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Channel: RUAS DE LISBOA COM ALGUMA HISTÓRIA
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RUA ALFREDO DA SILVA [ VIII ]

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«DO BANCO LUSITANO AO MUNDO DOS NEGÓCIOS»
 Rua Alfredo da Silva - (2016) -  (Início da "RUA ALFREDO DA SILVA" na antiga "QUINTA DO ALMARGEM" na freguesia da "AJUDA")    in    GOOGLE EARTH
 Rua Alfredo da Silva - (Entre finais do séc. XIX e início do séc. XX) -  (Anúncio da "Companhia União Fabril" das suas fábricas em ALCÂNTARA que produziam; sabão de todas as qualidades)  in FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX 
 Rua Alfredo da Silva - (anos 50 do século XX) - Foto de Ricardo Ferreira -  (Chávena de café da SOCIEDADE GERAL, um interessante conjunto da marca CÉSOL-Fábrica de Faianças situada em SOUSELAS. Esta CHÁVENA era usada não só nas instalações em terra, como em Barcos da SOCIEDADE GERAL-SG)    in    GRUPO CUF
Rua Alfredo da Silva - ( 1956 ) -  (Mais um anúncio da COMPANHIA UNIÃO FABRIL-CUF, publicitando toda a sua gama de oferta) in   RESTOS DE COLECÇÃO


(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ VIII ]

«DO BANCO LUSITANO AO MUNDO DOS NEGÓCIOS»

Enquanto a IMPRENSA acompanhava a descoberta de novas fraudes o anterior presidente do BANCO LUSITANO era preso por falta de fiador, circulando boatos, usando desacreditar a recente-empossada direcção de "ALFREDO DA SILVA", de novo na linha da frente. 
Em ABRIL, "ALFREDO DA SILVA" ascende ao lugar de Director do "BANCO LUSITANO". Aos 21 anos, subia o primeiro degrau que o levaria ao "Mundo dos grandes negócios". Para o jovem nem tudo estava perdido. Sem descurar a boa administração das acções familiares de que é responsável, começa então a participar com mais regularidade nas ASSEMBLEIAS GERAIS de outras empresas, ressaltando-se o seu desempenho junto das COMPANHIA DOS CAMINHOS-DE-FERRO, do GÁS e da CARRIS DE FERRO DE LISBOA-CCFL. Em finais de 1892, o director da CARRIS designa-o para realizar no estrangeiro um estudo sobre a questão da electrificação das suas linhas, com vista à instalação de CARROS ELÉCTRICOS. Pela mesma altura, entraria para membro do CONSELHO FISCAL DA COMPANHIA DO GÁS. Tinha conseguido já adquirir, por ele mesmo, um bem precioso: CREDIBILIDADE

No entanto o historiador "RUI RAMOS" sintetizaria: a   "falência do "BANCO LUSITANO" [foi] a oportunidade para a revelação de (...) "ALFREDO DA SILVA" (...), que aproveitou o descrédito da anterior Direcção para se promover a si próprio sob o lema "LEI DA MORALIDADE". ( 1 ) 
O certo é que nas ASSEMBLEIAS GERAIS de várias Empresas, onde firmou a sua personalidade, discutindo com os seus opositores problemas de Administração, foi provando assim do que seria capaz o seu espírito de administrador e organizador, quando para isso se lhe oferecesse oportunidade. Esta não tardou a chegar. ALFREDO DA SILVA estava atento... e agarrou-a.

ALFREDO DA SILVA o mais arrojado dos empreendedores industriais, responsável pelo lançamento do que será o maior GRUPO ECONÓMICO PORTUGUÊS em 75 anos.
Teve a vantagem de nascer no seio de uma família abastada da capital, da qual herda aos 14 anos, em 1885, prédios, terras e acções de grandes Companhias. Começando como empregado da CASA BURNAY, aos 22 anos e já figura proeminente, a ponto de ser convidado para Director da CARRIS. Cinco anos depois, proprietário da pequena "COMPANHIA ALIANÇA FABRIL", convence o MARQUÊS DE BURNAY a fundi-la com a sua "COMPANHIA UNIÃO FABRIL", de maior dimensão. Assim nasceu a CUF - COMPANHIA UNIÃO FABRIL, de que se tornou Presidente, no meio de uma relação por vezes tempestuosa com o banqueiro BURNAY.  A CUF começa pela indústria de sabões e velas. ALFREDO DA SILVA tendo em conta o recente crescimento do consumo de adubos no ALENTEJO, todos importados, a Companhia, passou a produzi-los no BARREIRO, uma vila rural com excelente situação geográfica.
Cedo a Empresa adquire uma tendência monopolista no sector. Sempre adepto do autoritarismo. ALFREDO DA SILVA torna-se deputado franquista em 1907, chegando a acompanhar o primeiro-ministro de pistola em punho para o proteger de ataques populares. É personagem central do processo de Industrialização portuguesa do século XX.

- ( 1 ) - RUI RAMOS in "A SEGUNDA FUNDAÇÃO", in HISTÓRIA DE PORTUGAL" pág.167.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ IX ] O PENSAMENTO NA FUSÃO ENTRE A "CAF" E A "CUF"»


RUA ALFREDO DA SILVA [ IX ]

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«O PENSAMENTO DA FUSÃO ENTRE A "CAF" E A "CUF"»
 Rua Alfredo da Silva - (2016) -  (A "RUA ALFREDO DA SILVA" em LISBOA, no sentido Oeste, na freguesia da "AJUDA")   in  GOOGLE  EARTH
 Rua Alfredo da Silva - (1899)  -  (Uma das FÁBRICAS DA CUF em ALCÂNTARA, LISBOA )  in FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva - (1899)  -  (A Fábrica de Adubos Químicos da CUF em ALCÂNTARA, LISBOA)   in   FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva - ( 1903 ) -  (Um DIPLOMA atribuído à "COMPANHIA UNIÃO FABRIL - CUF". na EXPOSIÇÃO AGRÍCOLA e de PRODUTOS MINERALÓGICOS)  in FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
Rua Alfredo da Silva - ( 1907 ) -  (Fábrica de Azeites de ALFERRAREDE. adquirida por ALFREDO DA SILVA, fazendo parte do plano de expansão da C.U.F. no início do século XX, a secção de trituradores)   in    FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX


(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO SILVA [ IX ]

«O PENSAMENTO DA FUSÃO ENTRE A "CAF" e a "CUF"»


«ALFREDO DA SILVA» tomava posse como administrador-gerente no ano de 1893 da "COMPANHIA ALIANÇA FABRIL -CAF".
O país estava em franca mudança, nesse início da década de 90 do século XIX, "a crise financeira não agiu sobre a economia apenas através da flutuação e baixa de câmbios. Assim ajudou a implantar novas ideias económicas".
Em 1892 "OLIVEIRA MARTINS" na altura MINISTRO DAS FINANÇAS, procura erguer barreiras alfandegárias para suavizar a impetuosa concorrência vinda do exterior, criando assim condições para a industria emergente Nacional. Já na década passada era reclamada esta protecção para a industria, que em 1886 só os TÊXTEIS obtiveram.
Nesse ano de 1893 parece dar o passo decisivo, ao afastar-se dos negócios do "BANCO LUSITANO", entregando-o nas mãos dos seus amigos"PETRA VIANA"e"JOSÉAUGUSTO MOREIRA DE ALMEIDA", após acórdão favorável do TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE LISBOA de 29.08.1894, que homologava a «CONCORDATA» com os principais credores. Talvez eventualmente pretendesse dedicar-se exclusivamente à CAF, mas no ano seguinte já o vemos acumular com o cargo de Director da «CARRIS».
O novo gerente contava com gente da sua total confiança, que vai buscar ao "BANCO LUSITANO". 
A equipa esforça-se por implementar as vendas de determinados produtos. Uma embalagem mais atractiva de VELAS cognominada "NAVIO" venderia muito bem. No ano de 1895 lança uma nova actividade: a importação de ADUBOS QUÍMICOS.
Mas nem tudo era um mar de rosas. Em particular a concorrência com outras empresas do ramo, (em 1896 existiam 24 estabelecimentos de pequena dimensão no sector Industrial do SABÃO). Entre elas uma parece merecer especial atenção, a COMPANHIA UNIÃO FABRIL, sediada em LISBOA, com fábrica no "LARGO DAS FONTAINHAS", também dedicada ao "sabão de todas as qualidades e ainda óleos de palmiste, linhaça, purgueira, amendoim e rícino, além de coconote para engorda de animais e adubos para terra". Esta empresa fundada em LISBOA em 1865 pelo "CONDE DA JUNQUEIRA" com o capital de 200 contos de réis, contava agora com HENRIQUE BURNAY entre os principais accionistas.
Então com 26 anos "ALFREDO DA SILVA", à frente da CAF não se dava por satisfeito. E começa, segundo DIAS MIGUEL, a "GIZAR UM PROJECTO AUDACIOSO": a fusão da sua empresa com a rival C. U. F.. O "estudo do problema deverá ter-se efectuado em meados de 1897". A solução da fusão seguia aliás o "modelo típico das crises capitalistas".

Um incêndio de grandes proporções terá atingido a "COMPANHIA ALIANÇA FABRIL-C.A.F." na noite de 04.02.1889, precipitaria os acontecimentos. Apesar dos avultados prejuízos, traduzidos na destruição de metade da Fábrica, lá estava o jovem Industrial "ALFREDO DA SILVA" nessa difícil segunda-feira a dar mostras de uma enorme presença de espírito, ao fazer publicar na imprensa, logo no dia seguinte, um anúncio aos clientes: sem deixar de pedir a preferência pelos produtos nacionais, assegurava que dentro de dias a fábrica poderia cumprir os contractos de fornecimentos, para isso, estavam a ser tomadas todas as providências para normalizar a situação.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ X ]-A REORGANIZAÇÃO DAS FÁBRICAS». 

RUA ALFREDO DA SILVA [ X ]

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«A REORGANIZAÇÃO DAS FÁBRICAS»
 Rua Alfredo da Silva - (2016) -  (A "RUA ALFREDO DA SILVA" na freguesia da "AJUDA", praticamente no seu final sem saída)  in   GOOGLE EARTH
 Rua Alfredo da Silva - ( 1900 )  -  (L' EXPOSITION UNIVERSALLE DE PARIS 1900, foi uma Feira Mundial em Paris, onde a CUF esteve representada com seus produtos, obtendo assim uma medalha de Ouro)   in  PINTEREST
 Rua Alfredo da Silva - (1907) -  (O interior da Fábrica de Azeites de ALFERRAREDE, um engenho motorizado)   in    FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva - (1907)  -  (O interior da Fábrica de Azeites  de ALFERRAREDE, a secção de prensas de segunda pressão)   in   FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva - ( 1907) - (Interior da fábrica de azeites de ALFERRAREDE, na escolha da azeitona)    in  FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
Rua Alfredo da Silva - (1907)  -  (FÁBRICA DE AZEITES DE ALFERRAREDE, escolha da azeitona para as prensas da primeira pressão)    in    FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX


(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ X ]

«A REORGANIZAÇÃO DAS FÁBRICAS»

"ALFREDO DA SILVA" desejava a concentração de algumas companhias, em especial as de HENRIQUE BURNAY, titular de "peso" em quase todas. O empresário torneava assim um embaraço comum a muitos outros industriais: ausência de capital disponível para, por sua conta e risco, fazer arrancar o seu projecto.
A 15 de Abril de 1898, reuniria pela última vez a "ASSEMBLEIA GERAL" da Companhia Aliança Fabril-CAF.", que aprova a proposta de "fusão" com a "Companhia União Fabril".ALFREDO DA SILVAé então nomeado de imediato, (com o auxilio financeiro do Conde BURNAY), a nova empresa formalizada a 20 do mesmo mês, continuará a usar a designação de CUF, sendo o seu capital social elevado para 500 contos.
Ainda em 1898, perante a concorrência nacional e estrangeira, ALFREDO DA SILVA aposta na instalação de uma fábrica de ADUBOS QUÍMICOS. Três dias depois da fusão ordena o levantamento nas FONTAÍNHAS de nova fábrica de sabão, de oficinas de adubos compostos e de massa de purgueira. Pouco depois cria novos depósitos no PORTO e em COIMBRA.

As duas fábricas, ao tempo da fusão, estavam em franca decadência, mal estruturadas e administradas, os negócios não podiam prosperar. Os seus métodos de fabrico estavam antiquados e resultavam altos custos, os preços de venda estabelecidos sem prévio cálculos apropriados, a colocação dos produtos era feita ao acaso sem os convenientes e duradouros contactos com os compradores. Havia toda a necessidade de revolucionar os métodos de trabalho e reorganizar a contabilidade.

«Conta-se que um dos seus primeiros actos, mal aquecida ainda a cadeira da secretária onde se sentava, foi chamar o guarda-livros e perguntar-lhe, à queima-roupa, qual o preço de custo, segundo os cálculos da sua contabilidade, por quanto ficava cada barra de sabão amarelo produzida na antiquada fábrica das FONTAÍNHAS.  O contabilista indicou sem hesitar um preço. "Tem a certeza?", indagou o novo patrão.  "A certeza absoluta senhor SILVA", respondeu o empregado. O senhor SILVA manda-o então sentar-se e chamou o contínuo, a quem ordena que vá comprar uma barra de sabão amarelo à mercearia da esquina. Volvidos instantes regressa o contínuo com a barra de sabão, indicando como tendo sido o preço da compra uma cifra, precisamente igual a metade do preço indicado pelo guarda-livros. O senhor SILVA levanta-se, "carrega o cenho"( 1 ), oferece a barra de sabão ao desgraçado do homem da contabilidade e "troveja": "o senhor está despedido!. [Fonte José Lello - perfil de ALFREDO DA SILVA, pág. 86].

Ia assim, começar a batalha da CUF pala conquista do Mercado Nacional.
ALFREDO DA SILVA revelava já em 1901 o seu grande espírito de organizador. Este industrial amigo do pormenor via as suas fábricas como unidades vivas, em evolução, susceptíveis de constantes melhorias técnicas e administrativas, sujeitas a uma permanente rectificação de modos de produção. Tudo de forma a impor os seus produtos, sobretudo através da diminuição de custos, única forma de ganhar a guerra dos preços. Era esta a luta a que se entregava. Os seus rivais, seriam em breve cilindrados.

A CUF obteria medalhas de OURO na"EXPOSIÇÃO UNIVERSAL DE PARIS" em 1900, e na EXPOSIÇÃO INDUSTRIAL DE SÃO MIGUEL. O esforço de modernização e expansão da empresa não abrandava.
ALFREDO DA SILVA amplia em 1902 a fábrica de sabão das FONTAÍNHAS e compra material circulante, outra caldeira, novo torno para a serralharia, etc.. Abre ainda nesse ano uma AGÊNCIA em TOMAR.
Propõe-se então ALFREDO DA SILVA alargar o âmbito industrial da CUFà extracção do azeite de oliveira. Não era um disparate. Por um lado pela primazia do azeite na alimentação nacional. Por outro lado havia hipóteses de o colocar na industria, em particular a conserveira. Em Janeiro de 1907 adquire uma fábrica em ALFERRAREDE, perto de ABRANTES, que logo lhe começa a assegurar elevados lucros.

- ( 1 ) - CENHO - Rosto carrancudo; aspecto sombrio.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ XI ] ALFREDO DA SILVA E A C.C.F.L. ( 1 )».

RUA ALFREDO DA SILVA [ XI ]

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«ALFREDO DA SILVA  E A  C.C.F.L. ( 1 )»
 Rua Alfredo da Silva - (189...) (Prova em albumina) - ("CARRO AMERICANO" na "PRAÇA D. PEDRO IV -vulgo ROSSIO- frente ao TEATRO NACIONAL)  (Abre em tamanho grande) in AML
 Rua Alfredo da Silva - (finais do século XIX) Foto de Eduardo Portugal - ( Os "CARROS AMERICANOS" de tracção animal sobre carris, passando na "PRAÇA DO COMÉRCIO") (Abre em tamanho grande)   in   AML 
 Rua Alfredo da Silva - (Finais do Século XIX) Fotografo não identificado, Colecção de Eduardo Portugal -  (O "CHORA" transporte público de tracção animal e de baixo preço, cheio de passageiros com destino a BELÉM, fazendo publicidade à Sapataria Cintra da Rua de São Paulo)  in  AML
 Rua Alfredo da Silva - (depois de 1873) -  (Um dos primeiros "CARROS AMERICANOS" a circular em LISBOA, retirados da circulação em 1905 embora desde 1901 alguns carros fossem adaptados para servir de atrelados aos Eléctricos)   in LISBOA 125 ANOS SOBRE CARRIS
 Rua Alfredo da Silva - (1882) -Gravador J. Novaes -  (Os "CARROS RIPPERT" que possuíam as carruagens cujos eixos tinham a mesma largura "bitola" usada pelos "CARROS AMERICANOS""1,435m", teimavam em utilizar as linhas da CARRIS. A polémica só foi resolvida quando a CARRIS alterou a sua "bitola" para  "0,90m", depois usada pelos "CARROS ELÉCTRICOS")  in  LISBOA DE ALFREDO MESQUITA
 Rua Alfredo da Silva - (séc. XIX) Gravador J. Novaes -  (Os "CARROS DE JOSÉ FLORINDO", veículos de menores dimensões e preço mais acessível)   in LISBOA DE ALFREDO MESQUITA
 Rua Alfredo Silva - (1901) -31 de Agosto de 1901  -  (Abertura da primeira linha electrificada da CARRIS, entre a PRAÇA DO COMÉRCIO e ALGÉS, quando "ALFREDO DA SILVA" era um dos seus directores)      in LISBOA 125 ANOS SOBRE CARRIS
 Rua Alfredo da Silva - (depois de 1901) Gravador J. Novaes  -  ( "ELÉCTRICO DA CARRIS" com destino a BELÉM, passando no ATERRO, "mais tarde a RUA,  depois AVENIDA 24 de Julho")   in   LISBOA DE ALFREDO MESQUITA
Rua Alfredo da Silva - (Início da primeira década do século XX) -  ("CARRO ELÉCTRICO" da CARRIS com bandeira para BELÉM. Os resultados da Carris foram notáveis e o povo passou a gostar dos eléctricos da sua cidade)   in  LISBOA DE ALFREDO MESQUITA

(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ XI ]

«ALFREDO DA SILVA E A  C.C.F.L.  ( 1 )»

Um contracto de 28 de Março de 1892 com a CML concedeu-lhe grandes privilégios, devido a 30 acções que detinha na CARRIS, tendo-se mesmo falado na detenção de um monopólio virtual dos transportes públicos por tracção animal na cidade de LISBOA.
Cedo "ALFREDO DA SILVA" começou a frequentar as assembleias Gerais da empresa, das quais, pelos Estatutos, fazia parte dos accionistas possuidor de dez ou mais acções do capital social. Essa presença ficou bem marcada desde o início, daí resultando o convite para a sua deslocação ao estrangeiro com o objectivo de estudar os processos relativos à mecânica e aconselhar qual deles poderia ser adoptado em LISBOA com maior vantagem, o que, para espanto de muitos, aceitou e gratuitamente.
Não demorou muito tempo a apresentar dados com vista à adaptação das suas ideias à realidade local.
A desenvoltura de "ALFREDO DA SILVA", e a sua vontade de vencer conduziram-no mais longe, sendo então eleito como Director de C.C.F.L. em 15 de Novembro de 1895.
ALFREDO DA SILVA altera grande parte dos planos da administração em funções na sua Direcção. Necessitava agora de trabalhar em várias frentes com vista à monopolização do ramo. Progressivamente, foram sendo eliminadas as companhias concorrentes. Para tal contribuiu um contracto estabelecido, mais uma vez. entre a C.M.L. e a C.C.F.L.. Datado de 5 de Junho de 1897, e assinado por ALFREDO DA SILVA e CARLOS KRUS (outro Director), na presença do presidente do Município « ZÓFINO GOMES DA SILVA», visava autorizar a "substituição do actual sistema de tracção nas linhas da Companhia pela tracção eléctrica", sendo este segundo o Relatório de 1897 (no qual ALFREDO DA SILVA surge como accionista Nº. 9, detentor de 50 acções). Neste sentido era dado licença pela C.M.L. para a colocação de postes na via pública em todas as RUAS que tenham suficiente largura para que se não tornem incomodativos para o livre transito.
No dia seguinte, a 16 de Agosto, a Direcção de ALFREDO DA SILVA dava outro passo importante para a vida da empresa, ao obter a exclusividade de utilização da rede eléctrica nas zonas que já explorava.  Devido ao escasso financiamento da firma, a Direcção decidiu em 02.02.1899 recorrer a uma firma estrangeira, a inglesa "WERNHER, BEIT & Ca.",  para cumprir o encargo a partir de 7 de Julho seguinte. Passados dias esta cedia à LISBON ELECTRIC TRAMWAYS, LTD., todos esses direitos e obrigações. A C.C.F.L. tirou bastante proveito com estas alterações, os quais vieram a ter a maioria das 500.000 acções ordinárias, chegando HENRIQUE BURNAY e ALFREDO DA SILVA, a serem directores da"LISBON ELECTRIC TRAMWAYS LTD.".

Os transportes públicos de tracção animal mais utilizados no século XIX e que alguns sobreviveram até à segunda década do século XX, foram: o "CHORA", "FLORENTINO", SIMPLÍCIO", EDUARDO JORGE", "SALAZAR", "LUSITANA"e"JACINTO". Eram mais concorridos que os carros "AMERICANOS" por praticar preços mais económicos e assegurarem as viagens entre a "MOURARIA" o "LARGO DO INTENDENTE" e "BELÉM". Durante um longo período fizeram parte do cenário característico da cidade de LISBOA, principalmente da "RUA DA PALMA", por onde passavam regularmente.

A linha de "CAMINHOS DE FERRO AMERICANO", de tracção animal e "TRANVIAS" sobre carris com percurso entre o "ROSSIO"e"BELÉM", foi inaugurada a 6 de Fevereiro de 1873. Particularmente concorrida aos DOMINGOS, os CARROS AMERICANOS viam-se bastante assediados nos tempos de Verão, em virtude dos grandes pólos de atracção que eram as PRAIAS e a "FEIRA DE SETEMBRO", que se realizava no Largo fronteiro ao "MOSTEIRO DOS JERÓNIMOS".
Como o trajecto se fazia junto ao mar, à componente lúdica da viagem, juntava-se, então, uma forte componente turística, tão do agrado dos seus passageiros.

(CONTINUA)-(PRÓXIMA)«RUA ALFREDO DA SILVA [ XII ]-ALFREDO DA SILVA  e a C.C.F.L. ( 2 )». 

RUA ALFREDO DA SILVA [ XII ]

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«ALFREDO DA SILVA  E A  C.C.F.L. (2 )»
 Rua Alfredo da Silva - (Século XIX-Gravador J. Novaes) -  (O antigo "CHAR-À-BANCS" do SALAZAR, era um veiculo de menores dimensões e praticava preços mais baixos)  in  LISBOA DE ALFREDO MESQUITA
 Rua Alfredo da Silva - (1880) Foto de José Chaves Cruz -  (O "CARRO AMERICANO" no sítio do ATERRO, com destino a BELÉM)  (Abre em tamanho grande)  in    AML 
 Rua Alfredo da Silva - (C. 1890) Foto de Louis Levy Prova em Albumina-Colecção de Eduardo Portugal  -  ("PRAÇA D. PEDRO IV-ROSSIO" junto ao TEATRO D. MARIA II, dois "CARROS AMERICANOS" e um outro tipo "Charrette", todos eles um meio de transporte dos lisboetas)   in AML
 Rua Alfredo da Silva - (Início da segunda década do século XX) -  (Caricatura de EMMERICO NUNES, na "A ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA 2.º Semestre-1911", nomeadamente aos transportes de Lisboa e em especial aos "CARROS CHORA")  in   EM VOLTA DA TORRE DE BELÉM
 Rua Alfredo da Silva - (Post. a 1901) -  (Panorâmica da zona da "ROCHA DO CONDE DE ÓBIDOS" e a passagem de um "CARRO AMERICANO" e um "ELÉCTRICO", existindo a particularidade de nesta época circularem pela esquerda)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE )  in  AML
 Rua Alfredo da Silva - (1901) -  (Eléctrico da linha de BELÉM passando no ATERRO (actual Avenida 24 de Julho) no início do século XX)  in  LISBOA 125 ANOS SOBRE CARRIS
 Rua Alfredo da Silva - (1909) Foto de Joshua Benoliel  -  ("LARGO DO CONDE BARÃO" um "ELÉCTRICO DA CARRIS" e um "CARRO DE EDUARDO JORGE", ambos circulando na época pelo lado esquerdo no sentido Nascente,  um nos carris o outro no empedrado, à esquerda o "PALÁCIO DO ALVITO")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  AML 
Rua Alfredo da Silva - (1912) - Foto de Joshua Benoliel  -  ("CARRO DA EMPRESA SALAZAR" com destino ao "CONDE BARÃO", já circulando pela direita)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in  AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ XII ]

«ALFREDO DA SILVA E A C.C.F.L. ( 2 )»

No século XIX mais próximo da segunda metade, LISBOA possuía uma péssima rede de transportes urbanos, baseada particularmente em carruagens de tracção animal de várias configurações e pertença de 15 Companhias diferentes.  O serviço era péssimo, as carruagens muito sujas e os horários bastante irregulares.

Em 1877 é fundada a COMPANHIA CARRIS DE FERRO LISBOA- CCFL, tendo logo obtido da CML autorização para implementar, um novo sistema de transporte em carruagens sobre carris instalados na via pública e conhecidos por "TRAMWAYS" ou "CARROS AMERICANOS". Estes carros eram igualmente de tracção animal, no entanto mais cómodo para o passageiro, deslizando sobre carris, evitava assim o mau estado das RUAS.
A 17 de Novembro de 1873 era inaugurada a primeira linha de carros americanos entra "SANTOS" e"SANTA APOLÓNIA" com um horário determinado de uma regularidade de 15 minutos das seta horas da manhã às dezanove, o que era considerado já muito bom para a época.
Em 17 de Outubro de 1887 a CARRIS consegue finalmente obter da CML uma concessão de exploração e o monopólio virtual por 99 anos findos os quais todo o material e animais passariam a pertencer ao Município. Ainda no ano de 1887 a "CARRIS" chegou a fazer uma experiência nos "CARROS AMERICANOS", movidos a "electricidade". Mas as baterias não tinham a duração desejável. Sob o ponto de vista técnico o carro funcionava bem mas era um desastre sob o ponto de vista económico.

Finalmente no ano de 1892 a CARRIS adquire todas as  empresas de carruagens "OMNIBUS" (que por mau serviço, não lhes são renovadas as concessões) ainda sobreviventes, excepto a Empresa EDUARDO JORGE. Esta Empresa acabou com os "CARROS CHORA" em 1917 e transformou-se numa Empresa de Camionagem de passageiros, ligando LISBOA aos arredores.

Os primeiros eléctricos chegaram no dia 24 de Janeiro de 1901 no VAPOR "ÓSCAR II"proveniente de "NOVA IORQUE".  O primeiro "CARRO ELÉCTRICO" a fazer a experiência foi o Nº. 248 no dia 1 de Agosto de 1901, tendo levado 19 minutos entre SANTO AMARO e as portas de"RIBAMAR" (hoje ALGÉS), fazendo algumas paragens.
Finalmente no dia 31 de Agosto de 1901, pelas 4 horas e 40 minutos da manhã saia da estação de SANTO AMARO o primeiro"CARRO ELÉCTRICO" de LISBOA com o dístico "EXPERIÊNCIA". Ás 6 horas da manhã saia do CAIS DO SODRÉ o primeiro eléctrico em serviço regular com passageiros com destino a RIBAMAR (ALGÉS). Ao longo do dia circularam 16 carros ligando estes dois pontos da cidade, via ATERRO (actual Avenida 24 de Julho). Os resultados foram notáveis e o público passou a gostar dos eléctricos da sua cidade.

Os "CARROS AMERICANOS" foram retirados da circulação em 1905, embora desde 1901 algumas das carruagens mais recentes, pudessem servir de atrelados aos eléctricos, e em boa parte esta decisão coube à vontade intransigente de "ALFREDO DA SILVA" quando director da C.C.F.L..
Numa entrevista em Dezembro de 1904, ALFREDO DA SILVA deixara clara outra etapa do desenvolvimento da rede, agora no CHIADO. Nem todos, no entanto receberam com agrado a decisão. Os comerciantes, por exemplo criticavam o facto de as ruas serem demasiado estreitas para a circulação de eléctricos e peões, podendo assim diminuir o volume dos seus negócios. Mas o Director continuava... quando se estabeleceu a COMPANHIA tínhamos os "velhos americanos puxados a mulas",  os passageiros ouvindo as chicotadas estalantes, e, de quando em vez, asneiras, obscenas. Agora tal situação estava ultrapassada. E, como se provaria pelo aumento substancial de passageiros, a C.C.F.L. vai alterando os hábitos dos lisboetas, quanto à utilização dos transportes públicos.  


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ XII ]-A CUF DO BARREIRO ( 1 )».

RUA ALFREDO DA SILVA [ XIII ]

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«A C.U.F. NO BARREIRO ( 1 ) 
 Rua Alfredo da Silva - ( 1971 )  -  (Vista aérea do complexo da C.U.F. no BARREIRO, uma obra pensada por ALFREDO DA SILVA)  in RESTOS DE COLECÇÃO
 Rua Alfredo da Silva - ( 1907) - (Construção do complexo Industrial da CUF do Barreiro. O empreendimento deve-se à persistência de ALFREDO DA SILVA, que escolheu a VILA (hoje CIDADE), fez uma opção decisiva para o progresso da margem Sul)  in  FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva -  (1908)  -  (Uma das fases de construção da Fábrica de Adubos da CUF no BARREIRO)  in UM OLHAR SOBRE O BARREIRO
 Rua Alfredo da Silva - (ant. 1909)  -  (Assentamento de linhas Férreas para servir as fábricas da Companhia na CUF do BARREIRO)  in FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva - (01.01.1901) -  Retrato de HENRIQUE BURNAY 1838-1909, par do Reino, empresário, Banqueiro e Industrial português, possuía inicialmente em LISBOA, a "COMPANHIA UNIÃO FABRIL)   in WIKIPÉDIA
 Rua Alfredo da Silva - (1927)-  (Companhia de Adubos da CUF. Um cartaz para cada ano, mostrando o agricultor "ZÉ POVINHO" cada vez mais prospero)  in  FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
Rua Alfredo da Silva  - (1931) - (E assim vão prosperando com a campanha de Adubos dos "PHOSPHATOS" da CUF)  in FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX


(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ XIII ]

«A  C. U. F. NO BARREIRO ( 1 ) »


A "ALIANÇA FABRIL" e a "UNIÃO FABRIL", duas companhias congéneres e rivais, tinham alguns accionistas em comum, a começar pelo próprio "1.º CONDE DE BURNAY - HENRIQUE BURNAY " (1838-1909), que "ALFREDO DA SILVA terá conhecido na CARRIS.
A "UNIÃO FABRIL", fundada em 1865, tinha as suas fábricas em ALCÂNTARA e os escritórios na RUA DA ALFANDEGA. Dedicava-se ao fabrico e venda de produtos similares aos produzidos pela "ALIANÇA FABRIL".

Depois da fusão entre a "COMPANHIA ALIANÇA FABRIL"e a"COMPANHIA UNIÃO FABRIL"em 1898, como resultado surge uma "C.U.F." mais reforçada, passando "ALFREDO DA SILVA" a ser o Administrador Gerente da nova empresa.

Em poucos anos a "C.U.F." impor-se-à como uma referência no âmbito do programa produtivo nacional. A história e a laboriosa construção do grupo económico a que deu origem surge como o cumprimento dos desígnios de uma lógica concebida, interpretada e executada pelo seu criador.
A C.U.F. continuou a sua actividade dentro dos mesmos produtos ( velas, óleos, adubos...), enfrentando algumas dificuldades, até colocadas pela concorrência, mas beneficiando da pauta proteccionista de 1892, que lhe permitiu um período auspicioso. "ALFREDO DA SILVA" prossegue a sua cruzada; melhora as instalações da fábrica de sabão das FONTAÍNHAS, abre uma Agência em TOMAR para venda de ADUBOS. No final do ano de 1902 apresenta ao Conselho de Administração um projecto e a respectiva planta de um apeadeiro ou Estação de Caminho de Ferro dentro da fábrica das FONTAÍNHAS, que será concretizado em 1903. São-lhe atribuídos alguns galardões, diplomas de honra e medalhas de ouro. Crescem a importância e o respeito pelo INDUSTRIAL que se vai impondo nas diversas esferas da  SOCIEDADE PORTUGUESA; não apenas pelo seu dinamismo e actuação na C.U.F., como participando na vida pública; intervindo no que se refere a matérias económicas junto dos poderes públicos através da sua representação junto da CÂMARA DOS DEPUTADOS e encontros com o "MINISTRO DA FAZENDA" ou participando na actividade da ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA.  "ALFREDO DA SILVA" não hesita em acompanhar"JOÃO FRANCO", que em 1901 tinha provocado uma cisão dentro do PARTIDO REGENERADOR, dando origem ao PARTIDO REGENERADOR-LIBERAL. 
"JOÃO FRANCO"é chamado para o GOVERNO e contava já com o apoio de ALFREDO DA SILVA entre outros notáveis. ALFREDO DA SILVA foi eleito deputado"FRANQUISTA". Sabe-se que  "JOÃO FRANCO" em 1907, começa a governar em DITADURA, num ambiente de profundo isolamento e crescente contestação, cai em profundo desamor do povo. Na história, como se sabe, conduz-nos ao regicídio de DOM CARLOS I, a 1 de Fevereiro de 1908. "JOÃO FRANCO" sai da cena política e o homem da C.U.F. vê chegar ao fim esta experiência política em que se envolvera.

Finalmente é tomada a decisão de instalar a C.U.F. no BARREIRO, por volta de 1907, tinha a CUF então já mais de quarenta anos de existência, limitada às suas velhas instalações fabris de LISBOA (com as Fábricas SOL e UNIÃO) e a de ALFERRAREDE; mas a visão de "ALFREDO DA SILVA" fê-lo antever a conveniência da criação, também, de uma instalação na margem esquerda do TEJO, donde pudesse difundir, para o SUL do País, a sua produção de ADUBOS.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ XIV ]-A CUF NO BARREIRO (2)» 

RUA ALFREDO DA SILVA [ XIV ]

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«A C.U.F. NO BARREIRO ( 2 )»
 Rua Alfredo da Silva - ( 1930 )  -  ( Até o  "ZÉ POVINHO" já anda de "charrete" puxada a cavalos, depois de ter usados os nossos ADUBOS)  in  FOTOBIOGREFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva - (1907)  -  (Início da construção do grande armazém fabril, que resultaria no complexo Industrial no BARREIRO)  in FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva - (1909)  -  (O desenvolvimento das obras, enquanto avança o projecto e se adquirem os alvarás para as fábricas)  in   FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva - (1916)  -  ("ALFREDO DA SILVA" -à direita- com o Embaixador "BIRCH", numa visita às instalações da fábrica da CUF no BARREIRO)  in UM OLHAR SOBRE O BARREIRO
 Rua Alfredo da Silva - ( 1932)-  (Vista parcial, tirada de avião, à fábrica e porto fluvial da CUF no BARREIRO que, com menos de três décadas, sob a constante direcção do seu principal impulsionador "ALFREDO DA SILVA") in   RESTOS DE COLECÇÃO
 Rua Alfredo da Silva - (1983)  -  (Uma fotografia do Centro Informático da CUF/QUIMIGAL no BARREIRO, computador UNIVAK 90/30)   in  RESTOS DE COLECÇÃO
Rua Alfredo da Silva  - ( Século XX) -  (Cinzeiro uma oferta do grupo CUF aos seus clientes)  in  ARQUIVO/APS


(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ XIV ]

«A C.U.F. NO BARREIRO ( 2 )»

Nesse sentido, ele estuda o problema e enceta os trabalhos preliminares para a sua concretização do que tem em mente. Percorre o ALENTEJO, numa tentativa para encontrar o melhor local para edificação do que pretende. Hesita entre CASA BRANCA e VILA NOVA DE BARONIA, chegando mesmo a adquirir alguns terrenos nesta última localidade, já que a falta de água que ali se fazia sentir, logo o obriga a por a hipótese de parte. Contudo, surge nova ideia: O BARREIRO.  Na certeza de ter ali encontrado o locar ideal, logo entra em negociações na compra de uma faixa de terreno pertencente à firma "BENSAÚDE & Cª." (uma antiga fábrica de cortiça), era perfeito para a futura expansão da Empresa, além de uma ligação com o CAMINHO DE FERRO, existindo ainda um "CAISACOSTÁVEL", o que equivale a dizer que reunia dois factores que o tornavam muito valioso.
Ultimadas as negociações e assinada a escritura de compra, "ALFREDO DA SILVA" com o intuito de se documentar perfeitamente sobre as técnicas mais evoluídas, parte para a ALEMANHA em visita ao que, na altura, existia de mais aperfeiçoado em matéria de fabrico de  óleos.  De passagem por PARIS, entra em contacto com o Engenheiro francês "A. L. STINVILLE" que viria, depois, a ser o principal orientador das obras a realizar.
Essas obras de uma grandeza ímpar até então no País, são orçadas em 500 Contos de réis, importância que embora elevadíssima para a época, ainda acabaria por ser largamente excedida, ultrapassando os MIL CONTOS DE RÉIS.
O trabalho árduo a que, depois se procede durante cerca de dois anos, torna possível que, no dia 2 de Dezembro de 1909, "ALFREDO DA SILVA" e alguns dos seus mais directos colaboradores, tais como o secretário "AARÃO ANAHORY", o médico"DR. COSTA", VICTOR BELO, os engenheiros"PALLET"e "LACOMBE", o Engº. agrónomo"AMANDO DE SEABRA", "JOÃO SILVA", "ÁLVARO MIRANDA", o francês"DEBROU", encarregado dos carpinteiros, e outros, recebam, no BARREIRO, os accionistas a fim de que todos assistam à inauguração da OBRA.

No entanto, em 19 de Setembro de 1908 é inaugurada a sua primeira unidade fabril no BARREIRO, a"FÁBRICA DE EXTRACÇÃO DE ÓLEO DE BAGAÇO DE AZEITONA"(destinada ao fabrico de sabões) e um pequeno conjunto de unidades fabris que visavam fundamentalmente produções aplicáveis na agricultura: FABRICA DE ENXOFRE (moídos e sublimados) na produção de insecticidas, uma "FÁBRICA DE ADUBOS" (Super-fosfatos), obtido do fabrico do ácido Sulfúrico, a partir da "USTULAÇÃO"( 1 ) das "PIRITES"( 2 ).
A breve trecho, este veio fundamentar por reacção com o sal, a produção de sulfatos de cobre e de sódio e também de ácido clorídrico.
Em menos de 10 anos, com o início de ramos industriais coadjuvantes, tratamentos então rudimentar, das cinzas do minério (entre 1911 e 1916), tecelagem e fiação de fibras africanas com que se obtêm sacos para o armazenamento de adubos, estavam lançadas as bases da empresa que viria a ser o primeiro complexo português com nível europeu.

A partir de 1930 apta-se pela concentração fabril no BARREIRO dentro da região de LISBOA;é nessa data que se conclui uma nova ponte-cais que permite a acostagem de vapores com 1 500 Toneladas; é em 1933 que se transfere a "FÁBRICA DE TAPETES DO RATO"e em 1934 que se instala a de"FARINHA E DE ÓLEO DE AMENDOIM", de produção destinada às fábricas de conserva de SETÚBAL e do ALGARVE. 

( 1 ) - USTULAÇÃO - Acto ou efeito de "USTULAR"; Calcinação.   - USTULAR -v. tr. -Secar ao fogo; queimar levemente;queimar um sulfureto metálico, em presença do ar, para obter o anidrido sulfuroso e um óxido do metal.

( 2 ) PIRITES (do Lat pyrites ou pyríte«Grego pyr, pyrós, fogo) - s.f.- Sulfureto metálico, que se encontra no estado natural. Quim. - Combinação de enxofre e de um metal que se encontra no estado natural. PIRITE DE COBRE, sin. de CALCOPIRITE. PIRITE BRANCA, sin. de MARCASSITE. Existe em Portugal.

Com a REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, voltou a intensificar-se no séc. XIX a exploração mineira, tendo funcionado largas dezenas de minas que exploravam principalmente "PIRITES".
Sendo a faixa PIRITOSA IBÉRICA que constitui uma vasta área geográfica do Sul da Península Ibérica na designação "ZONA SUL PORTUGUESA". Tem cerca de 250 km de comprimento e 30 a 50 km de largura, desenvolvendo-se desde "ALCÁCER DO SAL" (PORTUGAL) a NOROESTE, até"SEVILHA" (ESPANHA), a SUDESTE. Sendo a mais importante e mais antiga a "MINA DE ALJUSTREL" cuja actividade mineira é anterior aos ROMANOS.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA[ XV ]-A CUF NO BARREIRO ( 3 )»

RUA ALFREDO DA SILVA [ XV ]

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«A C.U.F. NO BARREIRO ( 3 )
 Rua Alfredo da Silva -(07.11.2014)  -  ("ALFREDO DA SILVA -"1871.1942"-150 ANOS no D,N,- Foi um Industrial ímpar em Portugal fundador da CUF, tendo criado um Império que empregava milhares de pessoas)   in   DIÁRIO DE NOTÍCIAS 
 Rua Alfredo da Silva - (1919)-  (Reportagem da "ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA" sobre o atentado falhado contra "ALFREDO DA SILVA", em Novembro de 1919 no "ALTO DE SANTA CATARINA" em LISBOA)   in  FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva -  ( 1953 ) -  (ANÚNCIO da frota de barcos da "SOCIEDADE GERAL DE COMÉRCIO,  INDUSTRIA E TRANSPORTES - SG", nos anos 50 do séc. XX. Sua tonelagem, além das carreiras que fornecia de LISBOA para:)  in   RESTOS DE COLECÇÃO
 Rua Alfredo da Silva - (Década de 60/70 do século XX)  -  (Vista aérea do complexo Industrial da CUF no BARREIRO  ainda no seu apogeu)  in   AMIZADE DE INFÂNCIA -FACEBOOK
 Rua Alfredo da Silva - (Década de 60 início de 70 do séc, XX) - (Vista aérea do Complexo da CUF, para Norte dos Silos, ao fundo a FISIPE e o LAVRADIO com a sua praia, na lado esquerdo ainda se pode ver um pouco a Ilha do Rato) in AMIZADE DE INFÂNCIA-FACEBOOK
 Rua Alfredo da Silva -  ( 1963 )  -   (Aspecto nocturno da Sede Administrativa da C.U.F. nos anos sessenta do século passado, na Avenida 24 de Julho)  in DA FÁBRICA QUE SE DESVANECE À BAÍA DO TEJO
Rua Alfredo da Silva - (1961) - Foto de Armando Serôdio -  (Edifício Sede da CUF visto do lado nascente, na Avenida 24 de Julho em LISBOA)   in   AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ XV ]

«A C.U.F. NO BARREIRO ( 3 )»


A crise do país em 1919, tempos de instabilidade política, "ALFREDO DA SILVA" sofre um atentado.
Uma reportagem fotográfica da "ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA" sobre o atentado falhado contra "ALFREDO DA SILVA" em Novembro de 1919, junto a sua casa no ALTO DE SANTA CATARINA, um dos vários em que tentaram liquidá-lo.

Diz assim a publicação: "O senhor "ALFREDO DA SILVA", o conhecido Industrial que LISBOA tão bem conhece, foi ultimamente vítima de um atentado que só o não vitimou por um acaso providencial. "ARTUR PINHO" com outros que se evadiram esperaram aquele senhor quando ele, à saída do seu Palacete do "ALTO DE SANTA CATARINA", onde se deu o incidente, ia para se meter no automóvel, e alvejaram-no à pistola e à bomba.  A pistola não se disparou por se ter encravado, mas os estilhaços da bomba deixaram ferido o "chauffer" "RAÚL DE SOUSA", que está  no hospital onde foi fotografado para a "ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA".
O estucador "ARTUR PINHO" também está bastante ferido, como a nossa gravura mostra, por o povo o ter agredido, escapando ele com dificuldade às iras populares, devido à intervenção da polícia.  Geralmente os populares não são bolchevistas nem compreendem o crime como um ideal".

Ainda nesse ano a crise do país não obrigaria  "ALFREDO DA SILVA" a "arrepiar-caminho". Este dado é fundamental e relevante. A concentração vertical e horizontal da empresa dá então passos largos.  Em 1919, cria a primeira empresa associada, a "SOCIEDADE GERAL DO COMÉRCIO, INDUSTRIA E TRANSPORTES, LDA." (que ficará na história apenas conhecida por «SOCIEDADE GERAL» ou "SG", mais tarde servirá ainda para representar uma das mais conhecidas marcas de tabaco português o "SG"), com um capital social fixado em 2 000 contos-ouro. E no seu estatuto pode ler-se:  "É objectivo da sociedade o exercício de qualquer comércio, à excepção do bancário.  Em especial é seu objectivo contribuir para o capital ou aumento de quaisquer empresas industriais ou de transportes". A «SOCIEDADE GERAL» inicia desde logo actividade na área do COMÉRCIO COLONIAL.  Desde o arranque do BARREIRO, em 1908, o grupo começou a interessar-se mais de perto pela actividade COLONIAL e por todos os ramos de comércio de produtos subtropicais.

Chegou então o tempo e a oportunidade de "ALFREDO DA SILVA" entrar no Mundo bancário; quando em Março de 1921 é modificada a constituição e elevada o capital da "CASA HENRIQUE TOTTA & Cª.", que passa a denominar-se «JOSÉ HENRIQUE TOTTA, LDA". Neste aumento de capital participa a SOCIEDADE GERAL, com uma quota de Cinco Mil e Cinquenta contos. A C.U.F. tinha iniciado mais uma actividade, a bancária. Este processo de integração de capitais Industriais  e bancários tinha porém uma característica: não subordinar a Industria à Banca.
Ainda em Agosto de 1921 a sede da C.U.F. é transferida da "AVENIDA  24 DE JULHO" para a "RUA DO COMÉRCIO".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ XVI ]-A CUF NO BARREIRO ( 4 )»


RUA ALFREDO DA SILVA [ XVI ]

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«A C.U.F. NO BARREIRO ( 4 )»
 Rua Alfredo da Silva - (1941)   - (Postado em 09.07.2007-G.CUF) -  (Quadro a óleo da figura do Industrial "ALFREDO DA SILVA" pintado pelo artista HENRIQUE MEDINA)  in O GRUPO CUF 
 Rua Alfredo da Silva - ( 1908 )  -  (O "BAIRRO OPERÁRIO" da CUF no BARREIRO ou "BAIRRO DE SANTA BARBARA" ou ainda o "BAIRRO VELHO")  in ALFREDO DA SILVA A  CUF  E O BARREIRO
 Rua Alfredo da Silva  - (1911)  - (Interior da Sala de Espectáculos e Ginásio da CUF, junto do Bairro Operário)   in   RESTOS DE COLECÇÃO
 Rua Alfredo da Silva - (18.01.1942) Foto de Luís Ferreira da Luz  -  (O Refeitório da CUF no BARREIRO)  in ALFREDO DA SILVA A  CUF  E O BARREIRO
 Rua Alfredo da Silva - ( 2011) -  (Panorâmica do BAIRRO OPERÁRIO da CUF, já com as casas ocupadas pelo pequeno comércio) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  inO GRUPO CUF 
 Rua Alfredo da Silva - (2011 )  - ( Um pormenor do "BAIRRO OPERÁRIO" da CUF do BARREIRO  a sua "RUA LIEBIG")   in O GRUPO CUF
 Rua Alfredo da Silva - (2011) -  (Mais um pormenor do Bairro Operário da CUF do BARREIRO, já com algumas casas dos antigos operários transformadas em escritórios e outras actividades. Ao fundo a Papelaria Universal. A "RUA GAY-LUSSAC" - nome de um químico francês, que foi um dos primeiros a formular a "Lei dos Gases")   in  O GRUPO CUF
Rua Alfredo da Silva - (2011)  -  (Edifício da antiga CRECHE DA CUF no BARREIRO em estado de abandono, na "RUA LIEBIG)    in   O GRUPO CUF


(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ XVI ]

«A C.U.F. NO BARREIRO ( 4 )»

Localizado dentro da COMPLEXO FABRIL DA C.U.F., no antigo "ALTO DE SANTA BARBARA"( 1 ) e na vetusta «QUINTA DO ABREU» ( 2 ) no BARREIRO, o "BAIRRO OPERÁRIO" foi das primeiras preocupações da Administração da COMPANHIA, surgindo logo, aquando do arranque das primeiras fábricas em 1908. Destinado a parte do pessoal das instalações fabris, era composto maioritariamente de casas de piso térreo de formato igual, de grande simplicidade dando ao local um aspecto de continuidade e sequência arquitectónica. Continuidade apenas interrompida pelos "CHALETS"do"DIRECTOR DAS FÁBRICAS" e para o pessoal superior, hoje já bastante alterados, da sua tipologia inicial. Para servir tal massa populacional, foram edificados vários serviços, tais como: BALNEÁRIO, DISPENSA, FARMÁCIA, POSTO MÉDICO, PADARIA, SERVIÇOS DE INCÊNDIO, ESCOLA PRIMÁRIA, O CINEMA GINÁSIO e a SEDE DA LIGA DE INSTRUÇÃO E RECREIO DA CUF, mais tarde "GRUPO DESPORTIVO DA CUF".

Em 1909 era preciso ser-se um empresário «Progressista» para se construir BAIRROS destinados aos seus operários.  Dezanove empresas dispunham desta novidade. A CUF ocupava o "terceiro lugar", com 92 CASAS, seguido já de perto a "COMPANHIA DA FÁBRICA DE ALGODÃO DE XABREGAS" com 106 e a "COMPANHIA LISBONENSE DE ESTAMPARIA E TINTURARIA DE ALGODÕES" com 111.
 Novas habitações serão construídas pela CUF posteriormente, acompanhando o ritmo de crescimento da COMPANHIA, mas ao que parece, a intensidade da afluência de trabalhadores ao BARREIRO não impediu que a "VILA" (hoje CIDADE) vivesse numa constante falta de casas. 
Segundo a administração o "BAIRRO OPERÁRIO" servia para aproximar o funcionário ao local de trabalho, vantagem a que se juntavam as rendas baixas e as casas higiénicas. Mas atenção: era exigido que as habitações fossem asseadas. Os ocupantes todas as semanas eram visitados por fiscais. É que o modelo paternalista procurava em todas as frentes moralizar; a concessão de benefícios era o instrumento valioso desta «CRUZADA».

Infelizmente a parcela mais antiga deste "BAIRRO OPERÁRIO" que se prolonga a SUL para além da antiga sede do "GRUPO DESPORTIVO DA CUF" já desapareceu há muito, quer por exigências de modernização fabril, quer por exigência de tráfego rodoviário. Era nesse local , que se poderiam encontrar os topónimos mais curiosos de "RUAS", ligadas aos produtos da CUF: "RUA DA JUTA", "RUA DOS ÓLEOS", "TRAVESSA DA PIRITE", "AVENIDA DOS SUPER-FOSFATOS"e havia até, uma"RUA DO DINHEIRO", toponímia certamente já esquecida por muitos barreirenses. Apenas sobrou uma, a "RUA DO ÁCIDO SULFÚRICO"que ainda persiste. 
A "RUA LIEBIG" nome de um grande químico do século XIX, cujas experiências permitiram o desenvolvimento dos fertilizantes, Sabões, explosivos e alimentos desidratados. Como professor, foi também um impulsionador dos modernos LABORATÓRIOS DE QUÍMICA. RUA essencialmente composta por casas de habitação, sendo que no seu final se encontra uma casa verde, em estado de abandono, onde funcionou a "CRECHE DA CUF" [FONTE: O GRUPO CUF - Ricardo Ferreira -14.01.2011].

- ( 1 ) - Nestes terrenos existiu no século XVII uma Ermida, cuja invocação era "SANTA BARBARA" e, por esse facto, durante muitos anos assim foi chamado [Fonte: cm-barreiro].

- ( 2 ) - Revista "UM OLHAR SOBRE O BARREIRO" Nº. 1 II SÉRIE JUNHO de 1989.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ XVII ]- PALACETE NO "ALTO DE SANTA CATARINA ( 1 ) ».

RUA ALFREDO DA SILVA [ XVII ]

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«PALACETE NO "ALTO DE SANTA CATARINA" ( 1 )»
 Rua Alfredo da Silva - ( 1996) -  (O "PALACETE DE SANTA CATARINA" mandado construir em 1862 por José Pedro Colares Pereira, foi depois comprado pelo INDUSTRIAL "ALFREDO DA SILVA" em finais do século XIX. Pertence actualmente à Associação Nacional de Farmácias, onde funciona o "MUSEU DA FARMÁCIA")  in  FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva - ( 191_) - Foto de Joshua Benoliel  -  (Palácio do Industrial "ALFREDO DA SILVA" no ALTO DE SANTA CATARINA)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  AML 
 Rua Alfredo da Silva - (1856-1858) Filipe Folque -  (Panorâmica da CARTA Nº. 49 de FILIPE FOLQUE vendo-se o enquadramento da IGREJA DE SANTA CATARINA)  in  ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA
Rua Alfredo da Silva - ( 2013 ) -  (Portão do Palacete de Santa Catarina onde residiu o Industrial "ALFREDO DA SILVA")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   PORTUGAL 


(CONTINUAÇÃO) -RUA ALFREDO DA SILVA [ XVII ]

«PALACETE NO ALTO DE SANTA CATARINA ( 1 )»


Embora "ALFREDO DA SILVA" tivesse três esplêndidas residências; uma no MONTE ESTORIL mandada construir de raiz ao gosto da época (cerca de 1920), a de VERÃO na VILA DE SINTRA (onde faleceu) e o PALACETE datado do século XIX no "ALTO DE SANTA CATARINA"de que lhe iremos revelar alguma história.
Teve o seu início este lugar numa pequena "ERMIDA DE SANTA CATARINA", a quem o povo de LISBOA fazia devotas romagens e a "RAINHA DONA CATARINA", mulher do REI "DOM JOÃO III", pela grande devoção que teve a esta SANTA, lhe erigiu em 1557, no mesmo sítio a «IGREJA DE SANTA CATARINA DO MONTE SINAI".
Esta IGREJA passou a dar o nome ao "ALTO DE SANTA CATARINA" e à própria PARÓQUIA, (encontrando-se desde 1835, no antigo "CONVENTO DOS PAULISTAS" na "CALÇADA DO COMBRO"). Antes de  "ALTO DE SANTA CATARINA" era conhecido pelo "MONTE"ou "PICO DE BELVER".  
Neste ALTO se descobre a parte do TEJO até à barra de LISBOA e uma grande parte do OCEANO ATLÂNTICO, avistando-se juntamente as nobres vilas de : ALDEIA GALEGA (hoje MONTIJO),  PALMELA, BARREIRO e ALMADA, com os lugares do SEIXAL, ARRENTELA, CACILHAS, PORTO BRANDÃO e TRAFARIA, formando este dilatado mapa, uma das mais deliciosas vistas, bastante frequentado por nacionais e estrangeiros. 
A IGREJA era de três naves, elevadas em colunas, magnificas na grandeza e primorosa no ornato, à qual,  deu o CABIDO DE LISBOA, o título de "PARÓQUIA" e a dita RAINHA a doou aos "LIVREIROS DA CIDADE", unidos em Irmandade da mesma SANTA.

Com o terramoto de 1755 a IGREJA ficou bastante danificada; toda a parte da Capela-Mor, Cruzeiro; Naves, Torre e frontispício ruíram, só o corpo da IGREJA ficou ileso, mas foi necessário ser arrasado para nele se fazer uma "IGREJA BARRACAL", das  maiores que teve LISBOA (na época) e seria das mais excelentes e primorosas da corte.  Destruída por um incêndio em 1835, foi finalmente demolida já totalmente em ruínas, entre 1856 e 1862.
As ruínas da IGREJA e respectivo terreno acabaram por ser vendidos, e adquiridos por "JOSÉ PEDRO COLARES PEREIRA" um industrial, proprietário da "METALÚRGICA VULCANO E COLARES", que ali mandou construir o seu PALACETE.
Foi este vendido no final do século XIX, a outro grande INDUSTRIAL, "ALFREDO DA SILVA" o  homem da "CUF-COMPANHIA UNIÃO FABRIL"


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ XVIII ]-PALACETE NO "ALTO DE SANTA CATARINA ( 2 )»

RUA ALFREDO DA SILVA [ XVIII ]

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«PALACETE NO "ALTO DE SANTA CATARINA" ( 2 )»
 Rua Alfredo da Silva - (1975) - Foto de João Carvalho  -  (Palacete onde viveu "ALFREDO DA SILVA" e desde 1996 pertence à ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS FARMÁCIAS, onde funciona o "MUSEU DA FARMÁCIA")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in    WIKIPÉDIA 
 Rua Alfredo da Silva - (24.01.2017) - Foto de Maria de Lourdes  -  (Vista do Palacete do "ALTO DE SANTA CATARINA" com esquina para a "RUA MARECHAL SALDANHA" (antiga RUA DA CRUZ DE PAU), instalações desde 1996 da Associação  Nacional das Farmácias e seu "MUSEU DA FARMÁCIA")    in   AÇOR
 Rua Alfredo da Silva - (Entre 1898 e 1908) Foto de Machado & Sousa  -  (Palacete do Industrial "ALFREDO DA SILVA" no "ALTO DE SANTA CATARINA", com o pormenor de dois candeeiros de iluminação pública, suportada por estátua de bronze - possivelmente uma CARIÁTIDE)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in  AML
Rua Alfredo da Silva - (1921) -  (Foto do Industrial "ALFREDO DA SILVA" com 50 anos de idade, marcava decisivamente a filosofia e o percurso do Grupo CUF)    in  HISTÓRIA DO GRUPO


(CONTINUAÇÃO)-RUA ALFREDO DA SILVA [ XVIII ]

«PALACETE NO "ALTO DE SANTA CATARINA" ( 2 )»


O PALACETE, cuja fachada surge dividida em três panos separados por duas pilastras de cantaria e delimitados lateralmente por cunhais, também de cantaria, desenvolve-se em piso térreo e andar nobre separado por cornija, caracterizados por vão de janelas de peito aberto a um ritmo regular, o qual é interrompido pelos dois portões centrais de arco de volta perfeita no piso térreo.
A rematar o edifício temos uma cornija saliente, coroada por balaustrada, interrompida, no pano central da fachada, por frontão triangular por óculo iluminante. O jardim, local onde se erguia a antiga "IGREJA DE SANTA CATARINA", encontra-se vedado por um muro com gradeamento em ferro, no interior do qual se evidenciam altos candeeiros de bronze fundido com cariátides ( A ).

Nesta PALACETE "ALFREDO DA SILVA" e sua mulher coabitaram com a filha e genro e os netos ( tendo entretanto nascido outro rapaz, "JOSÉ MANUEL", e uma menina). "ALFREDO DA SILVA" gostava deste PALACETE da capital que lhe permitia olhar das janelas "as águas tranquilas do RIO TEJO, ver o porto e os navios ancorados". Seguiu-se na  propriedade "D. MANUEL DE MELO", genro do Industrial.

O edifício tem servido depois um pouco para tudo: lá foi, por exemplo, a redacção e serviços do "JORNAL NOVO", combativo vespertino que foi publicado depois do 25 de Abril de 1974 e teve "ARTUR PORTELA" como seu primeiro Director. 
Em 1986, funcionou ali a sede da candidatura do Professor FREITAS DO AMARALà PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA e ainda uma fundação de carácter político. Para o Nº. 1 da "RUA MARECHAL SALDANHA" (antiga RUA DA CRUZ DE PAU") veio a "ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS FARMÁCIAS" que adquire o imóvel dos "MELOS" e dá nova feição ao espaço.  Em 1996 é inaugurado o "MUSEU DA FARMÁCIA".
Existe um caso curioso na Toponímia destes sítios de bairros hoje distintos: O "ALTO DE SANTA CATARINA"e a desaparecida IGREJA desta invocação ficavam na"HERDADE DE SANTA CATARINA". Mas"SANTA CATARINA""HERDADE", não tinha nada que ver com SANTA CATARINA "IGREJA" e "MONTE"; a primeira é mais antiga, e as origens são diversas.
Antiga freguesia de "SANTA CATARINA" hoje freguesia da "MISERICÓRDIA". O quarteirão é composto de quatro arruamentos. Parte frontal, virado a SUL - Actual "RUA DE SANTA CATARINA" (antiga"Rua do Monte de Santa Catarina" ou "LARGO DE SANTACATARINA"; A NORTE - Actual "RUA DR. LUÍS DE ALMEIDA E ALBUQUERQUE"( 1 ) (antiga "RUA DE BELVER"( 2 ) , (anteriormente "RUA DO LAMBAZ"( 3 ); a NASCENTE - Actual "RUA MARECHAL SALDANHA" (antiga"RUA DA CRUZ DE PAU)(4 ); a POENTE - Actual "TRAVESSA DE SANTA CATARINA", (antiga "Travessa do Cemitério" por ali se situar um cemitério anexo à Igreja).

- ( A ) - CARIÁTIDE - Estátua feminina que serve de suporte arquitectónico vertical.
- ( 1 ) - RUA DR. LUÍS DE ALMEIDA E ALBUQUERQUE -antigo Director do "JORNAL DOCOMÉRCIO" e jornal que existiu nesta artéria entre 1853-1983, (era considerado o jornal mais antigo do país).
- ( 2 ) - BELVER - Provavelmente com origem no nome daquele Monte.
- ( 3 ) - LAMBAZ - Era a "Alcunha" que tinha "D. DIOGO DE SOUSA" na Corte, no tempo de D. João III.
- ( 4 ) - CRUZ DE PAU - Por nela ter sido implantada uma CRUZ DE MADEIRA no ALTO DE SANTA CATARINA para guiar os navegantes, que se faziam à barra do TEJO.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ XIX ]-A TABAQUEIRA ( 1 )»

RUA ALFREDO DA SILVA [ XIX ]

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«A TABAQUEIRA  ( 1 )»
 Rua Alfredo da Silva - (Em actividade de 1927 a 1963, na Zona Oriental de Lisboa) -  Fachada principal de "A TABAQUEIRA" no Poço do Bispo/Braço de Prata, no LARGO DO TABACO" , antigo espaço do "CAIS DO TOTA")  in CAMINHO DO ORIENTE
 Rua Alfredo da Silva - ( depois de 1927) -  (A TABAQUEIRA" lança-se no mercado com uma agressiva campanha publicitária)  in    FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva -  (1928)  -  (Fábrica fundada por "ALFREDO DA SILVA",  "A TABAQUEIRA" produziu várias marcas, esta talvez fosse a primeira mais popular na época)  in  FOFOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva - (Décadas de 30 a 50 do século XX)  - (Frente do maço "DEFINITIVOS" fabricado pela "A TABAQUEIRA" na zona Oriental de Lisboa)   in  GARFADAS ON LINE
 Rua Alfredo da Silva - (Décadas de 30 a 50 do século XX) -  (Verso do Maço de cigarros "DEFINITIVOS" fabricado pela "A TABAQUEIRA" que funcionou na Zona Oriental de LISBOA de 1927 a 1963, passou para ALBARRAQUE em 1963 e acabou em 1976 - Mais uma das Fábricas fundadas pelo Industrial "ALFREDO DA SILVA")   in GARFADAS ON LINE
Rua Alfredo da Silva - ( 1987)  -  (Planta Aerofotogramétrica 7/8 Escala 1:2000 - Maio de 1963 - actualizada em 1987, da "A TABAQUEIRA" do Poço do Bispo)  in CAMINHO DO ORIENTE

(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ XIX ]

«A TABAQUEIRA ( 1 )»

«A TABAQUEIRA» do"POÇO DO BISPO" como era designada na época da sua fundação, ou de "BRAÇO DE PRATA" como geralmente hoje é conhecida, surgiu numa conjuntura assaz favorável da história da Industria do TABACO em PORTUGAL.
Entre os anos de 1891 e 1926, tinha vigorado o monopólio legal do ESTADO no contrato de TABACO, que esteve entregue à COMPANHIA DOS TABACOS DE PORTUGAL em XABREGAS.
Problemas políticos, financeiros e sociais relacionados com o encerramento das fábricas desta COMPANHIA em 30 de ABRIL de 1926 - curiosamente ligado com o movimento militar do 28 de Maio desse ano  -  motivaram uma mudança de atitude do ESTADO face a tão importante negócio financeiro.
A publicação do "Decreto-Lei nº. 13587 de 11 de Maio de 1927", estabelecia as bases para o regime dos TABACOS, que determinava a liberdade de fabrico, importação e venda.
Esta era uma das Industrias que "ALFREDO DA SILVA" cobiçava,  e nesse mesmo ano após uma luta feroz, o ESTADO aceitou a existência da sua "TABAQUEIRA".

As condições estavam criadas, mas faltou algum tempo para o arrojo da iniciativa. Em primeiro lugar, a COMPANHIA UNIÃO FABRIL - CUF envolveu-se numa polémica Ministerial com a recém "COMPANHIA PORTUGUESA DE TABACOS", fundada também em 1927, ou seja, uma nova versão da antiga "COMPANHIA DOS TABACOS DE PORTUGAL" e principal subscritora das acções da nova. Apesar de não evitar as concessões do ESTADO, "ALFREDO DA SILVA" orgulhava-se de ter contribuído para o término do "MONOPÓLIO"do TABACO(21 de Junho de 1927). A derrota da proposta da CUF levou o Industrial, no entanto, a criar uma nova empresa "A TABAQUEIRA" com capitais da "SOCIEDADE GERAL DE COMÉRCIO, INDUSTRIA E TRANSPORTES, Lda. e da CASA BANCÁRIA "JOSÉ HENRIQUES TOTTA, LDA", ambas integradas no grupo CUF.
A nova Empresa registou a marca com a sigla  "Para Bem Servir" e organizou o negócio tendo como ponto de partida a Unidade Industrial do "POÇO DO BISPO".
Abria-se assim o mercado mas a porta era estreita: caberiam só dois concorrentes. Com uma concessão por 30 anos, "ALFREDO DA SILVA" era um deles, ao que parece tentando ainda entrar no capital da outra empresa.
Durante anos "ALFREDO DA SILVA" terá estabelecido um "plafond" de dividendos aos accionistas de 7% ao ano, como forma de garantir uma homogeneidade empresarial, independente. Lançou conceitos modernizados de concorrência com a COMPANHIA rival,
muito ligada aos interesses do ESTADO.
O crescimento da EMPRESA e as opções económicas implementadas vieram orientar o futuro de  "A TABAQUEIRA", durante a II GUERRA MUNDIAL.  O empresário "MANUEL DE MELO", continuador de"ALFREDO DA SILVA", integrava o GRUPO DA COMPANHIA UNIÃO FABRIL- CUF, depois da morte de"ALFREDO DA SILVA" em 1942.
Do ponto de vista fabril, os empresários de "A TABAQUEIRA", conscientes da evolução do sector a nível internacional, investem numa completa e total mecanização de produção, cujos efeitos se materializaram na diminuição do custo do TABACO nas lojas de venda. 


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ XX ] -A TABAQUEIRA ( 2 )». 

RUA ALFREDO DA SILVA [ XX ]

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«A TABAQUEIRA ( 2 ) »
 Rua Alfredo da Silva - (1927)  -  (Cartaz publicitário da inauguração de "ATABAQUEIRA". Apesar da mensagem, será morosa para a empresa a adaptação inicial ao gosto dos fumadores nacionais.  in CAMINHO DO ORIENTE
 Rua Alfredo da Silva - (anos 50 do século XX) -  (O "PORTUGUÊS SUAVE" será uma das primeiras marcas de cigarros mais aperfeiçoados da "A TABAQUEIRA" na época)  In  FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva - (Quarto quartel do século XX) -  ( O famoso "SG" , abreviatura de SOCIEDADE GERAL, marca muito apreciada, do grupo CUF)  in ALFREDO DA SILVA A CUF E O BARREIRO
 Rua Alfredo da Silva - (30.08.2010)-Foto de Ricardo Ferreira) - (Estátua de "ALFREDO DA SILVA esculpida por "LEOPOLDO DE ALMEIDA" inaugurada em 1965 nas novas instalações de "A TABAQUEIRA" em ALBARRAQUE (SINTRA)  in   O GRUPO CUF
Rua Alfredo da Silva -  (2010) - Foto de Ricardo Ferreira  -  (A Estátua de ALFREDO DA SILVA junto da "A TABAQUEIRA" de ALBARRAQUE, inaugurada em 1965 quando a CUF comemora 100 anos de vida)   in   O GRUPO CUF

(CONTINUAÇÃO)-RUA ALFREDO DA SILVA [ XX ]

«A TABAQUEIRA ( 2 )»

Este aspecto vai popularizar o tabaco em PORTUGAL, envolvendo um largo espectro de consumidores potenciais, para os quais os cigarros passaram a ser um bem de consumo generalizado e não um luxo das classes altas. Assim os seus produtos tornaram-se famosos tanto em termos de normalização industrial como da marca.
Quem não se recordará dos maços de tabaco sendo os primeiros os "DEFINITIVOS" e a sua concorrente lançava os maços com o nome de "PROVISÓRIOS". Já na década de 30 surgiu com nova embalagem os "DEFINITIVOS" e maior quantidade cigarros. Paralelamente, na mesma década aparece o «PORTUGUÊS SUAVE»; «SEVERAS»; «TRÊS VINTE»; «PARIS» e mais tarde o «SG» com as suas variantes: «SG» normal«SG» gigante, "filtro" e "ventil", cujas embalagens chegaram a todo o território e a todas as casas. A estratégia de produção acompanhava a evolução social, marcando a sua presença no quotidiano, assumindo-se até entre grupos étnicos.

Unidade fabril movida por central termo-eléctrica própria, nos primeiros anos assistiu-se à introdução de um novo sistema de empacotamento à máquina, com embalagens modernas e padronizadas, segundo a experiência europeia.  A organização empresarial de "A TABAQUEIRA" foi modelar numa época em que o monopólio legal quase substituído pelo monopólio real, usando toda essa estratégia para impor-se à concorrência desleal. A "CUF"de «ALFREDO DA SILVA» foi revendedora e distribuidora dos produtos fabricados na «TABAQUEIRA». Uma boa exploração comercial garantia os resultados positivos da exploração industrial. Assim impôs-se em PORTUGAL como empresa reguladora do preço do tabaco, oposta às tendências monopolista, contribuindo para o aumento de receitas públicas.
Mas em 1946,findas essas restrições, o salto foi enorme, atingindo-se o máximo da capacidade produtiva da fábrica do POÇO DO BISPO: 1833 toneladas, em 1948.  Um outro aspecto de grande interesse na história da "TABAQUEIRA" foi o da qualidade da matéria-prima, composta por ramos de tabaco das marcas "VIRGÍNIA", "KENTUCKY", "COLONIAL"e"MARYLAND", entre outras igualmente afamadas.

Em 1957, terminou o primeiro período do regime de 30 anos concedido pelo ESTADO para a exploração da fábrica. O ESTADO, no entanto, motivado pelos exercícios, renovou a concessão por mais 25 anos, após um acordo com o GOVERNO de novas instalações e um aumento do capital social, acabaria a concessão por trinta anos. No entanto, as dificuldades foram enormes nesses últimos anos da década de cinquenta, mantendo-se a laboração no POÇO DO BISPO e iniciando-se lentamente a construção da unidade de ALBARRAQUE, no  Concelho de SINTRA. Nessa época laboravam na fábrica do POÇO DO BISPO para cima de 600 trabalhadores. A inauguração da TABAQUEIRA de ALBARRAQUE, em fins de 1962, determinou o encerramento da laboração no POÇO DO BISPO um ano depois. A nova fábrica encontrava-se equipada com o melhor maquinismo alemão da especialidade, para produzir cerca de 600 toneladas/ano, com pessoal operário bastante reduzido. Junto à nova unidade de ALBARRAQUE, a empresa veio a instalar moderníssimos serviços sociais e culturais, para além de um BAIRRO RESIDENCIAL destinado ao pessoal da firma. Em 13 de Maio de 1975 a TABAQUEIRA foi nacionalizada. A "Empresa Pública TABAQUEIRA", criada em Junho de 1976, resultou da integração numa empresa "A TABAQUEIRA, S.A.R.L.".
Em 1991, a 21 de Março, a TABAQUEIRA-Empresa Industrial de Tabaco, EP passa a SOCIEDADE ANÓNIMA, alterada em 2 de Maio de 1999 sendo a denominação "TABAQUEIRA, SA", tendo por objectivo o cultivo, a industria e o comércio de Tabacos e produtos afins.
A 28 de MAIO de 1996, são aprovados por DECRETO-LEI as condições prévias para a "reprivatização" da totalidade do capital social da TABAQUEIRA, SA., em três fases terminando a última das quais em Dezembro de 2000, através de uma OFERTA PÚBLICA DE VENDA. Terminado o processo de privatização, a empresa "PHILIP MORRIS INTERNATIONAL, INC. adquire mais de 99% do capital Social.[ FINAL ]

BIBLIOGRAFIA

- ACTAS - da Comissão Municipal de Toponímia de Lisboa- 1943/1974 - CML - Coordenação e Concepção da Edição- Agostinho Gomes - PAULA MACHADO - Rui Pereira e Teresa Sandra Pereira - LISBOA - 2000.
- ALFREDO DA SILVA E A CUF E O BARREIRO - Fernando Sobral - Elisabete de Sá e Agostinho Leite - Ed. Horácio Periquito - 2008 - LISBOA.
- ALFREDO DA SILVA - FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX - Júlia Leitão de Barros - Ana Filipa Silva Horta - Circulo de Leitores - 2003  - LISBOA.
- ARAÚJO, Norberto de, - PEREGRINAÇÕES EM LISBOA - Livro V - 2ºEd. VEGA - 1992 - LISBOA.
- ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA - Direcção de FILIPE FOLQUE - 1856-1858 - Ed. CML - 2000 - LISBOA.
- BELÉM REGUENGOS DA CIDADE - Coord. Maria do Rosário Santos Benneville - Ed. ASA- 1990 - LISBOA.
- CAMINHO DO ORIENTE - GUIA DO PATRIMÓNIO INDUSTRIAL - Deolinda Folgado e Jorge Custódio - Livros Horizonte - 1999 - LISBOA.
- CRÓNICA EM IMAGENS - 1900/1910 _ PORTUGAL SÉCULO XX - Cood. Joaquim Vieira - Círculo de Leitores - 1999 - LISBOA.
- DICIONÁRIO BOTÂNICO - João Cayolla Tierno - Ed. da TERTÚLIA EDÍPICA PORTUGUESA - 1958 - LISBOA.
- DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA - Direcção de Francisco Santana e Eduardo Sucena - 1994 - LISBOA.
- DO ANTIGO SÍTIO DE XABREGAS - MÁRIO FURTADO Ed. Vega - 1997 - LISBOA.
- ELÉCTRICOS DE LISBOA - Aventuras sobre CARRIS de Cristina Ferreira Gomes - Gravida - 1994 - LISBOA.
- EM VOLTA DA TORRE DE BELÉM - EVOLUÇÃO DA ZONA OCIDENTAL DE LISBOA - João B. M. Néu - L. Horizonte - 1994 - LISBOA.
- LELLO UNIVERSAL - Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro em 2 vol. - Edição Lello & Irmão - 1996 - PORTO.
 - LISBOA 125 anos sobre CARRIS - João de Azevedo - Roma Editora - 1998 - LISBOA.
 - LISBOA ANTIGA E LISBOA MODERNA - Angelina Vidal - Ed. Vega - 2ª Ed. 1994 - LISBOA. 
 - LISBOA de ALFREDO MESQUITA - P & R - 1987 - LISBOA.
 - LISBOA EM MOVIMENTO 1850-1920 - Livros Horizonte - 1994 - LISBOA.
 - LISBOA EM 1758 - Memórias Paroquiais de Lisboa - Fernando Portugal e Alfredo de Matos - Ed. da CML  - 1974 - LISBOA.
 - LISBOA POMBALINA E O ILUMINISMO - José-Augusto França - Bertrand Editora - 1987 - LISBOA.
 - OLISIPO - Boletim do Grupo Amigos de Lisboa - Nºs. 115/116 - Ano XXIX - Junho/Outubro de 1966 - LISBOA.
 - UM OLHAR SOBRE O BARREIRO - Final do século XIX - Princípio do século XX- Ed. - Augusto Pereira Valegas - Documentação cedida pela população do BARREIRO - Dezembro de 1981- BARREIRO.
 - UM OLHAR SOBRE O BARREIRO - Idem em NOVEMBRO DE 1983 - BARREIRO.

(PRÓXIMO)«TRAVESSA DOS ALGARVES [ I ] OS REMADORES DAS GALEOTAS ( 1 )». 

TRAVESSA DOS ALGARVES [ I ]

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«OS REMADORES DAS GALEOTAS REAIS ( 1 )»
 Travessa dos Algarves - (1856-1858)  -  (Mapa Nº. 61 de FILIPE FOLQUE zona "RUA DA JUNQUEIRA", podendo-se ver que no século XIX ainda era feita a ligação com o mar pela "praia dos Algarves" e "TRAVESSA DOS ALGARVES" in ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA
 Travessa dos Algarves - (2015) -  (Panorâmica da "TRAVESSA DOS ALGARVES" na "RUA DA JUNQUEIRA")    in      GOOGLE EARTH
 Travessa dos Algarves - (2016) -  (Panorâmica aproximada da "Travessa dos Algarves" com vista da "Rua da Junqueira" e ao fundo a "Avenida da Índia")  in   GOOGLE EARTH
 Travessa dos Algarves - (2014)  -  (Fachada do prédio por onde se pode entrar para a "TRAVESSA DOS ALGARVES" na "RUA DA JUNQUEIRA")    in     BLOGUE DE LISBOA
 Travessa dos Algarves  (2015) - Foto de Sérgio Dias -  ((Entrada da "TRAVESSA DOS ALGARVES" na "RUA DA JUNQUEIRA")  in    TOPONÍMIA DE LISBOA
 Travessa soa Algarves - (1967) Foto de Vasco Gouveia de Figueiredo  -  (A "TRAVESSA DOS ALGARVES" na Rua da Junqueira, deve o seu nome a um telheiro que ai existia, sob o qual se albergavam os remadores algarvios, vulgarmente conhecidos por "ALGARVES")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)   in        AML
Travessa dos Algarves  - (1961) - Foto de Artur João Goulart  -  (O ARCO da "TRAVESSA DOS ALGARVES", à "RUA DA JUNQUEIRA" no terceiro quartel do século vinte)   in   AML 


(INÍCIO) - TRAVESSA DOS ALGARVES [ I ]

«OS REMADORES DAS GALEOTAS REAIS ( 1 )»

A «TRAVESSA DOS ALGARVES» pertencia à freguesia de "SANTA MARIA DE BELÉM". Em consequência da "REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012", sendo acrescentada à freguesia de "SÃO FRANCISCO XAVIER", passou a designar-se por freguesia de «BELÉM».
Começa na "RUA DA JUNQUEIRA" no número 243 e finaliza junto da "AVENIDA DA ÍNDIA".

Esta artéria inicialmente designada por "BECO" passou a "TRAVESSA" por deliberação camarária de 23 de Setembro de 1880. Presume-se que este é um topónimo alfacinha bastante antigo que se conhece para referir os tripulantes algarvios, vindos para LISBOA como possíveis trabalhadores nas embarcações, nomeadamente dos "ESCALERES"( 1 ) e das "GALEOTAS REAIS", que neste sítio se abrigavam nas casas da "MALTA" existentes nesta área.
A "TRAVESSA DOS ALGARVES" servia de ligação entre a "AVENIDA DA ÍNDIA"(antiga praia durante vários anos, no século XIX) e a "RUA DA JUNQUEIRA", onde desemboca através de um arco aberto num pequeno edifício assemelhando-se à entrada, de um antigo "PÁTIO".
Escondida e escura, apesar de pitoresca, mantendo a antiga e serpenteada "calçada", esta serventia é referida pela primeira vez nos livros de arruamentos no ano de 1819.
Artéria desconhecida possivelmente da maior parte dos lisboetas, que em princípio era designada por "BECO DOS ALGARVES", passou despercebida nos vários "ITINERÁRIOS LISBONENSE" e"ROTEIROS DE LISBOA", publicados ao longo de século XIX, que só a mencionaram em 1881.
Esta zona da praia da "JUNQUEIRA" era chamada de"ESCALERES REAIS", em virtude de estas embarcações, juntamente com as "GALEOTAS", serem ali arrecadadas em barracões no areal, localizados no final das mais modernas; "TRAVESSA DOS ESCALERES"e"TRAVESSA DAS GALEOTAS", ou"GALEOTAS REAIS".

- ( 1 ) - ESCALERES - Pequeno barco de quilha, ordinariamente de remos ou vela, para serviço de um navio ou de uma "REPARTIÇÃO"ou"ESTAÇÃO PÚBLICA". São construídos em madeira, ferro ou alumínio. Na MARINHA, o "ESCALER" caracteriza-se pela proa pontiaguda e a popa quadrada; mas, em linguagem vulgar, o "ESCALER"é toda a pequena embarcação a remos, de passagem, de passeio ou de regata etc.. A bordo dos navios e Vapores, os "ESCALERES" são suspensos nos "turcos" (peças de ferro, que servem para suspender os "ESCALERES" na borda do navio, tendo também a função de os poder descer ou içá-los).


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«TRAVESSA DOS ALGARVES [ II ]-OS REMADORES DAS GALEOTAS REAIS ( 2 )».

TRAVESSA DOS ALGARVES [ II ]

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«OS REMADORES DAS GALEOTAS REAIS ( 2 )»
 Travessa dos Algarves - (2014) - Foto de Carlos Gomes  -  (Placa Toponímica  TIPO II a assinalar a "TRAVESSA DOS ALGARVES", na "RUA DA JUNQUEIRA")  in  BLOGUE DE LISBOA
 Travessa dos Algarves - (2014) -Foto de Carlos Gomes  -  ( Entrada da "TRAVESSA DOS ALGARVES" visto da "RUA DA JUNQUEIRA")  in  BLOGUE DE LISBOA
 Travessa dos Algarves - (2015)  -  (Panorâmica mais aproximada da "TRAVESSA DOS ALGARVES", existindo já algumas construções novas)   in  GOOGLE EARTH
 Travessa dos Algarves  - (2016)  -  (Entrada para a "TRAVESSA DOS ALGARVES" com frente virada para a "RUA DA JUNQUEIRA")   in  GOOGLE EARTH
 Travessa dos Algarves - (anterior a 1910) Foto de Augusto Bobone -  ( A "GALEOTA REAL PORTUGUESA" nas margens do RIO TEJO)  in  AML 
 Travessa dos Algarves - (1967)  Foto de Vasco Gouveia de Figueiredo) -  (A "TRAVESSA DOS ALGARVES" na parte mais para o interior, existindo um prédio para demolir)  in  AML 
Travessa dos Algarves - (1969) - Foto de Vasco Gouveia de Figueiredo -  (Nora de Poço existente no pátio de um prédio na "TRAVESSA DOS ALGARVES" na "RUA DA JUNQUEIRA")  in  AML 


(CONTINUAÇÃO)- TRAVESSA DOS ALGARVES [ II ]

«OS REMADORES DAS BALEOTAS REAIS ( 2 )»


Aqui, na JUNQUEIRA embarcavam os "algarvios do escaler de el-Rei", conhecidos por "ALGARVES", que constituíam as equipas de "SUA MAJESTADE", que a partir do Terramoto de 1755 passou a residir na vizinha "CALÇADA DA AJUDA".
Os seus tripulantes, habitualmente de origem Algarvia, viviam numa espécie de "CASA DE MALTA". junto a palheiros e acomodações vizinhas ao Palácio do "MARQUÊS DE ANGEJA".
Os "ALGARVES", também conhecidos como "CATRAIOS", rudes e "tisnados do sol e do sal", constituíam um tipo bem definido na capital. Chamavam-se pessoas da "BEIRA-RIO" oferecendo os seus préstimos e serviços para o transporte de passageiros e carga. 
A "TRAVESSA DOS ALGARVES" terá ainda sido conhecida por outro nome. Assim, na metade do século XVIII, aparece no "livros de óbitos da AJUDA" com a referência de "TELHEIROS DOS ALGARVES". Designação dada  a um "TELHEIRO" que possivelmente por ali existia, sob o qual se abrigavam os "pobres" remadores algarvios, vulgarmente conhecidos por "ALGARVES". Embora apareça outra designação para este topónimo, pelo facto de ali serem guardados  ( na época)  os "BERGANTINS" e as "GALEOTAS REAIS". ( 1 ).
É bastante relevante a determinação da toponímia ao assinalar que existiu neste local, algum movimento de embarcações com características da época. 
Assim podemos detectar um pouco mais para nascente, dois topónimos relacionados com os nomes das embarcações da época neste local, reforçando a veracidade dos factos.
E neste lugar os remadores viviam com suas famílias, todos eles de origem "ALGARVIA", constituindo uma elite e cujo ofício era transmitido de pais para filhos. Assim, desde o século XVIII, os algarvios eram recrutados para servir na ARMADA e no ARSENAL, em virtude das suas características físicas e pela sua habilidade na arte de remar.

- ( 1 ) - GALEOTA REAL - Embarcação movida por grande número de remos, remando a cada um deles um homem e às vezes dois, era destinada, antigamente, ao serviço das pessoas reais em ocasiões de gala.

- GALEOTA - Era primitivamente um pequeno navio ligeiro e rápido, intermédio entre o "FALUCHO"e a "GALERA".  Foi empregada especialmente pelos piratas "barbarescos". Os "HOLANDESES" deram esse mesmo nome as construções de carga 50 a 300 toneladas, de fundo chato e redondas na popa e na proa.  A "enxárcia" compunha-se de um grande mastro, de um "GURUPÉS", à frente, e de um pequeno mastro atrás. Estas GALEOTAS desapareceram em finais do século XVIII.[Fonte LELLO UNIVERSAL]  

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«TRAVESSA DOS ALGARVES[ III ]-OS REMADORES DAS GALEOTAS REAIS ( 3 )».


TRAVESSA DOS ALGARVES [ III ]

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«OS REMADORES DAS GALEOTAS REAIS ( 3 )»
 Travessa dos Algarves - (Século XVIII) Desenho do artista José Ruy  -  ( A "GALEOTA REAL" de D. Maria I, que possivelmente era guardada no sitio da "Travessa dos Algarves", sendo a sua tripulação assegurada pelos "Algarves")  inHISTÓRIA DOS BARCOS PORTUGUESES
 Travessa dos Algarves - (Século XVIII) - Desenho do artista José Ruy   -  (A Galeota Real de D. Maria I, de boca aberta, tinha apenas meia ponte à ré. A popa de rara beleza e a sua Galeria moldurava o "BRASÃO DE PORTUGAL" -1)GALERIA;  2)CAMARIM;  3)MASTRO; 4)LANTERNAS)   in HISTÓRIA DOS BARCOS PORTUGUESES
 Travessa dos Algarves - (1899)  -  ("GALEOTA REAL" a remos, também denominada como "GALEOTA D.JOÃO VI", foi construída no BRASIL em 1808)   in   WIKIPÉDIA
 Travessa dos Algarves - (1967) - Foto de Vasco Gouveia de Figueiredo -  (O ARCO da "TRAVESSA DOS ALGARVES" na parte interna)    in   AML 
 Travessa dos Algarves - (2016)  -  (Vista de cima da "TRAVESSA DOS ALGARVES" que ligava a "RUA DA JUNQUEIRA"à "AVENIDA DA ÍNDIA")   in  GOOGLE EARTH 
Travessa dos Algarves -  (2016)  -  (A "TRAVESSA DOS ALGARVES" visto da "AVENIDA DA ÍNDIA" e os novos edifícios em construção)   in  GOOGLE EARTH


(CONTINUAÇÃO) - TRAVESSA DOS ALGARVES [ III ]

«OS REMADORES DAS GALEOTAS REAIS ( 3 )»


Estas «GALEOTAS REAIS» já não circulam com regularidade pelo "TEJO", estes e outros barcos do século XVIII, a não ser em casos muito particulares como em 1957, aquando da visita a PORTUGAL DA RAINHA ISABEL II DE INGLATERRA, que teve honras de ESTADO e pode navegar num "BERGANTIM REAL". Hoje podemos admirar esses e outros bonitos exemplares da mesma época, bem perto deste sítio de BELÉM, trata-se do "MUSEU DE MARINHA" onde actualmente se encontram em exposição barcos de várias épocas.
Voltando um pouco a trás, não nos podemos esquecer que no século XVIII o RIO TEJO chegava até ao local onde se guardavam as "GALEOTAS" e viviam ali bem perto os "ALGARVES", levando muitos anos para se completar o aterro que fez desaparecer a praia e aparecer a "AVENIDA DA ÍNDIA".

As "GALEOTAS REAIS" no final do século XVIII. As "GALEOTAS" evoluíram para embarcações do género do "AVISO"( 1 ) ou de transporte de luxo, reservado a grandes figuras e membro da COROA.
Passaram, então, a chamar-se "BERGANTINS", nome de ilustre tradição Marítima, e primavam pela imponência dos adornos e pelo conforto.
Deixaram de ter aparelho de velas, passando a mover-se somente pela força concentrada de dezenas de remadores.
No reinado de "D.MARIA I", foi construído um "BERGANTIM REAL" manejado por cento e vinte remadores, três em cada remo.
O "BERGANTIM REAL" de "D.MARIA I foi possivelmente a "GALEOTA" por excelência. De boca aberta, tinha apenas meia ponte à ré. A popa era de rara beleza e a sua galeria moldurava o "BRASÃO DE PORTUGAL". O camarim, de elegantes vidraças, serviam de aposento régio. Todo o aparato exterior impressionava pela riqueza da talha dourada, a cor e o relevo trabalhado.
O Comandante era o Patrão-mor que seguia de pé, junto do leme.

O "BERGANTIM REAL"de"D.MARIA I" compunha-se com os dados seguintes: 1- GALERIA;  2- CAMARIM;  3-MASTRO;  4-LANTERNAS;  5-MEIA PONTE e  6-BANCOS.[FINAL].

- ( 1 ) - AVISO - Barco cuja missão era estabelecer comunicação entre os navios.

Agradecimento público: Existem duas fotos da pauta do mestre desenhador JOSÉ RUY, ao qual agradecemos, do "BERGANTIM" que nos dá uma excelente ideia da sua configuração e desempenho.

BIBLIOGRAFIA

- BELÉM - Reguengo da cidade - CML - Edições ASA -1990 - LISBOA
- BRAGA, Fernando C., - NÁUTICA - Marinhagem e Navegação para Patrão de Costa - 3ª. Ed. EDITORA DOMINGOS BARREIRA - 1980 - PORTO.
- LELLO UNIVERSAL - de JOSÉ LELLO e EDGAR LELLO - Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro - 2 Volumes - 1976 - PORTO.
- NÉU, João B. M., - EM VOLTA DA TORRE DE BELÉM - Vol. II - Liv. Horizonte-1988-LISBOA.
- REIS, A. do Carmo e RUY, José, -História dos Barcos Portugueses-Edições ASA- 1989 - PORTO.

INTERNET

-AFML
-BLOGUE DE LISBOA
- PAIXÃO POR LISBOA
- TOPONÍMIA DE LISBOA 

(PRÓXIMO)«PRAÇA DE ITÁLIA [ I ]-A PRAÇA DE ITÁLIA NO ALTO DO RESTELO».

PRAÇA DE ITÁLIA [ I ]

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«A PRAÇA DE ITÁLIA NO ALTO DO RESTELO»
 Praça de Itália - (2015)  -  (Panorâmica mais aproximada da "PRAÇA DE ITÁLIA" no Alto do Restelo) in   GOOGLE EARTH
 Praça de Itália - (2015) -  (Panorâmica parcial da freguesia de "BELÉM" onde se insere a "PRAÇA DE ITÁLIA" in  GOOGLE EARTH
 Praça de Itália -  (2000) - Foto de Alexandra C. -  ("Capelinha de São Jerónimo" muito perto da PRAÇA DE ITÁLIA, foi construída em 1514, nos terrenos da cerca dos Monges Jerónimos do  "Mosteiro de Santa Maria de Belém", classificado como Monumento Nacional )  in   MAPIO 
 Praça de Itália -  ( 2016 ) -  ( Uma parte da "PRAÇA DE ITÁLIA", no local uma placa Toponímica do Tipo IV)   in GOOGLE EARTH
 Praça de Itália - (2016) -  (A "PRAÇA DE ITÁLIA" com a capelinha de São Jerónimo em fundo)  in GOOGLE EARTH
Praça de Itália -  Século XVIII - Pintura de Stephan Kessler-   (Santo António de Lisboa ou Santo António de Pádua. Nasceu em Lisboa a 15.08.1191 e faleceu em Pádua (Itália) em 13.06.1231) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in    WIKIPÉDIA


- INÍCIO - PRAÇA DE ITÁLIA [ I ]

«A PRAÇA DE ITÁLIA NO ALTO DO RESTELO»

A «PRAÇA DE ITÁLIA» pertencia à freguesia de "SÃO FRANCISCO XAVIER" hoje pela REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012, passou a designar-se freguesia de «BELÉM». Por deliberação Camarária de 29.08.2001 e EDITAL de 11 de Setembro de 2011 foi-lhe atribuído o topónimo de "PRAÇA DE ITÁLIA" ao anterior arruamento com início na "RUA PÊRO DA COVILHÃ".
O "Largo" junto à histórica CAPELINHA DOS JERÓNIMOS,  numa zona privilegiada e nobre no ALTO DO RESTELO, veio dar o nome ao espaço que era anónimo que passou ser ali a «PRAÇA DE ITÁLIA»( 1 ).
A inauguração desta Praça é pretexto para um desfilar de recordações e ligações entre italianos e lisboetas.
Embora se trate de um topónimo que não suscitaria grande debate fosse qual fosse a ocasião, consagra amizades e relações velhas que vem sempre a propósito.

Na verdade, a ITÁLIA, por si mesma ou através da antiga "ROMA" ou ainda de muitas das suas regiões e cidades, tem tido presença constante na vida de LISBOA. A similitude entre dois povos são algumas; ambos latinos, ambos imaginativos, ambos adaptáveis a condições adversas e à emigração, ambas um tanto exagerados ao desfilarem as próprias qualidades...   As diferenças começam quando nos víramos, por exemplo, para a monumentalidade, esmagadora e difundida no país transalpino, serena, quase doméstica, aconchegadinha entre nós.

Um tanto à força, LISBOA - através de um visionário  -  entendeu a dada altura que uma das suas semelhanças com ROMA estava nas "sete colinas" as quais assentariam ambas as cidades.  Mas a verdade é que a capital não tem dificuldade em as evidenciar, enquanto que as nossas já são hoje muitas mais e, quanto às primitivas, nunca foram, salvo melhor opinião, muito bem explicadas.

Trocas de SANTAS estão nas relações entre LISBOA e a ITÁLIA, exageram "prendas" de vulto. Não há dúvida de que, nesse capítulo, não nos faltou generosidade. Logo no século XII, foi para a península "ITÁLICA" o que de melhor havia em LISBOA: o nosso SANTO ANTÓNIO, nascido e baptizado na"SÉ", aluno aplicado da Escola da CATEDRAL, estudioso regrante entre os frades AGOSTINHOS no MOSTEIRO lisboeta de SÃO VICENTE, foi dádiva inestimável desta cidade a ITÁLIA. Foi por lá que se revelou como orador, é certo; por lá fez muitos dos seus milagres; por lá patenteou a sua santidade.  Mas a semente levou de cá.
A figura do "TAUMATURGO"( 2 )é hoje Universal, concede-se. Mas dá sempre vontade ao alfacinha empedernido de, quando vê uma imagem de "SANTO ANTÓNIO""de PÁDUA", acrescentar por baixo "nascido e criado em LISBOA" .

- ( 1 ) - O nome de "ITÁLIA" foi atribuído a esta PRAÇA onde reside nesta freguesia parte da comunidade italiana, e por ocasião da visita ao nosso país do seu Chefe de ESTADO em 2001.

- ( 2 ) - TAUMATURGO - (do Gr. thaumatourgós) adj. e s. m. que ou aquele que opera milagres. 


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«PRAÇA DE ITÁLIA [ II ] AS TROCAS ENTRE ROMA E LISBOA»

PRAÇA DA ITÁLIA [ II ]

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«AS SANTAS TROCAS ENTRE ROMA E LISBOA»
 Praça da Itália - (2013)  -  (A "IGREJA DE Nª. SENHORA DO LORETO" ou "IGREJA DOS ITALIANOS" no LARGO DO CHIADO, recuperada depois de 1755, segundo projecto de JOAQUIM ANTÓNIO DOS REIS ZUZARTE, depois substituído por JOSÉ DA COSTA E SILVA) in  CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA

Praça de Itália -  ( 2016)  - (Panorâmica mais aproximada da "Praça de Itália" com a Capelinha de São Jerónimo bem visível)   in  GOOGLE EARTH
 Praça de Itália  -  ( 2016 )   -  (A "PRAÇA DE ITÁLIA", no lado esquerdo a escadaria que dá acesso à "CAPELA DE SÃO JERÓNIMO")    in   GOOGLE EARTH
 Praça de Itália  -  (2016) -  ( A "PRAÇA DE ITÁLIA" quase na sua totalidade no ALTO DO RESTELO)   in  GOOGLE EARTH
 Praça de Itália - (Século XVII)  -  (Os Santos Mártires- VERÍSSIMO e sua irmãs MÁXIMA e JÚLIA. Podem ser vistos neste belo conjunto dos três Santos, apresentados em trajes de romeiros, exposta ao culto na Igreja do extinto MOSTEIRO de SANTOS-o-VELHO em Lisboa)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in HEROÍNAS DA CRISTANDADE
Praça da Itália -  (1968) - Foto de João Nunes -  ("IGREJA DO LORETO" no antigo "LARGO DAS DUAS IGREJAS" hoje "LARGO DO CHIADO")    in    AML


(CONTINUAÇÃO) - PRAÇA DE ITÁLIA  [ II )

«AS SANTAS TROCAS ENTRE ROMA E LISBOA»

A "ITÁLIA" o país em forma de "bota", fica no SUL DA EUROPA, banhada pelo MAR ADRIÁTICOa Oriente  oMAR JÓNIO a Sudeste; a Noroeste oMAR DA LIGÚRIA, a Sudoeste o MAR TIRREUe a SUL oMAR MEDITERRÂNEO.
Podemos dizer que a "ITÁLIA"é o berço de escritores como: VIRGÍLIO, DANTE, PETRARCA e BOCACCIO. Na música os italianos estão enriquecidos com os compositores clássicos e mundialmente conhecidos do grande público como: VIVALDI, SCARLATTI, VERDI e ROSSINI.  Mas é na arte que ITÁLIA se notabiliza, através dos PINTORES RENASCENTISTAS como: MIGUEL ANGELO, LEONARDO DA VINCI, BOTTICELLI e RAFAEL.
Nas gastronomia é também famosa, quem não conhece a famosa em todo o mundo a "PIZZA" ou o "ESPARGUETE".
Ainda das"SANTAS TROCAS"dizemos que não terá obviamente a mesma projecção, mas é justo dizer que os primeiros MÁRTIRES ditos de LISBOA nasceram, afinal, em território que hoje é italiano.

Eram três jovens irmãos - VERÍSSIMO,  MÁXIMA  e JÚLIA -  filhos de um senador, e vieram no principio do século IV da nossa era para LISBOA, então "OLISIPO", e aqui divulgaram o cristianismo. 
Não escaparam, porém, às perseguições ordenadas pelo "IMPERADOR DIOCLECIANO" e acabaram por morrer martirizados à beira do nosso rio TEJO. Terão constituído a primeira prenda de ITÁLIA a LISBOA.

A propósito de "SANTO ANTÓNIO"e da presença ITALIANA em LISBOA, não pode, porém, deixar de fazer-se uma referencia a uma das mais antigas IGREJAS DE LISBOA, há muito dedicada a "NOSSA SENHORA DO LORETO" e edificada no "LARGO DOCHIADO" esquina para a "RUA DA MISERICÓRDIA".
Foi em 1518 que a COMUNIDADE ITALIANA DE LISBOA solicitou que lhe fosse dado um "chão" para erguer uma IGREJA. Foi atendida e o novo templo começou a funcionar em pleno 11 anos mais tarde. No entanto, já no século XV, por ali existir uma ermida dedicada a "SANTO ANTÓNIO". 
Um incêndio destruiu a IGREJA em 1651. Mas a COMUNIDADE ITALIANA não se deixou abater e procedeu à reconstrução, concluída em 1676, com uma  belíssima sacristia construída entre 1703 e 1706 e que, milagrosamente veio a escapar ao terramoto de 1755. O mesmo não aconteceu com o resto do templo, que veio a ser reerguido de novo. O interior, de uma só nave, contém, como seria timbre de uma IGREJA  "dos ITALIANOS", múltiplas manifestações de arte; um "SÃO FRANCISCO DE PAULA", pintado por "LAMBRUZZI"; uma"SENHORA DO CARMO", obra de"ROSSI"; uma "DESCIDA DO ESPÍRITO SANTO", quadro de "TAGLIAFICO", e tantos mais.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«PRAÇA DE ITÁLIA [ III ] OS ITALIANOS EM LISBOA NOS SÉCULOS XIX E XX». 

PRAÇA DE ITÁLIA [ III ]

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«OS ITALIANOS EM LISBOA, NOS SÉCULOS XVIII,  XIX E XX»
 Praça de Itália - (2009) - Foto de APS  -   ("CAFÉ MARTINHO DA ARCADA" visto da "Praça do Comércio", esquina para a "RUA DA PRATA" -antiga "RUA BELA DA RAINHA")  in ARQUIVO/APS
 Praça de Itália - (2009)  -  Foto gentilmente cedida pelo amigo RAFAEL SANTOS- (A Esplanada do "CAFÉ NICOLA" na "PRAÇA D. PEDRO IV" -vulgo ROSSIO)  in DIÁRIO DO TRIPULANTE
 Praça de Itália  - (Século XX)  -  ("PASTELARIA FERRARI" casa fundada em 1846 pelo Genovês "HILÁRIO FERRARI" na "RUA NOVA DO ALMADA", 93 em LISBOA )  (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in COISAS DE ANTIGAMENTE
 Praça de Itália - (Século XX) -  (Interior da "PASTELARIA FERRARI" na "RUA NOVA DO ALMADA, 91 e 93)  in  RESTOS DE COLECÇÃO
 Praça da Itália - (196_) -  Foto de Artur Goulart -  (O "CAFÉ CHIADO" na "RUA GARRETT" nos anos sessenta do século XX)  in  AML
 Praça de Itália - (Século XIX) -  (O "CAFÉ MARRARE do POLIMENTO" do século XIX, na Rua Garrett, 54 a 64)   in    AML
Praça de Itália  - (2016) -  (Um dos lados da "PRAÇA DE ITÁLIA" no ALTO DO RESTELO em LISBOA )   in  GOOGLE EARTH


(CONTINUAÇÃO)- PRAÇA DE ITÁLIA [ III ]

«OS ITALIANOS EM LISBOA NOS SÉCULOS XVIII, XIX E XX»

Mas a lista de presenças italiana, nos aspectos artísticos, seria infindável. Os PINTORES, ESCULTORES, ARQUITECTOS, MÚSICOS, CANTORES italianos que por cá passaram e deixaram obra, bem como as influências que recebemos na ARTE e na LITERATURA ( a começar logo nos clássicos encantados como o "dolce stil nuovo" ou "DOCE ESTILO NOVO") não são quantificáveis. Menos complexo será por certo, recordar algumas figuras que oriundas de ITÁLIA, acabaram por se tornar populares e fazer parte indispensável do nosso dia-a-dia. Até na linguagem: sempre usamos o termo "GAFORINA" quando nos referimos a alguém que possua uma cabeleira longa, crespa, não muito bem penteada. Poucos se lembrarão de que na origem da palavra está uma célebre cantora italiana que fez algumas temporadas no Teatro de SÃO CARLOS: era"GAFFORINI" de seu nome e usava uma cabeleira que fez história e deixou vocábulo novo.
Um dos bons hábitos que os italianos nos trouxeram foi o de beber café em ambiente de conversa e Tertúlia. Quer dizer: nós fomos a ÁFRICA e ao BRASIL buscar o café, mas foram os italianos quem dele fez um requinte. Ora, a começar pelo mais antigo café existente em LISBOA,  o "MARTINHO DA ARCADA"( ver mais aqui...), a influência italiana é visível nessas casas. O "MARTINHO", antes de o ser, foi, em 1784, a "CASA DE CAFÉ ITALIANA", sendo propriedade de "DOMENICO MIGNANI".  Derivou depois para "CASA DA NEVE" (GELADOS) e foi mais tarde  adquirido  pelo  português "MARTINHO",  ( BARTOLOMEU RODRIGUES) em 1845.
Em pleno "ROSSIO", conserva o seu nome o "NICOLA" ( ver mais aqui...), estabelecimento de outro do mesmo nome, que remonta ao tempo do BOCAGE.  "O apelido NICOLA aparece ligado ao comércio da cidade desde meados do século XVIII ( 1 ) "NICOLAU" era, pois, o italiano proprietário do BOTEQUIM, não existindo sobre ele grandes notícias. O cronista lisboeta TINOP fala-nos de dois NICOLA conhecidos em LISBOA, um dos quais fabricante de velas de cebo. Seriam parentes o homem das velas e o Botequim?

Mais pormenores se conhecem sobre "ANTÓNIO MARRARE", o italiano que verdadeiramente veio revolucionar a vida de café em LISBOA. Esta homem de iniciativas foi empresário do TEATRO DE SÃO CARLOS e acabou por ir fundando vários botequins pela cidade. O mais célebre foi sem dúvida o "MARRARE DO POLIMENTO"(ver mais aqui..., situado a meio da que hoje chamamos de RUA GARRETT, no local onde foi, já no século XX, o "CAFÉ CHIADO"depois COMPANHIA DE SEGUROS IMPÉRIO do (Grupo CUF) (nacionalizada em 1975 e reprivatizada em 1992) regressando o edifício ao grupo MELLO, de JOSÉ MANUEL DE MELO.

Existiu outro "MARRARE"no"ARCO DO BANDEIRA", outro em S. CARLOS... Um sobrinho do primeiro proprietário, JOSÉ MARRARE, chegou ainda a tomar conta dos estabelecimentos do tio.
Até ao incêndio do CHIADO, em 1988, na zona do CHIADO, para o lado da "RUA NOVA DO ALMADA", tinha lugar de relevo a "PASTELARIA FERRARI". Esta casa começou com o Genovês "HILÁRIO FERRARI", conserveiro, que se estabeleceu ali ao "PRÍNCIPE REAL", e cujo filho,"MATIAS FERRARI", continuou a obra do pai e acabou por se estabelecer na já referida RUA em 1864.  O Italiano "BALTRESQUI", por sua vez, foi doceiro de fama, teve loja na actual RUA GARRETT e também na "RUA DO OURO".  E por aqui ficaríamos em evocações aromáticas, sem nos chegar o tempo para lembrar os pioneiros dos sorvetes,  estabelecidos em casas que tiveram nomes que não disfarçam a origem dos proprietários: "VENEZIANA", "ITALIANA", "LUCA", "SANTINI"...   De ITÁLIA veio a ARTE... em facetas várias. [ FINAL ]

- ( 1 ) - Livro "OS CAFÉS DE LISBOA" de MARINA TAVARES DIAS, página 22

BIBLIOGRAFIA

- As NOVAS RUAS DE LISBOA 102 topónimos ( 1998/2001) - Cood. Paula Machado e Teresa Sancha Pereira- CML - Comissão Municipal de Toponímia - 2002 - LISBOA.
- Dicionário da História de Lisboa - Direcção de Francisco Santana e Eduardo Sucena - 1994 - LISBOA.
- O CARMO E A TRINDADE de Gustavo de Matos Sequeira- CML - Vol. III 2ª Ed. -1967 - LISBOA.
- OS CAFÉS DE LISBOA - Mariana Tavares Dias - Quimera - 1999  - LISBOA.
- PEREGRINAÇÕES EM LISBOA de Norberto de Araújo - Liv. XII -1993 - LISBOA

(PRÓXIMO)«RUA BARATA SALGUEIRO [ I ] A RUA BARATA SALGUEIRO ( 1 )»

RUA BARATA SALGUEIRO [ I ]

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«A RUA BARATA SALGUEIRO ( 1 )»
 Rua Barata Salgueiro - (191_) - Foto de Joshua Benoliel  -  (Palacete de "BARATA SALGUEIRO" possivelmente no espaço onde hoje se encontra o "NOVO BANCO"-antigo BES-) ( ABRE EM TAMANHO GRANDE )  in   AML 
 Rua Barata Salgueiro -  ( 2016 ) -  ( Panorâmica da FREGUESIA de "SANTO ANTÓNIO" onde está inserida a "RUA BARATA SALGUEIRO")    in    GOOGLE EARTH
 Rua Barata Salgueiro -  (1880) -   (LISBOA PROJECTO DE REABILITAÇÃO - Em 1880, concluía-se um acordo com ANTÓNIO ANTÃO BARATA SALGUEIRO que, libertando terrenos entre a RUA DO SALITRE e a "AVENIDA" ia permitir a urbanização de um novo bairro, depois chamado de "BARATA SALGUEIRO")   in    SKYSCRAPERCITY
 Rua Barata Salgueiro - (191_) foto de Alberto Carlos Lima -  (A Rua Barata Salgueiro vista por entre arvoredo)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)   in   AML 
 Rua Barata Salgueiro - (1939-12) Foto de Eduardo Portugal -  (A "RUA BARATA SALGUEIRO" na parte nascente junto à "RUA DE SANTA MARTA" )   in   AML   
 Rua Barata Salgueiro - (1964-07) Foto de Artur João Goulart -  (RUA BARATA SALGUEIRO esquina com a "AVENIDA DA LIBERDADE. Palacete construído em 1890, pertenceu a Cipriano José Caleia. É possível que na época em que a imagem foi tirada ali funcionasse a Direcção Geral da Aeronáutica Civil. Mais tarde a "BIBLIOTECA do ARQUIVO HISTÓRICO DOMINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS")  in  AML 
Rua Barata Salgueiro -  (2016) -  (Um troço da "RUA BARATA SALGUEIRO" próximo da "AVENIDA DA LIBERDADE" no lado esquerdo ao fundo as antigas instalações do "BES" hoje NOVO BANCO)   in  GOOGLE EARTH

INÍCIO - RUA BARATA SALGUEIRO [ I ]

«A RUA BARATA SALGUEIRO ( 1 )»

A «RUA BARATA SALGUEIRO» pertencia a duas freguesias; "CORAÇÃO DE JESUS" e "SÃO MAMEDE". Hoje, com a REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012, passou a pertencer à freguesia de «SANTO ANTÓNIO». Começa na "RUA DE SANTA MARTA", 29-C e finaliza na"RUA RODRIGUES DA FONSECA" no número 2, que na época tomava a direcção à antiga "AZINHAGA DO VALE PEREIRO".
A «RUA BARATA SALGUEIRO» é atravessada pelas ruas: CASTILHO; RODRIGUES SAMPAIO e AVENIDA DA LIBERDADE, sendo-lhe convergente a RUA MOUZINHO DA SILVEIRA.
Em 6 de Maio de 1882 numa sessão Extraordinária da C.M.L., por decisão unânime, foi atribuída a esta artéria, perpendicular à "AVENIDA DA LIBERDADE" o topónimo "RUA BARATA SALGUEIRO".

Com a abertura da "AVENIDA DA LIBERDADE" (ver mais em...) podemos garantir que foi um grande passo no desenvolvimento de LISBOA, no sentido interior NORTE.
LISBOA, nascida à beira-TEJO e na COLINA DO CASTELO, a cidade tinha progredido para OCIDENTE e ORIENTE, sem nunca se afastar muito do litoral.  O rasgar uma "AVENIDA" larga, foi como que um convite a que novos aglomerados populacionais fossem surgindo, novos arruamentos tomassem forma, nascessem novos BAIRROS.
O limite (que logo na época foi discutido) da nova artéria foi fixado na "ROTUNDA" ou "PRAÇA MARQUÊS DE POMBAL" (ver mais em...). mas daí se irradiava para os locais que rapidamente foram habitados; para as "PICOAS", tomando o caminho que é hoje a "AVENIDA FONTES PEREIRA DE MELO" e dando a possibilidade às chamadas "AVENIDAS NOVAS"; para o antigo"VALE PEREIRO", onde surgiria o "BAIRRO BARATA SALGUEIRO" e para Oriente apareceria o "BAIRRO CAMÕES".
Acontecia que entre o sítio de SÃO MAMEDE e a nascente da "AVENIDA DA LIBERDADE", situavam-se terrenos rústicos numa superfície extensa a que costumavam chamar o "VALE PEREIRO".  Esses terrenos foram sendo sucessivamente emparcelados e aforados. A grande parte destas propriedades (rústicas) foi parar às mãos do Advogado e Capitalista «ANTÓNIO ANTÃO BARATA SALGUEIRO», natural de "OLEIROS", onde nasceu em 1814, tendo falecido em LISBOA a 06.05.1895.
Estudou direito em COIMBRA onde se formou e veio exercer a advocacia para LISBOA, tendo granjeado razoável fortuna.  Quando o então Presidente da C.M.L. se chamava "JOSÉ GREGÓRIO DA RODA ARAÚJO" (ver mais aqui...). se propôs construir a "AVENIDA DA LIBERDADE", entrou em conversações com "BARATA SALGUEIRO". Este compreendeu o alcance da nova artéria e do que poderia fazer-se à sua volta.
Desta forma o proprietário dos terrenos acabou por ceder gratuitamente muitos dos seus terrenos e fazer preços muito acessíveis noutros casos.
Numa espécie de recompensa, a edilidade (chefiada ainda na época por "ROSA ARAÚJO") atribuiu o nome do benemérito à rua onde tinha a sua residência apalaçada. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA BARATA SALGUEIRO [ II ] - A RUA BARATA SALGUEIRO ( 2)».

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