ( 2014 ) -  (O "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO" visto de Norte para Sul)   in    GOOGLE EARTH 
 Largo Bordalo Pinheiro - (2012)  -  (Busto em homenagem a RAFAEL BORDALO PINHEIRO no JARDIM DO CAMPO GRANDE, uma obra com a assinatura de RAUL XAVIER  e  do Arquitecto   J. ALEXANDRE SOARES, inaugurado a 20 de Março de 1921)  ( ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   MAPIO  
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (1904)  -  (Faiança "CAIXA TOMA" de Rafael Bordalo Pinheiro no seu MUSEU.  RAFAEL BORDALO PINHEIRO definiu assim, o personagem "ZÉ POVINHO" - "O ZÉ POVINHO olha para um lado, e para outro e... fica como sempre... na mesma").   in  QUADROGIZ
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (1903) Desenho de Rafael caracterizando a si próprio) -  (Vinte anos depois na Revista "A PARÓDIA",  "RAFAEL" velho pedindo lume ao "RAFAEL" novo - 1879-1903)  in    O LIVRO DE MALHOA  & COLUMBANO
Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (1900)  -   A POLÍTICA: a GRANDE PORCA.  Publicado na Revista "A PARÓDIA" lançada em 17 de Janeiro 1900 por RAFAEL BORDALO PINHEIRO)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  PRINTEREST


(CONTINUAÇÃO)-LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ IX ]

«RAFAEL BORDALO PINHEIRO ( 4 )»

Por outro lado, "ANTÓNIO FELICIANO DE CASTILHO" terá pedido pessoalmente a "MANUEL BORDALO" que intercedesse junto do seu filho para que "não se metesse com ele".  Foi-lhe feita a vontade.
Depois foi um nunca mais parar: surgiram publicações como "O BINÓCULO" (sobre teatro em 1870), "A BERLINDA"(de sátira, também de 1870), mais tarde o "ANTÓNIO MARIA" (em duas séries sendo a primeira de 1879 a 1885 e a segunda de 1891 a 1898 - nome inspirado no então chefe do GOVERNO "ANTÓNIO FONTES PEREIRA DE MELO ), o "ÁLBUM DAS GLÓRIAS" (em que caricaturou grande parte das celebridades do seu tempo, reeditado no "centenário da sua morte" em 2005).
"A PARÓDIA"(1900-1904), talvez o mais conseguido dos jornais que fundou e desenhou, verdadeira enciclopédica de sarcasmo e crítica aos governantes e aos costumes, onde destacamos "A GRANDE PORCA" e outras publicações da mesma revista.

"RAFAEL BORDALO PINHEIRO", quando regressa do BRASIL, ficou em quarentena. A propósito desse espaço publicou a obra "No LAZARETO DE LISBOA", trata-se de um álbum auto-satírico, onde o autor ensaia uma espécie de banda desenhada autobiografia sobre a sua experiência traumática no famoso "LAZARETO de LISBOA" (local de quarentena na margem Sul do Tejo em PORTO BRANDÃO destinado a viajantes que entravam em LISBOA por via marítima suspeitos de doenças contagiosas). (Conhecemos o "LAZARETO" aquando do meu serviço militar estive colocado no PORTO BRANDÃO(1958/9), estando o local já em ruínas e tinha passado por aquele edifício um colégio de rapazes da CASA PIA). 
"RAFAEL" integra o chamado "GRUPO DO LEÃO"(1881-89) um quadro de seu irmão "COLUMBANO" que aqui publicámos e todos os seus retratados com designação na legenda. "RAFAEL" caricaturista, desenhador, percursor da banda desenhada, pintor. decorador, ceramista, criou ainda na "LANTERNA MÁGICA" em 1875 a figura que o acompanharia sempre que se lhe colou por inteiro: "O ZÉ POVINHO". Um tanto à semelhança do "JOHH BULL" inglês ou do Americano "TIO SAM", o "ZÉ"é uma figura NACIONAL, carregando obviamente as diferenças pelo facto de ser português: representa um país ( dir-se-ia hoje o "país real") que desconfiado, indiferente ou revoltado, acaba por ser sempre vítima resignada das instituições.
Nasceu em desenho e chegou ao barro das CALDAS, esculpido habitualmente e fazer o gesto viril que o celebrizou: " o manguito para quem o quer tramar".

A propósito desta figura, no ano de 1976 a C.M.L. organizou uma exposição com o título " ZÉ POVINHO FEZ CEM ANOS", com a qual participou nas Comemorações do Centenário da criação da figura "O POVO PORTUGUÊS", idealizado por RAFAEL BORDALO PINHEIRO em"LANTERNA MÁGICA"de 12 de Junho de 1875.
Com esta personagem caricatural procura "RAFAEL BORDALO PINHEIRO" sintetizar o que de mais profundo e permanente caracteriza  "O POVO PORTUGUÊS", no seu tipo físico, qualidades e defeitos, mentalidades, acções e reacções, grandezas e misérias, tomando, essencialmente, como realidade inspiradora, "O POVO DE LISBOA", entre o qual viveu e, com o qual sempre conviveu.[Fonte: Irisalva Moita].

A acompanhá-lo lá estavam, sobretudo nas páginas de "A PARÓDIA", a "Grande Porca" (que era a política), as tesouradas da censura, a vaca leiteira do orçamento...  tudo desenhou RAFAEL, até  se representou a si mesmo em duas idades da vida, com ; "O VELHO RAFAEL" a pedir lume ao "RAFAEL" novo"...

LISBOA, além do já referido "LARGO" dedicou-lhe também um pequeno monumento (Busto, palma e base em bronze, com pedestal em pedra LIOZ. A obra tem a assinatura de RAUL XAVIER e do ARQUITECTO J. ALEXANDRE, inaugurado a 20 de Março de 1921 no CAMPO GRANDE, 382).  Frente ao  MUSEU que tem o nome do artista e  encerra várias das suas obras, fundado em 1916 (hoje com 102 anos de existência), embora no passado tivesse levado uma vida muito atribulada. [ FINAL ]

BIBLIOGRAFIA

- ARAÚJO, Norberto de - PEREGRINAÇÕES EM LISBOA - Livro VI-Vega-1993-LISBOA.
- FRANÇA, José-Augusto - MALHOA & COLUMBANO - Bertrand Editora - 1987-LISBOA
- FRANÇA. José-Augusto - RAFAEL BORDALO PINHEIRO - O PORTUGUÊS TAL E QUAL - Livraria Bertrand - 2.ª Ed. - 1982 - LISBOA.
- HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA - de A.J.SARAIVA e ÓSCAR LOPES - Porto Editora - 17.ª Ed. 1996 - PORTO.
- OLHARES DE PEDRA - Global Notícias - 2004 - LISBOA.
- SEQUEIRA, Gustavo de Matos - O Carmo e a Trindade - Vol. III 2.ª Ed. - Publicações Culturais da Câmara Municipal de Lisboa - 1967 - LISBOA

INTERNET


(PRÓXIMO)«ESTRADA DE CHELAS [ I ]A ESTRADA DE CHELAS E SEU ENQUADRAMENTO [ I ]

ESTRADA DE CHELAS [ I ]

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«A ESTRADA DE CHELAS E SEU ENQUADRAMENTO»
Estrada de Chelas - (2016)  -  (Panorâmica da "ESTRADA DE CHELAS" com o seu antiquíssimo "CONVENTO DE CHELAS" e seu "VALE", onde outrora corria um esteiro. Sendo um local que constituiu um bom exemplo dos muitos caminhos que atravessavam a LISBOA rural dos séculos XVIII e XIX)   in  GOOGLE EARTH
 
 Estrada de Chelas  - ( 2017)  -  (Aqui termina o primeiro troço da ESTRADA DE CHELAS, (pensamos temporariamente), até se conseguir uma urbanização para a sua continuidade)  in  GOOGLE EARTH
 Estrada de Chelas - (2006) - Foto de APS -  (Ao fundo a entrada da "ESTRADA DE CHELAS" no lado direito o "ASILO MARIA PIA". O percurso desde a "Calçada da Cruz da Pedra," até à estrada da Estrada de Chelas, foi retirado `a  "AVENIDA AFONSO III" (antiga Estrada da Circunvalação) e deram-lhe o nome do escritor "NELSON DE BARROS") in  RUAS DE LISBOA...
 Estrada de Chelas -  (1998) foto de António Sachetti - (Um troço da "ESTRADA DE CHELAS" com o seu antigo casario em ruínas)   in  CAMINHO DO ORIENTE - INSTITUTO-CAMÕES
 Estrada de Chelas - (1998) Foto de António Sachetti  -  (Um aspecto do velho traçado da "ESTRADA DE CHELAS" com o seu empedrado de basalto polido, naturalmente para noutros tempos, ter desequilibrado alguns cavalos mal ferrados)  in   CAMINHO DO ORIENTE I - INSTITUTO-CAMÕES
 Estrada de Chelas - (07-1973) - Foto de Vasco Gouveia de Figueiredo  -  (Casas na ESTRADA DE CHELAS, depois de se ter passado o segundo "VIADUTO FERROVIÁRIO")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 
 Estrada de Chelas - (1961) Foto de Artur João Goulart -  (ESTRADA DE CHELAS no sentido poente com o  muro de suporte ao último talhão a nascente  danificado. Nos anos cinquenta do século passado, por vezes nem se podia passar devido ao desabamento do referido muro)  in   AML 
Estrada de Chelas - (1998) - Foto de António Sachetti  -  ("ESTRADA DE CHELAS" no sentido para poente. Temos duas fotos com diferença no tempo, mas o muro de suporte ao Cemitério era uma constante, bastava chover muito para ele cair)  in  CAMINHO DO ORIENTE   INSTITUTO-CAMÕES


(INÍCIO) - ESTRADA DE CHELAS [ I ]

«A ESTRADA DE CHELAS E SEU ENQUADRAMENTO»

A «ESTRADA DE CHELAS» pertence à ZONA ORIENTAL DE LISBOA, e partilha três freguesias; a "PENHA DE FRANÇA", "BEATO"e"MARVILA".  Começa na "AVENIDA AFONSO III" (antiga Estrada da Circunvalação), e finaliza junto do "LARGO DE CHELAS".  São-lhe convergentes pelo lado esquerdo o arruamento da "VILA DE S. JOÃO; "RUA DE SOL A CHELAS"; "CALÇADA DO TEIXEIRA"e"CALÇADA DA PICHELEIRA". No lado direito a "TRAVESSA DA AMOROSA", "RUA GUALDIM PAIS"; "CALÇADA DE SANTA CATARINA A CHELAS"e"RUA DE CIMA DE CHELAS".

A "ESTRADA DE CHELAS"ou"ESTRADA DE ACHILES" devo possivelmente o seu nome a "AQUILES" (guerreiro GREGO da ODISSEIA de HOMERO). Segundo a lenda foi o "CONVENTO DE CHELAS" naquele tempo uma Instituição pagã, onde estava refugiado "AQUILES" e eventualmente disfarçado de freira. "ULISSES" vem a LISBOA tentando levá-lo para a guerra de "TRÓIA". Com a finalidade de o identificar, este montou uma banca de venda de armas junto ao "CONVENTO", quando apareceu uma freira a comprar uma espada, assim terá caído  o disfarce de "AQUILES".

Neste "VALE DE CHELAS" uma das referencias centrais desta zona de LISBOA, nomeadamente a "ESTRADA DE CHELAS"é merecedora, pela sua antiga história e património, de um estudo mais detalhado. Hoje dado o contexto  a que nos propusemos, foi restringido, limitando-nos a um pequeno passeio pontuado por alguma informação surgida ao longo desta "PEREGRINAÇÃO".

Sendo o Sítio de CHELAS bastante antigo, prevendo-se até ser do tempo em que os Romanos estiveram nesta Península, parece-nos porém, não existir dúvida de que o mar por aqui fazia esteiro, dando mais tarde, depois de seco, o famoso "VALE DE CHELAS".
Para se poder ter uma ideia mais aproximada da realidade histórica desta zona, convém fazer uma abordagem sucinta do seu esquema viário, começando por tentar esquecer a presença hoje dominante da  "RUA GUALDIM PAIS" (Ver mais aqui...), via central de parte do "VALE DE CHELAS", aberta por Edital de 19 de Junho de 1933, em terrenos consolidados do antigo esteiro fluvial (que vinha de próximo do "CONVENTO DE CHELAS" até ao RIO TEJO).
A "RUA GUALDIM PAIS" ao ser aberta em parte na "QUINTA DA AMOROSA" vai entroncar no seu términos com a antiga "ESTRADA DE CHELAS" próximo da extinta e antiga FABRICA DE MALHAS de"INÁCIO DE MAGALHÃES BASTO & CIA" (também conhecida por FÁBRICA DO MAGALHÃES").
Uma das partes integrantes do antigo "CAMINHO PARA ORIENTE", iniciava-se a seguir à "CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA" (Ver mais aqui...) seguindo pela encosta do VALE no sentido de Sul para Norte, até atingir o "CONVENTO DE CHELAS"
Dela saíam algumas azinhagas, entre as quais convirá citar, à direita a da "AMOROSA", depois TRAVESSA, que subia para o "ALTO DOS TOUCINHEIROS" e ligava para "XABREGAS", a"CALÇADA DE SANTA CATARINA A CHELAS" conduzindo directamente em subida acentuada para o planalto, onde hoje podemos encontrar o BAIRRO DA MADRE DE DEUS, ligando à ESTRADA DE MARVILA.
A "RUA DE CIMA DE CHELAS" mais para junto do "CONVENTO" ligava com a "QUINTA DO OURIVES"e"AZINHAGA DA SALGADA". Na encosta oposta, ou seja do lado esquerdo, subindo a "RUA DO SOL A CHELAS"  (hoje bastante modificada) era a ligação com a "RUA MORAIS SOARES"( também ela, a continuação da antiga ESTRADA DA CIRCUNVALAÇÃO).  A "CALÇADA DO TEIXEIRA" junto da"QUINTA DA CONCEIÇÃO", a "CALÇADA DA PICHELEIRA ligava a "ESTRADA DE CHELAS" com a parte alta da "PICHELEIRA"

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«ESTRADA DE CHELAS [ II ]-DA ESTRADA DE CHELAS ÀS QUINTAS DA "AMOROSA" E DO "LAVRADO ( 1 )"».

ESTRADA DE CHELAS [ II ]

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«DA ESTRADA DE CHELAS ÀS QUINTAS: DA AMOROSA E DO LAVRADO ( 1 )»
 Estrada de Chelas - (2006) - Foto de APS - (Entrada para a ESTRADA DE CHELAS - hoje interrompida a cerca de 500 metros - No lado esquerdo da foto a "AVENIDA AFONSO III" (antiga Estrada da Circunvalação)   in   RUAS DE LISBOA... 
 Estrada de Chelas -  ( 2017) - (O antigo PALÁCIO do 4.º CONDE DE UNHÃO, já renovado na "ESTRADA DE CHELAS" junta da "TRAVESSA DA AMOROSA" que dava passagem para a "RUA GUALDIM PAIS") in  GOOGLE EARTH
 Estrada de Chelas -  (2017) - (A "ESTRADA DE CHELAS" no sentido do seu início a "AVENIDA AFONSO III". No lado esquerdo uma parte do antigo "PALÁCIO do 4.º CONDE DE UNHÃO")  in GOOGLE EARTH
 Estrada de Chelas - (1998) - Foto de António Sachetti -  (Palácio construído na parte alta da "QUINTA DA AMOROSA" sobre a "ESTRADA DE CHELAS" tendo pertencido ao 4.º CONDE DE UNHÃO)  in    CAMINHO DO ORIENTE II
 Estrada de Chelas -  (1967-09  Foto de João H. Cordeiro Goulart -  ("ESTRADA DE CHELAS", entrada Norte para a "TRAVESSA DA AMOROSA" - na parte alta da QUINTA DA AMOROSA - no lado direito o antigo PALÁCIO do 4.º CONDE DE UNHÃO e ainda algum movimento de pessoas nas habitações vizinhas)  in   AML 
 Estrada de Chelas -  (1959) Foto de Armando Maia Serôdio -  (PALÁCIO DA QUINTA DO LAVRADO, Portal brasonado, na ESTRADA DE CHELAS)   in   AML  
Estrada de Chelas  -  (anos 50 do séc. XX)  Foto de Artur João Goulart  -  (Antigo "PALÁCIO DA QUINTA DO LAVRADO" quando ainda existia o "PÁTIO DO LAVRADO"; seguindo-se o "VIADUTO DO LAVRADO" e a  "ESTRADA DE CHELAS")   in   AML 


(CONTINUAÇÃO) - ESTRADA DE CHELAS [ II ]

«DA  ESTRADA DE CHELAS  ÀS QUINTAS:  DA AMOROSA   E   DO   LAVRADO ( 1 )»

Só a partir da noção exacta desta rede viária do antigo "VALE DE CHELAS", é possível tentar identificar as múltiplas propriedades existentes nesta zona, hoje muitas delas desaparecidas ou profundamente transformadas ou ainda truncadas pela abertura de novas vias, como é o caso da referida "RUA GUALDIM PAIS" ( Ver mais aqui...).
Na "ESTRADA DE CHELAS" existiram alguns PALÁCIOS ou casas solarengas,  (Casas Nobres), começamos pelo edifício (hoje bem conservado) que faz esquina entre esta "ESTRADA"e a"TRAVESSA DA AMOROSA", (antiga "QUINTA DA AMOROSA" que pertencia aos CONDES DE UNHÃO, depois NISA).
Este edifício foi mandado restaurar em 1758, porque o Terramoto de 1755 lhe terá arruinado o quarto alto, "o qual se mandou lançar abaixo",estando o PALÁCIO só no segundo quarto, o que parece confirmar com a actual imagem da fachada, resultado de obras posteriores, muito possivelmente após o "PALÁCIO DE XABREGAS" se ter tornado residência principal dos MARQUESES DE NISA, uma vez que perderam com o Terramoto o seu PALÁCIO junto  a "SÃO ROQUE" (Ver mais aqui...). 
Consta ainda do Registo da Décima, referindo-se à construção inacabada pelo 4.º CONDE DE UNHÃO "D. RODRIGO XAVIER TELES DE MENESES CASTRO E SILVEIRA,  de um novo palácio na parte alta da propriedade da "QUINTA DA AMOROSA", sobre a ESTRADA DE CHELAS. No interior, resistiram ao incêndio e às adaptações o grande pátio quadrado, a escadaria interior - talvez um dos poucos apontamentos mais antigos, de desenho muito sóbrio de matriz clássica -, e a cozinha abobadada de dimensões pouco habituais em palácios privados, mais ajustado ao movimento de um PAÇO REAL.

"A QUINTA DO LAVRADO" - Os investigadores "JOSÉ SARMENTO DE MATOS" e "JORGE FERREIRA PAULO" no seu livro "CAMINHO DO ORIENTE - HISTÓRICO I, na página 149 indicam: "o único palácio que surgia referido na zona era o dos "VISCONDES DE FONTE ARCADA" (...) de belíssima fachada côncava barroca a meio da "ESTRADA DE CHELAS", hoje Municipal, com a quinta dos titulares. No entanto, a leitura atenta dos Registos da DÉCIMA, a partir de 1762, informa que a QUINTA DOS FONTE ARCADA era a terceira do lado direito da ESTRADA DE CHELAS, ficando esta que nos ocupamos do lado esquerdo e bastante mais à frente. Mais nos diz o referido registo que do lado esquerdo, antes da "QUINTA DA CONCEIÇÃO" - onde se ergue o PALÁCIO em análise - ficava a "QUINTA DOS CONDES DE VIMIEIRO", da qual mais nada se sabe. Ora são as armas usadas por essa família, ramo segundo da "CASA DE BRAGANÇA", as que lá se encontram sobre dois portais, com a única dúvida de apresentarem elmos sobrepostos e não coroas condais. como seria regular". No entanto, estranhamente, os referidos REGISTOS DA DÉCIMA, sempre muito meticulosos, não referem a existência das CASAS NOBRES  na"QUINTA DO CONDE DE VIMIEIRO", pois a dúvida persiste e só uma investigação demorada poderá vir a resolver.
Em contrapartida, no local aproximado onde seria a "QUINTA DOS VISCONDES DE FONTE ARCADA - depois da fábrica das chitas -, e originariamente de  "ANTÓNIO DE CAVIDE", secretário de DOM JOÃO IV, encontram-se restos de uma fachada e um portal de verga redonda em cantaria rusticada, possivelmente da segunda metade do século XVII. Supõe-se esta a QUINTA dos JAQUES DE MAGALHÃES, VISCONDES DA FONTE ARCADA?. Todas estas dúvidas ficaram como sinal do muito que continua por investigar neste caminho sinuoso da "ESTRADA DE CHELAS" - que, apesar da degradação  em certos percursos - continua a manter um impremeditado ar de subúrbio rural.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«ESTRADA DE CHELAS [ III ]-DA ESTRADA DE CHELAS À QUINTA DO LAVRADO ( 2 )».

ESTRADA DE CHELAS [ III ]

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«DA ESTRADA DE CHELAS À QUINTA DO LAVRADO( 2 )»
 Estrada de Chelas - (1998) Foto de António Sachetti - (Edifício na "QUINTA DO LAVRADO" na ESTRADA DE CHELAS, muito próximo ao viaduto ferroviário do LAVRADO. Antigo Palácio com belíssima fachada  corrida de tendência BARROCA, que a C.M.L. restaurou ultimamente.)  in  CAMINHO DO ORIENTE I
 Estrada de Chelas -  ( 1998) - Foto de António Sachetti  -  (Fachada da entrada principal do PALÁCIO, que era atribuído aos VISCONDES de FONTE ARCADA )  in CAMINHO DO ORIENTE I
 Estrada de Chelas - (2017) - (O edifício do antigo "PALÁCIO DO LAVRADO" que hoje pertence à C.M.L., mantendo um aspecto bastante agradável)   in  GOOGLE EARTH
 Estrada de Chelas  - ( 2017 )- (Fachada do antigo "PALÁCIO DA QUINTA DO LAVRADO", visto de Norte para Sul)  in   GOOGLE EARTH
 Estrada de Chelas - (1961-05) - Foto de João Goulart -  (O "PALÁCIO DA QUINTA DO LAVRADO", quando existia o "PÁTIO DO LAVRADO", seguindo-se o "VIADUTO DO LAVRADO" na Estrada de Chelas)   in    AML 
Estrada de Chelas  - (1961)  foto de Artur João Goulart  -  (A "ESTRADA DE CHELAS" na sua parte Poente e no início do empedrado,  junto das traseiras - no lado direito - do antigo "ASILO MARIA PIA")  in  AML 

(CONTINUAÇÃO)-ESTRADA DE CHELAS [ III ]

«DA ESTRADA DE CHELAS À QUINTA DO LAVRADO ( 2 )»

«A QUINTA DO LAVRADO»
A belíssima fachada "BARROCA", peça de grande relevo de arquitectura Setecentista. Identificada como "QUINTA DOS VISCONDES DA FONTE ARCADA", veio a revelar-se incorrecta tal atribuição por razões já apresentadas. Será possivelmente a CASA  da "QUINTA DOS CONDES DE VIMIEIRO", embora carecer de mais confirmação.

O edifício revelando um refinado manuseamento das várias componentes que equilibram a fachada. Tendo esse equilíbrio um jogo muito subtil entre três corpos que se articulam em convexo, contrariando-se o número ímpar desses corpos pela afirmação decidida rigorosamente simétrico dos pares de aberturas: seis em cada piso nos corpos laterais e seis no central, correspondendo neste, duas delas aos portais de acesso.
O "PISO NOBRE" e, sobretudo, pela conjugação do desenho refinado das cantarias que ligam os portais à janela  superior e estas às pedras de armas, realçadas numa simbólica curva desenhada na cornija, elemento dinâmico que ondula e anima todo o conjunto.

O "PALÁCIO DO LAVRADO", actualmente o seu espaço envolvente é ocupado pela "ETAR" -(Nereida) - ( 1 ) -, ou seja "ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS DE CHELAS". Tendo a sua parte traseira circunscrita por uma vedação de rede aramada.
Ainda nos anos 50 do século XX, naquele "PALÁCIO" se acomodavam algumas famílias de condição pobre no "NOBRE EDIFÍCIO" setecentista de tão precário e decadente que se encontrava, possivelmente faria a indignação dos seus antigos proprietários, fossem eles os "VISCONDES DE FONTE ARCADA"ou  os"CONDES DE VIMIEIRO".
O MUNICÍPIO DE LISBOA resgatou o edifício, restaurou-lhe a bela fachada corrida de tendência "BARROCA".  E o que antes fora o "PÁTIO DO LAVRADO" (que chegámos a conhecer) passou de novo a ser "PALÁCIO DO LAVRADO"(Ver mais aqui...), isto é, a edilidade notabilizou-o por um lado, mas utilizou-o por outro.
Em 25 de Novembro de 2016 a CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA terá aprovado a constituição de um novo direito de superfície sobre o prédio MUNICIPAL da "ESTRADA DECHELAS"  com os números 113-127, para as instalações sociais da "FEDERAÇÃO DE ANDEBOL DE PORTUGAL" e a anulação de direito de superfície da parcela na "QUINTA DO NARIGÃO" que detinha desde 1993. A superfície a favor da "FAP" sobre a futura fracção autónoma a constituir no edifício sito na "ESTRADA DE CHELAS", 113 a 127 (PALÁCIO DO LAVRADO), pelo prazo de 50 anos.

Junto da ETAR - (Nereida) no lado Sul, vamos encontrar o espaço da extinta fábrica de malhas de "INÁCIO DE MAGALHÃES BASTO & CIA (também conhecida pela "FÁBRICA DO  MAGALHÃES",  cujas instalações foram também recuperadas pela C.M.L. e nelas instalou um departamento camarário.

- ( 1 ) -Nereida- (gr. nereis) Zool. Género de anelídeos poliquetas errantes, espalhados por todos os mares [Fonte: Dic. LELLO].

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«ESTRADA DE CHELAS [ IV ] DA ESTRADA DE CHELAS À QUINTA DA CONCEIÇÃO».

ESTRADA DE CHELAS [ IV ]

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«DA ESTRADA DE CHELAS À QUINTA DA CONCEIÇÃO»
 Estrada de Chelas -  ( 2017 )  -  (O edifício onde funcionava a "TUNA RECREATIVA - JUVENTUDE CHELENSE" e a  "JUNTA DE FREGUESIA DO BEATO", encontrando-se em estado de abandono, na antiga "QUINTA DA CONCEIÇÃO")     in  GOOGLE EARTH
 Estrada de Chelas  -  (2017) - (Panorama mais aproximado da "QUINTA DA CONCEIÇÃO", aspecto geral da antiga "TUNA DE CHELAS" e "JUNTA DE FREGUESIA DO BEATO", após o incêndio, esperando urbanização adequada).    in    GOOGLE EARTH
 Estrada de Chelas -  (ant. a 14.10. 1987) Foto de António Sachetti -  ( A "TUNA RECREATIVA -A JUVENTUDE CHELENSE", no espaço da antiga "QUINTA DA CONCEIÇÃO" na "CALÇADA DO TEIXEIRA", com vista para a "ESTRADA DE CHELAS")  in  CAMINHO DO ORIENTE   
 Estrada de Chelas  - (ant. a 14.10.1987)  Foto de António Sachetti -  (Edifício na antiga "QUINTA DA CONCEIÇÃO" a "TUNA RECREATIVA - A JUVENTUDE CHELENSE" e a  "JUNTA DE FREGUESIA DO BEATO", na "CALÇADA DO TEIXEIRA")  in  CAMINHO DO ORIENTE
 Estrada de Chelas -  (1968-10) Foto de João Hermes Cordeiro Goulart -  (A "ESTRADA DE CHELAS" próximo do Viaduto Ferroviário mais alto, junto do   final da Estrada de Chelas)  in   AML
Estrada de Chelas  -  (191_)  Foto de Jushua Benoliel  -  ("Viaduto Ferroviário de Chelas" a Norte da "ESTRADA DE CHELAS", um dos suportes da "LINHA DE CINTURA DE LISBOA" de Alcântara Mar, passando por Chelas e finaliza em Marvila) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  AML 

(CONTINUAÇÃO)-ESTRADA DE CHELAS [ IV ]

«DA ESTRADA DE CHELAS À QUINTA DA CONCEIÇÃO»

A QUINTA DA CONCEIÇÃO - Passamos o "PALÁCIO DO LAVRADO", a ponte ferroviária do "LAVRADO", depois do barranco surge-nos grupos de casas de um e de outro lado. No lado esquerdo temos a "RUA DE SOL A CHELAS" e mais à frente fica a "QUINTA DA CONCEIÇÃO", que corresponde à"CALÇADA DO TEIXEIRA".  Um bom exemplar de "QUINTA" arrabaldina (de transição do século XVII para o século XVIII) com pátio, pequena Capela e varanda sobre a "ESTRADA DE CHELAS". Construída por "JOSÉ SOARES DE MELO",herdeiro (1697) dos prazos do pai,"FRANCISCO NUNES SANTARÉM" da "JUNTA DO COMÉRCIO". Esta casa fica conhecida, sobretudo por ter pertencido a partir de (1736) à família  "VAN PRATT",  de origem Flamenga, instalada em LISBOA, como muitos outros estrangeiros, pelas ligações ao grande "COMÉRCIO ULTRAMARINO".  "JÁCOME VAN PRATT", natural de ANTUÉRPIA, era já morador em LISBOA em 1685, casado com uma portuguesa e pai de outro "JÁCOME" e de "ANTÓNIO", futuros proprietários desta "QUINTA", e de duas filhas, casadas respectivamente com "JOÃO BAPTISTA VAN ZELLER, Morgado nos OLIVAIS, e "JOAQUIM JANSEN MOLER"demonstrando bem a rede de alianças e de interesses entre as comunidades estrangeiras nessa época,  estabelecidas em LISBOA.
"ANTÓNIO VAN PRATT" foi um activo comerciante com a ÍNDIA e o BRASIL, com abastada casa na região de LISBOA, morrendo em 1743 e instituindo por testamento um Morgado. Sucedeu-lhe o filho mais velho "JOSÉ ANTÓNIO VAN PRATT", cego de nascença e figura turbulenta, pelas questões que levantou ao longo da sua vida, deixando memória nem sempre simpática na ZONA DE CHELAS, onde ficou gravada a figura irascível de feitio quezilento que se deslocava guiado por um menino, e o indispensável bordão de cegueira.
Além das casas e dos restos mais ou menos preservados, a história dos lugares é também feita destas figuras lendárias, que perturbam pelo seu comportamento a vida pacata de uma ZONA DE QUINTAS, hoje esfumada por uma pressa sem lugar para cultivo de memória.
Nesta casa solarenga da "QUINTA DA CONCEIÇÃO" com o seu Pátio anexo do século XVIII, onde esteve instalada de 01.01.1909 a 14.10.1987, a "TUNA RECREATIVA -A JUVENTUDE CHELENSE", era uma colectividade de cultura e recreio sendo a mais antiga da zona, que a 10 de Maio de 1986 era publicado no Diário da República, Nº. 107, página 4464 - como de "UTILIDADE PÚBLICA".  O imóvel encontra-se em estado avançado de degradação, além de em 2 de Dezembro de 2012 o "CORREIO DA MANHÃ" anunciava que tinha deflagrado um incêndio na madrugada de Domingo, consumindo parte do edifício.
Esta  "TUNA RECREATIVA" era frequentada normalmente pela maioria dos seus associados, pessoas que viviam próximo e até moradores de XABREGAS.  Lembramos que nos anos 50 do século passado, primeiro dos bailes ali realizados, depois a organização dos "CÍRIOS DE CHELAS" que desciam a "ESTRADA DE CHELAS", passando pela "RUA GUALDIM PAIS" em romaria, embarcando em vários pequenos barcos todos enfeitados, que os esperavam na "PRAIA DE XABREGAS", (também conhecida pelo povo local de "PRAIA DA MARABANA") para os levarem com destino ao cais do MONTIJO , e entre cantos e rezas se procedia a pé até à localidade da "ATALAIA", na outra margem do TEJO.

Em 1970 ainda estava instalada nesta "CASA SOLARENGA" no primeiro andar, uma dependência da "JUNTA DE FREGUESIA DO BEATO".
Passando o último "VIADUTO FERROVIÁRIO  DE CHELAS" vamos encontrar uma rampa que nos conduz ao apeadeiro de CHELAS, construído em 1890, virando um pouco à direita antes de entrar na "CALÇADA DA PICHELEIRA", estamos próximos do "LARGO DE CHELAS"onde se situa o mítico"CONVENTO DE CHELAS". 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«ESTRADA DE CHELAS [ V ]-O CONVENTO DE CHELAS (1)».

ESTRADA DE CHELAS [ V ]

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«O CONVENTO DE CHELAS ( 1 )»
 Estrada de Chelas -  (1835)  - Levantada pela Direcção e Coordenação do Engº. J. D. da Serra  - (Pormenor da Carta das linhas de Fortificação de Lisboa, vendo-se algum traçado da Estrada de Chelas sendo o traço a negro sinuoso, que faz o percurso de perto do CONVENTO DE CHELAS até ao RIO TEJO, será, eventualmente o esteiro, hoje assoreado)  in   RUAS DE LISBOA
 Estrada de Chelas -  (Século XIX) - Desenho de Gonzaga Pereira -   (Entrada  principal do "CONVENTO DE CHELAS" cuja IGREJA tem como orago a figura de "S. FELIX")  in  CAMINHO DO ORIENTE I
 Estrada de Chelas  -  (1994) - Foto de António Sachetti  - (Entrada da Igreja do "CONVENTO DE CHELAS" com seu portal "MANUELINO")   in   LISBOA, UM PASSEIO A ORIENTE
 Estrada de Chelas  -  (1994 )  - Foto de António Sachetti  -  (Interior da IGREJA do "CONVENTO DE CHELAS)  in   LISBOA,  UM PASSEIO A ORIENTE
Estrada de Chelas  -  (1998) - Foto de António Sachetti -  (Banco forrado de  azulejos, no Claustro do "CONVENTO DE CHELAS")   in  CAMINHO DO ORIENTE I


(CONTINUAÇÃO) - ESTRADA DE CHELAS [ V ]

«O CONVENTO DE CHELAS ( 1 )»

Em 1604 no local da implantação destes edifícios, foram recolhidos vestígios "EPIGRÁFICOS( 1 ) da ocupação Romana.  Foi ainda ali encontrado o "SARCÓFAGO DOS ESCRITORES", assim chamado por no respectivo friso ter quatro"MUSAS".  ( TÁLIA da Comédia; CLIO da História; POLIMNIA da Arte Mímica  e  MELPÓNENE da Tragédia), cada qual acompanhando um escritor). Nesse mesmo lugar teria existido no século VII  a. C. um templo de "VESTAIS", dedicado a "TÉTIS" (Deusa Grega do mar, mãe de  "AQUILES") onde, segundo a lenda, ULISSES foi buscar AQUILES, que lá se refugiara. Do nome de "AQUILES" teria possivelmente derivado "ACHELAS" e passando depois a "CHELAS", que no tempo de "DOM JOÃO I" se grafava também "CELHAS".
Os primórdios do "CONVENTO" remontam, pelo menos, ao ano de 665,  em que "RECESVINTO"(653-672) governava a Monarquia "VISIGÓTICA" e teria recebido as relíquias de S. FELIX (trazidas numa barca pelo "ESTEIRO" que então banhava o "VALE DE CHELAS"), martirizado em"GERONA"( 2 ) no ano de 30. 
No século IX, "AFONSO III DE LEÃO"o"MAGNO", tomou LISBOA aos MOUROS e terá entregue ao "CONVENTO" as relíquias dos Mártires "SANTO ADRIÃO" e de sua mulher "SANTA NATÁLIA", provenientes da"GALIZA".
«DOM AFONSO HENRIQUES» em 1147 iniciou a reconstrução do "CONVENTO", fê-lo sagrar de novo, tendo-o   doado aos "TEMPLÁRIOS".  "DOM SANCHO I em 1192 fez-lhe uma importante doação.  Do antigo edifício restaurado entre 1219 e 1226,  durante  a 1.ª Dinastia  ( de D. AFONSO I e D. SANCHO I), podemos ainda encontrar no MUSEU DO CARMO, algumas cantarias do período VISIGODO.

Até  1219, o CONVENTO  teria sido "duplex", com uma comunidade masculina e outra feminina, à qual o bispo de LISBOA "D. SOEIRO VIEGAS"  o entregou naquele ano.

Em 1290 estava já o CONVENTO na posse da "ORDEM DE SANTO AGOSTINHO", chegando a dispor de notável autonomia e influência.
No início do século XVI, "DOM MANUEL I"fez obras no CONVENTO e na IGREJA, que lhe dotou com um notável pórtico.
Em 1604 vamos encontrar alterações  e intervenções feitas pelo ARCEBISPO "D. MIGUEL DE NORONHA", embora ainda subsistem na IGREJA, vestígios das obras do reinado do rei "venturoso", entre as quais o notável "PORTAL DA IGREJA" trilobado e com três "COGULHOS"( 3 ) que se projectam sobre o forro de azulejos, contemporâneos das obras do século XVI.

- ( 1 ) - EPIGRAFIA - Ciência que estuda as inscrições antigas, em pedra, metal, argila, cera, madeira etc.,  incluindo a sua decifração, datação e interpretação.
- (  2  ) - GERONA - Cidade CATALÃ na altura sob o domínio BIZANTINO.
( 3 ) - COGULHO- o m. q. COGOILO ou CROCHETE. Espécie de "PAQUIFE" (HERÁLDICA) (que representa folhagem que sai do elmo e serve de ornato ao escudo), com que adornam "Cornijas".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«ESTRADA DE CHELAS[VI ]O CONVENTO DE CHELAS ( 2 )».

ESTRADA DE CHELAS [ VI ]

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«O CONVENTO DE CHELAS ( 2 )»
 Estrada de Chelas - (1864) - (desenho) -  (O "CONVENTO DE CHELAS" ilustração publicada no "ARCHIVO PITORESCO")   in   BIC LARANJA
 Estrada de Chelas  - (1966-08) Foto de João Hermes Cordeiro Goulart-  (A ESTRADA DE CHELAS junto do início da "AVENIDA AFONSO III" (antiga Estrada da Circunvalação de Lisboa)  in   AML
 Estrada de Chelas - (1994) - Foto de António Sachetti -   Pormenor do portal "Manuelino" de acesso à Igreja do CONVENTO DE CHELAS)  in  LISBOA, UM PASSEIO A ORIENTE
 Estrada de Chelas -  (1998) - Foto de António Sachetti  -   (Galilé seiscentista de acesso à IGREJA DO CONVENTO DE CHELAS)  in  CAMINHO DO ORIENTE I 
 Estrada de Chelas  - (1998) - Foto de António Sachetti  -  (A Pia de Água Benta Manuelina, na entrada da IGREJA do CONVENTO DE CHELAS )  in   CAMINHO DO ORIENTE 
 Estrada de Chelas  -  (2017) -   (Uma vista do CLAUSTRO do CONVENTO DE CHELAS)  in CLUBE BELAVISTA AVENTURA 
Estrada de Chelas  -  (2017) - Foto de João Lopes  -  (Um aspecto da parte central do CLAUSTRO do CONVENTO DE CHELAS)  in   CLUBE BELAVISTA AVENTURA

(CONTINUAÇÃO) - ESTRADA DE CHELAS  [ VI ]

«O CONVENTO DE CHELAS ( 2 )»

O "CONVENTO DE CHELAS" que em 1756-1757, após o Terramoto, que o deixou bastante mal tratado, a IGREJA foi praticamente feita de novo, aproveitando-se pouco mais do que a fachada, sendo depois enriquecida com valiosas obras de talha.
Muito frequentada por peregrinos alemães, Flamengos e Ingleses, a IGREJA esteve sujeita a vários roubos e, por isso, o ARCEBISPO DOM MIGUEL DE CASTRO, também responsável por obras ali  realizadas, fez colocar as relíquias  em áreas doadas por ISABEL SCOTA  junto da CAPELA DO NASCIMENTO, sobre um portal por onde as mães faziam passar os filhos doentes, invocando a protecção dos mártires e indo depois levá-los na água de um poço, junto do antigo cais do esteiro.

Actualmente, a IGREJA, para além do PÓRTICO MANUELINO e dos azulejos policromos do ADRO, pouco tem de interesse devido a um incêndio que lhe destruiu a decoração. Da descrição feita nos MONUMENTOS SACROS DE LISBOA em 1837, pouco ou nada restava.

O edifício conventual está completamente adulterado com a sua adaptação a FÁBRICA DE PÓLVORA desde 1898, a servir de ARQUIVO GERAL DO EXÉRCITO, mantém o CLAUSTRO com uma fonte e "bancos de espaldar inclinados" e "alegretes com azulejos " azuis e branco, além da escadaria também guarnecida de azulejos.

O CONVENTO DE CHELAS possivelmente envolto nas brumas das lendas, é um dos lugares mais míticos de LISBOA.
O ponto de atenção do VALEé ainda o seu "velho"  "CONVENTO",trata-se da mais antiga casa monástica de LISBOA , cujas origens remontam ao período VISIGÓTICO e ligada  à lenda de SÃO FÉLIX, orago do CONVENTO. No local se ergueria possivelmente uma VILA ROMANA  - de que existem achados arqueológicos significativos -, depois adaptada a recolhimento monástico à maneira da antiga península. O CLAUSTRO é de 1604 com bastante elegância no equilíbrio das colunatas dos seus dois andares. 
Com uma história acidentada após o fecho dos CONVENTOS em 1834.  


(CONTINUA)-(PRÓXIMA)«ESTRADA DE CHELAS [VII]O CONVENTO DE CHELAS( 3 )».

ESTRADA DE CHELAS [ VII ]

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«O CONVENTO DE CHELAS ( 3 )»
 Estrada de Chelas - (1780) -(Quadro pertencente à Fundação das Casas de Fronteira e Alorna)  -  (D. LEONOR DE ALMEIDA "ALCIPE", Condessa d'OEYNHAUSEN e 4.ª MARQUESA DE ALORNA, com 31 anos.  Esteve em cativeiro no CONVENTO DE CHELAS desde os 8 anos de idade, estando 19 anos em clausura)  in  MARQUESA DE ALORNA
 Estrada de Chelas - (Possivelmente do Terceiro Quartel do Século XVIII)- (Foto de Pierre Guibert) (Quadro pertencente à Fundação das Casas de Fronteira e Alorna)  -  (D. JOÃO DE ALMEIDA PORTUGAL" 2.º MARQUÊS DE ALORNA, pai de D. LEONOR, 4.ª MARQUESA DE ALORNA) in   MARQUESA DE ALORNA
 Estrada de Chelas - (1998)  - Foto de António Sachetti   -  (Uma parte do Claustro do "CONVENTO DE CHELAS")   in   CAMINHO DO ORIENTE I
 Estrada de Chelas  -  (1998)  Foto de António Sachetti  -  (O Tanque central do CLAUSTRO  do "CONVENTO DE CHELAS")   in  CAMINHO DO ORIENTE I
 Estrada de Chelas  - ( 1968) Foto de João Hermes Cordeiro Goulart  -  (Um troço da ESTRADA DE CHELAS depois da passar o último "VIADUTO FERROVIÁRIO" no sentido Norte e edifícios no lado esquerdo)  in    AML 
Estrada de Chelas -  (2017) - (Panorâmica mais aproximada do antigo "CONVENTO DE CHELAS" hoje ARQUIVO GERAL DO EXÉRCITO) (Pelas artérias que se aproximam no VALE DE CHELAS, esperamos que daqui a uns anos as ligações se façam com mais facilidade)  in GOOGLE EARTH


(CONTINUAÇÃO) - ESTRADA DE CHELAS [ VII ]

«O CONVENTO DE CHELAS ( 3 )»

Foi no "MOSTEIRO DE CHELAS", das Religiosas de "SANTO AGOSTINHO" e de invocação dos Mártires "S. FÉLIX E SANTO ADRIÃO" de (1192),  ( 1 ), que neste edifício conventual deu entrada em 16 de Dezembro de 1758 com 8 anos de idade, «LEONOR DE ALMEIDA» futura "MARQUESA DE ALORNA" (ALCIPE) (1750-1839)",Ver mais aqui...)  sua mãe a 2.ª MARQUESA DE ALORNA "D. LEONOR DE LORENA E TÁVORA" (1729-1790), a irmã "MARIA ALMEIDA" com 7 anos, à ordem do "MARQUÊS DEPOMBAL" (1699-1782), pela suposta cumplicidade  da família envolvida no atentado a "D. JOSÉ I" em (3 de Setembro de 1758), onde se mantiveram até 26 de Agosto de 1777, num período de 19 anos de cativeiro. Seu pai o 2.º MARQUÊS DE ALORNA DOM JOÃO DE ALMEIDA PORTUGAL (1726-1802), esteve encerrado inicialmente na TORRE DE BELÉM, tendo passado depois para o "FORTE DA JUNQUEIRA (Ver mais aqui...) onde passou momentos difíceis.
"DONA LEONOR DE ALMEIDA" no decurso, desses 19 anos de cativeiro em CHELAS, vigiada pelo ARCEBISPO DE LACEDEMÓNIA, não foi tal, que não permitisse às duas irmãs adquirirem uma cultura pouco vulgar para a época. Não se julgue, porém, que a alma inquieta de "ALCIPE" se contentasse de tal estreiteza de horizontes. As cartas ao pai, culto e inteligente, que nas masmorras húmidas da JUNQUEIRA, lhe escreve em vinagre e raspadura de tinta da cadeia, à luz de uma candeia, mesmo em pleno dia, impressionam a audácia crítica e inquieta ideológica. O tempo passava tão lento no CONVENTO DE CHELAS.
A 15 de Outubro de 1766 estava "LEONOR DE ALMEIDA" prestes a completar 16 anos, oito passados em clausura.  Em 1770 "LEONOR"continuava em CHELAS embora já ,ais instruída pela história assídua de grandes obras, com destaque para a poesia.
Em 1776 ainda no "CONVENTO", "ALCIPE"é a mais distinta e prestigiada poetiza do "REINO DE PORTUGAL", terá dito o"CONDE DE LIPPE".

A noite estava gelada, naquele inverno de 26 de Fevereiro de 1777, seria a última noite passada no "CONVENTO". Cá fora, ao romper do dia,  amontoavam-se  uma multidão em alvoroço. Parentes "TÁVORAS", primos"ATOUGUIAS", "TIRSE"o CONDE DE ARCOS, FILINTO ELÍSIO, FRANCISCO JOSÉ DE CASTRO  e o irmão PEDRO, fardado de oficial, ansioso por poder voltar a ter a família toda reunida na "BOA MORTE".  "ALCIPE" tinha acabado de escrever aquela que foi a sua última voz em "CHELAS"."MEU ARMÍNIO. / EM MIM NÃO CUIDO, E ENTRETANTO / SEM CUIDAR ACHO-ME PRESA: / TRIUNFA DE AMOR QUEM FOGE, /  CEDE A AMOR QUEM O DESPREZA. / QUERO FALAR-LHE, NÃO POSSO / SERÁ ISTO ACASO AMOR?"

Depois de sair do "CONVENTO DE CHELAS""DONA LEONOR DE ALMEIDA (ALCIPE) casa-se em 1779 com o "CONDE ALEMÃO DE OYENHAUSEN. (Ver mais aqui...).

- ( 1 ) - A Antiga Freguesia dos Olivais - capitulo VI, pág. 49.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«ESTRADA DE CHELAS[ VIII ] A FÁBRICA DE PÓLVORA DE CHELAS ( 1 )»

ESTRADA DE CHELAS [ VIII ]

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«A FÁBRICA DE PÓLVORA DE CHELAS ( 1 )»
 Estrada de Chelas -  ( 2017) -  As instalações do antigo "CONVENTO DE CHELAS", hoje pertença do Ministério do Exército onde instalou o seu "ARQUIVO GERAL DO EXERCITO")  in  GOOGLE EARTH
 Estrada de Chelas - (1987)- Foto de António Sacchetti  -  (Planta Aerofotogramétrica  da "FÁBRICA NACIONAL DE ARMAS LIGEIRAS" e "FABRICA NACIONAL DE MUNIÇÕES E ARMAS LIGEIRAS" no final da "ESTRADA DE CHELAS")  in  CAMINHO DO ORIENTE GUIA DO PATRIMÓNIO INDUSTRIAL
 Estrada de Chelas - (1911)  - ( O químico e inventor da pólvora sem fumo "ANTÓNIO XAVIER CORREIA BARRETO, que dirigiu a própria unidade fabril.(Publicado in Problemas e Manipulações Chímicas em 1911)   in RESTOS DE COLECÇÃO
 Estrada de Chelas - ( 1911)  - (Oficina de carregamento de cartuchos de infantaria. ( Publicado in Problemas e Manipulações Chímicas)   in   RESTOS DE COLECÇÃO
Estrada de Chelas - (1906)  -  (A planta da "FÁBRICA DE PÓLVORA SEM FUMO".  in "A FÁBRICA DE POLVORA EM CHELAS", revista de Artilharia, Ano II, Nº. 21-1906)  in RESTOS DE COLECÇÃO

(CONTINUAÇÃO) - ESTRADA DE CHELAS [ VIII ]

«A FÁBRICA DE PÓLVORA DE CHELAS ( 1 )»

A «FÁBRICA DE PÓLVORA DE CHELAS» funcionou no antigo "CONVENTO DAS FREIRAS DE CHELAS" desde 1898 até aproximadamente a 1983.

Esta fábrica de pólvora sem fumo, instalada em finais do século XIX, na cerca e em algumas dependências do antigo "MOSTEIRO DE CHELAS", mais conhecido pelo "CONVENTO DE CHELAS".
Estas localizações de fábricas de explosivos na envolvência de casarios ou estruturas religiosas não era comum, pois geralmente eram escolhidos lugares ermos, devido a exigência de segurança.
O abastecimento do exército português era feito desde o tempo de D. MANUEL I, na grande fábrica de BARCARENA (OEIRAS). Com a formação de uma outra unidade industrial, por parte do ESTADO, para o fabrico de pólvora, prende-se com a necessidade de uma inovação técnica.
A "FÁBRICA DE PÓLVORA DE CHELAS"é duplamente significativa para PORTUGAL.  Por um lado, iria produzir uma pólvora química inovadora e por outro lado, esse avanço técnico, ficar-se-á a dever ao fundador da própria unidade fabril, o general "ANTÓNIO XAVIER CORREIA BARRETO ( 1853 - 1939). Assim, só em finais de oitocentos se irá deixar de fabricar a pólvora preta em armas portáteis de fogo, passando a chamar-se a partir dessa altura pólvora "BRANCA".
Os químicos "SCHONBEIN"e"BOTIGER" em 1846, descobrem o "ALGODÃO-PÓLVORA". No entanto esta pólvora não servia para os exércitos, pois quando se procedia o disparo a posição do atirador era denunciada. Várias explosões desastrosas e acidentes, demonstraram que o "ALGODÃO-PÓLVORA" não era indicado para armas de fogo. 
Outro engenheiro químico "PAUL VIEILE" terá dado mais um contributo para um explosivo de características progressivas. Embora o cientista "SUECO" que maior impulso deu à resolução do problema foi "ALFRED NOBEL (1833-1896). Este químico provou a possibilidade de gelatinizar o "ALGODÃO-COLÓDIO" pela nitroglicerina. Com esta descoberta, abria-se um novo caminho para a pólvora nitrocelulósica e nitroglicerina.
Em 1889, o então coronel "CORREIA BARRETO" foi incumbido, pelo director de Artilharia de estudar o fabrico de uma pólvora sem fumo, para as armas portáteis e bocas-de-fogo. Este objectivo prendia-se com a autonomização do nosso país face a "NOBEL" e a uma economia de meios que favorecessem o exército português, numa época de corrida aos armamentos. "CORREIA BARRETO" veio a obter uma pólvora de primeira qualidade igual ou superior às congéneres alemãs e inglesas. As suas investigações permitiam-lhe descobrir, quase ao mesmo tempo de "NOBEL", um novo tipo de pólvora química.
O grande avanço tecnológico prendia-se com a diminuição do explosivo na constituição da pólvora.
Em 1898, abria a fábrica de pólvora sem fumo, sob a direcção de "CORREIA BARRETO", estando em laboração até cerca dos anos 80 do século XX.  No início, o espaço ocupado pelas instalações fabris era muito limitado, não ultrapassava um hectare. Como é usual, em todas as fábricas de pólvora, as diferentes oficinas foram construídas separadamente devido a exigência de segurança. As instalações que apresentavam maior perigo, devido à manipulação de substâncias explosivas, tinham parte das suas paredes cota negativa no subsolo.

(CONTINUAÇÃO)-(PRÓXIMO)«ESTRADA DE CHELAS[ IX ]A FÁBRICA DE PÓLVORA DE CHELAS ( 2)» 

ESTRADA DE CHELAS [ IX ]

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«A FÁBRICA DE PÓLVORA DE CHELAS ( 2 )»
 Estrada de Chelas - (1997)  - Foto de António Sacchetti  -  (Aspecto da fábrica com o telhado em "SHED", na década de Noventa do século passado)  in  RESTOS DE COLECÇÃO
 Estrada de Chelas -  (1960) - Foto de Armando Maia Serôdio - Negativo de Gelatina e prata em acetato de celulose) -  (Fábrica de Pólvora de Chelas, painel de azulejos no interior do antigo CONVENTO DE CHELAS)   in   AML 
 Estrada de Chelas -  (1922)- (Oficina de Cartuxame - In Exposição Internacional do Rio de Janeiro, Secção Portuguesa, Livro d´Ouro e Catálogo Oficial)   in   RESTOS DE COLECÇÃO
 Estrada de Chelas - (Século XXI) Foto de autor não identificado -  ("ARQUIVO GERAL DO EXÉRCITO" instalado no velho "CONVENTO DE CHELAS")   in  EXÉRCITO
Estrada de Chelas -  ( 1922 ) -  (O grande motor "KRUPP" que fazia parte da Central geradora da Fábrica)   in  RESTOS DE COLECÇÃO

(CONTINUAÇÃO) - ESTRADA DE CHELAS [ IX ]

«A FÁBRICA DE PÓLVORA DE CHELAS ( 2 ) »

Os edifícios construídos prendiam-se com funções ligadas à secretaria, aos depósitos e laboratórios, ao motor e à fabricação da pólvora propriamente dita. Assim as oficinas instituídas inicialmente para a produção da nitroglicerina, da pólvora e da junção destas duas substancias, organizaram-se em: Oficinas do primeiro grupo, onde se preparava o algodão, nitrava-se, desfiava-se, lavava-se, enxugava-se  e desidratava-se.  Eram construídas em alvenaria, formando cinco casas contíguas. Existindo mais cinco oficinas para preparação da pólvora sem fumo.
A produção desta fábrica abastecia munições para as armas portáteis do exército português como, por exemplo, as espingardas 8 mm K ou as carabinas de  6,5 mm. Após 1904, com o desenvolvimento do armamento, houve a necessidade de alargar gradualmente as instalações e de a equipar com novas maquinaria, de modo a responder ao volume das encomendas. Mas, foi durante a "I GUERRA MUNDIAL" que a fábrica se firmou no municiamento de pólvora de artilharia e cartuchos de espingarda, metralhadora e pistola, para o exército português.
Em 1911, a fábrica de CHELAS  tinha uma capacidade de produção de 30 toneladas em nitroglicerina e 40 de nitrocelulose. Em relação aos cartuchos, atingia-se o número de 60 mil por dia. Do conjunto das diversas infra-estruturas, subsiste um magnifico edifício de telhado em "SHED" e de colunas em ferro, inserido no que resta de verdejantes "VALE DE CHELAS", lembrando tempos idos, numa simbiose entre a oficina e a natureza, a hera começa a cobrir o edifício. 
A casa da máquina é feita de alvenaria, sendo o seu interior revestido a estuque e com lambris de azulejo. A cobertura é em madeira, sustentada por vigas de ferro.
A máquina"KRUPP", da central termoeléctrica  de 1922, simboliza a importância que esta fábrica representou para a produção de pólvora, pois foi necessário recorrer a um motor muito potente para fornecer energia-eléctrica a todas as oficinas. Trata-se de um momento de viragem em termos energéticos, quando ainda a distribuição de electricidade não alcançara todo o território da cidade de LISBOA. Acompanhava-se assim a evolução que LISBOA vinha sentindo com a inauguração da "CENTRAL TEJO em (BELÉM), desde 1911.
Entre os finais da década de vinte e a de cinquenta, a FÁBRICA DE CHELAS continuou as duas linhas essenciais de fabrico, acentuando-se a produção de munições para infantaria. Neste ponto de vista, era "uma unidade tecnicamente completa"(FILIPE THEMUDO BARATA)( 1 ) - (Curiosamente encontrei (na vida militar) um "MAJOR" com o nome de "THEMUDO BARATA" -muito dedicado ao desporto - isto em 1957/1958, no REGIMENTO DE ARTILHARIA FIXA- RAAF, em QUELUZ).
A "FÁBRICA DE PÓLVORA DE CHELAS" passou a chamar-se "FÁBRICA NACIONAL DEMUNIÇÕES DE ARMAS LIGEIRAS"-FNMAL. Teve grande desenvolvimento durante a II GUERRA MUNDIAL, em colaboração com a "FÁBRICA DE MATERIAL DE GUERRA DE BRAÇO DE PRATA". Foi durante o decorrer dos anos 50, que as instalações das munições das armas ligeiras se transferiram para MOSCAVIDE. Todavia o sector químico manteve-se no mesmo espaço até final da sua laboração, apesar do crescimento urbano de CHELAS
Actualmente, o velho "CONVENTO DE CHELAS" mantém-se ainda sob a tutela do "MINISTÉRIO DO EXÉRCITO", que neste instalou o seu "ARQUIVO GERAL DO EXÉRCITO".[ FINAL ]

- ( 1 ) - BARATA, Filipe Themudo, "Industria Militar Nacional Como e Para Quê?"In Nação e Defesa, pp. 110-116.

BIBLIOGRAFIA

- CAEIRO, Baltazar Matos - OS CONVENTOS DE LISBOA - Ed. DISTRI. 1989 - LISBOA.
- CAMINHO DO ORIENTE-GUIA HISTÓRICO - I e II de José Sarmento de Matos -Jorge Ferreira Paulo-Ed. Livros Horizonte - 1999 - LISBOA.
- CAMINHO DO ORIENTE - GUIA DO PATRIMÓNIO INDUSTRIAL - de Deolinda Folgado - Jorge Custódio - Ed. Livros Horizonte - 1999 - LISBOA.
- CARVALHO, Maria João Lopo de - MARQUESA DE ALORNA - Ed. Oficina do Livro - 2011 - LISBOA.
- DELGADO, Ralph - A Antiga Freguesia dos OLIVAIS - C.M.L. - 1969 - LISBOA.
- DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO - KOOGAN LAROUSSE SELEÇÕES - Ed. Selecções -1981 - LISBOA.
- MÁRIO, Furtado - Do Antigo Sítio de Xabregas - Colecção Memórias de Lisboa - 1997 - LISBOA.
- HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA - A. J. SARAIVA - ÓSCAR LOPES - Ed. 17.ª - PORTO EDITORA - 1996 - PORTO.
- LISBOA, um passeio a Oriente - José Sarmento de Matos - Ed. Parque Expo´98. SA. e Metropolitano de Lisboa- 1993 - LISBOA.
- NOBREZA DE PORTUGAL E DO BRASIL - Direcção A.E.Martins Zuquete - Editorial Enciclopédia - 1960 - LISBOA .

INTERNET 

- TOPONÍMIA DE LISBOA 

(PRÓXIMO)«RUA ÂNGELA PINTO [ I ] A RUA ÂNGELA PINTO E SEU ENQUADRAMENTO»

RUA ÂNGELA PINTO [ I ]

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«A RUA ÂNGELA PINTO E SEU ENQUADRAMENTO»
 Rua Ângela Pinto - (2017) -  (A Rua Ângela Pinto circundando quase na totalidade o "Mercado de ARROIOS")   in  GOOGLE EARTH
 Rua Ângela Pinto  - (2017)  -  (A "RUA ÂNGELA PINTO" no sentido poente, no lado direito o "MARCADO DE ARROIOS")  in  GOOGLE EARTH 
 Rua Ângela Pinto  -  (2017) -  A "RUA ÂNGELA PINTO" na freguesia de "ARROIOS")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Ângela Pinto -  (1898) -  (No "PRÍNCIPE REAL DO PORTO", encabeçou o elenco de "ALI... À PRETA", em que a sua imitação de uma cançonetista francesa, levantou a plateia numa estrondosa ovação)  in  HISTÓRIA DO TEATRO DE REVISTA EM PORTUGAL 1
 Rua Ângela Pinto - ( 1904 )  -  (A Actriz "ÂNGELA PINTO" presenteou a sua foto autografada a um seu admirador)   in   FOTOLOG 
Rua Ângela Pinto  -  (1910)  -  (Um dos retratos de "ÂNGELA PINTO" actriz que se estreou como profissional no TEATRO da RUA DOS CONDES, na Opereta "LOBOS MARINHOS")   in   FABULÁSTICAS


- "RUA ÂNGELA PINTO"  [  I  ]

«A RUA ÂNGELA PINTO E SEU ENQUADRAMENTO»

A "RUA ÂNGELA PINTO" pertencia inicialmente à freguesia de "SÃO JORGE DE ARROIOS", hoje com a REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012, integrando ainda as freguesias dos "ANJOS"e"PENA", passaram a pertencer à freguesia de «ARROIOS».
Por EDITAL de 12.03.1932 da "COMISSÃO ADMINISTRATIVA DA CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA, veio homenagear esta actriz na circular envolvente do "MERCADO DE ARROIOS" (ver mais aqui...) com a denominação de "RUA ÂNGELA PINTO".
A "RUA ÂNGELA PINTO" começa e acaba na "RUA CARLOS MARDEL"  do número 2 ao número 34.  São lhe convergentes as seguintes artérias: "RUA JOSÉ RICARDO", "RUA LUCINDA SIMÕES" e"RUA ROSA DAMASCENO".

"ÂNGELA PINTO", actriz portuguesa de grande talento, foi uma personagem extraordinária no nosso TEATRO, nasceu e faleceu na cidade de LISBOA  (15.10.1869 - 09.03.1925).
"ÂNGELA PINTO" estreou-se muito nova num "TEATRO AMBULANTE DE SETÚBAL".
Na peça em que figurou pela primeira vez o seu nome no cartaz, foi numa tradução da ZARZUELA «CHICA».  Poucos meses depois apareceria no "TEATRO CHALET"da"RUA DOS CONDES", com outra peça igualmente espanhola" LOBOS MARINHOS", onde conquistou as boas graças do público, nessa época bastante exigente. Foi com esta peça de "LOBOS MARINHOS"que"ÂNGELA PINTO" se profissionalizou decorria o ano de 1889.
Estreia-se no teatro declamado em 1900, no "D. AMÉLIA" (actual SÃO LUÍS). No entanto em finais de 1890 surgiu no palco do "TEATRO D. AFONSO"no PORTO, fazendo delirar o público com as suas actuações nas peças "PORTO"e"SIMÃO, SIMÕES & C.ª". De uma versatilidade impressionante, tornar-se-ia uma das figuras mais notáveis do TEATRO PORTUGUÊS. 
Distinguiu-se em quase todos os géneros teatrais: Opereta, Revista; "VAUDEVILLE", Comédia e Drama. Criou em Portugal algumas das principais heroínas de ; BERNSTEIN, BATAILLE, DAUDET, CAPUS, ROBERTO DE FLERS e outros.

"ÂNGELA PINTO" não teve mestre no começo da sua carreira, no entanto o que fazia ou interpretava era fruto da sua observação fina e acurada de que a mãe natureza a dotara, auxiliada por uma cultura mais vasta, que a maioria das suas colegas, e facilidade de interpretar os sentimentos, as paixões, dos personagens por ela escolhidos.
Foi mercê desses predicados, que mais tarde, na COMPANHIA de ROSAS & BRAZÃO, tendo então a auxiliá-la os conselhos do grande mestre "AUGUSTO ROSAS", que "ÂNGELA PINTO" criou o protagonista da «SEVERA», por forma a tornar-se inesquecível, mormente na descrição da "TOURADA", nas cenas amorosas com o "MARIALVA", no dialogo do "lenço" com a "MARQUESA", no modo porque cantou o fado, afogado em lágrimas e nas grandes cenas da «morte».

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ÂNGELA PINTO [ II ] -A ACTRIZ ÂNGELA PINTO».

RUA ÂNGELA PINTO [ II ]

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«A ACTRIZ ÂNGELA PINTO»
 Rua Ângela Pinto  -  (1911) -  (A actriz "ÂNGELA PINTO" representando no Teatro REPÚBLICA - hoje Teatro S. Luís -  a revista "NUM RUFO", cujo tema abordava a LEI do divórcio, uma das primeiras leis da República. "Estreou no Carnaval, tendo agradado tanto, que ainda no NATAL estava em cena", como nos refere SOUSA PINTO no número de Fevereiro de 1912 de "A MÁSCARA")  in  HISTÓRIA DO TEATRO DE REVISTA EM PORTUGAL 2
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 Rua Ângela Pinto  - ( 2017 )  -  (Panorâmica do BAIRRO DOS ACTORES,  e Rua Ângela Pinto no sentido para Sul, ao fundo a Rua José Ricardo in   GOOGLE EARTH 

 Rua Ângela Pinto - ( 1910) Foto de Vasques  -  "Ângela Pinto, no papel de "Isabel Conti" da Santa Inquisição, Capa da Revista "Ilustração Portuguesa 2.ª série, nº. 215 de 4 de Abril de 1910)  in  HEMEROTECA DIGITAL - CML
 Rua Ângela Pinto  - (1913)  - "Cliche" de Cardoso & Correia  -  ( A actriz Ângela Pinto num travesti notável em "HAMLET")   In  CURIOSIDADES DA IMPRENSA
Rua Ângela Pinto  -  (1934)  -  (A actriz Ângela Pinto publicada na revista CINE a 31 de Maio de 1934)  in  CURIOSIDADES DA IMPRENSA


(CONTINUAÇÃO) - RUA ÂNGELA PINTO  [ II ]

«A ACTRIZ ÂNGELA PINTO»

Ninguém como "ÂNGELA PINTO" (na época) conseguia inebriar as plateias, sabendo encarnar magistralmente as mais variadas personagens. Foi interprete de CINEMA no «PRIMO BASÍLIO» (uma obra de EÇA DE QUEIROZ) realizado por GEORGE PALLU no ano de 1923. Terá ainda realizado um quadro de "TRAVESTI"em"HAMLET" de SHAKESPEAR, em 1910, no extinto "TEATRO APOLO" (anteriormente "TEATRO PRÍNCIPE REAL" de 1865), na RUA DA PALMA (ver mais aqui...).
Entre os anos de (1869 e 1915 quem ouviu cantar "ÂNGELA PINTO", nesse ano de 1897, os versos da Revista "TELHA"- «Quem há que possa dizer /  que TELHA não têm?  /  Com a vista estou a percorrer,  / e não vejo ninguém!»,  mesmo que a tivesse aplaudido na "MANUELA"do"SOLAR DAS BARRIGAS" ou noutras operetas em que as fulgurações do seu génio dramático se deixaram adivinhar, talvez não fosse capaz de pressentir que esse génio impetuoso, desconcertante até havia de se elevar à culminância da arte num repertório de exigências bem maior, em que ela foi sucessivamente  exuberante de vivacidade e pandega alegre na "LAGARTIXA" de FEYDEAU, apaixonada e romântica na "ZÁZÁ"de P. BERTON e C. SIMON,  felinamente  ciosa na "DOLORES"de FELIU Y CODINA, sangrando amor canalha e plebeu na "SEVERA"de JÚLIO DANTAS, altiva e senhoril na "AVENTURA"de AUGIER, heróica e combativa no "LADRÃO" de BERNSTEIN.
Acrescentar-se ainda, pelo menos, as suas criações da sofredora "MARIANA"do"AMOR DE PERDIÇÃO"de CAMILO CASTELO BRANCO (1904) e do"HAMLET"em "TRAVESTI"(1910). No entanto intercaladamente, nunca deixou de prestar o contributo da sua fantasia..."gaiata, extravagante e frenética" ao TEATRO de REVISTA: em 1899, no PRÍNCIPE REAL DO PORTO, encabeçou o elenco de "ALI... à PRETA", revista do ano de 1897 de GUEDES DE OLIVEIRA e música de CIRÍCO CARDOSO (1846-1900), em que a sua imitação de uma cançonetista francesa em voga, levantou a plateia numa estrondosa ovação; em 1911 com CHABI PINHEIRO e ADELINA ABRANCHES, foi uma das interpretes de "NUM RUFO" revista de MACHADO CORREIA e do escritor brasileiro BATISTA COELHO (João Foca), escrita para ser apresentada no CARNAVAL de 1911, no TEATRO REPÚBLICA (ex- DONA AMÉLIA) actual"S. LUÍS"; e em 1915 personificou, de monóculo, o o elegante "compère" de CORAÇÃO À LARGA. E em tão múltiplas e diferentes criações, ela foi  como escreveu; "ANTÓNIO FERRO" no seu IN MEMORIAM: "uma actriz moderna, avançada, livre, sem ninguém dar por isso, e acima de tudo a actriz sincera, sem preconceitos, a actriz que adivinhou a morte das convenções, que pôs dentro da sua vida, numa grande ânsia de transmitir a verdade a todos os seus papeis, situações de comédia e de drama"( 1 ).

Representava em 1923 "AS FLORES", uma comédia dos irmãos QUINTERO,  no TEATRO POLITEAMA de LISBOA, ao lado de AMÉLIA REI COLAÇO, quando foi vítima de uma síncope, que a inutilizou para o seu trabalho.

- ( 1 )- IN MEMORIAM ÂNGELA, LISBOA, 1925, p.,47.

BIBLIOGRAFIA

- ACCIAIUOLI, Margarida - OS CINEMAS DE LISBOA-Bizâncio_2ª. ED.-2013-LISBOA.
- LELLO UNIVERSAL - Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro-1º Vol.- Lello & Irmão-1976-Porto.
- NOVA ENCICLOPÉDIA LAROUSSE - Dir. Leonel Oliveira- Nº. 18 Vol. Circ. Leitores. 1994-LISBOA.
- PORTUGAL SÉCULO XX - Portugueses Célebres-Cood. Leonel Oliveira-2003-RIO DE MOURO.
- REBELO, Luiz Francisco - Hist. do TEATRO de REVISTA em Portugal- I e II vol.-Pub. D. Quixote- 1º. Ed. - 1984 - LISBOA.


(PRÓXIMO)«LARGO DA ROSA[ I ]-A IGREJA DE SÃO LOURENÇO ( 1 )»

LARGO DA ROSA [ I ]

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«A IGREJA DE SÃO LOURENÇO ( 1 )
 Largo da Rosa  -  2018  - (Desenho adaptado ao Mapa I da Cerca Fernandina de Lisboa de A. Vieira da Silva - 1987) LEGENDA1) LARGO DA ROSA- 2)MOSTEIRO DE NOSSA SENHORA DA ROSA3)IGREJA DE SÃO LOURENÇO4) PALÁCIO DA ROSA - (QUE EM VÁRIAS ÉPOCAS, PERTENCERAM AOS VISCONDES DE VILA NOVA DE CERVEIRA; MARQUESES DE PONTE DE LIMA E MARQUESES DE CASTELO MELHOR)  - 5) A CASA QUE FOI MORADA DE AFONSO LOPES VIEIRA - (COM INDICAÇÃO DE: "FOREIRO DO CONVENTO DE SANTA JOANA")  6) JARDINSin  ARQUIVO/APS
 Largo da Rosa  -  (2009)  -  (Panorâmica de uma parte da Freguesia de "SANTA MARIA MAIOR" onde se insere o "LARGO DA ROSA"  in  GOOGLE EARTH
 Largo da Rosa - (  19.03.2014 )- Foto do Jornal de Notícias  -  (IGREJA DE SÃO LOURENÇO junto do PALÁCIO ROSA)   in   HISTÓRIA DE PORTUGAL
 Largo da Rosa  - (195_) - Foto de Eduardo Portugal- (Porta lateral da IGREJA DE SÃO LOURENÇO, tendo a sua fachada lateral alinhada com o "PALÁCIO DA ROSA")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)   in    AML 
 Largo da Rosa -  (1968 ) Foto de Armando Maia Serôdio  -  (Imagem de NOSSA SENHORA DO PARTO na IGREJA DE SÃO LOURENÇO, junto do PALÁCIO ROSA)   in   AML 
Largo da Rosa  -  (1970 ) Foto de João Hermes Cordeiro Goulart  -  (Fachada lateral da "IGREJA DE SÃO LOURENÇO")   in    AML  


INÍCIO - LARGO DA ROSA [ I ]

«A IGREJA DE SÃO LOURENÇO ( 1 )»

O "LARGO DA ROSA" pertencia as antigas Freguesias do SOCORRO, S. CRISTÓVÃO e SÃO LOURENÇO, hoje  pela REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012, passou a fazer parte da freguesia de "SANTA MARIA MAIOR".
São convergentes a este "LARGO" a "RUA DO MARQUÊS DE PONTE DE LIMA", "RUA DAS FARINHAS"   as"ESCADINHAS DA COSTA DO CASTELO" e ainda ligação por escadas para a "CALÇADA DE SÃO LOURENÇO".
A esta "MOURARIA"«aristocrática» em que as casas de habitação de gente comum dão lugar a palácios e templos - merece óbvio destaque o "LARGO DA ROSA" e suas imediações.  Ali se erguem, numa superfície relativamente pequena, a "IGREJA", outrora paroquial de "SÃO LOURENÇO"o"PALÁCIO DA ROSA", os edifícios que faziam parte do antigo "MOSTEIRO DE NOSSA SENHORA DA ROSA" (hoje desaparecido) e um singelo monumento em honra de um dos habitantes ilustres do local, o poeta "AFONSO LOPES VIEIRA".

A primitiva IGREJA foi fundada no século XIII por iniciativa de "PEDRO NOGUEIRA", médico do REI DOM DINIS, cuja Administração do "MORGADO" veio a pertencer aos VISCONDES DE VILA NOVA DA CERVEIRA, depois"MARQUESES DE PONTE DE LIMA"que por ligação matrimonial, os terrenos passaram a pertencer aos"CONDES E MARQUESES DE CASTELO MELHOR".
A reedificação da "IGREJA", aconteceu várias vezes.  O sismo que atingiu LISBOA em 1531 causou-lhe grandes estragos e,  a partir do século XVII procedeu-se à construção do "PALÁCIO DA ROSA", que se desenvolveu em articulação com a "IGREJA DE SÃO LOURENÇO". Com o TERRAMOTO DE 1755 voltou a sofrer grande destruição no edifício, que implicou novamente obras de reedificação. Em 1761 já se encontravam nove altares edificados e o estabelecimento de duas Irmandades. 
"IGREJA" de frontaria simples com uma torre sineira, a sua fachada lateral encontra-se no alimento do frontispício do "PALÁCIO DA ROSA", a que se encosta, nela se lendo, na lápide que está sobre a porta de acesso à sacristia: "MANDADA REEDIFICAR NO ANO DE 1904 PELO MARQUÊS DE CASTELO MELHOR VISCONDE DE VÁRZEA JUIZ PERPÉTUO DA IRMANDADE DO SANTÍSSIMO".
Esta "IGREJA" anterior a 1867 possuía um adro para o qual se subia por uma pequena escadaria, uma "TORRE" com duas caixas sineiras no ângulo sobre o LARGO e tinha como hoje, uma lápide antiga na fachada datada de 1587.
A mesma singeleza caracteriza interiormente o Templo, revestido de altos silhares de azulejos setecentistas, com painéis que representam passos da vida de "SÃO LOURENÇO", devendo a pintura do tecto datada de 1867.
Dois únicos túmulos, com inscrições nos degraus do ALTAR-MOR, sendo o esquerdo o de "ESTÊVÃO DE BRITO NOGUEIRA" cujo epitáfio alude na parte final. "LUÍS DE BRITO NOGUEIRA"  PAI DESTE "ESTÊVÃO DE BRITO", ESTÁ SEPULTADO NO MOSTEIRO DA ROSA DESTA CIDADE".
Na parede do mesmo lado, no corpo da "IGREJA", rasga-se a elegante tribuna que servia o "PALÁCIO DA ROSA". Na parede oposta guarda-se em nicho uma escultura de pedra de "NOSSA SENHORA DO PARTO", policromada, talvez do século XVI, conservando-se na sacristia uma excelente imagem de vulto, setecentista, estufada e policromada, de "NOSSA SENHORA DA PUREZA" (para ali transferida do "PALÁCIO FOZ" no início de novecentos).

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DA ROSA[ II ]-A IGREJA DE SÃO LOURENÇO ( 2 )»   

LARGO DA ROSA [ II ]

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«A IGREJA DE SÃO LOURENÇO" ( 2 )»
 Largo da Rosa  -  (2009)  -   (Frontaria da "IGREJA DE SÃO LOURENÇO" visto da "RUA DO MARQUÊS DE PONTE DE LIMA" )    in    GOOGLE EARTH
 Largo da Rosa  -  (1971)  -  (Fachada principal da "IGREJA DE SÃO LOURENÇO", o "PALÁCIO DA ROSA" na parte de trás.  O  "LARGO DA ROSA" na lateral e na frente, da IGREJA, podemos  ainda ver a escadaria que comunica com "CALÇADA DE SÃO LOURENÇO")   in   AML 
 Largo da Rosa  - (1971)   -  Fachada da "IGREJA DE SÃO LOURENÇO" no LARGO DA ROSA. (ABRE EM TAMANHO GRANDE)   in     AML 
 Largo da Rosa  -  (1971)   - (Lateral da "IGREJA DE SÃO LOURENÇO" o "PALÁCIO DA ROSA" no seguimento em direcção às "ESCADINHAS DA COSTA DO CASTELO")  in   AML 
 Largo da Rosa  -  (1968)  Foto de Armando Maia Serôdio   -  ("IGREJA DE SÃO LOURENÇO", caracterizada exteriormente e interiormente pela sua grande singeleza. O seu valor decorativo, reside nos silhares de azulejos, sendo o tecto do século XIX(1867).  in   AML 
Largo da Rosa - (1961)   -  (Um interior da "IGREJA DE SÃO LOURENÇO" dos MARQUESES DE PONTE LIMA ou CASTELO MELHOR - painel de azulejos e bancos corridos para os paroquianos)   in  AML 


(CONTINUAÇÃO)- LARGO DA ROSA [ II ]

«A IGREJA DE SÃO LOURENÇO ( 2 )»


Na dependência do piso superior, no lado Sul da "IGREJA", encontra-se um trecho arquitectónico singular: "«um tramo ou quadra de planta rectangular com abóbada de artesoada, ogival firmado nas paredes em quatro arranques de colunas angulares das quais, porém, só se viam os ábacos dos seus capitéis, ao nível do sobrado dividindo a quadra na sua altura primitiva» (JORGE SEGURADO, "DO NOBRE SÍTIO DE SÃO LOURENÇO - in ANTÓNIO MANUEL GONÇALVES e JORGE SEGURADO " O LARGO DA ROSA E DO NOBRE SÍTIO DE SÃO LOURENÇO" - LISBOA - A PORTO HISTÓRIA, pág. 45, 1984. «O tecto desta nova sacristia é pois (...) uma abóbada do século XIII, da primitiva IGREJA românica de SÃO LOURENÇO (...) o tramo ogival é um raio de Sol da saudade antiga de São Lourenço». Obras de recuperação arquitectónica perduram ao longo da década ora cumprida, com pesquisas aturadas e achados reveladores, a concretizar a Igreja renovada, reintegrada, do tempo que o saudoso Arquitecto JORGE SEGURADO a visitou.

No ano de 1834 a IGREJA recebeu uma imagem de SÃO LOURENÇO (para colocar no ALTAR-MOR) oriunda do já desaparecido "CONVENTO DE SÃO CAMILO DE LELLIS", ao "POÇO DO BORRATEM" (Ver mais aqui...) e a de "SÃO SEBASTIÃO". Os medalhões, no tecto da IGREJA representam "OS APÓSTOLOS". Sobre o arco da capela-mor ostenta o BRASÃO dos"PONTE DE LIMA".À esquerda a tribuna elegante que deita para o interior do "PALÁCIO DA ROSA", e na qual há, interiormente, um oratório.
Ao centro no ALTAR-MOR podemos ver a imagem de NOSSA SENHORA DA PUREZA, de grandes tradições na CASA CASTELO MELHOR, e que esteve até 1902 desaparecida da CAPELA DO PALÁCIO CASTELO MELHOR, aos RESTAURADORES, adquirida pelo MARQUÊS DA FOZ em 1889.
A CAPELA-MOR, a mais de meia altura, estão as quatro varandas, duas em cada lado que pertencem também ao PALÁCIO DA ROSA. Nesta altura a IGREJA está fechada ao culto e ao público, mas no seu interior encontram-se ainda silhares de azulejos do século XVIII com a representação da vida de "SÃO LOURENÇO".

Apenas a título de curiosidade, refira-se que, em escavações realizadas em 2001, na "IGREJA DE SÃO LOURENÇO", trouxeram ao conhecimento geral importantes vestígios de janelas góticas e capelas do século XIV, a par de sepulturas e outros materiais arqueológicos. (RIBEIRO, O PÚBLICO de 23 de Março de 2001)

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DA ROSA[ III ] O CONVENTO DE Nª. SENHORA DA ROSA ( 1 )».


LARGO DA ROSA [ III ]

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«O CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA ROSA ( 1 )»
 Largo da Rosa  - (2016) - Foto de Ricardo Filipe Pereira  -   (Fachada do Palácio da Rosa no LARGO DA ROSA, ao nosso lado direito começava a cerca do "MOSTEIRO DE NOSSA SENHORA DA ROSA" (já desaparecido), que deu nome a este LARGO)   in  WIKIPÉDIA
 Largo da Rosa  - (2009)   -   Edifício onde habitou "AFONSO LOPES VIEIRA" no LARGO DA ROSA, depois do desaparecimento do "MOSTEIRO DE NOSSA SENHORA DA ROSA")  in  GOOGLE EARTH
Largo da Rosa  -  ( 2009 )  -   (O "LARGO DA ROSA" e Palácio da Rosa ou Palácio dos Marqueses de Castelo Melhor. O "MOSTEIRO DE NOSSA SENHORA DA ROSA" terá dado eventualmente o nome a este Palácio e Largo)     in    GOOGLE EARTH


(CONTINUAÇÃO) - LARGO DA ROSA [ III ]

«O MOSTEIRO DE NOSSA SENHORA DA ROSA ( 1 )»


«O CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA ROSA» à direita de quem sobe as "ESCADINHAS DA COSTA DO CASTELO", e pouco mais ou menos onde hoje existe uma "VILA" de moradias particulares, existiu nesse espaço o "CONVENTO DA ROSA", que deu o lindo nome ao sítio.
Foi este fundado em 1519 por "LUÍS DE BRITO NOGUEIRA", senhor do MORGADO DE SÃO LOURENÇO em LISBOA e SANTO ESTÊVÃO em BEJA e descendente de um tal "AFONSO NOGUEIRA" que deu, em certa altura, o seu nome ao postigo que se abria na CERCA FERNANDINA, junto da TORRE que  existe na COSTA DO CASTELO.

"LUÍS DE BRITO" sendo viúvo do primeiro casamento, do qual tinham ficado filhos, casou, em segundas núpcias com "DONA JOANA DE ATAÍDE", filha de "JOÃO DE SOUSA". Comendador e Assistente no serviço do INFANTE DOM FERNANDO(1433-1470), pai do REI DOM MANUEL I (1469-1521).
Estiveram casados "LUÍS DE BRITO" e"DONA JOANA DE ATAÍDE" durante vários anos sem terem filhos. E, por não existir descendência sua "DONA JOANA DE ATAÍDE" resolveu oferecer a DEUS a fazenda de seu dote, e mandar construir um "MOSTEIRO DE RELIGIOSAS DE SÃO DOMINGOS"(DOMINICANAS) em honra de"NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO", a quem"DONA JOANA DE ATAÍDE" tinha particular devoção.
No entanto, não agradava a "LUÍS DE BRITO" a intenção de sua mulher, pois desejava que a herança fosse para a posse de seus filhos.  Por "LUÍS DE BRITO" não satisfazer as intenções de sua esposa, esta por sua vez, não se mostrava agradada. Também "LUÍS DEBRITO" não tinha muita simpatia pelo PATRIARCA, que -  "conforme reza a tradição"  -  lhe apareceu numa noite em sonhos, mostrando-se muito zangado com ele, por não ser piedoso com sua mulher. 
"LUÍS DE BRITO" era um bom cristão e, como tal tomou o sonho como um sinal vindo do CÉU, resolvendo logo a vontade de sua mulher. Ambos trataram das licenças necessárias, e assim se deu início à construção do novo MOSTEIRO no ano de 1519.
Para o MOSTEIRO foram as religiosas DOMINICANAS e, segundo documentos que ficaram, sabe-se que o edifício e respectiva IGREJA eram bons exemplares do "gótico", com um portal que se assemelhava ao dos JERÓNIMOS em BELÉM, ainda que de muito menor tamanho.
"LUÍS DE BRITO"e"DONA JOANA DE ATAÍDE" dotaram o MOSTEIRO dando-lhe a sua fazenda e acertaram oferecer ao SENHOR para moradia as que O haviam de servir, as próprias casas em que viviam.  No entanto pediam uma condição: para que as religiosas não ultrapassassem o número de treze, para assim ficarem com mais espaço. Fizeram ambos o seu compromisso declarando cada um aquilo que doava.
"LUÍS DE BRITO" prometeu a sua "terça"("terça parte do seu dote") com a condição que seja rezada uma missa diariamente e perpétua, e  uma "nocturna de defuntos" por semana.
Por sua vez "DONA JOANA DE ATAÍDE" daria tudo o que tinha para o "MOSTEIRO" ao qual pedia uma missa cantada cada dia e uma "nocturna de defuntos" cada semana.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DA ROSA[ IV ]-MOSTEIRO DE Nª.Sª. DA ROSA( 2 )».

Largo da Rosa [ IV ]

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«CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA ROSA ( 2 )»
 Largo da Rosa - (2009)  -  (O "LARGO DA ROSA" de poente para Nascente. No lado esquerdo a Igreja, mais à frente o Palácio da Rosa e o edifício onde morou "Afonso Lopes Vieira" e o sítio onde existiu o "CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA ROSA")    in   GOOGLE EARTH
 Largo da Rosa  -  (2009)   -  (Panorâmica mais aproximada do "LARGO DA ROSA" onde se pode observar o "PALÁCIO DA ROSA" e a IGREJA DE SÃO LOURENÇO e o sítio onde existiu o "MOSTEIRO DE NOSSA SENHORA DA ROSA")    in   GOOGLE EARTH
Largo da Rosa  - (2014)  -   (Um troço do "LARGO DA ROSA" e o "PALÁCIO DA ROSA" na nossa frente)   in  GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO)- LARGO DA ROSA [ IV ]

«CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA ROSA ( 2 )»

Estando já o edifício construído para albergar as 13 religiosas, existia a obrigação dos MORGADOS e seus sucessores de, em cada triénio, visitarem a congregação e tomarem conhecimento das suas necessidades.
A 21 de Novembro de 1522 dia em que chegaram a LISBOA as religiosas e se apresentaram no templo para a inauguração, acompanhadas de outras do MOSTEIRO DE AVEIRO (DONA FRANCISCA DE CASTRO, depois Prioresa e Soror BRITES DOS REIS, Soror ANTÓNIA DAS CHAGAS) e de SANTARÉM (Soror ANA DO ESPÍRITO SANTO).

Por morte de "LUÍS BRITO" pretenderam as religiosas a sua "TERÇA", conforme determinado, para elas poderem satisfazer obrigações, nomeadamente terem ajuda para o sustento das RELIGIOSAS. Seu filho, "ESTÊVÃO DE BRITO" fez oposição para nunca se poder retirar nem "TERÇA" nem parte dela, ficando assim o MOSTEIRO sem fazenda alguma.
Por essa altura encontrava-se já recolhida no "CONVENTO""DONA JOANA DE ATAÍDE"viúva de"LUÍS BRITO", estando como Prioresa DONA BRANCA. O MOSTEIRO estava em grande risco de ruína, ameaçado pelos sucessivos tremores de terra que no tempo continuavam a preocupar LISBOA do século XVII. Desprendimentos de terras e de rochas da encosta do Castelo, iam lentamente "sufocando" o edifício Conventual.
Sabe-se que os abalos sísmicos foram prejudicando a estrutura do MOSTEIRO. Chegou ele a ser reconstruído e ampliado no Século XVII, mas não teve grande sorte: em breve sobrevinha o TERRAMOTO  de 1755, que destruiu grande parte do MOSTEIRO e causou a morte a quatro pessoas.
Voltou a esboçar-se uma nova reparação, mas nada voltou a ser como antes. Assim, ainda no século XVIII, recolheram as DOMINICANAS ao CONVENTO DE SANTA JOANA (na actual RUA DE SANTA MARTA, onde estiveram depois, alguns serviços da PSP (ver mais aqui...).

Tinha o MOSTEIRO trinta e três freiras de véu preto, doze servidoras, com uma renda de 500 CRUZADOS quando o edifício sofreu um grande incêndio, por um descuido que se manifestou na sacristia, danificando-o, corria o ano de 1670, obrigando à construção de um pequeno Templo para a continuação dos ofícios divinos. 

Em 1824 já os terrenos andavam aforados, e o edifício do "CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA ROSA"(que dera possivelmente o nome ao sítio), acabou por desaparecer. Dele creio não restar vestígios nem estampas elucidativas.

A típica "VILA DO CASTELO" (Conjunto de moradias privadas ao alto das ESCADINHAS) era ainda no século XIX, uma «horta e cerca das freiras».
Ainda uma última nota: a imagem do orago (NOSSA SENHORA DA ROSA) foi salva e está no MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA. De resto, são tudo reminiscências. Das DOMINICANAS só a tradição ficou no sítio.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DA ROSA [ V ]-AFONSO LOPES VIEIRA UM MORADOR ILUSTRE DO "LARGO DA ROSA"».

Largo da Rosa [ V ]

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«AFONSO LOPES VIEIRA UM ILUSTRE MORADOR DO "LARGO DA ROSA"
 Largo da Rosa -  (2014)  -  ( "LARGO DA ROSA", à esquerda o PALÁCIO DA ROSA e na frente o edifício onde morou "AFONSO LOPES VIEIRA", a "ESCADINHAS DA COSTA DO CASTELO" e o sítio onde existiu o MOSTEIRO DE NOSSA SENHORA DA ROSA, que deu o nome ao PALÁCIO e ao LARGO)   in  WAYMARKING
 Largo da Rosa  -  (2010)   -   (O Busto de AFONSO LOPES VIEIRA junto do LARGO DA ROSA e a casa onde morou na parte de trás. A obra do busto foi executada pelo escultor FRANCISCO FRANCO)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)   in    LETRAS À SOLTA
 Largo da Rosa  -  (1951)  - (Busto de "AFONSO LOPES VIEIRA" (1878-1946) da autoria de Francisco Franco (escultor) inaugurada em 1951 no Largo da Rosa)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)   in   AML 
 Largo da Rosa  (1910) Pintura de Columbano  -   ((O retrato de "AFONSO LOPES VIEIRA" pintado por COLUMBANO BORDALO PINHEIRO)  in   WIKIPÉDIA
 Largo da Rosa  - (Na década de 80 do século XIX)  -  (Foto de AFONSO LOPES VIEIRA quando criança)   in   WIKIPÉDIA
Largo da Rosa  -  (Possivelmente em finais do Século XIX)  -  (Foto de AFONSO LOPES VIEIRA tirada com seu tio-avô "ANTÓNIO XAVIER RODRIGUES CORDEIRO, poeta, escritor, jornalista e político -1819-1896)   in    WIKIPÉDIA


(CONTINUAÇÃO)-LARGO DA ROSA [ V ]

«AFONSO LOPES VIEIRA UM ILUSTRE MORADOR DO "LARGO DA ROSA"»

«AFONSO LOPES VIEIRA» nasceu em LEIRIA a 26.01.1878 e faleceu em LISBOA no dia 25.01.1946 com 67 anos.
Foi sobretudo como poeta que se distinguiu este escritor, de formação e tendência fielmente tradicionalista. Depois de se formar em DIREITO na UNIVERSIDADE DE COIMBRA em 1900, foi redactor da CÂMARA DOS DEPUTADOS da MONARQUIA e ainda durante anos na I REPÚBLICA.
Do delicado escritor leiriense já muitos não lembram os versos.Não era assim quando os mais vividos ( que é uma forma eufemística e simpática de dizer "os mais velhos") andavam na escola e liam poemas que acabavam por decorar; ("o que era dantes o mar? Um quarto escuro / Onde os meninos tinham medo de ir; / Mas hoje o mar é livre e é seguro / E foi um português que o foi abrir"). Este homem não era poeta só nos versos; procurava ter uma vida condizente com essa elevação de sentimentos. Morou no prédio que foi implantado no espaço do desaparecido "MOSTEIRO DE NOSSA SENHORA DA ROSA"( 1 ) , no "LARGO DA ROSA ficando no lado direito de quem sobe as "ESCADINHAS DA COSTA DO CASTELO". Ali, no rés-do-chão daquela casa do "LARGO DA ROSA", funcionou uma escola infantil, dirigida pela própria mulher de"LOPES VIEIRA". Por outro lado fazia teatrinhos muito a sério em sua casa, neles ocupando muitas crianças do bairro. Ali se representou por exemplo uma peça sobre "SANTO ANTÓNIO", que acabou por ser filmada. O ilustre escritor e poeta e cujo o bom gosto, a par de um sentido equilibradíssimo do passado com o presente, foi distinguido (depois de 1946) no número de paroquianos da ex-freguesia de SÃO LOURENÇO actual "SANTA MARIA MAIOR", com um busto (da autoria do escultor "FRANCISCO FRANCO", tendo sido erguido no "LARGO DA ROSA" mesmo em frente à cada onde habitou.
A Toponímia de LISBOA também o homenageou em 19 de Julho de 1948, dando o seu nome a uma RUA na Freguesia de ALVALADE, ao homem de vasta cultura e de princípios sólidos. Que nós a incluímos em RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS 2ª. SÉRIE [ IV ] de 29.03.2014 (Ver mais aqui...).

Depois de "VIEIRA", a casa pertenceu ao professor "JOÃO CID DOS SANTOS" que lhe fez algumas benfeitorias, respeitando a memória de quanto provinha do original ( 2 ). Essa casa e as outras que lhe são anexas, prolongando-se no sentido das "ESCADINHAS DA COSTA DO CASTELO", formavam o desaparecido"MOSTEIRO DE NOSSA SENHORA DA ROSA".
"AFONSO LOPES VIEIRA" disponde de alguma fortuna por herança, pôde dedicar-se quase em exclusivo à vida literária, de que dera as primícias ainda estudante com o livro de versos "PARA QUÊ ? (1897). Apesar da sua vasta obra em publicações dedicou-se mais à reatualização de valores que considerava mais representativos da «alma Portuguesa» com adaptações em prosa poetizada de "O ROMANCE DE AMADIS" (1923) e"DIANA"de JORGE DE MONTEMOR (1924). Com"A COMPANHIA VICENTINA" (1915), que teve importante eco na restituição de GIL VICENTE ao grande público teatral. Neste edifício no número 7, acolheu durante alguns anos a "Agência noticiosa espanhola EFE".

"AFONSO LOPES VIEIRA" adepto do "Integralismo Lusitano", nem por isso deixou de se manifestar em várias circunstâncias a sua independência de espírito e de atitude, inclusivamente como discordante activo e desassombrado do salazarismo

- ( 1 ) -(Onde existiam as fortíssimas paredes mestras do MOSTEIRO, que devem subsistir nas do rés-do-chão e sobre-loja da casa). 

- ( 2 ) -Sobretudo conservou na cerca fragmentos monumentais do desaparecido cenóbio , principalmente o arco do portal do templo dominante de NOSSA SENHORA DA ROSA. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DA ROSA[ VI ] O PALÁCIO DA ROSA ( 1 )».

LARGO DA ROSA [ VI ]

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«O PALÁCIO DA ROSA ( 1 )»
 Largo da Rosa - ( 2014 )  -   ( Uma perspectiva  do "LARGO DA ROSA" com o seu conjunto de imóveis)   in CIDADANIA LX
Largo da Rosa - (2014)  -  (Na parte superior da entrada do "PALÁCIO DA ROSA" encontramos um Portal de linguagem Barroca, e rematado por um frontão triangular a que se sobrepõe uma cartela rococó, com o BRASÃO esquartelado dos LIMAS, NOGUEIRAS, VASCONCELOS e BRITOS, ou seja dos Viscondes de Vila Nova de Cerveira e Marqueses de PONTE DE LIMA. Franqueiam-no dois leões, numa composição que se prolonga pela janela superior)  in  CIDADANIA LX
Largo da Rosa  -  (1980) -  (Palácio da Rosa pátio interior fachada da ala Sudeste)  in  DIRECÇÃO-GERAL DO PATRIMÓNIO CULTURAL 
Largo da Rosa  -  (1980)  - Foto de José Pereira Júnior  -  (Pormenor do revestimento azulejar do pátio do PALÁCIO DA ROSA, com azulejos do século XIX ao gosto do século XVIII. A imagem representa a Condessa de Castelo Melhor D. Mariana de Lencastre)  in   FLICKR
Largo da Rosa  -  (195-) foto de Eduardo Portugal  -  (Palácio PONTE DE LIMA ou da ROSA frontal Brasonado)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)   in  AML 
Largo da Rosa  -  (Sem Data)  -    (PALÁCIO DA ROSA, porta Brasonada, vendo-se o interior do pátio)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)   in     AML 

(CONTINUAÇÃO)- LARGO DA ROSA [ VI ]

«O PALÁCIO DA ROSA ( 1 )»

O "PALÁCIO DA ROSA" assim como os edifícios que faziam parte do antigo "MOSTEIRO" do mesmo nome, representam hoje, uma singela homenagem em honra dos habitantes deste local, da ENCOSTA DO CASTELO.
Dá importância ao "LARGO" o seu ar de "ROSSIO DE BAIRRO", ponto de encontro entre o antigo "SOCORRO"(hoje MARTIM MONIZ) e "SÃO CRISTÓVÃO", a caminho do CASTELO DE SÃO JORGE.
Assim quem chegue a este patamar da subida feita da MOURARIA para o CASTELO ou ali chegue ido do lado da "RUA DAS FARINHAS", logo deparará com um edifício que chama a sua atenção; majestoso, ligado à "IGREJA DE SÃO LOURENÇO" e ostentando um BRASÃO na fachada, é obviamente o "PALÁCIO DA ROSA".

E é tempo de olhar finalmente, para o casarão que domina o "LARGO DA ROSA": o "PALÁCIO DA ROSA" situado mesmo junto da "IGREJA MATRIZ" da antiga Paróquia de "SÃO LOURENÇO".
De aspecto austero mas não isento de harmonia, o edifício vai desde o TEMPLO até às "ESCADINHAS DA COSTA DO CASTELO". A meio, destaca-se o portal, BARROCO, encimado pelo "brasão" dos VISCONDES DE VILA DE CERVEIRA mais tarde MARQUESES DE PONTE DE LIMA, donos da casa durante séculos.

Mas recuemos um pouco ao início desta cidade. Depois da tomada de LISBOA aos MOUROS em 1147, neste local terá existido a "CASA DO ALCAIDE" que governava a MOURARIA, zona da cidade que albergava a comunidade MOURA, a qual gozava de certa autonomia mas se encontrava nitidamente separada da comunidade Cristã
No ano de 1393 a CÂMARA DE LISBOA, dava autorização a "AFONSO ANES NOGUEIRA" (Cavaleiro e ALCAIDE-MOR), para derrubar uns "pardieiros", fechar as ruas junto à "IGREJA DE SÃO LOURENÇO", para ali construir umas casas, sendo naquele sítio, que mais tarde seria edificado o "PALÁCIO DA ROSA".

O "PALÁCIO DA ROSA" também conhecido pela designação de "PALÁCIO CASTELO  MELHOR". Na verdade, por casamento (02.07.1835) do 4.º MARQUÊS e 8.º CONDE DA CALHETA, "ANTÓNIO DE VASCONCELOS E SOUSA DA CÂMARA CAMINHA E FARO E VEGA"(1816-1858), com "DONA HELENA LUÍSA XAVIER DE LIMA", filha dos segundos MARQUESES DE PONTE DE LIMA, os respectivos herdeiros viram reunidos os bens provenientes das duas origens. Os "CASTELO MELHOR" então, aliás,também ligados ao "PALÁCIO DOS RESTAURADORES", que conhecemos vulgarmente como "PALÁCIO FOZ"(Ver mais aqui...). 
A arte e a beleza foram durante longos anos apanágio e orgulho dos interiores do PALÁCIO. Ali existiam colecções de bronze, faianças, tapeçarias, mobiliário antigo...

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DA ROSA [ VII ]-O PALÁCIO DA ROSA ( 2 )»

LARGO DA ROSA [ VII ]

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«O PALÁCIO DA ROSA ( 2 )»
 Largo da Rosa - (1980) - foto de José Maria Pereira Júnior   -   Interior do pátio do "PALÁCIO DA ROSA" no LARGO DA ROSA  na freguesia de SANTA MARIA MAIOR) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in    FLICKR
 Largo da Rosa - (1959) - Foto de Armando Maia Serôdio  - (Portal Nobre do "PALÁCIO DA ROSA" dos MARQUESES DE PONTE DE LIMA ou CASTELO MELHOR)  in   AML
 Largo da Rosa - (1901)  -  ("PALÁCIO DA ROSA" numa manhã de Setembro do dia 9 de Setembro, com o Brasão coberto com um pano negro (possivelmente em sinal de luto). Note que ainda não existia os dois andares superiores) (ABRE EM TAMANHO GRANDEin     AML
 Largo da Rosa - (2014)   -   Fachada  do "PALÁCIO DA ROSA" com seu Brasão, no "LARGO DA ROSA"  in  CIDADANIA LX
Largo da Rosa - (2016)  Foto de Ricardo Filipe Pereira  -   (Portal Nobre do "PALÁCIO DA ROSA" com Brasão esquartelado dos LIMAS, NOGUEIRAS, VASCONCELOS e BRITOS, franqueado por dois leões, numa composição que se prolonga pela janela superior)  (ABRE EM TAMANHO GRANDEin  WIKIPÉDIA 

(CONTINUAÇÃO)-LARGO DA ROSA [ VII ]

«O PALÁCIO DA ROSA ( 2 )»

O edifício sofreu graves danos com o Terramoto de 1755, mas foi depois restaurado, conservando a traça de ressaibo seiscentista. Veio ainda a sofrer grandes obras de beneficiação no princípio do século XX (1904), período durante o qual foram acrescentados dois andares.
O "PALÁCIO DA ROSA" terá permanecido na posse da família, até a sua aquisição pela CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA, na década de 70 do século XX. Neste espaço, funcionaram diversos equipamentos de cariz cultural. O "GABINETE DE ESTUDOS OLISIPONENSES"esteve aqui instalado, tal como a"ACADEMIA DE HISTÓRIA".
Em 1990 o "PALÁCIO DA ROSA" era património Municipal.
Não queremos finalizar sem atentar no "PORTAL NOBRE", que dá acesso a um pátio assimétrico empedrado. O referido PORTAL, de linguagem BARROCA, é rematado por um "Frontão Triangular", a que se sobrepõe uma "cartela rococó", com o BRASÃO esquartelado dos LIMAS, NOGUEIRAS, VASCONCELOS e BRITOS, ou seja dos VISCONDES DE VILA NOVA DE CERVEIRA e MARQUESES DE PONTE LIMA, flanqueiam-no DOIS LEÕES , numa composição que se prolonga pela janela superior. O restante alçado, dividido em dois corpo, não apresenta elementos de nota, à excepção do primeiro exibir um friso a separar os três pisos e, o segundo, mais baixo, acompanhando no declive do terreno. sendo coroado por uma balaustrada.
Os últimos andares remontam à mais recente intervenção de que o imóvel foi alvo, ocorrido entre 1904 e 1906, é dessa campanha também, o revestimento azulejar do pátio interior, pintado e assinado por "PEREIRA CÃO" e executado na "FÁBRICA DA VIÚVA LAMEGO". Vêm-se retratos de "MARTIM MONIZ", dos Navegadores "GONÇALO ZARCO" e"PEDRO ÁLVARES CABRAL", além de cenas evocativas como: "O FEITO DE MARTIM MONIZ" e"A DESCOBERTA DA MADEIRA".
A obra, patrocinada pelo "MARQUES DE CASTELO MELHOR",  pretendia assinalar alguns episódios importantes da história do país e da família, a par da representação de diferentes brasões, alusivos aos seus proprietários, cujo estudo permite perceber as ligações internas desta família. A riqueza do património azulejar do PALÁCIO não se esgota, no entanto, nestes painéis policromos e azuis e brancos do pátio, mas estende-se a todo o imóvel, onde é possível encontrar exemplares de épocas diferenciadas.
No interior, marcado por amplos salões, com comunicação entre si, a decoração adapta-se à função de cada um, destacando-se os estuques pintados do final do século XVIII inícios do XIX, ou o revestimento em "BOISERIE" da antiga Biblioteca. Merece ainda uma palavra à cerca do PALÁCIO, os seus JARDINS, onde se conservam restos da "MURALHA FERNANDINA", e com uma curta digressão, fica ainda explicado o nome da "rua vizinha", que nos leva aos baixos da MOURARIA:  Chama-se "RUA MARQUÊS DE PONTE DE LIMA", nome que vem obviamente, dos donos do palácio e benfeitores da "IGREJA DE SÃO LOURENÇO".
Pela Portaria nº. 740-J/2012, DR, 2.ª série, nº. 248 (suplemento) de 24 de Dezembro de 2012. O PALÁCIO DA ROSA era classificado MONUMENTO DE INTERESSE PÚBLICO.
[ FINAL ].

BIBLIOGRAFIA

- ARAÚJO, Norberto de - Peregrinações em Lisboa -Livro III 1.ª Ed. - LISBOA
- DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA . Direcção de FRANCISCO SANTANA e EDUARDO SUCENA - 1994 - LISBOA.
- DICIONÁRIO ILUSTRADO DA HISTÓRIA DE PORTUGAL-Coord. de JOSÉ COSTA PEREIRA - PUBLICAÇÕES ALFA - 1982.
- HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA - A. J. SARAIVA e OSCAR LOPES - 17.ª ED.- PORTO EDITORA 1996 - PORTO.
- HISTÓRIA DOS MOSTEIROS -CONVENTOS E CASAS RELIGIOSAS DE LISBOA - Publicação da CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA - 1972 . LISBOA.
- OS CONVENTOS DE LISBOA - BALTAZAR MATOS CAEIRO - DISTRIEDITORA- 1989.
- PORTUGAL SÉCULO XX - Portugueses Célebres - Cood. de LEONEL DE OLIVEIRA - Circulo de Leitores-RIO DE MOURO - 2003.
- SILVA, A. Vieira da - A CERCA FERNANDINA DE LISBOA - VOL. I-2ª. ED. CML-1987-LISBOA.

INTERNET

- HISTÓRIA DE PORTUGAL
- NEOÉPICA - arqueologia e património
- REVELAR LX
- WIKIPÉDIA

(PRÓXIMO)«RUA DO ALECRIM-QUINTELA-FARROBO[ I ]-O PALÁCIO DOS BARÕES DE QUINTELA ( 1 )».
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