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Channel: RUAS DE LISBOA COM ALGUMA HISTÓRIA
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LARGO TRINDADE COELHO [ I ]

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«O SÍTIO DE SÃO ROQUE»
Largo Trindade Coelho - (Século XIV) - (Desenho adaptado do "LARGO TRINDADE COELHO" e seu envolvente, sem escala - APS - LEGENDA : 1-Largo Trindade Coelho; 2- Igreja de S. Roque; 3-Santa Casa da Misericórdia de Lisboa; 4-Museu de São Roque;5-Palácio Brito Freire-Tomar. A-Torre de ÁLVARO PAIS; B-POSTIGO DE S. ROQUE - (Adaptação do "Postigo de S. Roque" do Livro "A CERCA FERNANDINA DE LISBOA- Engº A. VIEIRA DA SILVA- 1948)   in ARQUIVO/APS
Largo Trindade Coelho - (2014) - (Panorâmica da antiga freguesia da "ENCARNAÇÃO" hoje "FREGUESIA DA MISERICÓRDIA", onde se insere o "LARGO TRINDADE COELHO" que sechamou de S. ROQUE, embora lhe chamem também "Largo da Misericórdia" in GOOGLE EARTH
Largo Trindade Coelho - (1650) Desenho de Martins Barata, baseado no Mapa de TINOCO - Gráfico I - Nota-se a "Muralha Fernandina" no lanço que vinha de "S. ROQUE"às "PORTAS DE SANTA CATARINA", e o "BAIRRO ALTO" construído fora das muralhas)inPEREGRINAÇÕES EM LISBOA LIVRO VI
Largo Trindade Coelho - (1938) - Desenho de Martins Barata - GRÁFICO II - do BAIRRO ALTO e SÍTIO DE SÃO ROQUE em meados do  século XX, vendo-se o seu desenvolvimento em relação aoGRÁFICO I)  inPEREGRINAÇÕES EM LISBOA - LIVRO VI

[INÍCIO] - LARGO TRINDADE COELHO [ I ]

«O SÍTIO DE SÃO ROQUE»


LISBOA no ano de 1506 era afectada por uma grande peste, tendo havido necessidade de se construir um Cemitério fora da  cidade.  
Existia um ermo de olivais, muito próximo do "CONVENTO DA TRINDADE" a Norte da «TORRE DE ÁLVARO PAIS». Esse chão, será eventualmente onde mais tarde existiram ( o TEATRO DO BAIRRO ALTO ; o TEATRO DE SÃO ROQUE e o TEATRO DOM ROBERTO ) e ainda a"CASA DAS LOTARIAS" propriedade da SANTA CASA DA MISERICÓRDIA e, onde hoje está instalado o "MUSEU DE SÃO ROQUE".

A compaixão REAL fez erguer junto do CEMITÉRIO a"ERMIDA DE SÃO ROQUE" (padroeiro contra as pestes) para a qual foi doado de VENEZA, uma relíquia do SANTO no reinado de D. MANUEL I, pelo ano de 1509.
Podemos conjecturar e acompanhando o espírito da época, seria uma procissão de "RELÍQUIAS" com pompa solene, as romagens piedosas dos Reis, príncipes, nobres, fidalgos, burgueses e povo.

No tempo de D. JOÃO III, os padres da "COMPANHIA DE JESUS"( 1 ) instalaram-se em "SÃO ROQUE" e de ERMIDA a casa pequena que já lhe encostara, no ano de 1555 foi construído pelo "JESUÍTAS" uma magnifica IGREJA. O TEMPLO só ficou concluído aproximadamente pelo ano de 1580. Ano de má memória para PORTUGAL; com a morte do nosso grande poeta "LUÍS VAZ DE CAMÕES" e a perda da nossa INDEPENDÊNCIA.

Foram tais as ostentações e riquezas da IGREJA que logo fez sombra ao opulento "CONVENTO DA TRINDADE", mais velho século e leio, cuja ORDEM, para fora dos muros e, pelo menos, na orla exterior Nascente também possuía muito chão, para doar ou para vender. 

E "SÃO ROQUE" começou a ter prestígio. nomeadamente a "VILA NOVA DE ANDRADE" onde já se viam construídas algumas casas e delineadas as suas ruas, embora numa definição rudimentar, mas suficientemente cativante para atrair os Nobres, os Burgueses e endinheirados vindos da "ÍNDIA"; aos primitivos marítimos compradores dos primeiros terrenos eram oferecidos trespasses para edificações de solares e de PALÁCIOS.
E assim a "VILA NOVA DE ANDRADE", do"ALTO", entrou a confundir-se com "SÃO ROQUE".
No século XVI terá sido o início feliz desse "BAIRRO", que ainda hoje tem expressão, mas o século XVII foi o grande ciclo criador do "BAIRRO ALTO DE S. ROQUE", e depois "BAIRRO ALTO". Desta associação de nomes, nasceu o topónimo "LARGO DE SÃOROQUE" que se manteve até ao ano de 1913.

-( 1 ) - A "COMPANHIA DE JESUS" fundada por SANTO INÁCIO DE LOYOLA em 15 de Agosto de 1534. Nela "militaram" dos grandes nomes da nossa história, os missionários; São Francisco Xavier e o Padre António Vieira.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO TRINDADE COELHO [ II ] O LARGO DE S. ROQUE E SEU ENVOLVIMENTO ( 1 )».


LARGO TRINDADE COELHO [ II ]

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«O LARGO DE S. ROQUE E SUA ENVOLVÊNCIA (1)»
 Largo Trindade Coelho - (Século XIX Gravador J. Novaes - (O "Largo de São Roque" depois "Largo Trindade Coelho" com a sua "palmatória" e a Igreja de S. Roque) inLISBOA-ALFREDO MESQUITA
 Largo Trindade Coelho - (c. de 1948 Foto de Eduardo Portugal - ("LARGO TRINDADE COELHO", antigo "LARGO DE SÃO ROQUE" na esquina com a RUA DA MISERICÓRDIA" ficava o antigo Palácio dos NORONHAS, depois do CONDE DA LOUSÃ) ( ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  AML 
 Largo Trindade Coelho - ( 2014 ) -  (Final da "RUA DA MISERICÓRDIA" vista do "LARGO TRINDADE COELHO". No edifício da  esquerda podemos ver os cunhais do antigo PALÁCIO DOS CONDES DA LOUSÃ) in  GOOGLE EARTH 
Largo Trindade Coelho - (2014) - ( O "LARGO TRINDADE COELHO" e a "IGREJA DE SÃO ROQUE" vistos do final da "RUA DA MISERICÓRDIA") in GOOGLE EARTH 


(CONTINUAÇÃO) - LARGO TRINDADE COELHO [ II ]

«O LARGO TRINDADE COELHO E SUA ENVOLVÊNCIA( 1 )»

O "LARGO DE SÃO ROQUE" organizado como entidade urbana de "LARGO" no século XVI, a sua forma actual sensivelmente quadrada e regular, é relativamente recente, manifestando-se como uma eclosão tardia do urbanismo pombalino, já em meados do século XIX.
Permaneceu adormecido durante quase três séculos, o "LARGO" manteve uma estrutura espacial essencialmente orgânica, com uma forma irregular de dimensões mais reduzidas, mas de forte carácter cenográfico e urbano.

Assim, por EDITAL de 04 de Setembro de 1913 e na pessoa de ANTÓNIO XAVIER CORREIA BARRETO, Presidente da Comissão Administrativa da C.M.L. e em conformidade com o Artº. 50 Nº. 5 do CÓDIGO ADMINISTRATIVO de 1896, a antiga nomenclatura do «LARGO DE S. ROQUE» passa a designar-se por "LARGO TRINDADE COELHO".  Depois da Reforma administrativa de 2012, este LARGO passou a pertencer a duas freguesias «MISERICÓRDIA» e «SANTA MARIA MAIOR».

Três grandes PALÁCIOS formavam os três lados de uma espécie de rectângulo irregular, cujo quarto lado se reduzia quase à fachada da "IGREJA DE S. ROQUE".
Em frente da IGREJA estendia-se a antiga "RUA DE SÃO ROQUE" com o "PALÁCIO DOSCONDES DA LOUSÃ". Deste PALÁCIO que fazia a marcação de entrada no "LARGO", restam hoje apenas dois fortes cunhais maneiristas de silharia com junta fendida.

O Incêndio causado pelo Terramoto e as remodelações do século XIX reduziram-no a um anónimo prédio de rendimento.
Nas outras duas faces erguiam-se o "PALÁCIO DOS BRITO FREIRE", depois"PALÁCIO DO 2º CONDE DE TOMAR",(ANTÓNIO BERNARDO DA COSTA CABRAL) (1835-1905), o único que ainda se mantém, e o PALÁCIO DOS GAMAS, descendentes do grande Navegador, "CONDES DA VIDIGUEIRA"e MARQUESES DE NISA. 
Este era o lado mais interessante e complexo do LARGO, inteiramente demolido nas obras do século XIX.
Como parte integrante do PALÁCIO erguia-se a velha "TORRE DE ÁLVARO PAES" e um troço da MURALHA.
A "TORRE" rematava o extenso lance da MURALHA FERNANDINA que subia do RIO ao longo da RUA DO ALECRIM e da RUA DA MISERICÓRDIA" (antiga Rua Larga de S. Roque,  depois Rua do Mundo) e que aqui mudava de direcção, inflectindo para nascente a caminho do "CASTELO DE SÃO JORGE" através de VALVERDE e da MOURARIA.

Junto à "TORRE DE ÁLVARO PAES" recortava-se ainda na MURALHA FERNANDINA uma das mais antigas portas medievais da cidade, o "POSTIGO DE SÃO ROQUE".
Da "TORRE" até ao colégio dos "JESUÍTAS" abria-se, por sua vez, o grande portal de acesso ao "PÁTIO NISA".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO TRINDADE COELHO [ III ]-O LARGO DE S. ROQUE E SUA ENVOLVÊNCIA (2)».

LARGO TRINDADE COELHO [ III ]

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«O LARGO DE S. ROQUE E SUA ENVOLVÊNCIA (2)»
 Largo Trindade Coelho - (1946) (Estúdios de Mário Novais) - (Fachada principal da IGREJA DE SÃO ROQUE, o antigo Largo de São Roque (hoje LARGO TRINDADE COELHO), os carros dos anos quarenta e urinóis para os dois sexos) (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in AML 
 Largo Trindade Coelho - (1982) Foto de Neves Águas - ("Quiosque e Agência do TOTOBOLA" no "LARGO TRINDADE COELHO") (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in AML 
 Largo Trindade Coelho - ( 2014 ) - (O "LARGO TRINDADE COELHO" a "IGREJA DE SÃO ROQUE" a Norte, para Nascente estão as instalações da "MISERICÓRDIA DE LISBOA" in  GOOGLE EARTH
Largo Trindade Coelho - (Século XIX) - Foto de autor não identificado- (Coluna mandada erguer pela Colónia Italiana, comemorativa ao casamento do Rei "D. LUÍS", com "D. MARIA PIA DE SABÓIA", colocada no antigo "LARGO DE S. ROQUE", ao fundo as antigas instalações da "COMPANHIA DE CARRUAGENS LISBONENSE", actuais edifícios da "MISERICÓRDIA DE LISBOA") (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 


(CONTINUAÇÃO) - LARGO TRINDADE COELHO [ III ]

«O LARGO DE S. ROQUE E SUA ENVOLVÊNCIA ( 2 )»

A demolição deste conjunto para alargamento e regularização do "LARGO", proporcionou uma abertura espacial, retirou em termos urbanísticos tensão de força e o efeito de enquadramento do "LARGO"à"IGREJA DE S. ROQUE" diluindo o enfiamento cenográfico da antiga "RUA LARGA DE SÃO ROQUE" (hoje RUA DA MISERICÓRDIA) com a fachada da IGREJA. Submetido a outros valores urbanísticos de ordem funcional, o vasto adro que avançava sobre o "LARGO" em meio decágono na largura da IGREJA foi igualmente demolido. Este adro, com degraus a toda a volta, formava como que um pedestal à fachada da IGREJA, acentuando o efeito cenográfico do conjunto, sobretudo, de quem subia a antiga "RUA DE S. ROQUE" (hoje RUA DA MISERICÓRDIA).
Todo este enquadramento urbanístico não resultava, porém, do acaso.
Quando os «JESUÍTAS» vieram instalar-se no local, em meados do século XVI, existia uma ERMIDA DE SÃO ROQUE com o altar orientado classicamente a poente e a JERUSALÉM. Ao iniciarem a construção a sua IGREJA, os JESUÍTAS orientaram o novo TEMPLO à RUA que subia das PORTAS DE SANTA CATARINA. São eles que sugerem mais tarde a D. SEBASTIÃO o alargamento desta via, que toma a designação de RUA LARGA DE S. ROQUE. LARGO e RUA passaram a formar uma unidade urbanística que pelas suas grandes proporções para a época será um dos lugares privilegiados da cidade para festas, cortejos e grandes cerimónias religiosas.
O Terramoto de 1755 e a expulsão dos JESUÍTAS contribuem para o declínio do local.
O "BAIRRO ALTO" perde o seu prestígio aristocrático e a maior parte dos PALÁCIOS são precàriamente restaurados para alugar. 
No PALÁCIO NISA ainda funcionou a partir de 1815, um TEATRO com risco do Arquitecto Decorador JOAQUIM DA COSTA, mas a empresa não foi suficientemente rentável. Em 1835, a MARQUEZA DE NISAé intimada pela CÂMARA a demolir as ruínas do seu PALÁCIO. e dois anos depois (1837) a vereação inicia o processo de obras de ligação do "LARGO DE S. ROQUE"com, o"LARGO DA TRINDADE", rasgando a "RUA NOVA DA TRINDADE". O"CONVENTO DA TRINDADE com que tanto esforço tinha sido restaurado pelos FRANCISCANOS, e o PALÁCIO DOS CONDES DE ALVA, na zona do actual TEATRO DA TRINDADE, são também demolidos.
As obras arrastam-se por vários anos. Durante a década de sessenta é demolida a "TORRE DE ÁLVARO PAES" e o trecho da MURALHA FERNANDINA. Em 1862 no LARGO DE S. ROQUEé erigido um monumento (hoje vulgarmente designado de"PALMATÓRIA"), oferecida pelos italianos residentes em LISBOA, comemorativa do casamento do REI D. LUÍS com D. MARIA PIA DE SABÓIA, onde se pode ler: "Pelo fausto consórcio de Suas Majestades El-REI D. LUÍS de PORTUGAL e a princesa MARIA PIA DE SABÓIA, em 6 de Outubro de 1862, novo penhor da fraternidade entre os dois povos".
Por fim a "COMPANHIA DE CARRUAGENS LISBONENSES" levanta, por volta de 1894, em terrenos do antigo "PALÁCIO NISA", a actual fachada do LARGO virada a Poente, num gosto neoclássico tardio, mas de certo equilíbrio, onde se encontram os actuais serviços da "SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA"

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO TRINDADE COELHO [ IV ]A CERCA FERNANDINA, O POSTIGO DE SÃO ROQUE».

LARGO TRINDADE COELHO [ IV ]

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«A CERCA FERNANDINA  E  POSTIGO DE S. ROQUE»
 Largo Trindade Coelho - (1373 a 1373)- Desenho de A.Vieira da Silva - (MAPA IX- DO POSTIGO DE S. ROQUE AO POSTIGO DA TRINDADE. Nesta MAPA podemos observar o futuro "LARGO DE S. ROQUE" a antiga TORRE de ÁLVARO PAES, para Sul o POSTIGODE S. ROQUE e na parte de dentro da MURALHA a "ESCADA PARA A TORRE". Ainda a antiga "RUA DE ÁLVARO PAES" actual "CALÇADA DO DUQUE")  in A CERCA FERNANDINA DE LISBOA VOLUME I 
 Largo Trindade Coelho - (entre 1898 e 1908) Foto de autor não identificado(Aspecto de um dos lados do antigo  "LARGO DE SÃO ROQUE",  actual "LARGO TRINDADE COELHO") (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in AML 
 Largo Trindade Coelho - (1963-07) Foto de Augusto de Jesus Fernandes - (No primeiro andar deste prédio no "LARGO TRINDADE COELHO" foi nesta época a Sede do  grupo «AMIGOS DE LISBOA». No piso térreo  o "SOLAR DA HERMÍNIA" estava ali a funcionar)  in    AML 
Largo Trindade Coelho - (1982) - Foto de Neves Águas  - (O quiosque a Norte do "LARGO TRINDADE COELHO", também na época uma Agência do TOTOBOLA) ( ABREEM TAMANHO GRANDE)  in  AML 

(CONTINUAÇÃO) - LARGO TRINDADE COELHO [ IV ]

«A CERCA FERNANDINA DE LISBOA - O POSTIGO DE SÃO ROQUE»


«A CERCA  DE LISBOA»  reconhecida inútil nos  finais do terceiro  quartel  do  século XIV, para a defesa de LISBOA, a cerca de muralhas "MOURAS"ou"VISIGÓTICAS" que então envolviam o  povoado  da  cidade, e  insuficiente  para  a  protecção  dos  extensos  bairros habitados que tinham  sido  formados de  um e de outro lado da antiga cidade MOURISCA, resolveu   o   "REI  D. FERNANDO" (depois do assalto, roubo e incêndio que à cidade havia infringido em 1373 o exército do  "REI D. HENRIQUE DE CASTELA")       mandar construir,   nesse mesmo ano,   uma nova cinta   de  muralhas,   como era   uso na "IDADE MÉDIA",   para   defender a "CAPITAL DO REINO"  contra nova  e  provável  investida do exército Castelhano.

Ficou conhecida pela "CERCA NOVA", em oposição à"CERCA VELHA ou ANTIGA", e também por "CERCA DE D. FERNANDO"ou"CERCA FERNANDINA". O traçado geral já muito divulgado, ficando aqui só a indispensável descrição junto ao antigo "LARGO DE S. ROQUE". Resta ainda acrescentar que a obra da «CERCA FERNANDINA» foi realizada, como nos diz "FERNÃO LOPES", em pouco mais de dois anos, de 1373 a 1375.Livro Crónica de D. Fernando, de Fernão Lopes - Capitulo LXXXVIII].

O "POSTIGO DE S. ROQUE" e "TORRE DE ÁLVARO PAIS"
No lado Sul da "TORRE DE ÁLVARO PAIS", e muito perto dela, abria-se na CERCA um postigo que teve o nome de "POSTIGO NOVO DO CONDE"(1502) ( 1 ), ou "POSTIGO DES. ROQUE", ou ainda "POSTIGO NOVO DE S. ROQUE", que dava saída para o "TERREIRO DE S. ROQUE" (depois LARGO DE S. ROQUE), e para os arrabaldes das bandas ocidental e Norte da cidade. O postigo não existia antes do fim do século XV, quando intramuros  havia o Olival da herdade dos Frades "TRINITÁRIOS"; só depois de 1500, tendo-se aberto o troço superior da "CALÇADA DO DUQUE" (Nomes atribuídos ao mesmo local, em várias épocas: CALÇADA DO POSTIGO DE S. ROQUE, em 1620, 1638, e 1651; RUA DO POSTIGO, em 1649 e 1650; RUA DO POSTIGO DE S. ROQUE, em 1651; CALÇADA DE S. ROQUE, em 1653; CALÇADA DO DUQUE, em 1740 e 1747; CALÇADA QUE VAI PARA O ARCO DE S. ROQUE, em 1751; RUA DE ÁLVARO PAIS (conforme se verifica no MAPA IX ); Actualmente "CALÇADA DO DUQUE", desde a "RUA DA CONDESSA" até ao "LARGO DE S. ROQUE" e começado a urbanizar-se o local que constituiu a "VILA DO OLIVAL", e nasceu a necessidade de se abrir o novo postigo em "SÃO ROQUE"( 2 ).
E como tanto este postigo como o que existiu no topo da "RUA DA CONDESSA" no "PÁTIO DA ESCOLA ACADÉMICA", se chamavam de "S. ROQUE", para os diferençar passaram a designar "POSTIGO NOVO"e"POSTIGO VELHO" ou "ANTIGO", respectivamente o do "LARGO DE SÃO ROQUE", e o "NOVO"da "RUA DA CONDESSA".
"chão na rua de Álvaro Paes que está indo para o "Postigo Velho de S. Roque" para o "Postigo Novo", ao longo do muro da cidade ( 3 )".
A embocadura da "CALÇADA DO DUQUE" (antiga "RUA ÁLVARO PAIS") ficava em frente do actual "LARGO TRINDADE COELHO", junto à pilastra divisória das fachadas dos dois prédios que fecham pelo Sul o referido "LARGO".

-( 1 ) - Citação em: O CARMO e a TRINDADE de Gustavo de Matos Sequeira, Vol. I pag. 168.


- ( 2 ) - Parece que o postigo ainda não existia em 1502, ou que foi aberto nesse ano, porque a referencia à RUA que nele veio a terminar ainda num documento desse ano é assim redigido: "RUA que vem da escada da TORRE de ÁLVARO PAIS para o postigo do CONDE": (Mosteiro da Trindade, Livro 65, fl. 58, ano 1592).

- ( 3 ) - Mosteiro da Trindade, Livro 75, fl. 207, ano 1565.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO TRINDADE COELHO [ V ] O POSTIGO, A ESTÁTUA DE S. ROQUE E A TORRE DE ÁLVARO PAIS"»

LARGO TRINDADE COELHO [ V ]

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«O POSTIGO, A ESTÁTUA DE S. ROQUE, A TORRE DE ÁLVARO PAES E  A ESCADA»
 Largo Trindade Coelho -(Foto de M. Lourdes-do Blogue O AÇOR) - (Imagem de S. Roque colocada no cimo do POSTIGO ou ARCO DE S. ROQUE, na Muralha FERNANDINA) - (Escultura de S. Roque (em calcário), depois pintado, do século XVII, proveniente do antigo Postigo ou Arco de S. ROQUE, na MURALHA FERNANDINA) ("O CARMO E A TRINDADE" - LIVRO II pág.182) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  O AÇOR 
 Largo Trindade Coelho - ( 2014 ) - (O "LARGO TRINDADE COELHO" ao fundo a "RUA DE SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA" e a "IGREJA DE SÃO ROQUE")  in  GOOGLE EARTH
 Largo Trindade Coelho - ( 2016 ) - ( Parte do "LARGO TRINDADE COELHO" ao fundo quase frente para a IGREJA o "PALÁCIO BRITO FREIRE-TOMAR" , na esquerda a "TRAVESSA DA QUEIMADA" que faz esquina com o Palácio, seguindo depois para Norte a "RUA SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA)   in     GOOGLE EARTH
Largo Trindade Coelho - (191-?) - Foto de Alberto Carlos Lima - (Coluna mandada erguer pela colónia italiana, comemorativa  do casamento do REI D. LUÍS com D. MARIA PIA DE SABÓIA, no "LARGO DE S. ROQUE" nessa altura)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in     AML 

(CONTINUAÇÃO) -LARGO TRINDADE COELHO [ V ]

«O POSTIGO, A ESTÁTUA DE S. ROQUE, A TORRE DE ÁLVARO PAES E A ESCADA»

"O POSTIGO" era uma simples abertura na MURALHA, com duas portas de madeira ( 1 ) o qual foi mais tarde, transformado em arco, "ARCO DE SÃO ROQUE", rematado com uma formosa estátua do mesmo SANTO( 2 ).
As dimensões do "ARCO DE S. ROQUE", tomadas numa planta do "LARGO DE S. ROQUE" do princípio do segundo quartel do século XIX, eram: 2,44 metros na largura, por 2,20 metros de espessura do muro. Este "ARCO" foi demolido em 1837 ( 3 ) para obras de urbanização e embelezamento do "LARGO DE S. ROQUE".

A ESTÁTUA DE S. ROQUE

A imagem de "SÃO ROQUE" que foi colocada sobre o postigo ( 4 ) era uma escultura de pedra do século XVII, e ali se conservou até à demolição do "ARCO" em meados do século XIX. Encontrava-se no "MUSEU DA ASSOCIAÇÃO DOS ARQUEÓLOGOSPORTUGUESES, no CARMO, no qual deu entrada em 1899, vinda de um corredor do edifício da "SANTA CASA DA MISERICÓRDIA", onde estava em depósito ( 5 ).

A TORRE DE ÁLVARO PAES

No vértice do saliente Noroeste da "CERCA FERNANDINA" ficava situada a "TORRE DE ÁLVARO PAES", cuja denominação remontava, pelo menos, ao ano de 1429 ( 6 ).  Este cidadão, nobre e rico, que legou o nome à TORRE, foi chanceler dos REIS "D. PEDRO" e de "D. FERNANDO", e padrasto de "JOÃO DAS REGRAS" tinha provavelmente residência ou propriedades no local ou vizinhança da "TORRE"( 7 ) .
A "TORRE" ficou muito arruinada pelo Terramoto de 1755, como nos mostra a vista bastante fantasiada, mas muito vulgarizada, da colecção de gravuras de  "FILIPPE LE BAS" (1757) e foi demolida em 1837.

ESCADA PARA O "ADARVE" DO MURO

Junto da "TORRE DE ÁLVARO PAES", do lado interior da cidade, ficava a escada de pedra que conduzia ao "ADARVE"( 8 ) da Muralha e dai ao eirado da "TORRE".

- ( 1 ) -Elementos, etc.. TOMO V, pág. 202.
- ( 2 ) -CRÓNICA DAS CARMELITAS, por FREI JOSEPH PEREIRA DE SANTA MARIA, Tomo I, 1745, pág. 380. 
- ( 3 ) -ARQUIVO PITORESCO, VOLUME VII, 1864, pág. 306.
- ( 4 ) -DEMONSTRAÇÃO HISTÓRICA, etc., por FREI APOLINÁRIO DA CONCEIÇÃO, 1750, fl. 196.
- ( 5 ) -BOLETIM DA REAL ASSOCIAÇÃO DOS ARQUEÓLOGOS CIVIS E ARQUITECTOS PORTUGUESES, TOMO VIII, 1898, páginas 41, 70, e 97 -uma estampa com a fotografia da imagem acha-se em "O CARMO E A TRINDADE", por GUSTAVO MATOS SEQUEIRA, VOLUME II, em frente da pág. 182.
- ( 6 ) -CONVENTO DA TRINDADE, maço 1, Nº. 30 FERNÃO LOPES, que escrevia por 1434-1454, cita-a sempre com este nome, Ver CRÓNICA DEL REY D. JOÃO I, 1ª. parte, 1644, pág.205. 
- ( 7 ) -No início do século XVI vivia um "ÁLVARO PAIS", pedreiro, que tomou de aforamento ao MOSTEIRO DA TRINDADE um chão nas vizinhanças do "POSTIGO do CONDE". Não foi este, todavia , quem deu o nome à TORRE - "MOSTEIRO DA TRINDADE", livro 65. fl, 65, ano 1592.
- ( 8 ) -ADARVE - (do Árabe addarb, caminho, por ext. muralha). s. m. muro ameado de fortaleza; passeio ou ruela por cima do muro da fortaleza, junto das ameias.   


(CONTINUA) - (PRÓXIMO) «LARGO TRINDADE COELHO [ VI ]O PALÁCIO DOS NORONHAS, DEPOIS DO "CONDE DA LOUZA").

LARGO TRINDADE COELHO [ VI ]

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«O PALÁCIO DOS NORONHAS, DEPOIS DO CONDE DA LOUSû
 Largo Trindade Coelho - ( 2014 ) - (Panorâmica do "LARGO TRINDADE COELHO" apresentando o edifício onde antigamente existia o "PALÁCIO DOS NORONHAS", depois do "CONDE DA LOUSÃ)   in    GOOGLE EARTH
 Largo Trindade Coelho - ( 2014 ) - ("LARGO TRINDADE COELHO" o edifício no lado esquerdo, representa a posição do antigo "PALÁCIO DOS NORONHAS", depois do "CONDE DA LOUSÃ")  in   GOOGLE EARTH
 Largo Trindade Coelho - ( 2014) - ( Restos de cantaria do Cunhal dos antigos "PALÁCIOS DOS NORONHAS" e do "CONDE DA LOUSÃ", foram usados neste novo edifício, sendo o que resta do Palácio do início do século XVII)  in   GOOGLE EARTH
 Largo Trindade Coelho - (1948) Desenho de A. Vieira da Silva - (A Planta do CONVENTO DA TRINDADE e do "PALÁCIO DO CONDE DA LOUSÃ", representada já depois da demolição da MURALHA FERNANDINA, mas entes da abertura da "RUA NOVA DA TRINDADE")  in  A CERCA FERNANDINA DE LISBOA - (Volume I)
Largo  Trindade Coelho - (1948) - Desenho de A. Vieira da Silva - (Outro pormenor do "PALÁCIO DO CONDE DA LOUSÃ", podendo-se observar parte da "MURALHA FERNANDINA" metida no edifício)   in  A CERCA FERNANDINA DE LISBOA - (Volume I)

(CONTINUAÇÃO) - LARGO TRINDADE COELHO [ VI ]

«O PALÁCIO DOS NORONHAS, DEPOIS DO "CONDE DA LOUSÃ"


O adro de "SÃO ROQUE", ou"TERREIRO" do século XVI, tinha agora outro nome. Chamavam-lhe o "SEQUEIRO DE SÃO ROQUE".  Em todo o seiscentismo é assim nomeado pelos párocos das Igrejas do LORETO e da ENCARNAÇÃO, no registar dos óbitos, e ainda pelo século XVIII fora se manteve a sinonímia.
A morte da "MARQUESA DE UNHÃO", D. MARIA DE LENCASTRE,Camareira-mor,é registada em 19 de Outubro de 1739, na sua casa; «defronte do sequeiro de SÃO ROQUE».
Amparado ao Nascente, pelas construções começadas e pouco depois desaparecidas, que tornejavam para a "TRAVESSA DE JOÃO DE DEUS", no seu primeiro lanço Norte-Sul, o Palácio erguido por "DOM HENRIQUE DE NORONHA" esquinava pelo Poente para a RUA que, já no princípio do século XVII, se chamava "RUA LARGA DE SÃO ROQUE", substituindo o nome QUINHENTISTAS de"RUA DE NOSSA SENHORA DO LORETO PARA SÃO ROQUE".
Desta forma a Muralha, que se seguia ao Postigo e se dirigia para as "PORTAS DE SANTA CATARINA", era engolida, com uma das Torres, pela construção, ficando esta, pouco mais ou menos, no seu centro geométrico.
A entrada principal do "PALÁCIO DE DOM HENRIQUE DE NORONHA", era feita pela "RUA LARGA DE SÃO ROQUE", ali onde no século XX estava uma loja de encadernação "SANTOS & ALVES", nos números 112 e 114.
Tinha nove janelas de frente para a "RUA"; quatro até ao POSTIGO, e outra passava a grossa muralha.
Ainda hoje se vêm os primitivos pilares terminais, um no LARGO e outro na "RUA DA MISERICÓRDIA", e o Cunhal do encontro das duas serventias, todos de cantaria almofadada.
"DONA VIOLANTE HENRIQUES" e"DOM JOÃO DE ALMEIDA, herdeiros do edificado desta casa NOBRE, tiveram muitos filhos.
Um dos herdeiros deste Palácio do "SEQUEIRO DE SÃO ROQUE", foi "DOM ANTÓNIOJOSÉ DE ALMEIDA" que teve vida agitada com a situação embaraçosa em que o pai lhe deixou a fazenda, à conta dos suas notórias extravagâncias.
Esteve em CASTELA, viajou largamente e veio casar a LISBOA com uma filha de «FRANCISCO DE MELO E CASTRO». Falecendo sem geração a casa passou para sua irmã "DONA VIOLANTE DE PORTUGAL".
Parece-nos que, na mesma casa, continuavam igualmente a viver os "NORONHAS", da família do edificador. Desde 1624 a 1690 é citada muitas vezes a "CASA DE D. MARCOS DE NORONHA", sobrinho do terceiro"CONDE DOS ARCOS" ("DOM TOMÁS DE NORONHA" 1593-1669).

"DONA VIOLANTE DE PORTUGAL", a herdeira desta casa a "SÃO ROQUE", veio a ser segunda mulher de "LUÍS ANTÓNIO DE BASTOS BAHAREM", CAVALEIRO DE CRISTO, MOÇO FIDALGO DA CASA REAL, filho do rico e poderoso "ANTÓNIO DE BASTOSPEREIRA"( 1 ) o qual também já era viúvo de "DONA LEONOR LUÍSA DE MENESES", filha de "FERNÃO CABRAL", senhor de ZURARA e ALCAIDE-MOR de BELMONTE.
Por morte de seus pais "DONA MARIANA JOSEFA DE PORTUGAL", filha herdeira deste casal, veio a casar com "DOM JOÃO DE LENCASTRE" (1.º CONDE DA LOUSÃ).

- ( 1 ) -ANTÓNIO DE BASTOS PEREIRA foi um homem muito rico. Era filho herdeiro e sua mulher foi também filha herdeira de um grandioso dote. Foi CONSELHEIRO DAFAZENDA, CHANCELER DA CASA CÍVIL, SECRETÁRIO DO BUFETE, JUIZ DAINCONFIDÊNCIA E DOS DESCAMINHOS DA MOEDA, SECRETÁRIO DA RAINHA"DONA MARIANA DE ÁUSTRIAeOUVIDOR DAS SUAS TERRAS. Sua mulher chamava-se "DONA PAULA MARIA DE ALCÁÇOVA", e era filha bastarda e herdeira de "ANTÓNIO CORREIA BAHAREM".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO TRINDADE COELHO[ VII ]A IGREJA DE S. ROQUE (1)». 

LARGO TRINDADE COELHO [ VII ]

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«A IGREJA DE SÃO ROQUE ( 1 )»
 Largo Trindade Coelho - (2008) - (Fachada principal da "IGREJA DE SÃO ROQUE" no "LARGO TRINDADE COELHO", antigo "LARGO DE S. ROQUE)  in MUSEU DE S. ROQUE
 Largo Trindade Coelho - (1919-05) Foto de Artur Leitão Bárcia, gravura de C. J. -(A "IGREJA DE S. ROQUE" o "PALÁCIO DE BRITO FREIRE" e no centro a Coluna mandada erguer pela colónia italiana, comemorando o casamento de D. LUÍS com D. MARIA PIA de SABÓIA) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 
 Largo Trindade Coelho - (Início do século vinte) -Foto de Eduardo Portugal - ( A IGREJA DE SÃO ROQUE no principio do século vinte, no "LARGO DE S. ROQUE")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  AML 
Largo Trindade Coelho - (Depois de 1573) Desenho de BAEDEKER - (Planta da "IGREJA DE SÃO ROQUE", no "LARGO TRINDADE COELHO")  in  PLANET

(CONTINUAÇÃO)- LARGO TRINDADE COELHO [ VII ]

«A IGREJA DE SÃO ROQUE ( 1 )»

No início do século XVI existia apenas neste sítio uma pequena «ERMIDA» dedicada a "SÃO ROQUE" para exorcizar a peste que grassava sobre LISBOA. No ano de 1555 deu origem a uma grandiosa "IGREJA" que pertenceu à «COMPANHIA DE JESUS» e «JESUÍTAS», erigida neste mesmo local, com cinco naves, e cuja a autoria do desenho se ignora, sabemos que a primeira pedra foi lançada pelo Padre Jesuíta "NUNES BARRETO", PATRIARCA DA ETIÓPIA.
Os trabalhos foram arrastados, até porque voltou novamente a peste a LISBOA, mas aproximadamente ao ano de 1573 as paredes já estavam de pé.
A construção da abóbada constituiu um problema, que por final "FILIPE TERZI", já depois de 1580, resolveu, fazendo-a construir em madeira. 
A fachada pobre de linhas embora austera, não diferia muito do que hoje apresenta; tinha a mais uma varanda sobre a cimalha, e um nicho de "SÃO ROQUE" no tímpano. 
O adro era avançado, sensivelmente até meio do "LARGO", e no ângulo, próximo da entrada da "MISERICÓRDIA" (de hoje), abria-se a portaria conventual.
A IGREJA era rica, adornada de boas obras de arte, e constantemente objecto de generosidades régias, especialmente no tempo de "DOM JOÃO V", que mandou construir a opulenta Capela de SÃO JOÃO BAPTISTA.
O terramoto causou alguns estragos à "IGREJA DE SÃO ROQUE", principalmente na sua fachada que ao cair arrastou uma parte extrema do tecto, embora não tivesse arruinado o TEMPLO: as obras de restauro que se seguiram foram importantes e outras que foram executadas em diversos períodos. 
A «CASA DE  SÃO ROQUE» deixou de pertencer à "COMPANHIA DE JESUS" desde a confiscação dos bens dos "JESUÍTAS" (em 19 de Janeiro de 1759), após a sua expulsão de PORTUGAL pelo  Primeiro Ministro da época o "MARQUÊS DE POMBAL".  

Diz-nos "ROCHA MARTINS"no seu livro"LISBOA DE ONTEM E DE HOJE", páginas 71 e 72:"Quando os JESUÍTAS foram expulsos, ficou a sumptuosa igreja para a Misericórdia, até que os franceses deliberaram desmontar-lhe o frontal de lápis-azul e apoderar-se das valiosas pratas que decerto, ao começo, destinaram à fundição.
O decreto de 1 de Fevereiro de 1808, publicado pelos, senhores das Corporações Religiosas. Destinava-se a ser fundida para bater moeda ou então à escolha, nos quais eram peritos alguns componentes do exercito da ocupação. ( ... ) O Ministro da Fazenda, "HERMAN", dava as ordens, os funcionários chegaram, com uma ou duas companhias de granadeiros, os respectivos carros e o comissário militar , recebiam os vasos sacros e as outras alfaias e despejavam-nas, mediante um recibo na fábrica das moedas. ( ... ) o Cónego "LUÍS XAVIER TELES DE MELO", administrador da "CAPELA DE S. JOÃO BAPTISTA" da Igreja da Misericórdia, abria o cofre do tesouro e, de coração magoado, entregava o que não podia furtar às vistas gananciosas  do bando. ( ... ) O Ministro da Fazenda, "HERMAN", oito dias depois do sequestro, ordenara, apressadamente, ao encarregado da moeda, em nome de "JUNOT"«que, não haja de dispor da referida prata, conservando-a, com toda a cautela, até que sobre este objecto lhe seja dirigida nova ordem». 
Já era tarde, alguns dos valores requisitados tinham sido fundidos, barbaramente, e, entre eles, um apagador, um vaso; quatro relicários, perto de noventa quilos e meio de metal, o que devia ter aborrecido os artistas do exército". 

Pormenores da "IGREJA DE SÃO ROQUE"no"LARGO" que já não tem o seu nome... Com 45 metros de comprimento e 25 de largura, o corpo da IGREJA comporta oito Capelas principais, além da capela-mor, bem estruturada com seus quadros liturgicamente alternativos, e suas molduras de talha dourada simples. São as outras Capelas as mais importantes do conjunto, erguidas nos séculos XVI a XVIII, ricas de talha dourada, como a primeira do lado da EPÍSTOLA, de Nª. Sª. DA DOUTRINA de 1635, ou de fria decoração de mármore como a segunda, de SÃO FRANCISCO XAVIER, com quadros atribuídos a "BENTO COELHO DA SILVEIRA", ou de decoração de azulejos, como a terceira, de "SÃOROQUE", com painéis assinados por "FRANCISCO DE MATOS" e datados de 1584, de novo rica de talha como a do SANTÍSSIMO que ostenta também mosaicos florentinos e quadros de atribuição anterior. Do lado do EVANGELHO, a CAPELA DA SAGRADA FAMÍLIAé toda de pedra, com um retábulo principal, figurando "JESUS ENTRE OSDOUTORES"de JOSÉ DE AVELAR REBELO", e mais pinturas atribuídas a "A. REINOSO"; nela, uma rica balaustrada de teca insere mosaicos florentinos. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO TRINDADE COELHO [VIII]A IGREJA DE SÃO ROQUE (2)».

LARGO TRINDADE COELHO [ VIII ]

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«A IGREJA DE SÃO ROQUE ( 2 )»
 Largo Trindade Coelho - (2015) - (Igreja e Museu de São Roque propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. O MUSEU está instalado na antiga "CASA PROFESSA DA COMPANHIA DE JESUS", adjacente à Igreja de S. Roque)  in  FÉRIAS EM PORTUGAL 
 Largo Trindade Coelho - (2014) - ("IGREJA DE SÃO ROQUE" no LARGO TRINDADE COELHO antigo "LARGO DE SÃO ROQUE", desde o século XVI)  in  GOOGLE EARTH
 Largo Trindade Coelho - (2014) Foto de Daniel VILLAFRUELA - (Capela de  SÃO JOÃO BAPTISTA na "IGREJA DE SÃO ROQUE" no LARGO TRINDADE COELHO, encomendada em ROMA pelo nosso REI DOM JOÃO V)   in  WIKIPÉDIA
Largo Trindade Coelho - (19--) Foto de Garcia Nunes - (Fachada principal da "IGREJA DE SÃO ROQUE" no antigo "LARGO de SÃO ROQUE" hoje Largo Trindade Coelho e ainda um símbolo comemorativo do casamento entre o DOM LUÍS e DONA MARIA PIA , oferta da comunidade italiana aqui residente. Encontra-se também um "mobiliário urbano" em espaço público,  de extrema necessidade na época. (Pena não existirem similares no  século XXI, por vezes bastante falta nos faz) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  AML  

(CONTINUAÇÃO)-LARGO TRINDADE COELHO [ VIII ]

«A IGREJA DE SÃO ROQUE ( 2 )»

A "CAPELA DE SANTO ANTÓNIO", cujas paredes laterais mostram dois notáveis quadros de "VIEIRA LUSITANO", apresenta excelentes trabalhos de talha dourada, tal como a de Nª. Sª. da PIEDADE ou de JESUS que tem também composição de mármore e mosaicos; um pequeno quadro de BENTO COELHO SILVEIRA orna o altar. Mas a peça principal do tempo é a "CAPELA DE S. JOÃO BAPTISTA", encomendada em ROMA por DOM JOÃO V, em 1742, e depois de sagrada em ROMA, em 1744, pelo Papa BENTOXIV, instalada entre 1747 e 1752, já falecido o Monarca que nela tanto se empenhou, com a colaboração fiel e vigilante do seu arquitecto "F. LODOVICE" e do padre "JESUÍTA" "CARBONE"; é conhecida a longa correspondência trocada com o encarregado de negócios em ROMA, "M. PEREIRA SAMPAIO", que ali seguia atentamente os trabalhos.
Os arquitectos "NICOLA SALVI" ( 1697-1751) e"LUIGI VANVITELLI" (1706-1773) desenharam a obra, com maior autoria do segundo que nela marcou uma notória evolução da sua arte, no quadro de uma passagem inicial ao gosto neoclássico. Obra-prima da arte romana em meados de Setecentos, a capela assume uma grande responsabilidade estética num plano internacional da história da Arte.  Mais de cem artistas e artesãos trabalharam nela, e, entre eles, contam-se os mais famosos nomes de ROMA, de grande habilidade no tratamento dos materiais preciosos usados, de metais nobres, mármore, pedras semi-preciosas, madeiras raras. 
O arco de entrada de volta perfeita é de mármore branco assim como as pilastras, o pavimento é de mosaico, com emprego de "pórfiro" e de metal, os degraus do altar são também de pórfiros de várias cores com embutidos de metal e marfim, o frontal do altaré de "LÁPIS-LAZÚLI", como as oito colunas coríntias, com capitéis e bases de bronze, e a cruz radiante de metal dourado, sendo os anjos e querubins da decoração de mármore de CARRARA.  Os caixotões da abóbada em cinco arcos são de "JASPE", emoldurados de bronze, e ostentam dois medalhões de mármore de CARRARA representando a "VISITAÇÃO" (de C. MARCHIONI) e "S. JOÃO BAPTISTA"pregando no deserto de (B. LUDOVICI), e as duas portas laterais têm grandeza arquitectural devida a "GIARDINI". Três quadros de mosaico, "BAPTISMO DE CRISTO", e"PENTECOSTES"e"ANUNCIAÇÃO", dos lados, feitos sobre cartões de "MASUCCI" (o central com possível participação de "CORRADO" e BALLARI), foram realizados por MATTIA MORETTI com uma inexcedível perfeição que não parece ter par em trabalhos congéneres. 
Ainda o enorme lampadário, cinzelado por "WERCHAFELL"e"RICCIANI", merece um apreço especial.
Na sacristia de SÃO ROQUE conservam-se dezanove composições da "VIDA DE SÃOFRANCISCO XAVIER", pintadas cerca de 1619 por "ANDRÉ REINOSO", que contam entre as melhores obras do mais categorizado pintor português da geração "proto barroca".

(CONTINUAÇÃO)-(PRÓXIMO)«LARGO TRINDADE COELHO[ IX ] O PALÁCIO BRITO FREIRE-TOMAR( 1)».   

LARGO TRINDADE COELHO [ IX ]

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«O PALÁCIO BRITO FREIRE-TOMAR( 1 )»
 Largo Trindade Coelho - (2009) - Foto de autor não identificado - (O PALÁCIO BRITO FREIRE-TOMAR" no "LARGO TRINDADE COELHO")  in    CIDADANIA LX
 Largo Trindade Coelho - (2014) - ("LARGO TRINDADE COELHO" , esquina da "TRAVESSA DA QUEIMADA" e o edifício do antigo «PALÁCIO BRITO FREIRE-TOMAR», hoje pertence à SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA)   in    GOOGLE EARTH
 Largo Trindade Coelho - (2015) - Foto de autor não identificado - (O Restaurante do "CAFÉ LUSO", no espaço das antigas Adegas e cocheiras do Palácio, com entrada pela Travessa da Queimada número dez)  in    CAFÉ LUSO
Largo Trindade Coelho - (Início do século XX? - Foto de autor não identificado) - ( O "LARGO DE SÃO ROQUE" depois "LARGO TRINDADE COELHO", local onde funciona hoje a "SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA") (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  AML 

(CONTINUAÇÃO)-LARGO TRINDADE COELHO  [ IX ]

«O PALÁCIO BRITO FREIRE-TOMAR ( 1 )»

O "PALÁCIO BRITO FREIRE-TOMAR", um prédio grande a Nordeste do "LARGO TRINDADE COELHO", fazendo esquina com a"TRAVESSA DA QUEIMADA", terá sido erguido na segunda metade do século XVII, por um riquíssimo armador  Marítimo ligado ao comércio das ÍNDIAS, "GASPAR DE BRITO FREIRE"( 1 ). Poucos anos habitou este  PALÁCIO.  Seu filho "FRANCISCO", vamos encontrar ainda no século XVII a habitar na praia da BOAVISTA. O local perto da RIBEIRA DAS NAUS, adaptava-se talvez melhor às suas actividades marítimas destes ricos Armadores.
Terá eventualmente também pertencido ou habitado pelo ALCAIDE "D. JOÃO DE ALARCÃO".

Entretanto o PALÁCIO do"LARGO DE SÃO ROQUE" foi vendido a outro capitalista da nossa praça; "BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES DIAS DE SOUSA, sogro de um "MARQUÊS DE TOMAR"( 2 ).
Recebeu beneficiações em várias épocas, mas conserva no átrio, na escadaria e num ou noutro pormenor, um traço nobre moderno.
Na primeira metade do século XVIII o PALÁCIO sofreu grandes transformações, sendo dividido em duas propriedades que mantêm ainda hoje uma certa afinidade do conjunto.

A fachada que faz frente para a "TRAVESSA DA QUEIMADA", foi transformada em edifício de rendimento, tipologia que vemos desenvolver-se nesta época, profundamente dependente da arquitectura aristocrática.
Era este o corpo principal do PALÁCIO SEISCENTISTA que, ao incrementar uma extrema fachada com andar nobre no último piso, desfrutava duma magnifica vista sobre LISBOA e a barra do TEJO.
A adaptação a edifício concentrou-se sobretudo na fachada sobre o "LARGO" e na criação dum novo núcleo de entrada, escadarias e alojamento para animais cavalares. Pela análise das estruturas do edifício, estas funções localizavam-se na zona norte do antigo PALÁCIO seiscentista, que pela sua escada e tipologia teria entrada por pátio e grandes edifícios de cavalariças.

O RESTAURANTE e CAFÉ LUSO está a funcionar desde 1939 num espaço eventualmente dedicado às Adegas e cocheiras do PALÁCIO, cuja estrutura arqueada lhe confere uma acústica singular para as  vozes dos fadistas tendo a sua entrada pela "TRAVESSA DA QUEIMADA" Nº. 10.

- ( 1 ) - (Cuja memória se recorda através do apelido do capitão da Nau que se recusou a conduzir "D. AFONSO VI" a"ANGRA").

- ( 2 ) -Ali residiu o 2.º "CONDE DE TOMAR", "ANTÓNIO BERNARDO DA COSTA CABRAL" de 23.05.1835 a 19.03.1905, filho do notável estadista do mesmo nome que foi o 1.º CONDE E MARQUÊS DE TOMAR (09.05.1803-01.09.1889). Tendo seu filho casado em 03.10.1866 com "D. SOFIA ADELAIDE DIAS SOUSA", filha do CONSELHEIRO BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES DIAS DE SOUSA e de sua esposa "D. MARIA FORTUNATA DE OLIVEIRA", foi ocupar o PALÁCIO pertença daquela família por aquisição dos descendentes dos "BRITO FREIRE" ou seus herdeiros.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO TRINDADE COELHO [ X ] O PALÁCIO BRITO FREIRE-TOMAR ( 2 )».

LARGO TRINDADE COELHO [ X ]

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«O PALÁCIO BRITO FREIRE-TOMAR ( 2 )»
 Largo Trindade Coelho - (2014) - ("LARGO TRINDADE COELHO" uma das fachadas do "PALÁCIO BRITO FREIRE-TOMAR" virada para o LARGO)  in   GOOGLE EARTH 
 Largo Trindade Coelho - ( 2014 ) - ("PALÁCIO BRITO FREIRE-TOMAR" no LARGO TRINDADE COELHO, o cartaz indica que este Palácio pertence à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa desde 2014, e estão a restaurar o Edifício)  in  GOOGLE EARTH
 Largo Trindade Coelho - ( 2013 )- ("PALÁCIO BRITO FREIRE-TOMAR" no Largo Trindade Coelho, um ano antes da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa o ter adquirido) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)   in LISBOA-COMPARAÇÕES COM OUTROS TEMPOS
Largo Trindade Coelho - (início do séc. XX)  Foto de autor não identificado ( O "PALÁCIO BRITO FREIRE-TOMAR" no "LARGO DE S. ROQUE" (hoje Largo Trindade Coelho), com esquina para a "Travessa da Queimada") (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 

(CONTINUAÇÃO)-LARGO TRINDADE COELHO [ X ]

«O PALÁCIO BRITO FREIRE-TOMAR( 2 )»


Neste "PALÁCIO",  antes de 1863, esteve aqui instalada a "ESCOLA ACADÉMICA", mais tarde o "CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DOS CAMINHOS DE FERRO", durante 1917-1919, e ainda o "MINISTÉRIO DAS SUBSISTÊNCIAS E TRANSPORTES, (quando "liderava" como Primeiro Ministro "MACHADO SANTOS"). Desde 1928 ocupou parte do edifício o "INSTITUTO DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL"«MARIA LUÍSA BARBOSA DE CARVALHO» fundado em Junho de 1925 no edifício da "ASSISTÊNCIA PÚBLICA" no RATO, e de que era director na época o "DR. FARIA DE VASCONCELOS". Funcionou ainda neste edifício uma repartição do "MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO NACIONAL".

No antigo PALÁCIO que tinha o número de polícia 20 no 4.º andar esquina para a "TRAVESSA DA QUEIMADA" habitou "JOSÉ FRANCISCO TRINDADE COELHO" nasceu a 18 de Junho de 1861 em MOGADOURO, foi escritor, magistrado e político português, Bacharel em Direito pela Faculdade de COIMBRA, tendo deixado enumeras obras literárias publicadas. Suicidou-se neste prédio em 9 de Agosto de 1908, sendo o seu nome atribuído ao "LARGO DE SÃO ROQUE" em Outubro de 1913.

Este "PALÁCIO BRITO FREIRE-TOMAR" sobre o"LARGO TRINDADE COELHO" cuja fachada recebeu um tratamento de claro gosto Joanino, com um cuidado gosto de Pilastras terminando em borla e cantarias com molduras duplas de desenho igualmente barroco.
A parte do Edifício virada a Norte é reestruturada para residência senhorial, já na segunda metade do século XVIII.  É este PALÁCIO que vemos chegar até nós, com uma estrutura de grandes salões e escadarias nobres, embora com  uma decoração interior dos finais do século XIX. A testar um passado longínquo  mas de grande requinte, no pequeno pátio-Jardim do PALÁCIO distribui-se um conjunto de azulejos do século XVII de rara qualidade estética, com padronagem a azul e amarelo, e barras com desenhos de meninos.
Estas grandes obras do PALÁCIO, dos finais do século XIX, devem-se ao Conselheiro "BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES DIAS DE SOUSA, que casa a sua filha com o segundo CONDE DE TOMAR, sendo neste período que o PALÁCIO atingiu o seu maior prestígio na vida social lisboeta.

No século XX, o PALÁCIO foi ainda sede do "ROYAL BRITISH CLUB", sendo por fim adquirido pela "CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA".
Em 28.10.2009 citava o Blogue "CIDADANIA LX", referindo-se ao "PALÁCIO BRITO FREIRE-TOMAR" que se encontrava em muito mau estado de conservação. Tinha um projecto em preparação que lhe removia todo o seu interior, com a introdução de três elevadores e a criação de caves para estacionamento. Depois de várias alterações ao projecto, vieram a ser indeferidas a o processo parou, ou foi arquivado.

Este PALÁCIO pertence desde o ano de 2014 à "SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA", e encontra-se actualmente com grandes obras de conservação e restauro.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO TRINDADE COELHO [ XI ] A SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA( 1 )».

LARGO TRINDADE COELHO [ XI ]

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«A SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA  ( 1 )»
 Largo Trindade Coelho - (2016) -(O "LARGO TRINDADE COELHO" na direita a "SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA" Foto obtida da "RUA NOVA DA TRINDADE")  in  GOOGLE EARTH
Largo Trindade Coelho - (2013) - (Foto quando a "SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA" completava 515 anos de existência, instalada na parte Nascente do "LARGO TRINDADE COELHO") in   GOOGLE EARTH 
 Largo Trindade Coelho - (1949) Foto de  Eduardo Portugal -( Frente da "IGREJA DE S. ROQUE" com o seu gradeamento de protecção avançado, no "Largo Trindade Coelho". Ao fundo ainda funcionava a "COMPANHIA DE CARRUAGENS LISBONENSE", mais tarde as instalações de "Santa Casa da Misericórdia de Lisboa") (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in  AML 
 Largo Trindade Coelho - (1920) Foto de Joshua Benoliel - (LOTARIA DE NATAL no "LARGO TRINDADE COELHO" (antigo LARGO DE SÃO ROQUE), frente ao edifício da "COMPANHIA DE CARRUAGENS LISBONENSE", de pois sede da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  AML 
 Largo Trindade Coelho - (1908) Foto de Joshua Benoliel - (O povo à porta de SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA - CASA DAS LOTARIAS - no dia de Lotaria)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 
 
Largo Trindade Coelho - ( 19--) Foto de Paulo Guedes -(Obras da Santa Casa da Misericórdia na "CASA DAS LOTARIAS" no "LARGO DE SÃO ROQUE" na antiga casa dos "JESUÍTAS", a "Palmatória" e o chafariz que já foi retirado)  (ABRE EM TAMANHOGRANDE) in    AML 

(CONTINUAÇÃO) - LARGO TRINDADE COELHO [ XI ]

«A SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA ( 1 )»


A«SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA» teve o seu começo em 15 de Agosto de 1498 na "SÉ"de LISBOA, numa das Capelas do claustro ogival de "D. DINIS", tendo sido fundada pela "RAINHA DONA LEONOR", (então regente do Reino por ausência de D. MANUEL I a CASTELA), por inspiração de frei MIGUEL CONTREIRAS(existe um Blogue "SANTA CASA DA MISERICÓRDIA" que nos fala mais detalhadamente sobre este Frei Miguel Contreiras, que a CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA em 1955 lhe atribuiu uma AVENIDA com seu nome, na freguesia de ALVALADE. Mas continuemos com a história da "MISERICÓRDIA".

No tempo de DOM MANUEL I começou a construir-se para a "MISERICÓRDIA DE LISBOA"um grandioso edifício próprio, com uma IGREJA em terrenos situados próximos da "SÉ" de LISBOA, a Sueste da velha "JUDIARIA GRANDE". Para nos posicionármos melhor, seria sensivelmente onde hoje se encontra a IGREJA DA CONCEIÇÃO VELHA na "RUA DE ALFANDEGA".
A obra estava concluída em 1534, reinava DOM JOÃO III, e em 25 de Maio desse ano foi entregue à "MISERICÓRDIA". Tornou-se rica a instituição, um verdadeiro potentado financeiro, que chegou a auxiliar a organização de exércitos e frotas.
Em 1564 recebia o cargo administrativo de gerir os "HOSPITAIS DE LISBOA", e dos"EXPOSTOS" e"DESAMPARADOS".
Casa e templo da "MISERICÓRDIA" foram pelo Terramoto reduzidos a escombros, escapando somente o precioso portal Manuelino, que era o da porta travessa na "RUA DEBAIXO DA MISERICÓRDIA", hoje"RUA DE ALFANDEGA".

Andou depois a "MESA DA MISERICÓRDIA", assim como as suas órfãs recolhidas, por casas de empréstimo, até à publicação da carta régia de DOM JOSÉ I, datada de 6 de Fevereiro de 1768, que fez à "SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA", «pura, perpétua e irrevogável doação do edifício, IGREJA, terrenos e bens da CASA PROFESSA DE SÃO ROQUE». (A "COMPANHIA DE JESUS" havia sido expulsa de PORTUGAL em 17 de Janeiro de 1753).
Em 1768, recebeu ainda a SANTA CASA - que sempre ostentou armas e estandartes Nobres, apesar de popular até à raiz - o encargo administrativo da «MESA DOSENJEITADOS», continuando a ser a instituição dirigida por uma Irmandade, à frente da qual estava um Provedor.
Tinha seus bens, legados e fundos, na independência jurídica, nem sempre respeitada. Em 1783, por carta régia de 18 de Novembro, a SANTA CASA começou a explorar as lotarias.
Conheceu a MISERICÓRDIA, depois, longos períodos de decadência, que as invasões francesas e as Guerras Civis mais acentuaram. 

Em 1834, com o triunfo das ideias liberais, a SANTA CASA voltou a ser objecto de atenção do ESTADO, que a reorganizou. A 11 de Agosto  a IRMANDADE OU CONFRARIA foi dissolvida (era já secular), e os administradores passaram a ser da nomeação do GOVERNO; em 1851, o PROVEDOR era o ARCEBISPO DE PALMIRA, a manter a tradição religiosa da Instituição.
Em 1926, a MISERICÓRDIA adquiriu ao capitalista "DINIS M. DE ALMEIDA" o edifício da face nascente do "LARGO TRINDADE COELHO", anteriormente sede da "COMPANHIADE CARRUAGENS LISBONENSE" ali instalada em 1863, adaptando para seus fins as cocheiras e, mais tarde de garagens de automóveis na respectiva parte do "PALÁCIO DOS MARQUESES DE NISA, arruinado pelo Terramoto. 

Com o objectivo de fazer face às despesas relacionadas com a Saúde e a Assistência Social.
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO TRINDADE COELHO[ XII ]-A SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA ( 2 )».

LARGO TRINDADE COELHO [ XII ]

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«A SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA ( 2 )»
 Largo Trindade Coelho - (2013) - (Fachada principal da "SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA", por altura dos 515 anos da sua fundação)  in   SÁBADO
 Largo Trindade Coelho - (2013) - (Fachada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, quando comemorava os seus 515 anos de existência. No Largo de São Roque só a partir do terceiro quartel do século XVIII)  in   GOOGLE EARTH
 Largo Trindade Coelho - (1987) - Foto de Dias dos Reis - ( O "LARGO TRINDADE COELHO" e a estátua dedicada ao cauteleiro da autoria de Fernando Assis, inaugurado a 8 de Novembro de 1987) in DIAS DOS REIS
 Largo Trindade Coelho - (1908) -(No edifício da "SANTA CASA" em dia de extracção da Lotaria. No lado direito o edifício da "Companhia de Carruagens Lisbonense", hoje a SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA" (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in RESTOS DE COLECÇÃO
 Largo Trindade Coelho - (1908) - (Interior da Sala de extracção da Lotaria no edifício da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, actual "MUSEU DE SÃO ROQUE") (ABRE EM TAMANHO GRANDE)    in RESTOS DE COLECÇÃO
Largo Trindade Coelho - (1962) - (Bilhete do "TOTOBOLA" uma ideia introduzida em Portugal pela "SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA" no século XX)  in RESTOS DE COLECÇÃO


(CONTINUAÇÃO)-LARGO TRINDADE COELHO [ XII ]

«A SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA ( 2 )»

 A "SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA" recebeu, depois da expulsão da "COMPANHIA DE JESUS" de Portugal, para além das instalações de "SÃO ROQUE", todos os bens dos "JESUÍTAS" e das ricas confrarias a que pertenciam algumas das Capelas da IGREJA.

Em 1862, começaram a construir-se os novos edifícios sobre a "CALÇADA DA GLÓRIA", e fizeram-se obras do RECOLHIMENTO em S. PEDRO DE ALCÂNTARA.
A "MISERICÓRDIA DE LISBOA"é um Instituto de Assistência Pública Oficial, com autonomia técnica, administrativa, directamente subordinada, por uma Comissão Administrativa, e com o PROVEDOR nomeado pelo MINISTÉRIO DO INTERIOR. Onde se inclui a IGREJA e MUSEU, preciosidade de arte, do activo  da MISERICÓRDIA fazem parte muitas propriedades rústicas e urbanas.

A primeira LOTARIA OFICIAL que se realizou no nosso pais foi a estabelecida por carta régia de 4 de Maio de 1688, destinada a operações do ESTADO e com carácter periódico, conforme as necessidades: era a «LOTARIA REAL» e foi objecto de alvarás e decretos em 1703, 1799, 1803, 1805 e 1835, sendo por vezes os prémios constituídos (como em 1799) por propriedades do ESTADO e pensões vitalícias.

Em 1835 começou a «LOTARIA NACIONAL», que foi uma espécie de emissão de papel de dívida pública, e que acabou em 1849.
A LOTARIA DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA foi estabelecida em Dezembro de 1783, (no reinado de D. MARIA I) destinada ao HOSPITAL REAL, aos EXPOSTOS, e à ACADEMIA DAS CIÊNCIAS; em Março de 1793 dos lucros da LOTARIA passou a beneficiar a recém criada CASA PIA. De 1799 a 1804 a «LOTARIA DA SANTA CASA» foi suspensa, para "deixar livre" uma das LOTARIAS REAIS, e, recomeçando, sofrendo, ou beneficiando de várias  reformas. No passado os lucros da LOTARIA eram divididos pela MISERICÓRDIA, pelo ESTADO pelos HOSPITAIS CIVIS, ASSISTÊNCIA PÚBLICA e CASA PIA DE LISBOA.
Frutificou  como se pode recordar a obra da «RAINHA DONA LEONOR». No interior do edifício da "SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA", no início do século XX, nada oferece de notável, sob o ponto de vista histórico. Sucessivas obras, indispensáveis e utilíssimas, foram  transfigurando a "CASA DOS JESUÍTAS", de cuja cerca, nada resta.
No antigo claustro (aliás pequeno) se construiu a SALA, com galerias. de «EXTRACÇÃO DO JOGO», e um outro claustro apenas se conserva com vestígios da velha traça arquitectónica.  Num passado recente, nomeadamente nas décadas de 1960 e 1980 foram criados os "JOGOS SOCIAIS": TOTOBOLA e TOTOLOTO que tem sido, juntamente com a LOTARIA um importante instrumento na criação de riqueza social e económica, permitindo a concretização de projectos sociais e de saúde, conservando a "SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA" até aos nossos dias uma acção humanitária e benemerente para a qual foi fundada.
JOGOS SOCIAIS DA SCML - LOTARIA CLÁSSICA; LOTARIA POPULAR; TOTOBOLA; TOTOLOTO; JOKER; RASPADINHA; EUROMILHÕES e mais recentemente PLACARD, estando em preparação (talvez ainda para este ano) a exploração das "CORRIDAS DE CAVALOS".

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) «LARGO TRINDADE COELHO [ XIII ] - O MUSEU DE SÃO ROQUE ( 1 )». 

LARGO TRINDADE COELHO [ XIII ]

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«O MUSEU DE SÃO ROQUE ( 1 )»
 Largo Trindade Coelho - (2014) - Fachada do "MUSEU DE SÃO ROQUE" antiga "CASA DAS LOTARIAS", pertença da "SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA" no "LARGO TRINDADE COELHO". E, mais antigo ainda, o local onde se instalou em Portugal a "COMPANHIA DE JESUS" e os "JESUÍTAS" no século XVI)  in  GOOGLE EARTH
 Largo Trindade Coelho - ( 2014 )- (Panorâmica da "FREGUESIA DA MISERICÓRDIA" onde se insere o "LARGO TRINDADE COELHO". No lado esquerdo podemos ver a cobertura "estaleiro" das obras no Palácio Brito Freire, na frente a IGREJA DE SÃO ROQUE e o MUSEU DE SÃO ROQUE ligado à Igreja )  in   GOOGLE EARTH
 Largo Trindade Coelho - ( 2011) - Foto de Glória Ishizaca - ("MUSEU DE SÃO ROQUE" no Largo Trindade Coelho, aspecto do corredor. Ao fundo à direita, esculturas de S. FRANCISCO XAVIER e SANTO INÁCIO DE LAYOLA, fundador da "Companhia de Jesus")   in   CLIC
Largo Trindade Coelho - (depois de 2008) - Aspecto do "MUSEU DE SÃO ROQUE", uma das Salas de exposição depois da restauração e classificação, entre 2006 e 2008)  in MUSEU DE SÃO ROQUE


(CONTINUAÇÃO)-LARGO TRINDADE COELHO [ XIII ]

«O MUSEU DE SÃO ROQUE ( 1 )»

Com a expulsão dos "JESUÍTAS"de PORTUGAL em 1753, e a boa vontade do "REI DOM JOSÉ I", em 1768 são transferidos para a SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA, todos os bens que tinham pertencido à  "COMPANHIA DE JESUS"em LISBOA.

O "MUSEU DE SÃO ROQUE" está aqui instalado desde 1898 e acrescido de novas salas em 1927 - complemento da IGREJA e, como esta, administrada pela "SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA"- é um produto de ostentação JOANINA, um repositório de arte.
Este MUSEU de arte SACRA,é quase na sua totalidade, constituído por milhares de espécies que pertenciam à "CAPELA DE SÃO JOÃO BAPTISTA".
Escolheram-se algumas salas da antiga "CASA PROFESSA DA COMPANHIA DE JESUS", anexas à IGREJA. Espaço onde, desde 1783, se procedia à extracção da «LOTARIA NACIONAL».
Seguindo os critérios da museografia da época, pretendeu-se uma ampla apresentação dos objectos, em sumptuosos expositores inspirados no mobiliário SEISCENTISTA, mas com critérios de exposição pouco definidos, mais vocacionados para a fruição estética dos objectos.

Assim seria o aspecto do "MUSEU DE SÃO ROQUE" na sua abertura em 1905, posteriormente melhorado com sucessivas reformas até à década de 1960. Nesta ocasião, a Conservadora deu início a um processo de remodelação e valorização das suas colecções, do qual resultaria a reabertura ao público em 1968, demonstrando a adopção de interessantíssimas soluções museográficas.

O "MUSEU DE SÃO ROQUE" que inclui a própria IGREJA e uma galeria de exposição temporária, possuí um magnífico acervo de obras de arte, datáveis do século XVI ao XVIII.
Provém em grande número da antiga "CASA PROFESSA DE S. ROQUE", da qual a MISERICÓRDIA DE LISBOA tomou posse em 1768, da antiga "SEDE DA MISERICÓRDIA DE LISBOA", na CONCEIÇÃO VELHA, do"CONVENTO DE SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA", assim como de várias aquisições e doações que ao longo dos séculos têm enriquecido o património da "SANTA CASA".
Apesar de abranger um leque cronológico bastante mais amplo, o complexo de "SÃOROQUE" afirma-se como um dos mais importantes núcleos da arte portuguesa do século XVII, permitindo aos visitantes e estudiosos acompanhar de forma ímpar a evolução das formas artísticas nas mais diversas manifestações: da pintura à ourivesaria, da talha aos embrechados de mármore.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO TRINDADE COELHO[ XIV ]-O MUSEU DE SÃO ROQUE ( 2 )».  

LARGO TRINDADE COELHO [ XIV ]

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«O MUSEU DE SÃO ROQUE ( 2)»
 Largo Trindade Coelho - ( 2012 ) - (Pormenor da parte superior da fachada da "SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA", o brasão no edifício do actual "MUSEU DE S. ROQUE") in  PANORAMIO
 Largo Trindade Coelho - (Depois de 2008) - (Um aspecto mais alargado da IGREJA DE S. ROQUE e da Capela de São João Baptista)  in    MUSEU DE SÃO ROQUE
 Largo Trindade Coelho - (Depois de 2008) - (Algum dos tesouros do MUSEU DE S. ROQUE, importante Museu de Arte decorativa de origem Italiana)   in MUSEU DE SÃO ROQUE
Largo Trindade Coelho - (Início do século XX) Foto de Paulo Guedes  - ( O actual MUSEU DE S. ROQUE aquando de uma intervenção de obras, no princípio do século vinte) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  AML 


(CONTINUAÇÃO)-LARGO TRINDADE COELHO [ XIV ]

«O MUSEU DE SÃO ROQUE ( 2 )»

A exposição permanente do MUSEU, alvo de recente remodelação, apresenta quatro núcleos distintos: "MISERICÓRDIA DE LISBOA", "ERMIDA E LENDAS DE S. ROQUE",  "CULTO E IMAGEM NA EXPANSÃO JESUÍTA"e a"CAPELA DE S. JOÃO BAPTISTA".
O Primeiro apresenta-nos reduzido número de pinturas e peças de ourivesaria, que documentam a história da "MISERICÓRDIA" desde a fundação até aos finais do século XVIII.  É de salientar a tábua de GARCIA FERNANDES, proveniente do antigo retábulo da "CAPELA-MOR DA CONCEIÇÃO VELHA", Sede (antiga) da MISERICÓRDIA de 1534 a 1755.
Duas raríssimas bandeiras do período de "DOM JOÃO V" testemunham o acompanhamento dos condenados à morte pelos irmãos da SANTA CASA.
Os quatro quadros de "VIDAS DE SÃO ROQUE", de oficina desconhecida, pintados por volta de 1520, sobrevivente da antiga ERMIDA "Manuelina" constituem o segundo núcleo do MUSEU.  Caracterizam-se pela preocupação do autor em retratar os principais passos da vida do SANTO nos vários planos das tábuas.  Duas esculturas seiscentistas em madeira policromada, representando "SANTO INÁCIO DE LOYOLA" e "SÃO FRANCISCO XAVIER", reportam-nos à entrega da ERMIDA e sua reforma pela"COMPANHIA DE JESUS" a partir de 1553.
O terceiro núcleo, "CULTO E IMAGEM NA EXPANSÃO JESUÍTA", apresenta um conjunto de pinturas e peças de ourivesaria proveniente da "IGREJA DE SÃO ROQUE" e há muito guardadas nas reservas do MUSEU.
Logo no início da SALA, em cujo tecto estão representadas as armas da MISERICÓRDIA DE LISBOA, pintadas no reinado de"DONA MARIA I", destacam-se os dois retratos de "DONA CATARINA" e"D. JOÃO III",  do pintor CRISTOVÃO LOPES, até ao século passado presentes na entrada da IGREJA.
As duas composições expostas no extremo da galaria: "CRISTO ENTRE OS SANTOS MÁRTIRES" e"A VIRGEM ENTRE SANTAS VIRGENS", de FERNÃO GOMES e DIOGO TEIXEIRA, ladeiam uma notável imagem em prata dourada de"NOSSA SENHORA E O MENINO" lavrada na BAVIERA no século XVI.
Este pequeno conjunto de peças, singular pela sua espectacularidade, testemunha as grandes festas celebradas em LISBOA por ocasião do recebimentos das relíquias que em 1588, "DOM JOÃO DE BORJA"embaixador de"D. FILIPE II", doou à IGREJA DE SÃO ROQUE.
No que respeita à ourivesaria é de destacar o precioso cofre em prata dourada e branca, executado em "AUGSBURGO" e oferecido à "COMPANHIA DE JESUS" por "DOM PEDRO II". Destinava-se a proteger o cutelo que degolou "SÃO JOÃO DE BRITO".  A"CAPELA DE S. JOÃO BAPTISTA" executada no final do reinado de "D. JOÃO V", foi sem dúvida, a mais célebre doação à CASA PROFESSA DE SÃO ROQUE. Bastante estudada, representa um dos mais documentados conjuntos da nossa história de arte e é um dos principais pólos de atracção do MUSEU.
Nele encontra-se expostas as principais alfaias e paramentos que, executados em ROMA, acompanharam a CAPELA DE S. JOÃO BAPTISTA na sua viagem para LISBOA.  São por mais célebres o par de "tocheiros" em prata e bronze executados na oficina de GUISEPPE GAGLIARDI e o frontão do altar terminado por "ANTÓNIO ARRIGHI", o fiel ourives romano de "DOM JOÃO V". A riqueza dos materiais e execução tornam esta capela, situada na nave da IGREJA, um verdadeiro estojo de exposição das ricas alfaias em dias de festa.
A própria maqueta da CAPELA, datável de 1742-44, igualmente exposta no MUSEU, é um raríssimo e valioso documento para estudo da arquitectura em PORTUGAL no reinado de "D. JOÃO V".

E rematamos com uma frase do Mestre NORBERTO DE ARAÚJO:"Tudo isto é uma nuvem de prata, onde passaram dedos de artistas: uma arte que acabou...". [FINAL].

BIBLIOGRAFIA

- ARAÚJO, Norberto de - PEREGRINAÇÕES EM LISBOA -Liv. V  -  VEGA-1992 -LISBOA.
- FRANÇA, José-Augusto - A SÉTIMA COLINA-ROTEIRO HISTÓRICO E ARTÍSTICO- LISBOA 94/Livros Horizonte - 1994 - LISBOA.
- LISBOA DE ONTEM E DE HOJE - Rocha Martins - ENP - 1945 - LISBOA 
- LOPES, Fernão - CRÓNICA DE D. FERNANDO - Liv. Civilização - 1965 - PORTO 
- SCHUBERT, Jörg - LISBOA - Círculo de Leitores - 1982 - LISBOA
- SEQUEIRA, Gustavo de Matos - O CARMO E A TRINDADE- Vol. I -Ed. 2ª.-CML-1939 e Vol. II 1ª. Ed. CML-1939.
- SILVA, A. Vieira da - A CERCA FERNANDINA DE LISBOA- VOL. I - CML - 1987. 

(PRÓXIMO)«PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ I ] - O PÁTIO DE DOM FRADIQUE ( 1 )».

PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ I ]

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«O PÁTIO DE DOM FRADIQUE ( 1 )»
 Pátio de Dom Fradique - (2013) Foto de José Cruz - ( Imagem do "PÁTIO DE DOM FRADIQUE" o chamado "de baixo", e o PALÁCIO BELMONTE ao cimo) (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in  APONTAMENTOS SOBRE LISBOA
 Pátio de Dom Fradique - (1907-01) Foto de autor não identificado- (O Pátio de Dom Fradique, o interior do pátio "de cima") (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  AML 
 Pátio de Dom Fradique - (2016) - (Panorama de parte da Freguesia de "SANTA MARIA MAIOR", onde se insere o "PÁTIO DE DOM FRADIQUE" e o "PALÁCIO BELMONTE")  in GOOGLE EARTH
 Pátio de Dom Fradique - (1939) -Desenho de A. Vieira da Silva - (Fragmento da planta topográfica de LISBOA que compreende a parte abrangida pela "CERCA MOURA" e em especial o "PÁTIO DE DOM FRADIQUE". (Local assinalado com um  " X "). O traçado e as legendas a preto é o presente, a vermelho corresponde à época de 1755, o traçado vermelho a cheio, representa as Muralhas, sendo algumas partes integradas em edifícios, (Publicações Culturais da CML)  in  A CERCA MOURA
 Pátio de Dom Fradique - ( 2010) - Foto de Joe Condron e Jacob Termasen - (Este foi um projecto de restauração privada, realizada pelo actual proprietário do "PALÁCIO BELMONTE" no "PÁTIO DE DOM FRADIQUE)  in    ARQUITECTURA HOLIDAYS
Pátio de Dom Fradique - (2007) - Foto de autor não identificado - (Interior do "PÁTIO DE DOM FRADIQUE" - de cima - onde está instalado o HOTEL)  in   SKYSCRAPERCITY


(INÍCIO)-PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ I ]

«O PÁTIO DE DOM FRADIQUE ( 1 )»

O «PÁTIO DE DOM FRADIQUE» pertence à freguesia de "SANTA MARIA MAIOR", tem início na "RUA DOS CEGOS", no número 44 e finaliza na "TRAVESSA DO FUNIL". 

Situa-se o "PÁTIO DE DOM FRADIQUE" no "MONTE OU COLINA DO CASTELO" numa área pequena, que abre com um portal simples, junto do topo do caminho "CHÃO DA FEIRA" (e, já agora, aproveito o ensejo, relembrar que o nome vem do facto de ali se ter realizado, logo no tempo de D. AFONSO II, no século XIII, um mercado que foi, possivelmente, o "avô" da "FEIRA DA LADRA"), e fecha com outro "ARCO" na "RUA DOS CEGOS".
Este recinto longo da entrada é que constitui o PÁTIO, propriamente dito. A parte mais larga encontra-se passando o arco ou passadiço, a este lado, bem se poderá chamar o "Terreiro" (pois resulta da anexação das hortas ali existentes).
O "PÁTIO" ou recinto, na sua totalidade constitui serventia pública de passagem, com portas sempre abertas, embora se considere uma propriedade privada.
Constituído por dois pisos tendo no piso superior ligação com a MURALHA e o PALÁCIO BELMONTE(parte da construção é contígua, o vestígio do muro da "ALCÁÇOVA", e de troços significativos da "CERCA MOURA" incluindo a "TORRE"), sendo o "PÁTIO""inferior" o sitio das hortas.
O mestre "NORBERTO DE ARAÚJO" chamou ao "PÁTIO": "Uma curiosidade histórica".
Por aqui, para entendimento mais fácil, passará a falar-se de dois pátios; o de "CIMA" e o de "BAIXO", classificação que de maneira nenhuma é original, mas que facilita bastante na exposição, até porque, de facto, se trata de duas realidades distintas. Quem se encontre no "CHÃO DA FEIRA" tem à disposição, de escolher a da "TRAVESSA DO FUNIL" e reparará que esta é contígua ao PÁTIO de que hoje nos ocupamos. 
Um portal simples dá-lhe acesso. O sítio está hoje arranjado, tendo-se aproveitado com gosto um velho PALÁCIO para fazer nascer uma unidade hoteleira.
Através de um passadiço, por baixo do PALÁCIO, (um corredor abobadado, com cerca de vinte e dois metros de comprimento por três metros e meio de largura, era a primitiva porta da CERCA de que ainda se notam alguns vestígios) e chega-se a uma parte inferior, à qual comodamente chamaremos o PÁTIO de baixo, dizendo ainda que noutros tempos era um terreiro que levava o nome sintomático de "HORTAS DE DOM FRADIQUE".

Quem era "DOM FRADIQUE"? Como de costume nestas coisas, há duas teorias que tentam explicar o nome deste PÁTIO. Uma delas apontava para um tal "DOM FRADIQUE DE TOLEDO". Este fidalgo CASTELHANO tinha sido um famoso general do tempo de FILIPE IV (terceiro de PORTUGAL). Entre outras façanhas praticadas, conta-se a de ter partido de LISBOA  em 1625 como comandante geral de uma esquadra que atravessou o ATLÂNTICO para reconquistar o território da "BAÍA", no BRASIL, ocupado pelos HOLANDESES.

(CONTINUA)-(PRÓXIMA) «PÁTIO DE DOM FRADIQUE[ II ]-O PÁTIO DE DOM FRADIQUE (2)» 


PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ II ]

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«O PÁTIO DE DOM FRADIQUE ( 2 )»
 Pátio de Dom Fradique - (2013) -Foto de José da Cruz - (Porta Norte da entrada na "Travessa do Funil", para o "PÁTIO DE DOM FRADIQUE". A placa junto da porta indica "PALÁCIO BELMONTE") (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  APONTAMENTOS SOBRE LISBOA
 Pátio de Dom Fradique - (2013) - Foto de José da Cruz - (Placa Toponímica de Lisboa - TIPO VI-Placa de azulejos, de fundo branco com letras e filete azul. Foi muito usada na década de 30 do século XX, inicialmente em zonas específicas da cidade como o BAIRRO ALTO ou CAMPO DE OURIQUE, tendo na década de 50 se generalizado até aos BAIRROS SOCIAIS) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  APONTAMENTOS SOBRE LISBOA
 Pátio de Dom Fradique - (2007) - (Vista de cima do "PÁTIO DE DOM FRADIQUE", com ligação à "RUA DOS CEGOS")  in     GOOGLE EARTH
 Pátio de Dom Fradique - ( 2013) Foto de José da Cruz - (Na saída do corredor para o "PÁTIO DE BAIXO", na parede do lado direito encontra-se esta lápide. «ESTA CAPELA E JAZIGO É DA IRMANDADE DAS ALMAS QUE OS IRMÃOS MANDARAM FAZER À SUA CUSTA COMO CONSTA DA ESCRITURA QUE FIZERAM COM O REVERENDO PRIOR (EBNdos) DA DITA IGREJA QUE ESTÁ NAS NOTAS DO TABELIÃO MANUEL MACHADO NA ERA DE 1674 - PAI NOSSO, AVE MARIA PELAS ALMAS» (A possível tradução APS) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in APONTAMENTOS SOBRE LISBOA

Pátio de Dom Fradique - (1907-1) Foto de Autor não identificado - (O "PÁTIO DE DOM FRADIQUE", a saída para o chamado "PÁTIO DE BAIXO")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in  AML 

Pátio de Dom Fradique - (1948) Foto de Eduardo Portugal - (Na saída do corredor para o Pátio de Baixo, podemos ver na parede do lado direito, esta lápide)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML


(CONTINUAÇÃO)-PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ II ]

«O PÁTIO DE DOM FRADIQUE ( 2 )»

Acontecia que este "DOM FRADIQUE", MARQUÊS de VALDUEZA, era irmão de um tal "DOM FERNANDO" que foi governador do CASTELO e dos respectivos presídios no tempo do domínio CASTELHANO. E das duas, uma: ou "DOM FERNANDO" teria resolvido homenagear o irmão ou este teria mesmo ali residido, junto do CASTELO, durante a sua permanência em LISBOA


Acontece, porém, que estamos a falar de pessoas e acontecimentos do século XVI ou XVII.
E, segundo documentos muito antigos, citados pelo mestre "JÚLIO DE CASTILHO" - já em meados do século XVI - aquele lugar era ligado ao nome de "DOM FRADIQUE". Assim, as teses mais fundamentais inclinam-se para que o nome tenha sido colhido em "DOM FRADIQUE MANUEL", fidalgo às ordens de El-REI DOM MANUEL I. Vem ele«MOÇO FIDALGO» de "DOM MANUEL", sendo filho de "DOM NUNO MANUEL" e "DONA LEONOR DE MILÁ".
Além do PÁTIO, provido desde cedo de moradia senhorial, também "DOM FRADIQUE" deu nome a porta, uma das várias que dava acesso à "ALCÁÇOVA DO CASTELO", e que foi emparedado no século XVIII.  

O "PÁTIO DE BAIXO", sai-se de um mundo e entra-se noutro. Estamos a reportar-nos ao inicio do século XXI, propriamente dito ao ano de 2005.
Uma passagem de aspecto tosco leva-nos ao PÁTIO DE BAIXO. um oratório ali colocado há muito, foi substituído depois do Terramoto: da imagem do "BOM JESUS REFORMADOR" passou-se à do "SENHOR DO BOM SUCESSO". Os restos do oratório são as últimas relíquias do sítio. À saída uma inscrição que atesta a existência naquele local, nas eras recuadas do século XVII, de uma Ermida dedicada a "NOSSA SENHORA DAS ALMAS".

Entra-se assim no "caminho da desolação". As antigas hortas de "DOM FRADIQUE" não têm hoje qualquer aspecto de "viço".
Muitos dos moradores há muito se foram, cansados talvez de esperar, por umas condições mínimas de habitabilidade.
Aquele que poderia ser um sítio invejado de moradias, parece um descampado onde só crescem ervas daninhas.

Podemos sair do "PÁTIO DE BAIXO" pelo portão que dá para a "RUA DOS CEGOS" com duas vantagens, dispensando ter de subir tudo outra vez e podendo admirar-se aquele mino de casas seiscentistas que fica na esquina para a "CALÇADA DO MENINO DE DEUS". Parece de bonecas, mas mora lá gente. E, já agora, quem não queira ficar com a impressão desconsolada do "PÁTIO DE BAIXO", poderá retemperar-se não só com a referida casa da "RUA DOS CEGOS" mas ainda, subindo um bocadinho para o "MENINODE DEUS", encher os olhos com o respectivo LARGO e com a casa que se situa mesmo à beira de uma das entradas no recinto do "CASTELO".

NOTA: O "PÁTIO DE DOM FRADIQUE DE BAIXO", contíguo ao PALÁCIO e acessível pelo referido "ARCO", pertence hoje à CML, e encontra-se muito degradado.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ III ] -O PÁTIO DE DOM FRADIQUE VISTO POR "NORBERTO DE ARAÚJO"».

PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ III ]

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«O PÁTIO DE DOM FRADIQUE VISTO POR NORBERTO DE ARAÚJO»
 Pátio de Dom Fradique - (2013) - Foto de José da Cruz - (O "PÁTIO DE CIMA" do "PÁTIO DE DOM FRADIQUE, visto do interior da passagem para o "PÁTIO DE BAIXO")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)   in  APONTAMENTOS SOBRE LISBOA
 Pátio de Dom Fradique - (entre 1890 e 1945) Foto de José Artur Leitão Bárcia - (Castelo de S. Jorge, Muralha junto do "PÁTIO DE DOM FRADIQUE")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in AML 
 Pátio de Dom Fradique - (início do século XX) Foto de Eduardo Portugal - (O "PÁTIO DE DOM FRADIQUE", Muralha e a Torre da Cerca Moura) (ABRE EM TAMANHOGRANDE)  in    AML 
 Pátio de Dom Fradique - (194-) Foto de Eduardo Portugal - ("CERCA MOURA" e TORRE entre o PÁTIO DE DOM FRADIQUE e a PORTA DO SOL)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in  AML 
 Pátio de Dom Fradique - (2013) Foto de José da Cruz - (Um pormenor do "Pátio de Dom Fradique" no sítio das antigas hortas, no Pátio de baixo) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  APONTAMENTOS SOBRE LISBOA 
Pátio de Dom Fradique - ( Século XXI) - Foto de autor não identificado (A "TRAVESSA DO FUNIL" com a indicação do caminho para o "CASTELO DE S. JORGE", perto do "PÁTIO DE DOM FRADIQUE)   in   PINTEREST


(CONTINUAÇÃO)- PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ III ]

«O PÁTIO DE D. FRADIQUE VISTO POR NORBERTO DE ARAÚJO»

O olisipógrafo "NORBERTO DE ARAÚJO", grande apaixonado de LISBOA, um "ALFACINHA" de razão e coração. Recordamos aqui o que ele escreveu em 1943 no seu livro "LENDAS DE LISBOA", sobre o "PÁTIO DE DOM FRADIQUE".

O PÁTIO DE DOM FRADIQUE

"Um recanto aberto, impregnado de melancolia, é este do "PÁTIO DE DOM FRADIQUE". Nado e criado à sombra do CASTELO, passagem do "CHÃO DA FEIRA" para o "MENINO DEUS", este "PÁTIO" tem qualquer coisa de original na LISBOA do pitoresco urbano. De seu título ele evoca um "DOM FRADIQUE MANUEL", que teve aqui casa, e da qual advém o "PALÁCIO DOS CONDES DE BELMONTE", senhores do sítio, cujo pórtico brasonado de "FIGUEIREDOS" e  "CABRAIS", se abre numa lateral do primeiro compartimento. O pórtico é nobre; o pátio é plebeu. De propriedade particular, mas de serventia pública, com duas entradas de portal, e o estrangulamento do seu corredor de ligação - este recanto possui um mistério aparente. Não ostenta a bizarria cenográfica do "PÁTIO DO CARRASCO", nem a soturnidade doentia de tantos pátios de miséria alfacinha. E é simpático: evola-se dele um vago perfume de alfazema arrecadada nas cómodas familiares.
Fez parte da Muralha primitiva de LISBOA, em lanços que ele encobre, e num dos quais rasgaram uma porta da CERCA, que desapareceu. O passadiço - nota de ternura religiosa no intimismo  palaciano  -  tem na verga, interiormente, um oratório que ocupa a serventia de lado a lado: "NOSSO SENHOR DO LIVRAMENTO"! Lobrigava-se, desde fora, há trinta anos; era um desejo sacro de uma ermida que no "PÁTIO" existiu.
Uma lápide, que recorda um voto às ALMAS, uma balaustrada fina, murete de terraço do palácio, outro brasão, um arco pobre que conduz, em congosta , aos anteparos dos muros da velha cidadela, uma árvore isolada, quatro casitas modestas - eis o "PÁTIO DE DOM FRADIQUE".
Qualquer esquiço de poesia rústica existe no segundo eirado, que abre para a "RUA DOS CEGOS". 
No conjunto, pequeno, com seus dois planos, uma esquadra de polícia - que aqui não tem que fazer, e mora em "DOM FRADIQUE" apenas para dispor de vasos de flores e entreter um cenário -, vizinho dos "LÓIOS", de "SÃO TIAGO", do CASTELO, não longe de ALFAMA, este sugestivo "PÁTIO"é uma das muitas conformações urbanísticas da cidade.
Uma "AVÉ-MARIA" sumida, que não passa do «BENDITA SOIS VÓS"...».

Mantivemos o uso de vernáculos utilizados em alguns sinónimos, que caracterizam - a forma de se escrever - numa determinada época. 


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ IV ]O PALÁCIO DOS CONDES DE BELMONTE ( 1 )»

PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ IV ]

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«PALÁCIO DOS CONDES DE BELMONTE ( 1 )»
 Pátio de Dom Fradique - (2013) - Foto de José de Cruz - (Fachada do "PALÁCIO BELMONTE" hoje um HOTEL de "charme" no "PÁTIO DE DOM FRADIQUE", chamado "Pátio de cima") (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  APONTAMENTOS SOBRE LISBOA
 Pátio de Dom Fradique - (2012) - (Fachada do actual hotel "PALÁCIO BELMONTE" no "PÁTIO DE DOM FRADIQUE")  in  PALÁCIO BELMONTE
 Pátio de Dom Fradique - (2007)  - Foto de Silva Leite -(Fachada e pórtico principal do "PALÁCIO BELMONTE" no "´PÁTIO DE DOM FRADIQUE")  in PATRIMÓNIO CULTURAL 
 Pátio de Dom Fradique - (2007) Foto de Silva Leite - (Palácio Belmonte no Pátio de Dom Fradique, interior da sala de jantar com azulejos, representando cenas campestres)  in  PATRIMÓNIO CULTURAL
 Pátio de Dom Fradique - (2007) - Foto de Silvia Leite - ("PALÁCIO BELMONTE" no Pátio de Dom Fradique, remate da fachada; cartelas e pedra de armas)  in PATRIMÓNIO CULTURAL
Pátio de Dom Fradique - (2016) - (A "CASA QUINHENTISTA" na "RUA DOS CEGOS, 20, 22 no caminho para o "PÁTIO DE DOM FRADIQUE", no lado direito temos a "CALÇADA DO MENINO  DEUS")  in   GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO)- PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ IV ]

«PALÁCIO DOS CONDES DE BELMONTE ( 1 )»

A compra de algumas casas com seus quintais, situado num recanto formado pelos muros da "PORTA DE SANTA MARIA DA ALCÁÇOVA" e pela MURALHA DA CERCA VELHA (Também chamada de "CERCA MOURA") em 8 de Abril de 1449, por "BRÁS AFONSO CORREIA", filho de"JOÃO VAZ CORREIA"e MARQUESA GONÇALVES, do Conselho de El-REI DOM MANUEL I e Corregedor deLISBOA, que por escritura adquiriu a "AIRES DA SILVA"e a sua mulher GUIOMAR DE CASTRO as casas que vieram a ser o "PÁTIO DEDOM FRADIQUE" (de cima). Ampliou a propriedade com mais alguns terrenos, e constituída em Cabeça do "MORGADO DO CASTELO"pelo TESTAMENTO de 03.09.1520, que incluía, além desses e de outros bens, uma CAPELA DE SÃO SEBASTIÃO na IGREJA DE SÃO TOMÉ, onde se fez sepultar.

Sucedeu-lhe no MORGADO DO CASTELO o seu neto"JORGE DE FIGUEIREDO". E foram os descendentes deste, RUI DE FIGUEIREDO que terão transformado as referidas casas em residência senhorial, não se sabendo hoje em que campanha ou campanhas de obras, de incorporarem nela troços da MURALHA DA ALCÁÇOVA e da CERCA VELHA, uma porta desta (chamada de "DOM FRADIQUE"). 
Tudo indica, porém que essa incorporação ocorreu de obras realizadas nos séculos XVII e XVIII.  O filho de "RUI DE FIGUEIREDO", "PEDRO DE FIGUEIREDO", comprou em 23.02.1684 ao "CONDE DE ATALAIA", DOM LUÍS MANUEL DE TÁVORA (4.º NETO de "DOM FRADIQUE MANUEL"), cavalarias, cocheiras, moradas de casas, palheiro, poço e uma grande horta na que já era ou ficou sendo o "PÁTIO DE DOM FRADIQUE" (de baixo).
Por partilhas feitas em 1727, todo o referido PÁTIO ficou vinculado a "RODRIGO ANTÓNIO DE FIGUEIREDO", titular do MORGADOà data do terramoto de 1755, que causou ao Palácio«"uma ruína tal, que o deixou inabitável"». 
Foi, porém reparado e arrendado com a parte que ficou ilesa. Por morte de "RODRIGO ANTÓNIO DE FIGUEIREDO", também senhor do"MORGADO DA OTA", sem descendentes directos, todos os seus bens passaram para sua irmã, "D. MADALENALUÍSA DE LENCASTRE", casada com "DOM VASCO DA CÂMARA", e foi com um neto deste, "DOM VASCO MANUEL FIGUEIREDO CABRAL DA CÂMARA", 1º. CONDE DE BELMONTE (em 13.05.1805) que o complexo edifício do "PÁTIO DE DOM FRADIQUE" passou a ser conhecido por "PALÁCIO BELMONTE", permanecendo nesta família até meados do século XX.

Ao longo do século XIX, funcionou nas instalações um COLÉGIO e um HOSPITAL (provisoriamente), quando em LISBOA grassou um surto epidérmico de febre amarela e, posteriormente, abrigou o COMISSARIADO DA POLÍCIA.

O Terramoto causou grandes estragos ao PALÁCIO como já se disse; no entanto, o seu maior interesse HISTÓRICO-ARQUEOLÓGICO, prende-se com o facto de nele estarem integrados,  com nitidez, elementos de muros da ALCÁÇOVA  das TORRES e MURALHA DA CERCA MOURA. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ V ]-O PALÁCIO DOS CONDES DE BELMONTE ( 2 )».

PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ V ]

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«PALÁCIO DOS CONDES DE BELMONTE ( 2 )»
 Pátio de Dom Fradique - (1949-05) - Foto de Eduardo Portugal - (Fachada principal do "PALÁCIO DE BELMONTE" no "PÁTIO DE DOM FRADIQUE") (ABRE EM TAMANHOGRANDE) in AML
 Pátio de Dom Fradique - (2007) - Foto de Silvia Leite - (Palácio Belmonte e Pátio de Dom Fradique, vista parcial do "Pátio de Baixo)  in DGPC-PATRIMÓNIO CULTURAL
 Pátio de Dom Fradique - (2010) Fotos de Joe Condron e Jacob Termasen - (Sala do "PALÁCIO BELMONTE" já restaurada com painéis de azulejos azul e branco)  in ARQUITECTURA HOLIDAYS
 Pátio de Dom Fradique - ( 2013) Foto de autor não identificado - (Interior do Palácio Belmonte, no Pátio de Dom Fradique) in PALÁCIO BELMONTE
Pátio de Dom Fradique - (2014) Foto de autor não identificado - (O espaço do "PÁTIO DE DOM FRADIQUE) (Pátio de baixo) ainda muito criticado nesta altura)  in  CIDADANIA LX

(CONTINUAÇÃO) - PÁTIO DE DOM FRADIQUE  [ V ]

«PALÁCIO DOS CONDES DE BELMONTE ( 2 )»

O «PALÁCIO» foi ainda habitado pelas suas proprietárias "D. MARIA DE SALES DA CÂMARA BERQUÓ",  D. ANA DA CÂMARA BERQUÓ D'ALPPOIM"e"D. JERÓNIMA DA CÂMARA BERQUÓ", todas falecidas. Ainda pertencia a "DOM VASCO CABRAL DA CÂMARA"residente na"OTA", encontrando-se nessa altura, o Palácio devoluto e algo degradado.

A habitação quinhentista era constituída por duas TORRES rectangulares e uma pentagonal, construída sobre um troço da MURALHA ROMANA e um rochedo com aproximadamente quarenta metros de altura na "CERCA MOURA DE LISBOA".
Sofreu uma grande intervenção em 1640, quando foi construído o Terraço a Este, deitando sobre a CIDADE e o TEJO, e reformuladas cinco fachadas, ao gosto da época. No século XVIII, depois dos extensos estragos pelo terramoto foram acrescentadas algumas dependências e renovados interiores, nomeadamente com um vastíssimo acervo  de azulejos assinados pelo artista VALENTIM DE ALMEIDA e MANUEL SANTOS.
O acesso ao PALÁCIO faz-se por portal nobre setecentista. Na fachada principal conservam-se ainda as armas dos «FIGUEIREDOS», que se repetem no andar térreo do terraço. No interior destacam-se os tectos ornamentados, as salas temáticas, e os já referidos painéis de azulejos, com muitos painéis historiados. A conservação aproveitou as antigas estruturas do PALÁCIO, bem como as madeiras e ferros da época e muitos elementos decorativos. O conjunto situado na zona de protecção da CERCA DO CASTELO e integrando ainda parte da sua estrutura, foi recentemente remodelada, convertendo-se em unidade hoteleira. 
Integra ainda o "PÁTIO DE DOM FRADIQUE" (de cima), e o "ARCO DE DOMFRADIQUE", que liga os bairros de ALFAMA e do CASTELO e atravessa o edifício, em serventia pública de passagem.

Mas tudo isto cheira a História: por exemplo, a CERCA VELHA (também chamada de CERCA MOURA) passava por aqui e tem um pedaço de muralha encravada no edifício. Este, deitado a um certo abandono durante anos, foi transformado em Hotel dito de "charme", dispondo, além do mais, de uma soberba vista sobre LISBOA VELHA. Depois, é ver as janelas, as chaminés e o panorama. Diga-se ainda, em jeito de nota de roda pé, que no edifício do PALÁCIO esteve instalado provisoriamente por volta de 1818, um COLÉGIO pertencente a um cidadão provavelmente francês, de nome LUÍS MAIGRE RESTIER.  Começou este estabelecimento de ensino a funcionar em XABREGAS, passando depois para as PORTAS DA CRUZ e seguidamente para um PALACETE nas PORTAS DO SOL
 [ FINAL]

BIBLIOGRAFIA

- ARAÚJO, Norberto de -LENDAS DE LISBOA - 1.ª Ed. - 1943 - LISBOA.
- ARAÚJO, Norberto de -PEREGRINAÇÕES DE LISBOA-VEGA- 1992 - LISBOA.
- CASTILHO, Júlio de - LISBOA ANTIGA-BAIRROS ORIENTAIS 2.ª Ed. VOL. I -CML-1939 - LISBOA.
- DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA - Direcção de Francisco Santana e Eduardo Sucena - 1994 - LISBOA.
- NOBREZA DE PORTUGAL E DO BRASIL - Ed. ENCICLOPÉDIA - Dir. Dr. AFONSO Ed. MARTINS ROQUETE - 1960 - LISBOA.
- SILVA, A. Vieira da - A CERCA MOURA DE LISBOA - 3.ª Ed. CML- 1987 - LISBOA.

(PRÓXIMO)«LARGO DE ANDALUZ [ I ] - O LARGO DE ANDALUZ ( 1 )». 

LARGO DE ANDALUZ [ I ]

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«O LARGO DE ANDALUZ ( 1 )»
 Largo de Andaluz - (2014) - (O "LARGO DE ANDALUZ" ao fundo o "Viaduto que suporta a "AVENIDA FONTES PEREIRA DE MELO" e o ARCO que liga este LARGO à "RUA DE SÃO SEBASTIÃO DA PEDREIRA")  in    GOOGLE EARTH
 Largo de Andaluz - (2014) - (Panorâmica de parte da freguesia de "SANTO ANTÓNIO", onde se insere o "LARGO DE ANDALUZ")  in  GOOGLE EARTH 
 Largo de Andaluz - (2014) - (Foto derivada da Panorâmica com mais aproximação ao local onde podemos observar o "LARGO DE ANDALUZ" e seu envolvente)  in  GOOGLE EARTH
 Largo de Andaluz - (1939) Foto de Eduardo Portugal - (O "CHAFARIZ DE ANDALUZ" no LARGO com o mesmo nome, embora nessa época um pouco mal tratado) (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in  AML 
Largo de Andaluz - (1374) (a. C. 1336) - (Barca de "SÃO VICENTE" com os CORVOS um à proa e outro à popa. Armas da Cidade de LISBOA. À direita uma inscrição com a indicação da Era de 1374 (a. C. 1336). Moldagem em gesso de baixo-relevo no "CHAFARIZ DE ANDALUZ")  in   LISBOA- REVISTA MUNICIPAL Nº. 7-1984-PÁG. 61.

(INÍCIO) -LARGO DE ANDALUZ [ I ]

«O LARGO DE ANDALUZ ( 1 )»

Este «SÍTIO de ANDALUZ» é efectivamente muito antigo, em verdade podíamos atribuir-lhe o "avô" de toda esta área, e a sua extensão oral foi muito vasta. Hoje está reduzido a um pequeno "LARGO" coabitando ainda com outro, o "LARGO DAS PALMEIRAS".


O "LARGO DE ANDALUZ"fica entre as RUAS: "SANTA MARTA", "ACTOR TASSO", "SÃO SEBASTIÃO DA PEDREIRA"e do"LARGO DAS PALMEIRAS".
O "LARGO DE ANDALUZ" pertencia em (1608) à freguesia de "SÃO SEBASTIÃO DAPEDREIRA", em (1770) passou a pertencer à freguesia do"CORAÇÃO DE JESUS" e actualmente com a REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA EM 2012, passou a designar-se freguesia de "SANTO ANTÓNIO".
A existência deste «LARGO» perde-se no tempo. Não tendo sido emitido EDITAL, o que neste caso quer dizer tratar-se de um TOPÓNIMO anterior a 1859, altura em que começaram a existir EDITAIS da responsabilidade do GOVERNO CIVIL.
Fomos encontrar na ACTA Nº. 2 de 14 de Dezembro de 1943, da COMISSÃO MUNICIPAL DE TOPONÍMIA DE LISBOA, o nome deste "LARGO" que, conjuntamente com outras artérias, foi apreciado e aprovado, ficando assim devidamente oficializado o "LARGO DE ANDALUZ"

O envolvente deste "LARGO" prende-se com o antigo "CHAFARIZ DE ANDALUZ" ou "BICA" e algumas etapas da sua conservação, o "VIADUTO DE ANDALUZ" e alguns edifícios circundantes.

O "CHAFARIZ DE ANDALUZ"é um dos mais antigos de LISBOA, cuja origem remonta ao século XIV (1336). Encontra-se situado no "LARGO DE ANDALUZ", inicialmente abastecido por uma fonte localizada na serventia de um prédio da "RUA DE SÃO SEBASTIÃO DA PEDREIRA".
Este velho "CHAFARIZ DE ANDALUZ" foi mandado construir pelo REI DOM AFONSO IV (1291-1357), com desenho muito simplificado e de planta rectangular, caracteriza-se pela quase ausência de decoração, a não ser pelo seu espaldar que exibe uma lápide com inscrição ladeada pela BARCA, símbolo de LISBOA, encimada pelo ESCUDO PORTUGUÊS.

O CHAFARIZ foi construído em cantaria de calcário lioz e alvenaria, rebocada e pintada de cor, composto por espaldar comprido, assente em embasamento saliente, rematado por fríso e cornija, tendo no lado direito, uma BICA boleada, chapeada a ferro e com torneira; ao centro surge o ESCUDO PORTUGUÊS, as ARMAS DA CIDADE e uma inscrição: "NA ERA DE 1374, O CONCELHO DE LISBOA MANDOU FAZER ESTA FONTE A SERVIÇO DE DEUS E DO NOSSO SENHOR REI DOM AFONSO POR GIL ESTEVES, TESOUREIRO DA DITA CIDADE E AFONSO SOARES ESCRIVÃO, A DEUS GRAÇAS". A toda a largura do espaldar está adossado um tanque baixo  de bordos boleados.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DE ANDALUZ [ II ] O LARGO DE ANDALUZ ( 2 )». 

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