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Channel: RUAS DE LISBOA COM ALGUMA HISTÓRIA
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RUA BARTOLOMEU DIAS [ V ]

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«O CONVENTO DO BOM SUCESSO E SUA IGREJA»
 Rua Bartolomeu Dias -  (2012) - Foto de Rui Teodósio  -  (Fachada principal da "IGREJA DO COLÉGIO DO BOM SUCESSO" na RUA BARTOLOMEU DIAS)  in   LISBOA UM OLHAR PARA O PASSADO
 Rua Bartolomeu Dias - (Século XVII)  -  (Interior da Cúpula da Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso, fundada em 1640) Foto da FUNDAÇÃO OBRA SOCIAL DAS RELIGIOSAS DOMINICANAS IRLANDESAS - que agradecemos-)   in FOSRDI
 Rua Bartolomeu Dias-  (Interior da  "IGREJA DO CONVENTO DO BOM SUCESSO" na RUA BARTOLOMEU DIAS)  in  FLCKR
 Rua Bartolomeu Dias -  (1991)  -  (CONVENTO DE NOSSA SENHORA DO BOM SUCESSO - PORTAL DA IGREJA ( IPPC)   in  DIRECÇÃO GERAL DO PATRIMÓNIO CULTURAL
Rua Bartolomeu Dias  -  ( 1990 ) -  (Interior do "CONVENTO DE NOSSA SENHORA DO BOM SUCESSO" Claustro e fonte central)  in  PATRIMÓNIO CULTURAL DA CML

(CONTINUAÇÃO) - RUA BARTOLOMEU DIAS [ V ]

«O CONVENTO DO BOM SUCESSO E SUA IGREJA»

O «CONVENTO» teve o seu apogeu nos finais do século XVII, início do séc. XVIII, e entrou com a extinção das "ORDENS RELIGIOSAS EM PORTUGAL" em 1834.
O único período em que tiveram de abandonar o CONVENTO, foi de 4 semanas, quando fecharam e se fundiram alguns CONVENTOS mas as freiras DOMINICANAS do BOM SUCESSO, conseguiram voltar de novo ao seu CONVENTO com a promessa de se dedicarem ao ensino de raparigas. Aliás, já o faziam antes com algumas filhas de fidalgas, especialmente no ensino do INGLÊS, pelo que lhes foi relativamente fácil voltarem para o ensino.

A IGREJA estava concluída no ano de 1670, quando foi transferido para o seu interior o "SANTÍSSIMO SACRAMENTO", embora o resto da construção se prolongasse até 1688, concluindo-se os dormitórios, estes da responsabilidade de MANUEL CERQUEIRA CAMPOS.
A "IGREJA"é de planta "oitavada", com contrafortes rematados por "Pináculos" e "Cúpula" revestida de azulejos. Segundo alguns estudiosos, as obras da construção da Igreja foram dirigidas pela "Vigária" da ordem, uma portuguesa de nome "MARIA MADALENA DE CRISTO" que ali se encontra sepultada.
A porta do exterior é voltada a NORTE e encimada por um nicho com a imagem de "NOSSA SENHORA DO BOM SUCESSO". Interiormente, situa-se do lado direito da IGREJA a porta de entrada, e a "CAPELA-MOR" que está orientada para poente. Os seis arcos das capelas laterais têm pilares lavrados. Por cima dos arcos e dos retábulos da capela ficam seis janelas, tendo a separá-las paredes de cantaria onde foram colocadas pinturas representando figuras ilustres da família DOMINICANA, figurando entre elas a de "SANTA JOANA PRINCESA", filha de"DOM AFONSO V", que também vestiu o hábito da ORDEM.
O "ARCO DA CAPELA-MOR"é o maior, ocupando o retábulo, todo o vão. Assenta em oito colunas de "Jaspe" matizado. A abóbada da CAPELA-MOR é de pedra e o tecto forma como que "um dossel sobre o sacrário", o trono é de prata e tem pinturas atribuídas a BENTO COELHO DA SILVEIRA (Século XVII), representando cenas do «CÂNTICO DOS CÂNTICOS» e é rematado por uma enorme coroa. O grande crucifixo suspenso é trabalho do século XVIII.
No retábulo do ALTAR-MOR encontram-se as imagens de SÃO FRANCISCO e SÃO DOMINGOS em baixo, e SANTO ANTÓNIO e SÃO TOMÁS em cima.  A imagem de "NOSSA SENHORA DO BOM SUCESSO"é venerada desde o início da fundação do CONVENTO, tendo apenas saído de sua casa durante quatro semanas, quando as freiras foram obrigadas a ausentar-se, voltando ao CONVENTO com elas. Num dos lados da CAPELA-MOR encontra-se o TÚMULO de "DONA IRIA DE BRITO" (CONDESSA DE ATALAIA), e no lado oposto o do seu filho, que faleceu de acidente aos 13 anos. Em oposição ao ALTAR-MOR encontram-se dois coros, superior e inferior, com cadeiras e altares com frontal de azulejo e imagens.  O claustro é sóbrio, de dois pisos, e ao centro tem o fontanário.  Num dos lados situa-se o refeitório do século XVII, construído pouco depois da fundação do CONVENTO.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA BARTOLOMEU DIAS [ VI ] O CONVENTO DO BOM SUCESSO E AS "RAIVAS"(DOCE CONVENTUAL)».

RUA BARTOLOMEU DIAS [ VI ]

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«O CONVENTO DO BOM SUCESSO E AS "RAIVAS" - DOCE CONVENTUAL»
 Rua Bartolomeu Dias - (2017)  -  (Aspecto da entrada principal do "CONVENTO DE NOSSA SENHORA DO BOM SUCESSO" no número 53, da RUA BARTOLOMEU DIAS)  in   GOOGLE EARTH 
 Rua Bartolomeu Dias - ( 2017 ) -  ( A "RUA BARTOLOMEU DIAS" e o "CONVENTO DO BOM SUCESSO" visto da parte Poente)  in  GOOGLE EARTH
 Rua Bartolomeu Dias - ( 2016) -  (O muro do "CONVENTO DO BOM SUCESSO" na "RUA BARTOLOMEU DIAS" in  GOOGLE EARTH
 Rua Bartolomeu Dias - (1990)  -  (Claustro do "CONVENTO DE NOSSA SENHORA DO BOM SUCESSO", fonte na quadra central)   in   DGPC-PATRIMÓNIO CULTURAL
Rua Bartolomeu Dias - (2011)  Foto de Daniel Figueiredo -  ("RAIVAS" um produto Conventual, que as Freiras Irlandesas do "CONVENTO DO BOM SUCESSO" surtiu alguma fama)  In RAIVAS-DOCES CONVENTUAIS

(CONTINUAÇÃO)-RUA BARTOLOMEU DIAS [ VI ]

«O CONVENTO DO BOM SUCESSO E AS "RAIVAS" DOCE CONVENTUAL»

O Claustro é ornamentado de azulejos azuis e amarelos. O CONVENTOé rico em azulejaria, que se encontra por toda a parte, formando rodapés nas salas antigas e nas escadarias, e mesmo em pequenos oratórios embutidos nos claustros.
Sob o chão da sala do capítulo encontram-se os restos mortais de muitos membros da pequena comunidade. As FREIRAS IRLANDESAS eram conhecidas por " Wild Geese". 

No século XIX, estando o CONVENTO muito arruinado, recebeu auxilio da «COMUNIDADE DA CABRA DE DUBLIN». Em 1955, por falta de vocação foi o CONVENTO integrado na "CONGREGAÇÃO IRMÃS DOMINICANAS DA CABRA", "CONGREGAÇÃO DAS IRMÃS DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO" e de "SANTA CATARINA DE SENA". Em 1984,  o "BOM SUCESSO" e o recente-fundado "CONVENTODE ST. ANNE" em OEIRAS, constituíram-se na COMUNIDADE DA REGIÃO DE LISBOA.
No início do século XX recebeu este CONVENTO a visita do"PRÍNCIPE DE GALES", futuro EDUARDO VII e da princesa "ALEXANDRA".  Em 1966 comemorou a passagem pelo local, 100 anos atrás, de "ANTº.  MARIA CLAILE", Santo catalão ligado a missões nas ilhas.

O CONVENTO manteve a traça seiscentista, uma vez que a sua estrutura pouco sofreu com o terramoto de 1755. Está cercado por um muro, com reentrância onde se inscreve o portão, o "Cenóbio" possui um pátio que permite o acesso à casa conventual, disposta à esquerda  e a IGREJAà direita.
No ano de 1860, já depois da extinção das "Ordens Religiosas em Portugal", este CONVENTO, que ainda albergava uma considerável comunidade de freiras, passou a funcionar como COLÉGIO FEMININO, então circunscrito às descendentes de CATÓLICOS IRLANDESES.
No final do século XIX todo este conjunto ficou ocultado no lado SUL, voltado ao RIO, pela construção de um edifício que criou uma barreira física entre o CONVENTO e o RIO TEJO.
O COLÉGIO mantém-se em funcionamento até aos dias de hoje, tendo sido alargada a actividade educativa a partir de 1955, quando as freiras cessaram o regime de clausura.
"O CONVENTO DO BOM SUCESSO" conheceu várias campanhas de obras, as quais, contudo terão alterado substancialmente o primitivo conjunto.

CURIOSIDADES
No século XIX, os biscoitos Conventuais «RAIVAS» tinham algum sucesso na "AJUDA" e arredores.
Confeccionados pelas freiras IRLANDESAS do "CONVENTO DO BOM SUCESSO", na "RUA BARTOLOMEU DIAS, 53, eram depois comercializados,  segundo o ajudante "MÁRIO DE SAMPAIO RIBEIRO", na sua obra "A CALÇADA DA AJUDA" por JOSÉ PINCEL. (O mesmo que deu o nome ao"PÁTIO ZÉ PINCEL", na CALÇADA DA AJUDA).
A tradição morreu e as freiras IRLANDESAS, que ainda hoje permanecem neste CONVENTO seiscentista, há muito que deixaram a confecção da doçaria Conventual. Actualmente, as "RAIVAS" podem ser encontradas em embalagens industriais em qualquer supermercado, embora a sua origem viesse deste CONVENTO DO BOM SUCESSO.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA BARTOLOMEU DIAS[ VII ]-BARTOLOMEU DIAS DESCOBRE O CABO DA BOA ESPERANÇA».

RUA BARTOLOMEU DIAS [ VII ]

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«BARTOLOMEU DIAS DESCOBRE O CABO DA BOA ESPERANÇA»
 Rua Bartolomeu Dias - (1988) (Desenho de Dias Sanches) -  (Pintura a óleo de "BARTOLOMEU DIAS" que se encontra em exposição no MUSEU DA MARINHA em LISBOA) (Abre em tamanho grande)  in   ALCHETRON
 Rua Bartolomeu Dias - (1988)  -  (Percurso do Navegador BARTOLOMEU DIAS para dobrar o CABO DA BOA ESPERANÇA em 1488)  in   CAIS DA MEMÓRIA
 Rua Bartolomeu Dias - (1488-1988) - Desenho de S. Nowers  -  (Selo de "BARTOLOMEU DIAS" editado pelos Correios da  RSA-(Republica Sul África) em 1988, para comemorar o 500.º aniversário do primeiro Navegador a dobrar o CABO DA BOA ESPERANÇA)  in   SHUTLERSTOCK 
 Rua Bartolomeu Dias - (2010)  -  (Réplica da CARAVELA usada por BARTOLOMEU DIAS, na 1.ª viagem de exploração Marítima, na guarnição de Diogo Cão)  in   TROPICALIA
Rua Bartolomeu Dias -  (1941)  -   (Foto de um recorte do jornal  Sul Africano "PUBLIC WORKS" publicado em Novembro do século XX, assinalando o PADRÃO colocado no PARQUE MEMORIAL DIAS CROSS )  in ARTEFACT.CO.ZA

(CONTINUAÇÃO)- RUA BARTOLOMEU DIAS [ VII ] 

«BARTOLOMEU DIAS DESCOBRE O CABO DA BOA ESPERANÇA»

«BARTOLOMEU DIAS» tem uma RUA consagrada com seu nome em LISBOA, na freguesia de "BELÉM".
Navegador, português, possivelmente de origem Judaica, nasceu em 1450, tendo conquistado o seu lugar na "HISTÓRIA DE PORTUGAL"e do MUNDO, por ter sido o primeiro europeu a descobrir a passagem do "OCEANO ATLÂNTICO" para o "OCEANO ÍNDICO", dobrando assim, o "CABO DA BOA ESPERANÇA.
A "BARTOLOMEU DIAS" foi-lhe encomendada esta importante missão acima de tudo porque era um homem com um nível de formação que garantiam ao MONARCA português DOM JOÃO II, uma percentagem bastante grande de possível êxito.
"BARTOLOMEU DIAS"foi aluno de MATEMÁTICA e ASTRONOMIA na UNIVERSIDADE DE LISBOA e serviu na fortaleza de "SÃO JORGE DA MINA", referencias que o habilitavam quer a determinar as coordenadas de um local, quer a enfrentar tempestades ou calmarias, como as que assolavam frequentemente no "GOLFO DA GUINÉ".
Assim, em finais de Agosto de 1487, "BARTOLOMEU DIAS"larga de LISBOA ao mando de três embarcações, duas caravelas e uma "naveta",( 1 ) com rumo traçado em direcção ao "TORMENTOSO" com o objectivo de encontrar a tão ansiada passagem marítima para as ÍNDIAS, afinal o propósito último que leva o REI DOM JOÃO II a empreender esta empresa.
A viagem, tal como BARTOLOMEU DIAS teria oportunidade de relatar na primeira pessoa ao seu soberano, estaria cheia de sobressaltos e dificuldades, tornando a tarefa mais complicada do que se julgaria a principio. 
Finalmente, em 3 de Fevereiro de 1488, passados quase 6 meses desde a partida de LISBOA, a expedição alcança o seu objectivo.
No entanto coube a BARTOLOMEU DIAS a glória de ser o primeiro a dobrar o "CABO DAS TORMENTAS", como lhe chamou, ou da "BOA ESPERANÇA", como quis DOMJOÃO II. Com este feito, foi ultrapassado o mais espinhoso "ESCOLHO"( 2 ) no caminho para a ÍNDIA
"BARTOLOMEU DIAS" tinha assim alcançado o feito necessário para que DOM JOÃO II lhe endereçasse o convite para liderar a expedição  mais lógica nestas circunstâncias: "encontrar o caminho marítimo para a ÍNDIA". Mas esse convite nunca chegaria.
Em 1495 DOM JOÃO II viria a falecer e subia ao trono DOM MANUEL I, monarca que em 1497 empreendeu de facto a busca pelas ÍNDIAS mas que entrega o comando da expedição a VASCO DA GAMA, e integrado "BARTOLOMEU DIAS" vai até às águas de CABO VERDE, rumando depois para MINA

Finalmente "BARTOLOMEU DIAS" iria realizar o seu grande sonho:  navegar até ao ORIENTE através do Caminho que ele próprio ajudara a abrir; mas desta vez, na expedição de "PEDRO ÁLVARES CABRAL" e de forma acidental, a descobrir as primeiras terras a que mais tarde dariam o nome de BRASIL. Depois dos primeiros contactos com os nativos das novas terras descobertas, os portugueses rumaram novamente para a ÍNDIA, o seu destino original, no início de Maio de 1500. No dia 23 do mesmo mês avistaram o "CABO DA BOA ESPERANÇA" e, por essa altura uma tempestade de proporções gigantescas destrói e afunda 4 Naus da Armada, entre elas a de "BARTOLOMEU DIAS".
Ironia do destino, o Navegador encontra a MORTE no mesmo local que anos antes o tinha levado à GLÓRIA. [ FINAL ]

- ( 1 ) - "NAVETA" - (de nave), s. f.  pequena nau.

- ( 2 ) - "ESCOLHO" - Rochedo à flor da água; Recife, perigo, obstáculo.

BIBLIOGRAFIA

- ACTAS DA COMISSÃO MUNICIPAL DE TOPONÍMIA DE LISBOA - 1943-1974 - Coordenação de Agostinho Gomes-PAULA MACHADO - Rui Pereira- Teresa Sancha Pereira - Edição da CML - 2000.
- BARTOLOMEU DIAS - História - A. do CARMO REIS - Ed. ASA - 1987 - PORTO.
- BELÉM - Reguengo da Cidade - CML - Pelouro da Cultura - Ed. ASA - 1990 - LISBOA.
- DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA- Direc. de Francisco Santana e Eduardo Sucena - 1994 - LISBOA.
- HISTÓRIA DOS MOSTEIROS - CONVENTOS E CASAS RELIGIOSAS DE LISBOA TOMO II - IMPRENSA MUNICIPAL DE LISBOA - 1972.
- MEMÓRIAS DA LINHA DE CASCAIS - Branca Gonta Colaço e Maria Archer - Parceria António Maria Pereira - 1943 - LISBOA.
- NAVEGADORES VIAJANTES E AVENTUREIROS PORTUGUESES DOS SÉCULOS XV e XVI - de Luís de Albuquerque- Vol. I - Círculo de Leitores- 1987 - LISBOA.
- NOVA ENCICLOPÉDIA LAROUSE - CÍRCULO DOS LEITORES - 1997 - LISBOA.
- OS CINEMAS DE LISBOA - de Margarida Acciaiuoli - 2ª. Ed. Bizâncio - 2013 - LISBOA.
- OS CONVENTOS DE LISBOA - Baltazar Matos Caeiro - Ed. DISTRI - 1989 - LISBOA.  

(PRÓXIMO)«RUA BRAAMCAMP FREIRE [ I ] BRAAMCAMP FREIRE UM NOTÁVEL HISTORIADOR, UM BOM GENEALOGISTA E UM DIGNO POLÍTICO».

RUA BRAAMCAMP FREIRE [ I ]

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«BRAAMCAMP FREIRE UM NOTÁVEL HISTORIADOR, UM BOM GENEALOGISTA E UM DIGNO POLÍTICO (1)»
 Rua Braamcamp Freire  - (2017) -  (Início da "RUA BRAAMCAMP  FREIRE " junto da "AVENIDA DOM AFONSO III", na freguesia da "PENHA DE FRANÇA"  in GOOGLE EARTH
 Rua Braamcamp Freire - ( 2017) -  (Panorâmica da "RUA BRAAMCAMP FREIRE", inserida no "BAIRRO LOPES")  in   GOOGLE EARTH
 Rua Braamcamo Freire - (2016) Foto de Sérgio Dias -  (Um troço da "RUA BRAAMCAMP FREIRE" no Bairro Lopes, na actual freguesia da PENHA DE FRANÇA) in TOPONÍMIA DE LISBOA
 Rua Braamcamp Freire - (1973) -  (Uma obra de ANSELMO BRAAMCAMP FREIRE "BRASÕES DA SALA DE SINTRA" 3 volumes editado pela Imprensa Nacional Casa da Moeda)  in COISAS
 Rua Braamcamp Freire - (1963-12) Foto de Artur João Goulart -  (A "RUA BRAACAMP FREIRE" no BAIRRO LOPES nos anos sessenta do século XX)    in  AML 
Rua Braamcamp Freire  -  (31 de Julho de 1911)-  (Foto de "ANSELMO BRAAMCAMP FREIRE, Presidente da Assembleia Nacional, publicada na capa da ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA-Suplemento do Jornal "O SÉCULO")   in  ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA


(INÍCIO) - RUA BRAAMCAMP FREIRE  [ I ]

«BRAAMCAMP FREIRE UM NOTÁVEL HISTORIADOR, UM BOM GENEALOGISTA E UM DIGNO POLÍTICO ( 1 )»

A «RUA BRAAMCAMP FREIRE" pertencia à freguesia de "SÃO JOÃO", pela REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012, passou a pertencer à freguesia da«PENHA DE FRANÇA». 
A "RUA BRAAMCAMP FREIRE"começa na"RUA ADOLFO COELHO" no número 10 e termina na "AVENIDA AFONSO III" no número 121, sendo atravessada pela "RUA DAVID LOPES". Esta urbanização denominada de «BAIRRO LOPES» tem cinco artérias: a mais antiga e comprida "RUA LOPES" (que possivelmente terá dado o nome ao BAIRRO), seguindo-se a "RUA SOUSA VITERBO", "RUA ADOLFO COELHO", "RUA DAVID LOPES"e a "nossa""RUA BRAAMCAMP FREIRE".
Na ACTA Nº. 21 de 28 de Abril de 1949 a "COMISSÃO CONSULTIVA MUNICIPAL DE TOPONÍMIA, pronunciou-se favoravelmente e por EDITAL CAMARÁRIO de 13 de MAIO de 1949, era identificado que à "RUA-A" do "BAIRRO DA QUINTA DOS APÓSTOLOS", à "RUA LOPES" lhe  atribuir-se o nome de "RUA BRAAMCAMP FREIRE"
Conta-nos "LUÍS PASTOR DE MACEDO" no seu livro "LISBOA DE LÉS a LÉS Volume III que: "para cima, pegada com a "QUINTA DO COXO", estava a "QUINTA DOS APÓSTOLOS" que nos registos paroquiais de SANTA ENGRÁCIA aparecia citada em 1666".
Sabemos que o "CAMINHO DA QUINTA DOS APÓSTOLOS" ligava com o final da "CALÇADA DAS LAJES" e estendia-se até à entrada do "CEMITÉRIO DO ALTO DE SÃO JOÃO". A sua passagem  era feita pelo Nº. 63 da "CALÇADA DAS LAJES", isto antes da abertura da ESTRADA DA CIRCUNVALAÇÃO.  Com a abertura da "AVENIDA  AFONSO III e a eventual construção do antigo"CENTRO MATERNAL INFANTIL", nos terrenos da "QUINTA DO COXO" e uma parte da "QUINTA DOS APÓSTOLOS", e após o início de algumas construções na "AVENIDA AFONSO III, surge um plano de urbanização na década de quarenta para a parte esquerda da "QUINTA DOS APÓSTOLOS", no sentido de fazer ali o "BAIRRO LOPES"
O lado direito da "QUINTA DOS APÓSTOLOS" era adquirida pelo"CEMITÉRIO DOS JUDEUS" na parte Sul, e o "CEMITÉRIO DO ALTO DO SÃO JOÃO" na parte Norte.

«ANSELMO BRAAMCAMP FREIRE», nasceu em LISBOA (antiga freguesia de "SÃO JOSÉ (hoje SANTO ANTÓNIO) a 1 de Fevereiro de 1849 e faleceu também em LISBOA na "RUA DO SALITRE", 146 a 23 de Dezembro de 1921, onde existe uma placa afixada alusiva, colocada pela vereação da C.M.L. da época.
"ANSELMO BRAAMCAMP FREIRE", filho de MANUEL NUNES DA ROCHA, 1.º BARÃO DE ALMEIRIM e de"LUÍSA MARIA JOANA BRAAMCAMP", neta do 1.º BARÃO DE SOBRAL, nasce no PALÁCIO AZUL, na"PRAÇA DA ALEGRIA", em LISBOA.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA BRAAMCAMP FREIRE [ II ] - UM NOTÁVEL HISTORIADOR, UM BOM GENEALOGISTA E UM DIGNO POLÍTICO (2)».

RUA BRAAMCAMP FREIRE [ II ]

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«BRAAMCAMP FREIRE UM NOTÁVEL HISTORIADOR, UM BOM GENEALOGISTA E UM DIGNO POLÍTICO ( 2 )»
 Rua Braamcamp Freire - (1964-03) foto de Artur João Goulart   -  (A "RUA BRAAMCAMP FREIRE" uma das artérias do "BAIRRO LOPES" na freguesia da "PENHA DE FRANÇA" in  AML
 Rua Braamcamp Freire - (2017) -  (Foto do "BAIRRO LOPES" mais aproximada vista de cima. Quase em primeiro plano um conjunto de casas com a parte central fazendo uma curva "côncava", era o antigo "CENTRO MATERNAL INFANTIL" que ficava entre a "QUINTA DO COXO" e a "QUINTA DOS APÓSTOLOS" para Norte)   in GOOGLE EARTH
 Rua Braamcamp Freire  - (2017)  -  (A "RUA BRAAMCAMP FREIRE" no sentido para Norte, ao fundo o muro do "CEMITÉRIO DO ALTO DE SÃO JOÃO")   in  GOOGLE EARTH
 "RUA BRAAMCAMP FREIRE - (2017)  -  (A "RUA BRAAMCAMP FREIRE" o cruzamento da "RUA ADOLFO COELHO" e à direita depois de passar o cruzamento, edifícios do antigo "CENTRO MATERNAL INFANTIL")    in   GOOGLE EARTH 
 Rua Braamcamp Freire - (Início do século XX) -  (O retrato mais divulgado de "ANSELMO BRAAMCAMP FREIRE" já nos finais da sua vida)   in LEME
Rua Braamcamp Freire - (1849 - 1921)  -  (Um trabalho realizado por vários alunos do 8.º ano da disciplina: T.I.C. com a colaboração da professora PAULA MICHELE PÓ)  in POETAS E ESCRITORES REPUBLICANOS


(CONTINUAÇÃO) - RUA BRAAMCAMP FREIRE  [ II ]

«BRAAMCAMP FREIRE UM NOTÁVEL HISTORIADOR, UM BOM GENEALOGISTA E UM DIGNO POLÍTICO ( 2 )».

ANSELMO BRAAMCAMP FREIRE ( 1849-1921) nascido no seio de uma família aristocrática rica de raiz liberal, tendo revelado uma mentalidade versátil, embora sempre cioso de uma invulgar seriedade cívica. Esta forte consciência cívica terá sido, certamente, fortalecida pela sua grande formação humanística.
HISTORIADOR e ARQUEÓLOGO, dedicou-se sobretudo à GENEALOGIA e HERÁLDICA e temas dos séculos XV e XVI. Fundou em 1903, em colaboração com DOM JOSÉ PESSANHA, o"ARQUIVO HISTÓRICO PORTUGUÊS".(Sendo a primeira grande revista de investigação histórica em Portugal) Esta publicação periódica, publicada entre 1903 e 1916, prestou um grande serviço aos estudos históricos, não apenas pelo nível de artigos, mas pela crítica e edições, custeadas pelo fundador.  Neste domínio exerceu, graças à sua avultada fortuna pessoal, um verdadeiro mecenato, que muito contribuiu para o desenvolvimento da pesquisa e do espírito cientifico da história.
Nesta papel de investigador e de divulgador da HISTÓRIA DA PÁTRIA emergiu, também como figura central em diversas efemérides comemorativas. ( 1.º ANIVERSÁRIO DA REPÚBLICA, V CENTENÁRIO DA CONQUISTA DE CEUTA e IV CENTENÁRIO DA MORTE DE AFONSO DE ALBUQUERQUE). Como membro destacado da ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA, atribuíram-lhe a incumbência de publicar a importante obra documental "PORTUGALIAE MONUMENTA HISTÓRICA".
No final do século XIX, iniciou uma carreira política no PARTIDO PROGRESSISTA convicto do ideal liberal, no regime monárquico, herdado do seu tio,   "ANSELMO JOSÉ BRAAMCAMP".
Assim, foi designado por carta régia "PAR DO REINO" em 1887. Nos últimos anos do século XIX, já filiado no PARTIDO PROGRESSISTA, foi eleito PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES a 2 de Janeiro de 1887 e em 1893 é eleito para novo mandato na mesma Câmara.  Em 1907 adere ao PARTIDO REPUBLICANO, o que lhe permite chefiar uma lista republicana à CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA (1908), tornando-se o primeiro Presidente de uma vereação republicana na CÂMARA em 1908 a 1913, embora o regime monárquico, despeitado com a sua adesão ao PARTIDO REPUBLICANO,  nunca o tenha investido nessas funções à margem da própria lei. Só em 1910, após a Implantação da República, viria a ser reconhecido como PRESIDENTE DA CÂMARA LISBOA, funções que exercia, de facto, desde 1908.  "ANSELMO BRAAMCAMP FREIRE" a 7 de Abril de 1909, como Presidente da CML, integrou a comissão criada para a elevação de um Monumento a "JOÃO DE DEUS". Em Maio de 1911 recusa a nomeação como representante diplomático português em BERLIM. A 28 de Maio de 1911 é eleito deputado nas listas republicanas de LISBOA, para a ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE, e a 20 de Junho é eleito PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE, tendo em 24 de Agosto sido eleito para PRESIDENTE DO SENADO. 
Recusou-se ser candidato à PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Os seus trabalhos históricos foram publicados em vários JORNAIS e REVISTAS, como por exemplo no "JORNAL DO COMÉRCIO"(era o diário mais antigo do país até 1983). 
Da sua vastíssima obra destacamos algumas: "BRASÕES DA SALA DE SINTRA", 3 Volumes, 1.ª Edição 1899-1905) LISBOA; "O CONDE DE VILA FRANCA E A INQUISIÇÃO", LISBOA, (1899); "AS SEPULTURAS DO ESPINHEIRO", LISBOA, (1901): "EM VOLTA DE UMA CARTA DE GARCIA DE RESENDE", LISBOA, (1905); "CRITICA E HISTÓRIA"(Estudo), (1910); "CONDADOS DE MONCORVO E DA FEIRA" (ousada falsificação de Documentos, desvendada) COIMBRA, (1919); "IDA DA IMPERATRIZ D. ISABEL PARA CASTELA", COIMBRA, (1920); ARMARIA PORTUGUESA s/data Nº. 1; "OBRAS DE BERNARDIM RIBEIRO e CRISTÃO FALCÃO (conforme a edição de FERRARA, preparada e revista por ANSELMO BRAAMCAMP FREIRE e Prefaciada por  Dona CAROLINA MICHAELIS DE VASCONCELOS), 2 Volumes, COIMBRA, (1923 e 1932). 
BRAAMCAMP FREIRE legou à cidade de SANTARÉM a sua vasta biblioteca, as suas múltiplas obras de arte e a casa onde viveu, que é hoje a BIBLIOTECA MUNICIPAL DE SANTARÉM.[ FINAL ]

BIBLIOGRAFIA

- DICIONÁRIO ILUSTRADO DA HISTÓRIA DE PORTUGAL -Volume I - Pub. ALFA - Coord. JOSÉ COSTA PEREIRA - 1986 - LISBOA.
-HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA - A.J.SARAIVA e ÓSCAR LOPES - 17.ª Ed.- PORTO EDITORA - 1996 - PORTO.
- LISBOA DE LÉS A LÉS -LUÍS PASTOR DE MACEDO - PUB. CULTURAIS DA CML-VOL. III - 3.ª Ed. - 1985 - LISBOA.
- LIVRO DE ACTAS DA COMISSÃO MUNICIPAL DE TOPONÍMIA DE LISBOA- 1943/1974 - Coord. Agostinho Gomes, PAULA MACHADO, Rui Pereira e Teresa Sancha Pereira - Ed. da CML  - 2000 - LISBOA.
- NOBREZA DE PORTUGAL E DO BRASIL - Direcção de A.E.Martins Zuquete - EDITORIAL ENCICLOPÉDIA, LDA. - VOL. II - 1960 a 1984 - LISBOA.
- NOVA ENCICLOPÉDIA LAROUSE - Dir. LEONEL DE OLIVEIRA-C. LEITORES-VOL. 11.º - 1997 - LISBOA. 

INTERNET

- O LEME (Motor de Busca)
-TOPONÍMIA DE LISBOA
- CRÓNICAS DO PROFESSOR NUNO SOTTOMAYOR FERRÃO

(PRÓXIMO)«RUA DO CAPELÃO [ I ] -A RUA DO CAPELÃO E A SEVERA ( 1 )»

RUA DO CAPELÃO [ I ]

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«A RUA DO CAPELÃO E A SEVERA ( 1 )»
 Rua do Capelão - (19--) Foto de Eduardo Portugal   -  ("RUA DO CAPELÃO, esquina com o "BECO DO FORNO", edifício onde dizem ter vivido a "SEVERA")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  AML 
 Rua do Capelão - (2017) -  (Panorâmica da "MOURARIA" em particular a "RUA DO CAPELÃO, num casario seiscentista)   in  GOOGLE EARTH
 Rua do Capelão  -  (2017) -  (Panorâmica da "MOURARIA" - um pouco mais aproximado - onde se insere a "RUA DO CAPELÃO" possivelmente última residência da Fadista)  in  GOOGLE EARTH
Rua do Capelão - (entre 1890 e 1945) Foto de José Artur Leitão Barcia  -  (O "LARGO DA SEVERA",  fazia parte da "RUA DO CAPELÃO)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in AML 
 Rua do Capelão - (entre 1901 e 1970) Foto de Ferreira Cunha  -  (A última casa onde morou a SEVERA, na RUA DO CAPELÃO) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in AML 
 Rua do Capelão - (entre 1909 e 1984) Foto de Armando Ferrari  -  (A "RUA DA MOURARIA" e a entrada para a "RUA DO CAPELÃO")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  AML 
Rua do Capelão - (1932) Foto de Eduardo Portugal (negativo de gelatina e prata em vidro) - (A "RUA DA MOURARIA" vista da "RUA DO CAPELÃO")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)   in  AML

"RUA DO CAPELÃO" [ I ]

«A RUA DO CAPELÃO E A SEVERA ( 1 )»

A "RUA DO CAPELÃO" pertencia à freguesia do "SOCORRO", hoje com a "REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012" passou a pertencer à freguesia de «SANTA MARIA MAIOR».
Temos conhecimento por "CRISTÓVÃO RODRIGUES DE OLIVEIRA" autor de "LISBOA EM 1551 - SÚMARIO" pág. 21, que nessa época já existia a "RUA DO CAPELÃO" (um pouco mais comprida)  e pertencia nessa altura, à freguesia de "SANTA JUSTA".
A "RUA DO CAPELÃO" começa na "RUA DA MOURARIA" no número 90 e finaliza na "RUA DA GUIA" no número 1. No entanto, em 18 de Dezembro de 1989 a edilidade pegou num troço da própria "RUA DO CAPELÃO" entre o "BECO DO FORNO" e a "RUA DA GUIA", para consagrar a«SEVERA» com um"LARGO", sendo essa a figura principal do nosso tema, na "RUA DO CAPELÃO". Assim, devemos rectificar o final da "RUA DOCAPELÃO" que hoje não finaliza na "RUA DA GUIA" mas sim no "LARGO DA SEVERA".
A "RUA DO CAPELÃO"é uma Rua típica e mística da MOURARIA. O seu nome  estará possivelmente ligado a um oratório numa parede com frente para a "RUA" e que merecia a maior devoção dos habitantes do lugar, que "à tardinha" ali se reuniam para rezar.
A "RUA DO CAPELÃO"é envolvida em pequenos BECOS que nos levam à "RUA MARQUÊS DE PONTE DE LIMA". Repetem-se as casinhas que em tempos tiveram outra cor e algumas com vestígios da graça que as vestiu no final do século XVIII.
Diz-nos "NORBERTO DE ARAÚJO", nas suas "PEREGRINAÇÕES EM LISBOA", Vol. III, pág. 70 - "Da "RUA DO CAPELÃO, no largo, ao fundo nasce o "BECO DO FORNO", que corre para tràs de um prédio vulgar, e vai sair na parte estreita da RUA. Pois foi no prédio da esquina deste "BECO DO FORNO" e "RUA DO CAPELÃO" no número 34, do lado de baixo, que assentou, ao nível do chão - ou no primeiro andar segundo outras versões -  a "CASA DA SEVERA",  rameira célebre da MOURARIA, e que viveu algum tempo na "RUA DA AMOREIRA" no "BAIRRO ALTO".

A "SEVERA" e sua inseparável mãe mudaram-se para a "RUA DO CAPELÃO"  (vulgarmente chamada de "RUA SUJA"), então bastante frequentada pela marujada Inglesa e portuguesa.
A "SEVERA" cantava e "batia o fado" na  "TABERNA DA MARIA ROSÁRIA DOS ÓCULOS", que ficava no topo da "RUA DO CAPELÃO", na chamada casa de pedra. 
Algumas quadras (anónimas e alusivas à morte de MARIA SEVERA, estão entre os mais antigos versos ligados a musa da "RUA DO CAPELÃO").

                O FADINHO DA SEVERA 
                VAI DIREITO AO CORAÇÃO; 
                CANTAI O FADO DA MUSA 
                DA RUA DO CAPELÃO. 

               
               CHOREM, CHOREM OS FADISTAS 
               E CHORE TODA A NAÇÃO!  
               MORREU A SEVERA, A FLOR 
               DA RUA DO CAPELÃO!  

               A SEVERA MORREU JOVEM,
               TRISTE FOI O SEU CONDÃO; 
               CHORAI FADISTAS, A DEUSA 
               DA RUA DO CAPELÃO.

               QUANDO A SEVERA FALECEU, 
               AS GUITARRAS SOLUÇARAM,
               TODA A MOURARIA GEMEU,  
               E OS FADISTAS CHORARAM. 

(CONTINUA).(PRÓXIMO)«RUA DO CAPELÃO [ II ]A RUA DO CAPELÃO E A SEVERA(2)»

RUA DO CAPELÃO [ II ]

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«A RUA DO CAPELÃO E A SEVERA ( 2 )»
 Rua do Capelão - (Início do século XX) Desenho de Roque Gameiro (1864-1935) -  (O grande Mestre do desenho e da pintura,  elaborou um retracto da SEVERA, segundo indicações de pessoas contemporâneas da fadista, pensamos ser este o mais aproximado, mas não afirmamos. MARIA SEVERA terá falecido em 1846 e a primeira máquina fotográfica introduzida em Portugal andará por volta do anos de 1847)    in    HISTÓRIAS DO FADO
 Rua do Capelão  - (2017) -  (Vista de cima da "RUA DO CAPELÃO" agora mais encurtada com a realização do "LARGO DA SEVERA" in  GOOGLE EARTH
 Rua do Capelão - (entre 1900 e 1945) Foto de José Artur Leitão Bárcia  -  (Entrada da "RUA DO CAPELÃO"-a rua onde MARIA SEVERA terá eventualmente morado-, quem se apresente pela "RUA DA MOURARIA" - agora zona pedonal -) (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in   AML 
 Rua do Capelão - (entre 1900 e 1945) Foto de José Artur Leitão Bárcia - Negativo de gelatina e prata em vidro)  -  Casa da MARIA SEVERA na "RUA DO CAPELÃO", ao fundo o futuro "LARGO DA SEVERA")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)   in  AML 
 Rua do Capelão - (31.01.1902)  Foto de Machado & Sousa -  (Entrada da RUA DO CAPELÃO" na "RUA DA MOURARIA")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)    in   AML 
Rua do Capelão -  (2008) - ( Num dos cunhais da "RUA DO CAPELÃO" esta afixada uma pedra de mármore rosa, um baixo relevo com o nome da "RUA DO CAPELÃO" e dizeres: Símbolo da Mouraria e Matriz do Fado)   in  URBANUS DETALHE


(CONTINUAÇÃO) - RUA DO CAPELÃO [ II ]

«A RUA DO CAPELÃO E A SEVERA ( 2 )»

«MARIA SEVERA ONOFRIANA», filha de SEVERO MANUEL DE SOUSA e de ANA GERTRUDES SEVERA (Alcunha adaptada do nome próprio do marido), foi baptizada em 12 de Setembro de 1820 na PARÓQUIA DOS ANJOS, razão pela qual há quem refira que ela terá nascido na MOURARIA, onde de facto, na "RUA DO CAPELÃO, viveu parte da sua vida, e onde faleceu em 1846.
A colocação de uma lápide comemorativa do seu nascimento na "RUA VICENTE BORGA" (antiga "RUA DA MADRAGOA"),confirma a importância deste BAIRRO HISTÓRICO  na génese do FADO. A memória da mítica SEVERA com a colocação da lápide no local do seu nascimento, marca o início da evocação de outros grandes símbolos do FADO.
Não havendo pois absoluta certeza ou registo do local exacto do nascimento de SEVERA, há no entanto referências claras que indicam que ele se deu em 26 de Julho na MADRAGOA, na então "RUA DA MADRAGOA", actual RUA VICENTE BORGA, onde a mãe tinha uma Taberna. A data do nascimento é o que consta no registo do seu posterior baptismo em Setembro.
PINTO DE CARVALHO (TINOP) em "HISTÓRIA DO FADO", de 1903, indica que: "após investigações algo trabalhosas e demoradas, conseguimos, enfim, tirar a limpo a vida acidentada desta (meio-soprano dos conservatórios do vício). Maria Severa - assim se chamava - não era cigana como propalou a lenda, mas nasceu na MADRAGOA. Sua mãe, a "BARBUDA", tinha uma das três Tabernas que então existia naquela (RUA chamada da MADRAGOA), e alcunhavam-na assim, porque possuía tanta barba, que a obrigava a cortá-la frequentemente e a cobri-la com um lenço. Ali a "SEVERA" batia o fado com o MANOZINHO, o mais antigo fadista do sítio e com o "MESQUITA", um fadista que andava embarcado".

Existem outras referências sobre a fadista que indicam que depois do seu nascimento na "RUA VICENTE BORGA" e antes da sua fixação até final da sua vida na RUA DOCAPELÃO, terá morado noutros sítios da cidade.
Em 1831 habitava a "RUA DIREITA DA GRAÇA",  escrevendo-se também que viveu com sua mãe no "PÁTIO DO CARRASCO, ao LIMOEIRO, e na TRAVESSA DO POÇO DA CIDADE, no BAIRRO ALTO.

É pois redutora a ideia, variadas vezes difundida, que a mítica fadista nasceu, morou e faleceu confinada a um bairro da cidade.
O nascimento e a morte de MARIA SEVERA nos bem característicos e antigos bairros da MADRAGOA e da MOURARIA, não só os une na história da cidade, como também na "história do fado" e da sua génese. Pela importância que a MADRAGOA teve na primeira fase na vida da SEVERA, é pois bem merecida a colocação da lápide evocativa.

NESTE LOCAL ONDE SUA MÃE TINHA UMA TABERNA SEGUNDO A TRADIÇÃO, NASCEU EM 26 DE JULHO DE 1820  A MÍTICA FADISTA «MARIA SEVERA ONOFRIANA». Homenagem da CIDADE em 26.07.2013 - CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA - JUNTA DE FREGUESIA DE SANTOS-O-VELHO.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO CAPELÃO[ III ] O 1.º DE DEZEMBRO DE 1640»

O 1.º DE DEZEMBRO DE 1640

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«PRIMEIRO DE DEZEMBRO DE 2017»


1.º de Dezembro de 2017 - (RESTAURAÇÃO DAINDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL - 1640-2017 = 377.º ANIVERSÁRIO)   in  CDN - IMAGENS 

 1.º de Dezembro de 2017 - (1.º de Dezembro de 1640 - Restauração da independência de Portugal em relação a Espanha - (Um pouco de História de Portugal) - Com a morte de DOM SEBASTIÃO, em ALCÁCER QUIBIR, sem deixar descendência, assim como outros motivos de natureza diversa, terão concorrido para a perda da INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL. Sem um sucessor directo, a coroa passou para Filipe II de Espanha.  Este aquando da tomada de posse, nas Cortes de LEIRIA, em 1580, prometeu zelar pelos interesses do País, respeitando as leis, os usos e os costumes Nacionais.  Com o passar do tempo, essas promessas foram sendo desrespeitadas, os cidadãos Nacionais foram perdendo privilégios e passaram a uma situação de subalternidade em relação  à ESPANHA.
Esta situação leva a que se organize um movimento conspirador para a recuperação da  Independência, onde estão presentes elementos do clero e da nobreza. A 1 de Dezembro de 1640, um grupo de 40 fidalgos são introduzidos no "Paço da Ribeira", onde residia a "Duquesa de Mântua", representante da Coroa espanhola, o grupo mata o seu secretário MIGUEL DE VASCONCELOS e vem à janela proclamar D. JOÃO, DUQUE DE BRAGANÇA como REI DE PORTUGAL. Termina, assim 60 anos de domínio espanhol sobre PORTUGAL.  A revolução de LISBOA foi recebida com júbilo em todo o país. Restava, agora, defender as fronteiras de PORTUGAL de uma possível retaliação espanhola. (Tendo contribuído nessa época indirectamente os "CATALÃES" que se encontravam em revolta). Para o efeito, foram mandados alistar todos os homens dos 16 aos 60 anos e fundidas mais peças de artilharia. [Fonte: LEME]. - foto de  in SLIDEPLAYER
 1.º Dezembro de 2017 -  O "OBELISCO" dos RESTAURADORES é um MONUMENTO (Ver mais aqui...........) consagrado à Restauração e reconquista da Independência Nacional. Nele se pode observar as inscrições nos seus laterais, onde assinala as batalhas que estiveram relacionadas com a nossa Independência e expansão marítima Portuguesa)   in  GUIA DA CIDADE
1.º de Dezembro de 2017 - ( A "PRAÇA DOS RESTAURADORES" que consagra os valentes "CONJURADOS", que tornaram possível a Restauração da Independência de PORTUGAL)      in      GALERIA - VISIT LISBON


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO CAPELÃO [ III ] -DA SEVERA AO VIMIOSO».


RUA DO CAPELÃO [ III ]

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«DA SEVERA AO VIMIOSO»
 Rua do Capelão -  (2012) - Foto de Mário Marzagão  -  (A "RUA DO CAPELÃO" na MOURARIA freguesia de "SANTA MARIA MAIOR" foi o último lugar que "MARIA SEVERA" habitou)  in MÁRIO MARZAGÃO ALFACINHA
 Rua do Capelão  - (início do século XX) Desenho de Roque Gameiro -  (A "RUA DO CAPELÃO" tal como a encontrou e desenhou "ROQUE GAMEIRO" no século vinte)  in  MÁRIO MARZAGÃO ALFACINHA
 Rua do Capelão  - (1968)  Foto de Armando Maia Serôdio -  (As casas seiscentistas da "RUA DO CAPELÃO", vistas da RUA DA MOURARIA)    in     AML
 Rua do Capelão - (184-) -  (Retrato do "CONDE DE VIMIOSO", amante de "MARIA SEVERA", publicado no jornal "A TRINCHEIRA" em 1893 - BIBLIOTECA NACIONAL in  ALFACINHAS OS LISBOETAS DO PASSADO E DO PRESENTE
 Rua do Capelão - (1902) Postal ilustrado de promoção do espectáculo -  (Postal editado em 1902 para a divulgação da REVISTA "NA PONTA DA UNHA", apresentada na RUA DOS CONDES: com um quadro da "SEVERA" representada por "ROSA OLIVEIRA" e "ACÁCIA REIS" no papel de "ROSA ENJEITADA" uma revista de ALFREDO MESQUITA e CÂMARA LEME)  in HISTÓRIA DO FADO
 Rua do Capelão - (1964) Desenho de ALBERTO SOUSA -  (Em 1964 aparece um livro com os estudos de ALBERTO DE SOUSA, com o titulo: "ALFACINHAS-os lisboetas do passado e do presente". O artista terá sido levado em erro ao atribuir o nome da "SEVERA" a "Rosa Oliveira", embora estivesse a representar um quadro da SEVERA e a ROSA ENJEITADA")  in  ALFACINHAS OS LISBOETAS DO PASSADO E DO PRESENTE
Rua do Capelão - (29.04.2014) - (Painel de azulejos representando um quadro de JOSÉ MALHOA de RUI CAMPOS-Azulejaria Artística) -  (Um Painel de azulejos representando o "FADO DE MALHOA" do pintor Caldense JOSÉ MALHOA)   in   FADO MALHOA


(CONTINUAÇÃO) - RUA DO CAPELÃO [ III ]

«DA SEVERA AO VIMIOSO»

«MARIA SEVERA ONOFRIANA" (1820-1846)  é o nome mais destacado, da primeira geração de fadistas. Rameira afamada pela têmpera rija, a mestria na dança e canto do fado e o romance que mantinha com o "13.º CONDE DE VIMIOSO - DOM FRANCISCO PAULA DE PORTUGAL E CASTRO", insigne Cavaleiro Tauromáquico.
"MARIA SEVERA" era conhecida no seu tempo como autora (improvisadora) de célebres quadras de despique e galhardia, das quais "TINOP" regista, entre outras façanhas. 
O ambiente taurino que a fadista evoca, e que constitui um dos principais divertimentos populares da época ( 1 ), espalhava-se pelas tabernas e retiros ( 2 ) que acompanhavam  os percursos das manadas desde os campos  Ribatejanos aos locais urbanos das lides (ESTRADA DE SACAVÉM e do LUMIAR) e é o contexto físico e cultural onde o fado fado começou por ser cultivado e onde destronou os antigos cantares como: o "lundum", a "fofa" e o "fandango" que antes dele ali se praticava.
Até finais do século XIX, fado e touradas andavam a par, com a particularidade de a lide portuguesa incluir a participação de cavaleiros aristocratas. Os contactos entre a aristocracia e o povo prolongavam-se então nos locais de sociabilidade nocturna dos bairros populares, "nas equívocas relações entre a pobreza, e o excesso, o jogo, a criminalidade e a prostituição, onde o fado deu os primeiros passos".
O par "SEVERA" e"VIMIOSO"é fruto dessa convivência, em que figuram muitas outras personagens históricas, entre elas partidários miguelistas.

A "MARIA SEVERA", figura romanesca de LISBOA popular de meados do século XIX, que havia de ser transformada em «ÍCONE» e mito do fado.
Diz-nos ainda "TINOP" a"SEVERA" conheceu o crime, o "CONDE DE VIMIOSO", que se aproximou, atraído pela fama que ela desfrutava de tratar por tu as musas fáceis, de ter um palavreado muito típico e de cantar, inigualável, ao som namorado da soluçante guitarra.  Foi o amor pelas guitarras e pelo doce canta - em que são abordados os temas de ascendência ao desejo - que levou o "CONDE DE VIMIOSO"a procurar"MARIA SEVERA", porque ele não tocava, não cantava e não tinha o mínimo gosto para a música. No entanto, o "CONDE DE VIMIOSO" vinha, muitas vezes, buscar a "MARIA SEVERA" de "SEGE",à"RUA DO CAPELÃO".

"PINTO DE CARVALHO" (TINOP) cronista fiel da vida alfacinha da pitoresca segunda metade de Oitocentos, que  conheceu  SEVERA e lhe falou, traça deste modo um retrato que não deve ter sido ornado de fantasias: "MARIA SEVERA não era mulher para pieguices, nem para choradeiras. Forte e determinada como alguma dessas (Viragos)( 3 ) de que rezam as crónicas, com os cabelos soltos, e o clássico cigarro ao canto da boca, não pretendia ser amada pelos seus dotes femininos, mas comprazia-se em dominar os seus admiradores pela suavidade da sua vos de meio-soprano, pelo gracioso desembaraço da sua dança voluptuosa e, acima de tudo, pela irascibilidade do seu génio  e não pouco também, pela fortaleza do seu punho".

- ( 1 ) -No século XVIII havia em LISBOA quatro PRAÇAS DE TOIROS: a da "ESTRELA" (no actual "JARDIM DA ESTRELA", a da"PARADA", junto do ROSSIO, a do"SALITRE" e a do "CAMPO DE SANTANA", além do "TERREIRO DO PAÇO" onde foram realizadas touradas de grande pompa. (PIMENTEL, 1904:131). A "PRAÇA DE TOUROS DO CAMPO PEQUENO" foi edificada em 1892.

- ( 2 ) -Verdadeiros "TEMPLOS DO FADO" celebrizados  nas letras da canção até hoje, de que são exemplos: "O FERRO DE ENGOMAR", "O CHARQUINHO", "O CALIÇA", ou "O PERNA DE PAU".

- ( 3 ) -VIRAGO- Do Latim, significa semelhança a um homem e era uma palavra usada para descrever mulheres, geralmente em contexto Mitológico.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO CAPELÃO[ IV ]-A SEVERA DO TEATRO, À OPERETA E AO CINEMA».

RUA DO CAPELÃO [ IV ]

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«A SEVERA REPRESENTADA NO TEATRO, EM OPERETA E NO CINEMA»
 Rua do Capelão - (Entre 1825-1881)  -  ( A única imagem conhecida que pode, com alguma verosimilhança, ser considerada como retratando  "A SEVERA", é este esboço a tinta da china (17 X 11,8 cm) encontrado no espólio do artista e pintor FRANCISCO METRASS. Apresenta no verso a simples nota: "A SEVERA" in Guitarra de Portugal - Nº 366)   in   LIVRO HISTÓRIAS DO FADO 
 Rua do Capelão - (19--) Foto de Eduardo Portugal   - (A antiga "RUA DO CAPELÃO" hoje "LARGO DA SEVERA", povo da Mouraria num Domingo ameno, mostrando os seus trajes populares no início do século XX) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)   in   AML 
 Rua do Capelão - (1971) - Foto de Armando Maia Serôdio  -  (A "RUA DO CAPELÃO", casa onde viveu a fadista MARIA SEVERA, no sítio da MOURARIA)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE) In AML 
 Rua do Capelão - (2008)  -  ( Na "RUA DO CAPELÃO" junto ao "LARGO DA SEVERA" existe uma placa assinalando que ali morou "MARIA SEVERA ONOFRIANA", sublime do fado, faleceu em 30.11.1846 com 26 anos de idade. LISBOA - 3.6.1989)  in  LISBOA S.O.S.
 
Rua do Capelão - (10.10.2008) -  (Cartaz do Filme de LEITÃO DE BARROS "A SEVERA" história da conhecida "cigarra"  criada pelo ilustre escritor "JÚLIO DANTAS")    (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in   LISBOA S.O.S.
Rua do Capelão - (10.10.2008)  -  (Peça  " A SEVERA" em 4 actos representada no Teatro "DONA AMÉLIA" - actual SÃO LUÍS - , adaptação do romance de "JÚLIO DANTAS" apresentado nesta foto)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in   LISBOA S.O.S. 

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO CAPELÃO [ IV ]

«A SEVERA REPRESENTADA NO TEATRO, EM OPERETA E NO CINEMA»

Até certa altura «SEVERA» era uma figura da tradição boémia com o seu anedotário, a sua auréola das esperas de toiros, e seu destino na cama desconfortável de um hospital da época. De compreensão fácil, inteligência e com algumas luzes de instrução, pois sabia ler, escrever e contar, ela tinha a noção do descalabro da sua vida, da impossibilidade de a refazer e da proximidade do seu fim. Não se iludia! Sofrendo com os períodos menstruais, passou também a sofrer da garganta e a partir de certa altura ficou com a voz velada, enrouquecida.
Acontecia-lhe por vezes perder os sentidos e expelir sangue pela boca, acidentes ao que ala chamava "VADAGAIOS". Mas não se poupava. O "CONDE DE VIMIOSO", que tentou contrariar-lhe os vícios do tabaco e da bebida, nada conseguiu. Por último, deu-lhe para beber café fortíssimo. Queria morrer e...  morreu.
Não está determinado o período em que a SEVERA manteve relações intimas com o "CONDE DE VIMIOSO", as quais, no entanto, não chegaram a durar dois anos (talvez entre 1843 e 1845). parecendo que foi ela quem, reconhecendo a inviabilidade dessa ligação, tomou a iniciativa de se afastar do titular, por quem se apaixonara. mas que, de facto, pela sua posição social, não era homem para si. Essa paixão contribuirá, aliás, para agravar as desventuras de MARIA SEVERA, que despertando do seu sonho dourado se sentiu ainda mais infeliz.

"TINOP" revela-nos também que SEVERA antes de encetar amores com o "CONDE DE VIMIOSO", tivera um namorado com um rapaz da"MOURARIA", o"CHICO DO 10" (alcunha por ter pertencido ao Regimento de Infantaria 10),  o qual, por ciúmes, assassinou na "RUA DO CAPELÃO" um rival à navalhada, pelo que foi expirar a culpa nas costas de "ÁFRICA", e por lá morreu.
"MARIA SEVERA" criada ao Deus-dará, vivendo desde criança em ambientes nada dignificantes, que mais se poderia esperar dela? Um amigo chegou a instalá-la numa casa da "RUA DA BEMPOSTA" e depois noutra de que era proprietário, na "RUA DA AMENDOEIRA", onde ela e a mãe viveram viveram algum tempo. Será, porém, naquela casa da "RUA DO CAPELÃO" (hoje com o número 36) que ainda teima em resistir e onde recebeu alguns dos mais ilustres fidalgos de então, assim como figuras gradas da tauromaquia, que a "SEVERA" havia de experimentar o gosto irrefutável da popularidade e também o travo amargo do mais profundo desalento.

A notícia da morte de "MARIA SEVERA" teve um certo eco doloroso entre todos os que tocavam e cantavam o (FADO); deixando funda impressão no ânimo do fidalgo que ela popularizou na "BANZA"( 1 ) com seus improvisos.  E dizia a SEVERA cantando...
                           Tenho vida amargurada,
                           Ai que destino infeliz!
                           Mas se sou tão desgraçada
                           Não fui eu que assim o quis.

                           Quando eu morrer, raparigas,
                           Não tenham pesar algum
                           E ao som das vossas cantigas
                           Lancem-me à vala comum.
Pese esta celebridade, é contudo indiscutível  que o maior contributo dado para a entrada definitiva da "RUA DO CAPELÃO" no imaginário fadista e lisboeta, acabaria por ser dado por alguém que com o meio nada tinha em comum: o mito circunspecto escritor e dramaturgo "JÚLIO DANTAS" (1876-1962) que em 1901 escreveu uma peça aproveitando o essencial da história da SEVERA, alterando contudo bastantes aspectos do que é possível considerar verdade histórica: o "CONDE DE VIMIOSO"é trocado por um "CONDE DE MARIALVA", a"SEVERA"é dada como de origem CIGANA etc.. O enredo dramático da peça de DANTASé inteiramente baseado na "A DAMA DAS CAMÉLIAS"de ALEXANDRE DUMAS FILHO (1824-1895) que a escreve inicialmente como novela, publicando-a como peça Teatral em 1852.
Tal peça serviria igualmente de base ao libreto da Ópera "LA TRAVIATA" composta por "GUISEPPE VERDI" nesse mesmo ano.
Estreado em 25 de Janeiro de 1901 no TEATRO DONA AMÉLIA (hoje SÃO LUÍS) a peça de "DANTAS" contou com uma soberba criação de "ÂNGELA PINTO"(1869-1925) na protagonista e foi um êxito à sua adaptação a opereta, com o mesmo título em 1909. Para esse novo espectáculo, o autor contou com a colaboração preciosa de um dos mais populares e talentosos dos escritores teatrais da época, "ANDRÉ BRUN (1881-1926) com música do maestro e compositor FILIPE DUARTE (1855-1928). Em 1931 foi apresentado "A SEVERA" o primeiro filme português sonoro, realização de "LEITÃO DE BARROS".
Em 1957 "VASCO MORGADO" apresenta "AMÁLIA RODRIGUES" no TEATRO MONUMENTAL (sendo Amália, uma estreia no teatro declamado) ao lado de"ASSIS PACHECO" na obra prima do TEATRO português"A SEVERA" original do dramaturgo "JÚLIO DANTAS".

- ( 1 ) - BANZA - s.f. (pop.) viola, guitarra.

BIBLIOGRAFIA

- "ALFACINHAS" os lisboetas do passado e do presente - ALBERTO SOUSA - 1964 -LISBOA
- ARAÚJO, Norberto de - Peregrinações em LISBOA- Livro III-Vega - 1992-LISBOA.
- DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA-Direc. de Francisco Santana e Eduardo Sucena - 1994-LISBOA.
- HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA - de A.J. SARAIVA e Óscar Lopes -Porto Editora-17.ª Ed. - 1996 - PORTO.
- HISTÓRIA DO FADO - de MARIA GUINOT-RUBEN DE CARVALHO e JOSÉ MANUEL OSÓRIO - EDICLUBE - 1999 - LISBOA
- HISTÓRIA DO TEATRO DE REVISTA EM PORTUGAL - de Luiz Francisco Rebello - Vol. I - PUB. DOM QUIXOTE - 1984 - LISBOA.
- LISBOA EM 1551.- SUMÁRIO - CRISTÓVÃO RODRIGUES DE OLIVEIRA - Ed. LIVROS HORIZONTE - 1987 - LISBOA.
- LISBOA, O FADO E OS FADISTAS - de EDUARDO SUCENA - VEGA - 2002 - LISBOA.
- NOBREZA DE PORTUGAL E DO BRASIL - Coord. A.E.M. ZUQUETE - Editorial Enciclopédica, Lda. - 1961 - LISBOA. 

INTERNET

- JUNTA DE FREGUESIA DA MADRAGOA
- REVELAR LX
-TOPONÍMIA DE LISBOA
- UNIVERSIDADE DO MINHO

(PRÓXIMO) - «ÍNDICE DE: LARGO, PRAÇAS, RUAS e TRAVESSA - EM 2017 E FREGUESIAS».

ÍNDICE DE ARTÉRIAS EDITADAS NESTE BLOGUE DURANTE O ANO DE 2017

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«ÍNDICE DE RUAS DURANTE O ANO DE 2017»

ÍNDICE DE- LARGO, PRAÇAS RUAS E TRAVESSAS REPRESENTADOS POR ORDEM ALFABÉTICA.

FREGUESIAS REPRESENTADAS ESTE ANO: AJUDA - AVENIDAS NOVAS - AREEIRO - ARROIOS - BENFICA - ESTRELA - LUMIAR - MARVILA - MISERICÓRDIA - PENHA DE FRANÇA - SANTA MARIA MAIOR - SANTO ANTÓNIO  E  SÃO DOMINGOS DE BENFICA.

OÍNDICE DE ARRUAMENTOS ESTÁ ELABORADO POR ORDEM ALFABÉTICA.

ESTE ANO FORAM TRATADOS:  1 LARGO  -  2  PRAÇAS  13 RUAS   e  2 TRAVESSAS,  num total de 96 publicaçõesreferentes a arruamentos de LISBOA.


(PRÓXIMA)--«BOAS FESTAS»

BOAS FESTAS

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«BOAS FESTAS»




- Desejamos a todos os "BLOGUISTAS», visitantes desta página, familiares e amigos,   FELIZ NATAL e um BOM ANO DE 2018.

- Como vem sendo habitual vamos fazer uma pausa, voltaremos se DEUS quiser e nos dê muita força para isso, no próximo ANO com mais RUAS. Até lá, espero que vivamos esta quadra com espírito NATALÍCIO.         -  RUAS DE LISBOA COM ALGUMA HISTÓRIA -  APS

PENSAMENTO  - "Não há verdadeira força sem serenidade, nem verdadeira grandeza sem modéstia" (EÇA DE QUEIROZ).

(PRÓXIMO) «LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO   [ I ]  O LARGO DA ABEGOARIA ( 1 )».

LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ I ]

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«O LARGO DA ABEGOARIA ( 1 )»
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2014)  -  (Panorâmica do sítio da Trindade onde se insere o "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO" antes chamado de "LARGO DA ABEGOARIA)  in  GOOGLE EARTH
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (1870)  -  (Página de sátira "A BERLINDA" de Rafael Bordalo Pinheiro )   in  HISTÓRIAS COM HISTÓRIAS
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro -  (29 de Outubro de 1870)-  ( O BINÓCULO - Hebdomadário de caricaturas,  espectáculos e literatura de Rafael Bordalo Pinheiro)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  HEMEROTECA DIGITAL DE LISBOA 
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (1903) -  (O ZÉ POVINHO na história publicada na revista "A PARÓDIA") (- nunca se levanta que se não deite-)  in  CONVERSAS EM PORTUGUÊS
Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (1960-12) - Foto de Armando Maia Serôdio  -  (As iluminações de NATAL no "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO" numa noite dos anos sessenta)  in  AML 

(INÍCIO) - LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ I ]

«O LARGO DA ABEGOARIA ( 1 )»

O «LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO» (antigo "LARGO DA ABEGOARIA) pertencia à freguesia  do "SACRAMENTO", hoje pela REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012, passou a fazer parte da freguesia de "SANTA MARIA MAIOR". Este "LARGO" fica entre a "RUA DE SERPA PINTO", "RUA DA TRINDADE" e"TRAVESSA DO CARMO".
No "LARGO" outrora chamado "ABEGOARIA" do início do século XIX,  por EDITAL MUNICIPAL de 11 de Fevereiro de 1915, ficou perpetuado "RAFAEL BORDALO PINHEIRO", pintor, ceramista e caricaturista, numa placa cerâmica do tipo florão e também por ter habitado largos anos neste LARGO, onde viveu e acabou por ali falecer.

A história desta "PRACINHA", colocada quase estrategicamente um pouco acima do CARMO  e paredes meias com a TRINDADE, ou seja entre o "CARMO E A TRINDADE"... tem muito que contar.
O "LARGO DA ABEGOARIA" era em 1755 muito mais estreito que na actualidade. A recordação do Terramoto de 1755 esteve neste local patente durante muitos anos  e as reconstruções muito difíceis.
Sabe-se que por aqui foram erguidos  vários PALÁCIOS dos quais hoje não há vestígios, no entanto, há registos de alguns titulares; o "PALÁCIO DOS ALCÁÇOVAS CARNEIROS", Secretário do ESTADO.  Nas redondezas  do CARMO levantava-se o PALÁCIO nobilíssimo dos "MARQUESES DE ARRONCHES", e DUQUE DE LAFÕES, cheios de preciosidades, que tudo o fogo devorou em 1755. 
Defronte da fachada SUL do "CONVENTO DA TRINDADE" foram. pouco a pouco erguendo barracas, construções provisórias e telheiros que deram ao local um aspecto de acampamento. Os frades tinham arrendado o velho templo arruinado, que se transforma em armazém. Onde hoje está aquele prédio, erguido pelo "DR. LOURENÇO DE ALMEIDA E AZEVEDO"depois de 1886,  que tornejava para o"LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO" e dava para a "RUA NOVA DA TRINDADE", formando um pedaço da face SUL da "RUA DA TRINDADE", no sítio onde fora o PALÁCIO DOS ALCÁÇOVAS CARNEIROS arruinado e incendiado em 1755, era um amontoado de construções informes que em 1760 pertenciam a "FRANCISCO VELHO OLDEMBERG".
Em 1816 era anunciado na GAZETA de 23 de Fevereiro, a venda de um terreno na "RUA DA TRINDADE", com uma casa de três andares, com porta de pátio, fazendo cunhal e frente para a mesma RUA. Nesse terreno existia um telheiro e uma estância de Madeira     ( 1 ) .  Esse "LARGO"que havia de nascer era o da "ABEGOARIA".  Em 6 de Outubro de 1817 publicava a GAZETA outro anúncio de venda de carruagens, "traquitanas", Seges, Carrinhos Ingleses, etc., chamava ao sítio "na RUA DA TRINDADE ao CARMO, no LARGO DA ABEGOARIA",  e no suplemento do Diário do Governo de 06.05.1822, ao anunciar-se, também, a venda de carruagens e Seges, chamaram-lhe "Largo de Estevam Galhardo", ao "Carmo". A Toponímia ainda não estava devidamente bem fixada. A « de ABEGOARIA» veio, porém, a perpetuar-se ( 2 ) até 1915.

- ( 1 ) - É o prédio que faz um recanto e torneja da RUA NOVA DA TRINDADE para a  RUA DA TRINDADE, pegado à casa dos azulejos. 

- ( 2 ) - Junto à (antiga) RUA ORIENTAL do PASSEIO PUBLICO havia, em finais de 1844, outro "LARGO DA ABEGOARIA", onde se construiu o "CIRCO MADRID" (Diário do Governo de 31.12.1844) é hoje o "LARGO DA ANUNCIADA".


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ II ] O LARGO DA ABEGOARIA (2 )»

LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ II ]

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«O LARGO DA ABEGOARIA ( 2 )»
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - ( 2014 )- ( O "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO" visto de Sul para Norte. O a loja com o toldo à direita é o antigo "REI DAS MEIAS")  in   GOOGLE EARTH
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2005) - ("Álbum das Glórias" de Rafael Bordalo Pinheiro, edição comemorativa do centenário de sua morte 1905-2005)  in  OLX
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (entre 1955 e 1970) Foto de Artur Pastor -  (O Largo Rafael Bordalo Pinheiro)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)    in  AML 
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (1902) - (Estados dos corpos e das almas no presente Verão de 1902 - in "A Paródia" 1902 de R.B.P. - Legenda: À Sombra dos Imortais Princípios - As duas soberanias) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)   in   QUADROGIZ
Largo Rafael Bordalo Pinheiro - ( 1880 ) Litografia colorida  -  (LOPES TROVÃO do "ALBUM DAS GLÓRIAS" de Rafael Bordalo Pinheiro)  in   WIKIPÉDIA

(CONTINUAÇÃO)- LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ II ] 

«O LARGO DA ABEGOARIA ( 2 )»

Que existiu aqui uma "ABEGOARIA", existiu! Mas qual e onde? A possível extensão do vocabulário, de abrigo de bois e vacas, para abrigadoiro de gado cavalar e muar, poderia explicar a sinonímia atribuindo-a às cavalariças e oficinas  de SEGES cujos proprietários, em geral, faziam com a venda e compra de carros, o negócio das indispensáveis cavalgaduras. Porém está aqui a solução...  No ano de 1856 o "LARGO DA ABEGOARIA" tal como em 1776, era uma das praças destinadas para venda de hortaliças, pelo EDITAL de 24 de JULHO.
Em 1857 passou a ser «PRAÇA» das«SEGES» de aluguer, que até aí estacionavam na "RUA DO TESOURO VELHO" (actual Rua António Maria Cardoso). Outro EDITAL de 14 de Dezembro de 1863, confirmou a "PRAÇA", e o "LARGO" foi então, também destinado para a venda de leite.
Com o EDITAL de 11 de Março de 1867, voltou a manter a «PRAÇA», limitando-a, porém, só para seis trens, depois de ter estado, provisoriamente, no "LARGO DO PICADEIRO"(hoje na antiga freguesia dos MÁRTIRES), e para onde voltou.
Em 1869 regressa novamente para a «ABEGOARIA»; mudou-se a seguir para a "RUA DA HORTA SECA, tornou novamente para aqui, anichando-se seis trens em 1870 no lado Poente do LARGO e doze na "TRAVESSA NOVA DO CARMO"( 1 ).  Depois acabou a «PRAÇA», acabaram os trens, acabou tudo, só ficou o "LARGO DA ABEGOARIA", ornado depois com uma placa central,  e a seguir, nem a «ABEGOARIA» ficou, passou para "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO" em 1915.

Na esquina do antigo "LARGO DA ABEGOARIA"esquina com a"TRAVESSA DA TRINDADE" (antiga TRAVESSA DAS POSTAS DE SANTA CATARINA") existiu no século XIX, um salão de espectáculos, concertos e bailes, inaugurado em 26 de Dezembro de 1857. Chamava-se "O CAFÉ CONCERTO", de uma Empresa que se constituiu com o capital de 40 contos de réis, em acções de 50 mil réis.
Neste "CAFÉ CONCERTO" incluía-se um botequim como termo obrigatório da jornada "citérica" dos frequentadores. Numa das noites deu-se um desacato (referido por TINOP), na "LISBOA DE OUTROS TEMPOS" Volume 2.º, OS CAFÉS - páginas 266-267.
Duas mulheres (damas dessa época) ao tentar forçar a entrada, terão agredido o oficial da guarda e acabaram por serem presas. O "CAFÉ CONCERTO" não começava muito bem. No entanto iam-se realizando vários espectáculos, alguns com extraordinários artistas da época, como o actor "TABORDA".
Na época de 1864-65 realizaram-se aqui concertos, por uma orquestra francesa dirigida pelo maestro "EMÍLIO BUILLON"( 2 ).


- ( 1 ) -ARCHIVO MUNICIPAL de 1863, pág. 1657; idem 1867, página 3052; Idem de 1869, pág. 5 ; Idem de 1869, pág. 385; Idem de 1870, pág. 545.

- ( 2 ) -"A CARTEIRA DO ARTISTA", de SOUSA BASTOS, pág. 43.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ III ] O LARGO DA ABEGOARIA E AS CONFERENCIAS DO CASINO LISBONENSE ( 1 )».

LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ III ]

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«O LARGO DA ABEGOARIA E AS CONFERÊNCIAS NO CASINO LISBONENSE»
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2014)  -  (Um dos vértices do "LARGO" que liga com a "RUA SERPA PINTO". O prédio à nossa direita era o velho "CASINO LISBONENSE". A foto seguinte é semelhante, só que tem 110 anos de diferença)  in  GOOGLE EARTH
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (c. 1904) Postal Ilustrado de José Artur Leitão Bárcia-  (O antigo "LARGO DA ABEGOARIA", à direita o Edifício do Casino Lisbonense onde decorreram as CONFERENCIAS DEMOCRÁTICAS em 1871)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in AML 
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (ant. a 1905) - Foto de autor não identificado -  (RAFAEL BORDALO PINHEIRO já nos finais de sua vida)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE in  WIKIPÉDIA
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (1903)- PARÓDIA Comédia Portugueza Nº. 6 de 18 de Fevereiro de 1903 -  Aqui estamos nós a celebrar o ENTRUDO com pompa, música e dança na companhia do Sr. Conselheiro "CHÉCHÉ" e da sua mimosa comitiva. Diz BORDALO PINHEIRO que estão todos muito divertidos! Pois bem, vamos a isto que "a vida são dois dias e o CARNAVAL são três"!... e nós não queremos perder pitada!)  in MUSEU BORDALO PINHEIRO
Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (1882) -  (Em "ALBUM DAS GLÓRIAS" Nº. 28-Maio de 1882 - Litografia - (Retratando MANUEL DE ARRIAGA  com a toga de Doutor em Direito) (ABRE EM TAMANHO GRANDEin  FUNDAÇÃO MÁRIO SOARES 


(CONTINUAÇÃO) - LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ III ]

«O LARGO DA ABEGOARIA E AS CONFERÊNCIAS NO CASINO  LISBONENSE ( 1 )»

Em finais de 1869, inicio de 1870, tocava-se todas as noites neste salão, onde a novidade era o "CAN-CAN" que entusiasmava a boémia da época, a célebre "POLKA" dedicada a "BERTA", linda e estonteante bailarina alemã, que actuava no "SÃO CARLOS".
Depois de "CAFÉ CONCERTO" passou a chamar-se  "CASINO LISBONENSE", com os seus bailes de máscaras a obterem grande êxito.
Vamos então falar um pouco das certamente famosas «CONFERÊNCIAS DO CASINO». (Para compreender todo o alcance das "CONFERÊNCIAS" convém notar que se estava então num ano de grandes acontecimentos. No ano de 1871, remate da unificação de ITÁLIA, queda do II IMPÉRIO FRANCÊS, guerra franco-prussiana, Comuna de PARIS.  No plano interno é o ano em que a ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES, fundada em 1864, se estende a PORTUGAL, com a Cooperação de "ANTERO DE QUENTAL"). [FONTE: História da Literatura Portuguesa- pág. 802 e 803].

"JOSÉ MARIA EÇA DE QUEIRÓS"(1845-1900), ao chegar em 1870 a LISBOA, com 25 anos, vindo da pacata LEIRIA, ficou impressionado por um cartaz do "CASINO", onde se anunciavam cançonetas francesas por MADAME BLANCHE, e ma a l sonhava ele quanto o CASINO iria prejudicar a sua carreira de CÔNSUL.
Um dia "JOSÉ FONTANA", um agitador de sangue italiano que foi empregado na "LIVRARIA BERTRAND", tornado companheiro de um idealista - ANTERO TARQUÍNIO DE QUENTAL (1842-1891) - veio alugar a"SOARES ZAGALO"as salas do"CASINO LISBONENSE".
ANTERO, EÇA, SALOMÃO, SARRAGA, LOBO DE MOURA, OLIVEIRA MARTINS e depois RAMALHO e outros, já não podiam conter o seu entusiasmo rebelde condicionado à esterilidade das paredes mudas. A propaganda directa impunha-se. Havia um "PROGRAMA" embora não existisse uma "DOUTRINA".
ANTERO convida TEÓFILO para o grupo inovador e, no dia 22 de Maio de 1871, ANTERO iniciava as «CONFERÊNCIAS DEMOCRÁTICAS» a 100 réis a entrada.

O programa trazia a data de 16 desse mês e era assinado por ANTERO, ADOLFO COELHO, AUGUSTO SOROMENHO, AUGUSTO FUSCHINI, VIEIRA DE MEIRELES, BATALHA REIS, GUILHERME DE AZEVEDO, EÇA DE QUEIRÓS, OLIVEIRA MARTINS, MANUEL DE ARRIAGA, SALOMÃO SARRAGA e TEÓFILO DE BRAGA. A apresentação do programa fez-se na sala do rés-do-chão, mas a concorrência logo aconselhou que fosse escolhido o "SALÃO DE FESTAS".
Em 27 de Maio, o poeta das «ODES MODERNAS» disse a sua conferência - a primeira - sobre as «CAUSAS DA DECADÊNCIA DOS POVOS PENINSULARES NOS ÚLTIMOS TRÊS SÉCULOS».
Estiveram a ouvir "ANTERO" e cerca de quatrocentas pessoas. Existiram reparos, discussões e consultas.  Em 5 de Junho coube a vez a "AUGUSTO SOROMENHO", que discreto sobre «CHATEAUBRIAND e a LITERATURA MODERNA». Atacando os clássicos, não falou em GARRETT. Isto terá impressionado toda a plateia. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ IV ] O LARGO ABEGOARIA E AS CONFERÊNCIAS DO CASINO LISBONENSE ( 2 )».


LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ IV ]

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«O LARGO DA ABEGOARIA E AS CONFERÊNCIAS DO CASINO LISBONENSE ( 2 )»
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (Maio de 1882)  -  (Júlio César Machado visto por RAFAEL BORDALO PINHEIRO em ÁLBUM DAS GLÓRIAS. Ao lado da figura o JORNAL "REVOLUÇÃO DE SETEMBRO" no qual o retratado foi folhetinista) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  FUNDAÇÃO MÁRIO SOARES
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - 1885  De desenho de Columbano  -  (O célebre quadro de COLUMBANO irmão de RAFAEL, com o elemento que compunha "O GRUPO LEÃO" no Restaurante "LEÃO D'OURO"   in   WIKIMÉDIA
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (depois de 1887)  -  (Rafael Bordalo Pinheiro em mãos com o jarrão "CUNHA VASCO" fabricado no seu atelier de Cerâmica)   in  RESTOS DE COLEÇÃO
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (1896)  -  (Publicação num jornal, anunciando a venda de peças da FABRICA DE FAIANÇAS DAS CALDAS DA RAINHA, na RUA DA VITÓRIA em LISBOA)  in  RESTOS DE COLECÇÃO
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (1901)  -  (OTHELO do Livre Cambio", in A PARÓDIA. Este desenho serve, assim de pretexto para sugerir uma obra maior de WILLIAM SHAKESPEARE - OTELO - , um clássico sempre actual pontuado por amor, ciúme e traição)  in  MUSEU BORDALO PINHEIRO
Largo Rafael Bordalo Pinheiro - ( 25.04.1974) - Foto de autor não identificado  -  (O LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO, no dia da Revolução de ABRIL de 1974) (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in   AML  


(CONTINUAÇÃO) - LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ IV ]

«O LARGO DA ABEGOARIA E AS CONFERÊNCIAS DO CASINO LISBONENSE ( 2 )»


«EÇA DE QUEIRÓS» a 12 de Junho  anunciou a «AFIRMAÇÃO DO REALISMO COMO UMA EXPRESSÃO DE ARTE». Tendo-se apresentado de rígida sobrecasaca, luvas cinzentas e um dos seus escolhidos "PLASTRONS"( 1 ).  Falou durante duas horas.
A quinta conferência foi conduzida por "ADOLFO COELHO" em 19 de Junho, subordinado ao título «A QUESTÃO DO ENSINO». Atacando violentamente todo o ensino oficial vigente na altura.
O comissário da Polícia "ANTÓNIO PAULO RANGEL" achou excessivo o que dissera e deu conhecimento ao "GOVERNADOR CIVIL".  Este , por seu turno, comunicou ao MINISTRO DO REINO, que era nesse tempo o "MARQUÊS DE ÁVILA", e quando no dia 26, a RUA já cheia de gente, "SALOMÃO SARRAGA" se dirigia ao "CASTILHO" para fazer a sua conferência sobre «A HISTÓRIA CRÍTICA DE JESUS», estoira a proibição.  Foi um lanço teatral.
"SARRAGA" que diziam ser amigo de "RENAN", ficou furioso com a judiaria, e os protestos começaram no dia seguinte. Gritou a Imprensa, publicaram-se folhetos, redigiram-se protestos; na CÂMARA requereu-se e interpelou-se, e ao fim, com um voto de confiança ao GOVERNO proposto por "PINHEIRO CHAGAS", o assunto passou a entrar na agonia. 
O burguesismo oficial irritara-se com o verbo revolucionário dos liberatos do «CENÁCULO» e a onda impetuosa dos protestos desfizera-se contra a prudência do CONSERVANTISMO. 
E assim o "CASINO LISBONENSE" acabou em 1876, e logo o edifício passou a ser um estabelecimento de estofador. 
Como dissemos, fechou esta alegre sala onde o "VAUDEVILLE" ali reinou, onde o "CAN-CAN"fez furor e mais agitante que as Polcas de  "AUGUSTA MABILE", encheu as novas curiosidades os olhos alfacinhas, e onde se deram os mais alegres bailes de mascaras do seu tempo.
Pouco depois, em vez de máscaras de dominó e das "LOUPS" de veludo, ruidosos e irreverentes, começou a receber poltronas e sofás para reparação ou restauração.
O CASINO tinha efectivamente degenerado num estabelecimento de estofos.
A antiga casa "GASPAR GOMES & ANJOS", da PRAÇA DO LOURETO, 2 a 5, já então pertença da firma BARBOSA & COSTA, instalou-se no ambiente  do "DIVERTIMENTO" de "SOARES ZAGALO".  Melhorou muito depois em sucessivas obras, ganhou nome e fama e no início do século XX era uma das Instituições Comerciais mais conceituadas e elegantes de LISBOA .

- ( 1 ) - PLASTRONS -s.m. (francês) -Plastrão: colete almofadado (de esgrima); escudo, protecção etc..
- ( 2 ) - VAUDEVILLE -s. m. (francês) - Canto Alegre, Baquico (relativo a BACO-orgíaco), comédia musicada, farsa.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO[ V ] A CASA DO FERREIRA DAS TABULETAS».  

LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ V ]

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«A CASA DO FERREIRA DAS TABULETAS»
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2002) Foto de Andrés Lejona  - (Fachada do edifício "CASA  DO FERREIRA DAS TABULETAS")  (ABRE EM TAMANHO GRANDEin  AML 
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2014) - O "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO", ao fundo a "CASA DO FERREIRA DAS TABULETAS")  in  GOOGLE EARTH
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2014)  - (Um pormenor mais aproximado da "CASA DAS TABULETAS", com grande movimento de "restauração" no piso térreo)   in GOOGLE EARTH
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2009)  Foto de Alegria 13 -  "A CASA DO FERREIRA DAS TABULETAS" com frente para o "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO", embora aquela parte seja considerada "RUA DA TRINDADE")  (ABRE EM TAMANHO MAIOR)  in WIKIPÉDIA
Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2008) -  (O ZÉ-POVINHO", uma caricatura criada para simbolizar o povo português, por RAFAEL BORDALO PINHEIRO)   in  ANTREUS


(CONTINUAÇÃO) - LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ V ]

«A CASA DO FERREIRA DAS TABULETAS»

«A CASA DO FERREIRA DAS TABULETAS» é um prédio notável da "RUA DA TRINDADE"fica na parte NORTE do"LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO" (antigo "LARGO DA ABEGOARIA"). Foi mandado construir em 1864 nos  terrenos que tinham sido vendidos em haste pública, após a extinção das "ORDENS RELIGIOSAS" em 1834 e  pertenceram ao "CONVENTO DA SANTÍSSIMA TRINDADE", adquiridos pelo emigrante galego "MANUEL MOREIRA GARCIA", capitalista e dono da"CERVEJARIA TRINDADE", de fortes convicções maçónicas.

A notabilização da maravilhosa fachada deste edifício oitocentista, vem-lhe do revestimento cerâmico, demonstrando um gosto romântico com inspiração Barroca, pintado por "LUÍS FERREIRA" (Dirigente da FÁBRICA DE CERÂMICA DA VIÚVA LAMEGO), ficando conhecido por "FERREIRA DAS TABULETAS".  A composição azulejar preenche o espaço dos três pisos do edifício de feição pombalina.  A fachada dividida em três panos e quatro registos de composição azulejar, integrando-se perfeitamente na estrutura arquitectónica do edifício.
O programa decorativo congrega os símbolos maçónicos, ligados aos ideais do proprietário.  O esquema cenográfico, criando efeitos de profundidade e riqueza cromática. Sendo um dos mais originais programas decorativos exteriores da arquitectura lisboeta maçónica como o "OLHO DA PROVIDÊNCIA", com diversas alegorias. Entre as janelas rasgadas na fachada  -  três em cada piso, dispostas a espaços regulares  -  foram pintados nichos com figuras humanas de gosto clássico, (revelando a sua originalidade por integrar falsos elementos arquitectónicos, imitando a pintura "TROMPE L'OEIL", representando a "TERRA"; a"ÁGUA"; a"INDUSTRIA"; o"COMÉRCIO": a"AGRICULTURA"e a "CIÊNCIA". Nos extremos da fachada, em eixo, dispõem-se medalhões circulares com cabeças de leão, sendo este o símbolo heráldico de "MANUEL MOREIRA GARCIA".
No FRONTÃO da fachada no alto, foi colocado ao centro, o "OLHO DA PROVIDÊNCIA", envolto por cornucópias, frutos e enrolamentos de "ACANTO"( 1 ).
O espaço interior da casa segue a tipologia pombalina, estando classificada como IMÓVEL DE INTERESSE PÚBLICO.
Esta edifício embora venha a embelezar o "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO", actualmente não está referenciado como sua pertença. No passado século XIX, com a urbanização da "RUA DA TRINDADE" em 1888 e após o desaparecimento dos casebres da "ABEGOARIA" e da"FÁBRICA DO GESSO" que lhe estava agarrado pelo NORTE, passou a fazer parte da "RUA DA TRINDADE".

CURIOSIDADE DA ÉPOCA
Diz-nos "TINOP" que neste prédio (além de muitos outros) terá residido "LUÍSAPONTIROLO" bailarina do "TEATRO SÃO CARLOS". E por ela ter resistido aos galanteios de "ANTÓNIO DA CUNHA SOTOMAYOR", o futuro diplomata a brindou com uma "pateada" encomendada, e pior do que isso, com uma chuva de objectos atirados pelos "delettanti" apaixonados e bravios ( 2 ).

- ( 1 )-ACANTO - (Arquitectura - Ornato característico do capitel coríntio, feito à semelhança das folhas de ACANTO.
- (   2  ) - LISBOA DE OUTROS TEMPOS, VOLUME 1.º, pág. 288.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO[ VI]-A CASA DO FERREIRA DAS TABULETAS ONDE HABITOU O "MATA-FRADES"»

LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ VI ]

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«A CASA DO FERREIRA DAS TABULETAS, ONDE HABITOU O "MATA-FRADES"»
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (Século XIX) -  (O político "JOAQUIM ANTÓNIO DE AGUIAR" que habitou este edifício no número 30 3.º andar, foi três vezes Presidente do Conselho de Ministros de Portugal, tendo por alcunha o "MATA-FRADES")   in  WIKIPÉDIA 
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro -  (1949) Foto de Eduardo Portugal -CML- (A "CASA DO FERREIRA DAS TABULETAS" frente ao LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in LISBOA DE ANTIGAMENTE
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2013)  -  (A Casa do Ferreira das Tabuletas na "RUA DA TRINDADE" (ABRE EM TAMANHO GRANDEin   LISBOA
Largo Rafael Bordalo Pinheiro  -  (2013)  -  A Casa do Ferreira das Tabuletas onde habitou o "MATA-FRADES")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  LISBOA


(CONTINUAÇÃO)- LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ VI ]

«A CASA DO FERREIRA DAS TABULETAS ONDE HABITOU O "MATA-FRADES"»


Neste edifício na "RUA DA TRINDADE", em posição fronteira ao "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO, mantendo-se ainda um prédio de boa arquitectura, já centenário, tendo a sua frontaria coberta de artísticos azulejos.
Visto à distância, do meio do LARGO, este prédio, com o Nº. 30, de terceiro andar, com estabelecimentos no piso térreo, apresenta-se como um bem significativo símbolo da antiga LISBOA do tempo dos nossos avós. Porém, o que mais fará distinguir este edifício será o facto de nele ter habitado um dos mais controversos políticos do terceiro quartel do século XIX.
Com efeito, no terceiro andar deste nº. 30 da "RUA DA TRINDADE" teve a sua residência um célebre Ministro de "DOM PEDRO IV", "JOAQUIM ANTÓNIO DE AGUIAR", tendo nascido em COIMBRA no dia 24 de Agosto de 1792 e faleceu no BARREIRO (LAVRADIO) a 26 de Maio de 1884, passou à história com a alcunha do «MATA-FRADES». Esta alcunha deve-se ao facto de se ter decretado a extinção das Ordens Religiosas no nosso país, do que resultou a anexação das propriedades dos CONVENTOS aos bens nacionais.
Foi o respectivo decreto assinado em 28 de Maio de 1834 (outro 28 de Maio de triste memória), logo após a capitulação de "DOM MIGUEL", em ÉVORA-MONTE,  portanto em plena euforia da vitória Liberal, uma vitória que DOM PEDRO IV mal teve tempo de saborear, por ter falecido novo, quatro meses depois.  Em contrapartida, o «MATA-FRADES» viveria até aos oitenta anos de idade e assistiria à inauguração do Monumento ao "REI SOLDADO", na "PRAÇA D. PEDRO IV"(vulgo ROSSIO).

Desde jovem, manifestou as suas ideias liberais. Deputado em 1826, perante o regresso de "D. MIGUEL" a PORTUGAL, emigrou para LONDRES e participou depois nas expedições que desembarcaram na ILHA TERCEIRA e no MINDELO, vindo a exercer mais tarde os cargos de MINISTRO DO REINO e de MINISTRO DA JUSTIÇA. Foi nesta qualidade que decretou a extinção das Ordens Religiosas, afirmando o historiador "Pe. JOSÉ ALVES MATOSO" que "DOM PEDRO IV" e "JOAQUIM ANTÓNIO DE AGUIAR" promulgaram o decreto contra o voto do CONSELHO DE ESTADO. Por sua vez "PINHEIRO CHAGAS"refere que " a extinção das Ordens Religiosas é atribuída com menos verdade à iniciativa de JOAQUIM ANTÓNIO DE AGUIAR", que legou aos seus contemporâneos e aos vindouros grandes exemplos de probidade, de civismo e de amor pelos ideais liberais".
De salientar que é, exclusivamente sua, a medida que levou à criação de novas escolas.
Chamado ao governo e dele afastado, conforme a evolução política da época, JOAQUIM ANTÓNIO DE AGUIAR foi presidente do CONSELHO DE MINISTROS por três vezes, a última das quais entre 1865 e 1868. PINHEIRO CHAGAS também apresenta fisicamente este activo político; "AGUIAR era o tipo característico do conselheiro do seu tempo. Alto ventre abaulado sem excesso, cabeça precocemente calva, vestindo sempre com severa gravidade".
Morreu no BARREIRO (LAVRADIO) como já fora dito, na sua "QUINTA" favorita de SÃO MARCOS.  COIMBRA seu lugar de nascimento, prestou-lhe homenagem colocando a sua estátua no "LARGO DA PORTAGEM"

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO[ VII ] RAFAEL BORDALO PINHEIRO ( 1 )».

LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ VII ]

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«RAFAEL BORDALO PINHEIRO ( 1 )»
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2014)  -  (O "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO" era um local de boas lojas no passado, e estão novamente a surgir os bons tempos)  in GOOGLE EARTH
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - ( 1887 )  -  (Projecto da Fábrica de Faianças das CALDAS DA RAINHA em 1887)  in   RESTOS DE COLECÇÃO
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro  -  (1877) -  Capa da partitura da Compositora e Pianista "FRANCISCA GONZAGA" (Chiquita Gonzaga), com ilustração feita por Rafael Bordalo Pinheiro)  in   WIKIMÉDIA
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - ( 1884 )  -  (Retrato de RAFAEL BORDALO PINHEIRO por ocasião da abertura da sua fábrica nas "CALDAS DA RAINHA")  in  RESTOS DE COLECÇÃO
Largo Rafael Bordalo Pinheiro  -  (1884) -  (Título de uma "ACÇÃO" da fábrica de Faianças das Caldas da Rainha em 1884)  in  RESTOS DE COLECÇÃO


(CONTINUAÇÃO) - LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO  [ VI ]

«RAFAEL BORDALO PINHEIRO ( 1 )»

Existem famílias que parecem ter nascido com uma certa predestinação. Ou seja: todos ou a maioria dos seus membros (familiares) revelam excepcionais aptidões para as "ARTES E OFÍCIOS" a que se dedicam.
Assim na centúria de 1800, com repercussões na seguinte, uma família lisboeta conseguia a proeza de que praticamente todos os que dela faziam parte deixavam obra.
«MANUEL MARIA BORDALO PINHEIRO (1815-1880) seria o patriarca desta clã de gente célebre. Embora oficialmente a sua profissão fosse a de primeiro oficial da secretaria da "CÂMARA DOS PARES", a verdade é que ficou conhecido como pintor, escultor e gravador, com obra vasta e dispersa, que vai da Ilustração em Jornais até bustos de vultos históricos, passando pelos trajes e figurinos dos teatros do "SÃO CARLOS"e"DONA MARIA II" por ele desenhados durante longo tempo.
Depois dele, vem "MARIA AUGUSTA", "RAFAEL", "COLUMBANO" e "MANUEL GUSTAVO", qualquer deles brilhantes nos trabalhos artísticos a que se dedicaram.

"RAFAEL AUGUSTO PROSTES BORDALO PINHEIRO (21.03.1846-23.01.1905)é o terceiro filho de "MANUEL MARIA BORDALO PINHEIRO" e de "MARIA AUGUSTAPROSTES. O artista era lisboeta "dos quatro costados". Nasceu num modesto prédio da "RUA DA FÉ" ( ver mais aqui...) (antiga freguesia de SÃO JOSÉ, hoje "SANTOANTÓNIO"), com o actual número 47,  edifício que pertencia ao seu avô paterno, o advogado "MANUEL FÉLIX DE OLIVEIRA PINHEIRO" (que foi o primeiro presidente da "Associação dos Advogados de LISBOA) onde então habitavam os pais. 
( Uma confusão do escritor "JÚLIO CÉSAR MACHADO" fez que, durante algum tempo, se atribuísse a outra a outra casa bem próxima, na "RUA DE SÃO JOSÉ", a localização do quarto onde o artista tinha vindo à luz pela primeira vez).
Entre os vários locais onde habitou e teve "ATELIER", será de dar relevo à "VILA ou PÁTIO MARTEL", na "RUA DAS TAIPAS" com o número 55.  Nesse recanto, mandou o proprietário ( um homem culto e dado às artes, "JOSÉ TRIGUEIROS DE MARTEL"  arranjar  alguns "atelieres" para artistas.
Deles aproveitaram três dos irmãos BORDALO PINHEIRO. Assim, "MARIA AUGUSTA"montou ali a sua oficina-escola de rendas artísticas. "COLUMBANO" expôs lá o seu primeiro quadro premiado no "SALÃO DE PARIS", o célebre «CONCERTO DE AMADORES».  "RAFAEL" levou lá acabo as suas primeiras experiências de cerâmica, antes de se decidir a  tomar conta da direcção artística da "FÁBRICA DAS CALDAS DA RAINHA", propriedade de um irmão "FELICIANO".

Durante parte da sua vida, "RAFAEL" morou na casa em que acabaria por falecer, situada no "LARGO DA ABEGOARIA", que hoje tem o seu nome; "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO", entre o CARMO e a TRINDADE, onde o artista viveu desde 1883 até 1905, ano da sua morte. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO[ VIII ]RAFAEL BORDALO PINHEIRO ( 2)»

LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ VIII ]

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«RAFAEL BORDALO PINHEIRO  ( 2 )»
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2014)  -  (Este edifício de esquina à direita Sul do Largo, dali se podiam ver os "pardieiros", foi habitado por "RAFAEL BORDALO PINHEIRO" de 1883 até 1905)  in GOOGLE EARTH
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - ( 2014) -  (Visto do "LARGO" a tal abertura que deu a continuação da "RUA DA TRINDADE" onde estiveram durante vários anos os "pardieiros" da TRINDADE")  in  GOOGLE EARTH
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (08 de Abril de 1880)  -  (Cabeçalho do Jornal "ANTÓNIO  MARIA" - A figura da viúva do António, e Maria, que abre o número do programa "PONTOS NOS i i)   in   BLOG DA RUA NOVE
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (Março de 1880) -  ("ANTÓNIO MARIA FONTES PEREIRA DE MELO" em "ÁLBUM DAS GLÓRIAS"  Nº. 2 - 1880 a 1883 de RAFAEL BORDALO PINHEIRO)  in    DESENVOLTURAS E DESACATOS
Largo Rafael Bordalo Pinheiro -  (1880)-  ("RAMALHO ORTIGÃO retratado no "ÁLBUM DAS GLÓRIAS" , Litografia de Rafael Bordalo Pinheiro)  ( ABRE EM TAMANHO MAIORin  ABEBOOKS

(CONTINUAÇÃO) - LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ VII ]

«RAFAEL BORDALO PINHEIRO ( 2 )»

Residia "RAFAEL BORDALO PINHEIRO" no prédio que fazia curva para a "RUA DA TRINDADE"no primeiro andar.  "RAFAEL" teve alguns conflitos com a "CÂMARA",  tudo referente a uns casebres e a uma "Fábrica de Gesso" que existiam naquela localidade.
No início de 1867 a CÂMARA resolveu expropriar o prédio que tornejava pelo NORTE, da "RUA DA TRINDADE para alargamento daquela serventia e desafogo das entradas para o novo "TEATRO DA TRINDADE".
Em Novembro do mesmo ano seguiu-se a "FÁBRICA DO GESSO", então propriedade de "BERNARDO LUIZELLO", tendo a CÂMARA aprovado a sua demolição por utilidade pública. Aprovou, mas nada se fez. Em 1873, na Sessão de 22 de Dezembro foi presente um requerimento dos moradores locais pedindo se alargasse aquela serventia. Tudo inútil. As barracas continuavam de pé e a "RUA DA TRINDADE" continuou a estar atravancada. Dez anos depois ainda estavam firmes os pardieiros.
"RAFAEL BORDALO PINHEIRO", vizinho fronteiriço, irritado com o desleixo Municipal, iniciou então no "ANTÓNIO MARIA" (Jornal que teve duas séries sendo a primeira de 1879-1885 e a segunda de 1891 a 1898), uma campanha de "Blagues" (dito espirituoso)  -  a mais devastadora de todas as campanhas - contra os "mostrengos".
No número 20 de Setembro de 1883, publicava um enigma pitoresco, dedicado à CÂMARA, onde se desenham os pardieiros, e no mês seguinte outro do mesmo género com a decifração do primeiro que dizia o seguinte:"QUE GRANDE, QUE RICO CHEIRO  / DA MAIS SAUDÁVEL MARZIA(SIC) / QUE NOS VEM DO PARDIEIRO / DO LARGO DA ABEGOARIA". Do segundo vem esta decifração, no número de 4 de Outubro: "ANTES DO MÊS DE JANEIRO, /  À PRIMEIRA VENTANIA /  VEM ABAIXO O PARDIEIRO / DO LARGO DA ABEGOARIA".
Catorze dias depois, era dedicado no alegre semanário, oito quadras à CÂMARA sobre o mesmo assunto. A CÂMARA lia... e reflectia.  "RAFAEL BORDALO PINHEIRO"  -  estava-se então em período de eleições Camarárias -  resolve que o pardieiro também vai votar a favor de "ROSA ARAÚJO", e desenha-o com uma lista na mão no número de 1 de Novembro, sentando-o satisfeito e inamovível, numa cadeira. Depois de mais três ou quatro publicações, a campanha do "ANTÓNIO MARIA" acaba então. "RAFAEL" depõe as armas e o lápis. Passaram quatro anos. A hora desejada chegara enfim. A CÂMARA acordara, e o pardieiro com os restos do gesso da fábrica, os cueiros à janela, as chaminés enfarruscadas, as empenas desaprumadas lá eram removidos, estava-se em MARÇO de 1887.

Quando se começou a erguer o prédio do "DR. LOURENÇO DE ALMEIDA E AZEVEDO", lente da POLITÉCNICA, prédio que ainda lá permanece, o saudoso caricaturista, nos "PONTOS NOS i i" de 14 de Abril , dedica, de novo, o seu lápis ao assunto, pintando o aspecto da obra e fazendo votos para que naquele local se não erga qualquer outro pardieiro em estilo GÓTICO ou BIZANTINO que venha a fazer saudades da mesquinha ruína ( 1 ).


- ( 1 ) - Referia a mãe do DR. LOURENÇO DE ALMEIDA E AZEVEDO que, ao abrirem os caboucos para a edificação, se encontraram valiosos restos de loiças antigas (detritos do Terramoto) e muita ossada que certamente eram, (porque se desfaziam ao tocar), vestígios do velho Cemitério do "CONVENTO DA TRINDADE".  

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO[ IX ]RAFAEL BORDALO PINHEIRO ( 3 )».
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