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Channel: RUAS DE LISBOA COM ALGUMA HISTÓRIA
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O 25 de ABRIL de 2016

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FELICITAÇÃO

É IMPORTANTE QUE NÃO DEIXEMOS MURCHAR O CRAVO QUE ABRIL FLORIU!

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RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES [ VI ]

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«A RUA LAURA ALVES ( 4 )»
 Rua Laura Alves - (2015) - (Uma vista da "RUA LAURA ALVES" captada da "AVENIDA CINCO DE OUTUBRO" que representa o início da artéria)  in GOOGLE EARTH
 Rua Laura Alves - (2015) - (A "RUA LAURA ALVES" perto da Rotunda que dá acesso a "RUA IVONE SILVA")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Laura Alves - (1947) - (Cartaz do filme "O LEÃO DA ESTRELA" de Artur Duarte, no elenco - ANTÓNIO SILVA, MILÚ, LAURA ALVES, ARTUR AGOSTINHO, MARIA OLGUIM, CREMILDE DE OLIVEIRA, OSCAR ACÚRCIO e ERICO BRAGA)  in  RESTOS DE COLECÇÃO
 Rua Laura Alves - (1942) - (Cartaz do filme "O PÁTIO DAS CANTIGAS" com MARIA DAS NEVES, VASCO SANTANA, ANTÓNIO SILVA, RIBEIRINHO, "LAURA ALVES", BARROSO LOPES e CARLOS ALVES - Música de Frederico de Freitas - Argumentos, diálogos e produção de ANTÓNIO LOPES RIBEIRO, realização de FRANCISCO RIBEIRO(RIBEIRINHO). Estreou-se no cinema EDEN em 23 de Janeiro de 1942)  in RESTOS DE COLECÇÃO
Rua Laura Alves - (1960) - Foto de Arnaldo Madureira - ("O CINEMA REX" que mais tarde seria o "TEATRO LAURA ALVES" na "RUA DA PALMA) ( Abre em tamanho grande)  in  AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES [ VI ]

«A RUA LAURA ALVES ( 4 )»

Falando ainda de "FILMOGRAFIA", "LAURA ALVES" com dezanove anos de idade pela mão de "ANTÓNIO LOPES RIBEIRO, terá sido levada para o cinema, ainda mal se sabia dos seus méritos de actriz (mas FRANCISCO RIBEIRO - irmão de ANTÓNIO LOPES RIBEIRO - conhecia-a do "TEATRO DO POVO" dirigi-a, em 1940, no espectáculo "PORTUGAL", na "EXPOSIÇÃO DO MUNDO PORTUGUÊS"). 
A filha estúpida de ANTÓNIO SILVA no"O PÁTIO DAS CANTIGAS", essa menina CELESTE com particularidades gramaticais no modo de falar, ficaria como um dos seus memoráveis desempenhos, a par com a criada que namora o motorista (ARTURAGOSTINHO) em "O LEÃO DA ESTRELA", azougada e refilona. Ainda teve um papel meritório em "SONHAR É FÁCIL", onde acabava por casar com "VASCO MORGADO" tal como fizera na vida real em 1948. Mas os outros filmes desses anos 50 foram tão maus que nem lembrá-los vale a pena, mesmo que a culpa não se possa atribuir à actriz.

Foi casada com "VASCO MORGADO" um excelente Empresário Teatral, que faleceu em 19 de Maio de 1978. Deste casamento teve um único filho, VASCO MANUEL ALVESVEIGA MORGADO. "LAURA ALVES" acabou por ter um segundo casamento a 18 de Julho de 1979 com o Maestro "FREDERICO VALÉRIO".

Retirou-se dos palcos em 1982, "LAURA ALVES" foi, acima de tudo uma grande senhora do TEATRO. E como uma grande actriz, foi também figura marcante no cinema. Embora fosse no TEATRO que mais se tenha destacado e mais anos trabalhou.

Ao longo da sua carreira terá eventualmente interpretado cerca de quatrocentos espectáculos. Mas, sem incluir que antes da sua profissionalização, já aos três anos recitava, aos cinco representava na "ASSOCIAÇÃO RECREATIVA TRIÂNGULO VERMELHO" na"RUA DE SÃO BENTO" da qual o sei pai era associado. Aos seis representava como amadora no "GRUPO DRAMÁTICO LISBONENSE".

Em 1986 foi homenageada com o filme "LAURA ALVES, EVOCAÇÃO DE UMA ACTRIZ", e também com a criação do "TEATRO LAURA ALVES"na"RUA DA PALMA", 253, onde a actriz "IVONE SILVA" actuou pela última vez.
Em 2001 foi homenageada no "TEATRO POLITEAMA".
Está sepultada no CEMITÉRIO DOS PRAZERES, não longe do jazigo do grande actor "ANTÓNIO SILVA", com quem partilhou em alguns filmes e nomeadamente em "O LEÃO DA ESTRELA".

A 26 de Maio de 2012 o "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" noticiava que um incêndio destruiu o interior do edifício do antigo "TEATRO LAURA ALVES". Hoje, depois de ter sido reconstruído, está transformado numa pensão.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES[ VII ]-A RUA IVONE SILVA ( 1 )».

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES [ VII ]

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«A RUA IVONE SILVA ( 1 )»
 Rua Ivone Silva - (2015) - (Saída da "RUA IVONE SILVA" junto da Rotunda que dá para a "RUA LAURA ALVES")  in GOOGLE EARTH
 Rua Ivone Silva - ( 2015 ) - (Panorâmica da freguesia das "AVENIDAS NOVAS" onde se insere a "RUA IVONE SILVA")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Ivone Silva - ( 2015 ) - ( A "RUA IVONE SILVA" na direcção do "Apeadeiro da Cinco de Outubro")  in GOOGLE EARTH
 Rua Ivone Silva - ( 1981 ) - ("IVONE SILVA & CAMILO DE OLIVEIRA" na rábula "AÍ AGOSTINHO, AÍ AGOSTINHA", apresentada na RTP no programa "SÁBADABADÚ" de César de Oliveira) in YOUTUBE
Rua Ivone Silva - ( Anos 60 do século XX) - (Entrada principal do "PARQUE MAYER" encimado pelo Cartaz a anunciar "IVONE SILVA" na "REVISTA À PORTUGUESA")   in PALCO UM 

(CONTINUAÇÃO)-RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES [ VII ]

«A RUA IVONE SILVA ( 1 )»

A «RUA IVONE SILVA» pertencia à antiga freguesia de "NOSSA SENHORA DE FÁTIMA", pela "REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012", passou a pertencer à freguesia das «AVENIDAS NOVAS».  Tem início na "RUA LAURA ALVES"(antiga "TRAVESSA MARQUÊS DE SÁ DA BANDEIRA") e finaliza na "AVENIDA CINCO DEOUTUBRO".
Após o seu falecimento a edilidade numa reunião de 23.11.1987, deliberou que o nome desta actriz denominasse UMA RUA DE  LISBOA. Tendo acontecido em conformidade com o EDITAL Nº. 22/1988, de 29.02.1988, colocando-o na "RUA - A" e IMPASSE "A", arruamento que liga a "AVENIDA CINCO DE OUTUBRO"à "RUA LAURA ALVES".
A "RUA IVONE SILVA" fica no "CAMPO PEQUENO" junto à parte Nordeste do "HOSPITAL CURRY CABRAL" e a Norte do CAMINHO-DE-FERRO (LINHA DE CINTURADE LISBOA), perto do apeadeiro da "CINCO DE OUTUBRO". Está rodeado no seu lado direito por grandes e altos edifícios, podemos destacar o "HOTEL EXECUTIVE ZURIQUE", as instalações do "TURISMO DE PORTUGAL I.P.", o"CMVM-COMISSÃO DO MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS"e o"GRANDE LISBON-HOTEL" no antigo edifício que a "RTP - RÁDIO E TELEVISÃO DE PORTUGAL" veio inaugurar na "AVENIDACINCO DE OUTUBRO" no ano de  1976, deixando-as  em 2004, para as novas instalações da RTP em "CABO RUIVO".

«MARIA IVONE DA SILVA NUNES» nasceu em "PAIO MENDES" numa aldeia perto de "FERREIRA DO ZEZERE" em 24 de Abril de 1935, veio a falecer em LISBOA no IPO em 20 de Novembro de 1987, vítima de doença oncológica.
Conhecida pelo nome artístico de "IVONE SILVA" foi uma das grandes artistas do Teatro português de REVISTA, torna-se notória pelo seu trabalho humorístico espectacular na TELEVISÃO.
"IVONE SILVA" originária de uma família de gente humilde de "PAIO MENDES". Filha de "JOSÉ ANTÓNIO DA SILVA" e de "ERMELINDA ROSA NUNES DIAS". Seu pai chegou a participar como actor em alguns filmes do cinema mudo, morrendo cedo, deixando treze filhos ainda menores.
"IVONE" foi aprendiza de costureira e empregada de Comércio antes de emigrar para PARIS aos dezasseis anos.
Depois de alguns anos por terra de "FRANÇA", regressou aos 26 anos para experimentar a sua sorte nos teatros do "PARQUE MAYER", em LISBOA, na companhia de uma das irmãs. O empresário JOSÉ MIGUEL, que começara a gerir o TEATRO ABC, gostou das jovens e contratou ambas.  Uma, a mais elegante e bonita, ficou a fazer "chefes de quadro" (actrizes que dão "deixas" aos compères) e a outra meteram-se no meio das coristas a "darà perna": a primeira (LINDA SILVA, falecida na "CASA DO ARTISTA" em 01.10.2011 com 69 anos), nunca atingiu o estrelato e a segunda foi uma das maiores de sempre dos palcos da revista, "IVONE SILVA".
Estreou-se no ABC em 1963 na revista "VAMOS À FESTA", toda a gente achava imensa graça à jovem IVONE, porque, ao contrário de todas as outras coristas, ela não perdia tempo nos camarins.  Sempre que podia, lá estava ela nos bastidores a ver os actores representar.  E como tinha uma memória prodigiosa, em pouco tempo sabia as "falas" de todas elas.  E que bem ela interpretava na brincadeira, fora de cena, todos aqueles papeis, da actriz mais modesta à cabeça de cartaz. Este jeito de ser, valeu-lhe alguns pequenos papeis na revista seguinte "GENTE NOVA EM BIQUINI" (1963), considerado o seu trabalho a revelação desse ano.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES[ VIII ]-A RUA IVONE SILVA ( 2 )».

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES [ VIII ]

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«A RUA IVONE SILVA ( 2 )»
 Rua Ivone Silva - (2015) - (Entrada na parte NORTE da "RUA IVONE SILVA" junto da "AVENIDA CINCO DE OUTUBRO" )  in  GOOGLE EARTH
 Rua Ivone Silva - (2015) - (Panorâmica mais aproximada da "RUA IVONE SILVA" na freguesia das "AVENIDAS NOVAS")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Ivone Silva - ( 1987 ) - (Cartaz anunciando a revista à Portuguesa "CÁ ESTÃO ELES!" no TEATRO LAURA ALVES, com IVONE SILVA e CAMILO DE OLIVEIRA) in BANCADA DIRECTA
 Rua Ivone Silva - (1975) - ( Foto de IVONE SILVA, cena da Rábula "A VIRA VESTIDOS" da Revista "P'RA TRÁS MIJA A BURRA", no Teatro ABC [Fonte: MATRIZNET]  inFACEBOOK IVONE SILVA
 Rua Ivone Silva - (1975) - (Uma apresentação da RTP da Rábula "OLIVIA PATROA/OLIVIA EMPREGADA" da Revista "P'RA TRÁS MIJA A BURRA", estreado no Teatro ABC no PARQUE MAYER)  in YOUTUBE
Rua Ivone Silva - (Início dos anos sessenta do século vinte) (IVONE SILVA" numa Revista do TEATRO ABC no PARQUE MAYER)  in  LISBOA NO GUINESS


(CONTINUAÇÃO)-RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES [ VIII ]

«A RUA IVONE SILVA ( 2 )»

Meses depois, durante uma digressão a ÁFRICA com aquele espectáculo, a "ESTRELA DA COMPANHIA" teve um pequeno diferendo com o Empresário e abandona o elenco. Como consequência, "IVONE SILVA" foi chamada a substituir aquela actriz e no regresso a PORTUGAL estreia uma nova Revista já como "CABEÇA DE CARTAZ".
Muitos boatos circularam a propósito destes acontecimentos que resultaram na ascensão  de IVONE SILVA ao topo do elenco da COMPANHIA DO TEATRO ABC, mas a verdade é que a ex-corista soube merecer a confiança nela depositada pelo Empresário "JOSÉ MIGUEL".
Em "CHAPÉU ALTO"(1963) assim se chamava a Revista, foi um magnifico sucesso muita graça ao talento daquela actriz de "sorriso aberto e olhos saltitantes" que percorre o palco de uma ponta a outra, vestindo as mais diversas personagens, com grande sentido de humor e malícia; "rindo, barafustando, gesticulando e falando com uma rapidez incrível". Características que foram invocadas pelo júri do prémio "ESTÊVÃO AMARANTE" para lhe atribuir o galardão da melhor actriz do TEATRO LIGEIRO.
Estavam desfeitas todas as dúvidas sobre as capacidades da actriz e esmagadas as maledicências que se escondiam por detrás dos boatos que tinham origem nas andanças por ÁFRICA.
Depois desta última revista, IVONE SILVA tentou entrar para o CONSERVATÓRIO, na esperança de saciar a sua sede de aprender sobre TEATRO. Injustamente, a sua candidatura foi recusada, devido a trabalhar em REVISTA.
Mas IVONE SILVA não baixou os braços e os êxitos sucederam-se em catapulta. ora no TEATRO ABC, ora no TEATRO MARIA VITÓRIA.

Depois do "CHAPÉU ALTO"entrava em"LÁBIOS PINTADOS"(1964) no ABC, "É REGAR E POR AO LUAR, (1964) também no ABC (onde se estreia MARIEMA). E depois uma revista exclusivamente feminina "AI VENHAM VÊ-LAS", (1964) no ABC onde estava também "HERMÍNIA SILVA. Seguidamente veio"ZONA AZUL", (1965) no ABC, onde entrou sua irmã LINDA SILVA e contracenou pela primeira vez com o actor ANTÓNIO SILVA.
Seguem-se as revistas "DÁ-LHE AGORA", (1965) no PAVILHÃO PORTUGUÊS, "MINI-SAIAS", (1966), no ABC, onde ganhou o prémio da IMPRENSA e do SNI, e se destacaram as Rábulas "OS PEQUENOS CANTORES DE VIANA". Revista "TUDO À MOSTRA", (1966) no ABC, "MULHERES À VELA" (1967) no ABC e"SETE COLINAS" (1967) também no ABC.
"IVONE SILVA" continuou no PARQUE MAYER, indo para o TEATRO VARIEDADES na Revista "POIS, POIS" (1967), onde trabalhou com RAÚL SOLNADO, "ELAS É QUE SABEM" (1969) no ABC, "ENA! JÁ FALA" (1969) no ABC, ainda a revista"ALTO LÁ COM O CHARUTO" (1970 no ABC, e"PEGA DE CARAS" (1970) no ABC.
Vai então para o MARIA VITÓRIA onde entra nas seguintes revistas: "O ZÉ APERTA O CINTO" (1971), "CÁ VAMOS PAGANDO E RINDO" (1972), "PRONTO A DESPIR" (1972) e"VER, OUVIR E CALAR" (1973) todas  representadas no teatro MARIA VITÓRIA. Está de volta ao TEATRO ABC, vem então a revista "UMA NO CRAVO, OUTRA NA DITADURA" (1974) e"P'RA TRÁS MIJA A BURRA" (1975) ABC.

O FADO LEMBRA"IVONE SILVA" - LETRISTA "CARLOS ESCOBAR"

Foi empregada e patroa
Foi p'rós copos com o CAMILO
Vocês lembram-se daquilo
Vestia um vestido preto
E eu acho que comprometo
O Fado o povo e os artistas
Ao recordar as revistas
Em que a revista foi sua
Em que a arte foi ciclone
A graça foi mais brejeira
À maneira da maneira
Da nossa querida IVONE.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES[ IX ] A RUA IVONE SILVA( 3 )».

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES [ IX ]

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«A RUA IVONE SILVA ( 3 )»
 Rua Ivone Silva - (2015) - (A "RUA IVONE SILVA" na actual freguesia das "AVENIDAS NOVAS", com os seus magníficos edifícios)  in GOOGLE EARTH
 Rua Ivone Silva - ( 2015 ) - (A "RUA IVONE SILVA" no lado esquerdo o muro do "HOSPITAL CURRY CABRAL", com entrada por esta RUA no Nº. 18A)  in GOOGLE EARTH
 Rua Ivone Silva - ( 2015) - ( Um troço da "RUA IVONE SILVA", no lado direito o edifício do "CMVM-COMISSÃO DO MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS")  in GOOGLE EARTH  
 Rua Ivone Silva - (1987) - (Cartaz de apresentação da revista "CÁ ESTÃO ELES!", apresentada no Teatro Laura Alves, com Ivone Silva e Camilo de Oliveira)  in FOTOLOG - CAMILO - ACTOR
 Rua Ivone Silva - (Anos setenta do século vinte) - ("IVONE SILVA" na porta da entrada de artista do "TEATRO MARIA VITÓRIA") in HISTÓRIAS COM HISTÓRIA
Rua Ivone Silva - (1975) - ("IVONE SILVA" na revista "P'RA TRÁS MIJA A BURRA", no final do 2.º acto, com Paulo Renato e Vera Mónica, no TEATRO ABC) in FACEBOOK - IVONE SILVA

(CONTINUAÇÃO)-RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES [ IX ]

«A RUA IVONE SILVA ( 3 )»

São inesquecíveis as representações     de     «IVONE SILVA» nomeadamente a  afectada "SENHORA DE BEM-FAZER"  da  Revista  "LÁBIOS PINTADOS",  (1964),  a rábula burguesa dona de casa de "DIÁRIO DE UMA LOUCA" da Revista "SETE COLINAS", (1967), a rábula da chique sociedade de recente data "MADAME SALRETA" da Revista "O BOMBO DA FESTA", (1976) no Maria Vitória, ou a inquieta "OLIVA, OLIVA" empregada e Patroa, na Revista "P´RA TRÁS MIJA A BURRA" (1975) no Teatro ABC.

MAS O SEU RECONHECIMENTO POPULAR DEVE-SE MUITO À TELEVISÃO.

Programas como "A FEIRA" (1978), "IVONE  A FAZ-TUDO" (1979) realizado por JOSÉ FONSECA E COSTA, "PONTO E VIRGULA" (1984) e, sobretudo, "SABADABADU" (1981) da autoria de "CÉSAR DE OLIVEIRA" e de MELO PEREIRA. "CÉSAR DE OLIVEIRA"foi o autor que melhor soube explorar o talento de "IVONE SILVA", onde a actriz atinge o auge da sua popularidade aos inesquecíveis duetos cómicos que protagonizou com o actor "CAMILO DE OLIVEIRA" ( "AI AGOSTINHO, AI AGOSTINHA").
Com a Revolução de ABRIL de 1974, "IVONE SILVA" assume publicamente as suas opções políticas, confirmando a sua filiação no PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS, e manifesta-se desaproveitada no teatro de revista.
Experimenta outros géneros teatrais, abordando o teatro absurdo, textos políticos e existencialistas, no TEATRO DA GRAÇA ( "FELIZ NATAL, AVOZINHA" (1979) e "ANDORRA"de MAX FRICH) e no TEATRO EXPERIMENTAL DE CASCAIS (ORAÇÃO" de FERNANDO ARRABAL). Mas a Revista era, de facto, o seu Mundo.
O regresso era inevitável. "IVONE SILVA" volta ao PARQUE MAYER para fazer no TEATRO MARIA VITÓRIA, as revistas: "SEM REI NEM ROCK" (1982), "NÃO BATAMMAIS NO ZÉZINHO" e"NÃO HÁ NADA PARA NINGUÉM" (1981) , arrebatando com este último o Prémio da Crítica para melhor actriz.

«IVONE SILVA» não se dedicou exclusivamente ao palco, esteve também na "SÉTIMA ARTE", com o filme "ESTRADA DA VIDA" (1968)-(Comédia) no elenco ALINA VAZ e ARTUR SEMEDO, a "nossa""IVONE SILVA" protagonizava a personagem de  "OLGA" e "O DESTINO MARCA A HORA" (1970)-(Drama-Romance) com argumento de Paulo da Fonseca, César de Oliveira e Rogério Bracinha, no elenco TONY DE MATOS com "IVONE SILVA" a protagonizar  o papel de "RITA", ambos realizados por Henrique Campos. 


A última revista de "IVONE SILVA" acabaria no entanto por ser no extinto TEATRO LAURA ALVES na RUA DA PALMA em LISBOA, numa Sociedade Artística com o actor CAMILO DE OLIVEIRA, com a Revista "CÁ ESTÃO ELES!" (1987). Dois meses após a estreia do espectáculo a actriz abandona o elenco e é internada de urgência no IPO de LISBOA. A doença foi traiçoeira e implacável, levando-a cedo demais uma actriz popular de fibra que ainda não tivera oportunidade nem tempo de fazer tudo aquilo que o seu talento prometia. Para se entender melhor esta opinião, basta revisitá-la através dos vários programas de humor que gravou para a RTP ou do filme "A MALUQUINHA DE ARROIOS" (1970) Comédia com ALINA VAZ, ARTUR SEMEDO, CARLOS COELHO, EUGÉNIO SALVADOR, HELENA ISABEL e IVONE SILVA, uma realização de HENRIQUE CAMPOS.

"IVONE SILVA" era uma força da natureza, deixou-nos há pouco mais de vinte e nove anos (1987) mais pobres, mais tristes, mais sós! [Fonte: Salvador Santos - PORTO em 26.02.2012]. 


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES[ X ]-A RUA IVONE SILVA ( 4 )».

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES [ X ]

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«A RUA IVONE SILVA ( 4 )
 Rua Ivone Silva - (2015) - ( A "RUA IVONE SILVA" ao fundo o muro e as instalações do "HOSPITAL CURRY CABRAL") in GOOGLE EARTH
 Rua Ivone Silva - (2015) - (A "RUA IVONE SILVA" junto do muro dos Caminhos-de-ferro da "linha de Cintura de Lisboa" e a entrada na artéria pela "AVENIDA CINCO DE OUTUBRO")  in GOOGLE EARTH
 Rua Ivone Silva - (2015) - (A "RUA IVONE SILVA" e a frente do "HOTEL EXECUTIVE ZURIQUE)  in  GOOGLE EARTH
 Rua Ivone Silva ( 1967) Foto MATRIZ NET - Colecção do Museu Nacional do Teatro - (Apoteose da revista "SETE COLINAS", "IVONE SILVA" acompanhada de HELENA TAVARES e ARTUR GARCIA, agradecendo os aplausos no Teatro ABC)  in  FACEBOOK-IVONE SILVA
 Rua Ivone Silva - (1981) - ("IVONE SILVA" envolta em plumas, na Revista "NÃO HÁ NADA P'RA NINGUÉM" representada no TEATRO MARIA VITÓRIA -  Quadro do "MÁXIME", podemos ainda ver sentado ao centro JOEL BRANCO e à esquerda de chapéu rosa NATALINA JOSÉ)   in  FACEBOOK-IVONE SILVA
Rua Ivone Silva - (Finais dos anos oitenta do século XX) - (Placa Toponímica TIPO II - Placa de pedra com letras pretas fixada na fachada da "RUA IVONE SILVA" na freguesia das "AVENIDAS NOVAS")  in  TOPONÍMIA DE LISBOA

(CONTINUAÇÃO)-RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES [ X ]

«A RUA IVONE SILVA ( 4 )»

Na fase alta da sua carreira, "IVONE SILVA" torna-se empresária de TEATRO, criando uma Sociedade Artística que continua a trazer sucessos ao TEATRO ABC.  Deste período , são de destacar as rábulas de grande sucesso "A GUERRA SANTA" a rábula "A VIRA VESTIDOS" da Revista "P´RA TRÁS MIJA A BURRA"de (1975), de onde sai a célebre frase "COM UM SIMPLES VESTIDO PRETO, EU NUNCA ME COMPROMETO" e por fim, um dos maiores êxitos de sempre a rábula "OLIVA, OLIVA", onde se dividia entre OLIVA PATROA e OLIVA COSTUREIRA.

Segue-se então a Revista "O BOMBO DA FESTA" (1976) no TEATRO MARIA VITÓRIA; "Ó DA GUARDA" (1977) no ABC, onde após umas semanas "IVONE SILVA" teve de abandonar o elenco, sendo substituída por ANABELA. "ALDEIA DA ROUPA SUJA" (1979) no VARIEDADES esta Revista contou no elenco com CAMILO DE OLIVEIRA e NICOLAU BREYNER, no entanto, não sendo um grande sucesso, ficou pouco tempo em cena. "IVONE SILVA" já restabelecida, entra então na Revista "OH Ó PATEGO, OLH´ÓBALÃO" (1979) no TEATRO MARIA MATOS, onde substitui RITA RIBEIRO, e entra depois na Revista "NÃO HÁ NADA PARA NINGUÉM" (1981) no MARIA VITÓRIA, "SEM REI NEM ROCK" (1982), no MARIA VITÓRIA. Segue-se uma comédia musical "EUDESÇO NA PRÓXIMA E VOCÊ" considerado o maior fracasso da sua carreira.

A seguir vem um grande sucesso de Revista, de nome "NÃO BATAM MAIS NO ZÉZINHO" que contou com nomes como "EUGÉNIO SALVADOR", "HENRIQUE SANTANA" e "MARINA MOTA".Este sucesso esteve em cena durante 14 meses, com 13 sessões semanais. "IVONE SILVA" entra na Revista "ISTO É MARIA VITÓRIA" (1986), no TEATRO MARIA MATOS, onde se estreia também a encenar, recebendo enormes ovações no número "UM DRAMA NO TEATRO DA ALEGRIA",  em homenagem ao MARIA VITÓRIA. É nesta Revista que "IVONE SILVA" nota os primeiros sintomas da sua doença, retirando-se para posteriormente produzir ao lado de CAMILO DE OLIVEIRA uma nova Revista no TEATRO LAURA ALVES, a primeira revista do ano a estrear: "CÁ ESTÃOELES!" (1987)Teatro LAURA ALVES.
Aqui "IVONE SILVA" passou grandes dificuldades em termos de saúde, provando simultaneamente a enorme força do seu amor ao teatro, pois chegou a estar em palco ajoelhada devido às dores, mas sem nunca abandonar a cena, por amor a esta arte e um extraordinário respeito ao público. Foi então internada no IPO, tendo mesmo deixado o elenco e sendo substituída por sua vontade.
"CÁ ESTÃO ELES!"é uma nova COMPANHIA DE ACTORES disposta a marcar um lugar no Teatro ligeiro. "CÁ ESTÃO ELES!", são os dois actores que resolveram ser também produtores. Qualquer que seja o significado do nome, "CÁ ESTÃO ELES!" era uma nova Revista do Teatro LAURA ALVES ( na RUA DA PALMA) e a última de "IVONE SILVA". Com texto de CÉSAR DE OLIVEIRA e VASCO SILVA, a música de THILO KRASMANN, a encenação e Direcção de actores pertencia a "IVONE SILVA", no Elenco: CAMILO DEOLIVEIRA, IVONE SILVA, MARIA ARMANDA (atracção Nacional), DULCE GUIMARÃES, LUÍS MASCARENHAS, LUÍS ALEILUIA e mais nove nomes.
Já doente, "IVONE SILVA" forma esta Companhia, estreia no início de MARÇO, três meses depois, adoece, manda chamar "LUISA BARBOSA", era seu desejo que esta Companhia não parasse, é internada gravemente, recupera, mas já não regressa ao elenco, acabando por falecer em Novembro de 1987.
Os papeis desta revista são assumidos pelos residentes e pouco tempo depois abandona também o elenco MARIA ARMANDA, assumindo os fados a actriz/cantora DULCE GUIMARÃES.
Dizem as críticas que esta revista foi considerada uma das melhores revistas que o TEATRO LAURA ALVES teve em cena.
Ainda hoje "IVONE SILVA"é recordada por centenas de portugueses.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES[ XI]-A RUA IRENE ISIDRO ( 1 )».

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES [ XI ]

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«A RUA IRENE ISIDRO ( 1 )
 Rua Irene Isidro - (2015) - (O final da "RUA IRENE ISIDRO" no "BAIRRO DO CARAMÃO DA AJUDA", na freguesia da «AJUDA»)  in  GOOGLE EARTH 
 Rua Irene Isidro - ( 2015 ) - (Panorâmica do "ALTO DA AJUDA" nomeadamente o "BAIRRO DO CARAMÃO DA AJUDA" onde se insere a "RUA IRENE ISIDRO" desde 1995)  inGOOGLE EARTH
 Rua Irene Isidro - ( 2015 ) - ( A "RUA IRENE ISIDRO" no sentido Noroeste, no "BAIRRO DO CARAMÃO DA AJUDA)  in     GOOGLE EARTH
 Rua Irene Isidro (Anos trinta do século vinte) - ( Foto de "IRENE ISIDRO" com sua beleza e elegância destacava-se nas Companhias do Teatro declamado)  in BIOGRAFIAS
Rua Irene Isidro - (1942) - (Desenho de AMARELHE) - (Cartaz da Revista "BELEZAS DE HORTALIÇA" de Fernando Santos, Almeida Amaral e L. Rodrigues, música de JAIME MENDES e JOSÉ NOBRE representado no TEATRO AVENIDA com IRENE ISIDRO, JOÃO VILLARET e outros)  in HISTÓRIA DO TEATRO DE REVISTA EM PORTUGAL 


(CONTINUAÇÃO)-RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES [ XI ]

«A RUA IRENE ISIDRO ( 1 )»

A «RUA IRENE ISIDRO» pertence à freguesia da « AJUDA ».  Tem o seu início na "RUA DOS ARCHEIROS" e termina na "RUA JOSÉ PINTO BASTOS".
Na ACTA Nº. 1/94 de 16 .09.1994 a "COMISSÃO MUNICIPAL DE TOPONÍMIA" deliberou que a "RUA- 16" do "BAIRRO DO CARAMÃO DA AJUDA", seja atribuído o topónimo de "RUA IRENE ISIDRO - ACTRIZ (1907-1993).
Em EDITAL de 16.01.1995, juntamente com outras três artérias correspondentes aos números (17.18 e 19), sendo atribuído à "RUA-16" o topónimo "RUA IRENE ISIDRO" no "BAIRRO DO CARAMÃO DA AJUDA", que possuía uma denominação numérica como na época era habitual fazer nos "BAIRROS SOCIAIS", dada pelo EDITAL de 02.04.1949, quando a edilidade era presidida por "ÁLVARO SALVAÇÃO BARRETO".
Este "BAIRRO" foi construído entre 1947 e 1949, com traço dos arquitectos  "LUÍS BENAVENTE"e"COSTA MARTINS" para um projecto de 358 fogos de moradias em banda e geminadas, ampliado em 1949 com mais 40 fogos.
Na ACTA Nº 4/95 de 09.10.1995 registava que no dia 30 de Junho pelas 15 horas, no "BAIRRO DO CARAMÃO DA AJUDA", a COMISSÃO descerrou as placas toponímicas que homenageavam quatro artistas: "JORGE BRUM DO CANTO", "IRENE ISIDRO". "JOÃO LINHARES BARBOSA"e"MARIA TERESA DE NORONHA". Após o descerramento das placas que identificavam os arruamentos, seguiram-se alguns discursos de homenagem. 
Coube ao senhor "APPIO SOTTOMAIOR", na qualidade de representante da "COMISSÃOMUNICIPAL DE TOPONÍMIA", usar da palavra."Podíamos sintetizar a jornada que hoje aqui realizamos, nesta freguesia multissecular da «AJUDA». dizendo apenas que estamos em pleno "DIA DA POESIA" no "BAIRRO DO CARAMÃO". Na verdade num dia em que passam a "morar" neste local, através das placas agora descerradas, um poeta genuíno e popular, uma senhora que tinha poesia na voz com que cantava, um outro também poeta de escrita, embora, sobretudo, de imagens poéticas transmitidas à tela e uma actriz [ IRENE ISIDRO ] que dava  aos textos que declamava a emoção própria dos que têm a arte dentro de si, parece que tudo se juntou neste País e nesta Cidade lírica".  

«IRENE FERNANDA AGUIAR ISIDRO», nasceu em ÉVORA a 4 de Setembro de 1907 e faleceu em LISBOA a 7 de Abril de 1993.
"IRENE ISIDRO", uma  das grandes vedetas da revista nos anos 30 e 40 do século passado, além do seu inquestionável talento de actriz, foi também uma destacada lutadora feminista.
Diz-se que terá sido das primeiras mulheres a conduzir um automóvel no nosso país e uma das maiores responsáveis pela introdução das calças no vestuário feminino, tendo mesmo chocado as mentalidades de LISBOA dos anos vinte, com as posições públicas em defesa dos direitos da mulher.
"IRENE ISIDRO" concluiu o Curso do "CONSERVATÓRIO NACIONAL" em 1925, sendo-lhe atribuída a nota máxima, com a peça "ENTRE GIESTAS" escrita por "CARLOS SELVAGEM".


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES[ XII ] A RUA IRENE ISIDRO ( 2 )».

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES [ XII ]

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«A RUA IRENE ISIDRO ( 2 )»
 Rua Irene Isidro - (2015) - (Um troço da "RUA IRENE ISIDRO" no BAIRRO DO CARAMÃO DA AJUDA)   in  GOOGLE EARTH
 Rua Irene Isidro - (2015) - (Panorâmica aproximada do "BAIRRO DO CARAMÃO DA AJUDA" onde se insere a "RUA IRENE ISIDRO" desde o ano de 1995)  in GOOGLE EARTH
 Rua Irene Isidro - (2015) - (Placa toponímica possivelmente Tipo IV, no arruamento consagrado à actriz "IRENE ISIDRO" no "BAIRRO CARAMÃO DA AJUDA")  in GOOGLE EARTH 
 Rua Irene Isidro - (1965) ( Um grupo de actrizes, onde se encontra "IRENE ISIDRO". Ao lado esquerdo de "Hermínia Silva" e mais colegas  como Dora Leal, Linda Silva, Ivone Silva, o actor José Viana e outras.)  in   DIAS QUE VOAM
Rua Irene Isidro - (1933) -  (Desenho de AMARELHE) - ("IRENE ISIDRO" em "MARLENE" - uma das suas grandes criações - na revista  "PERNAS DO LÉU", de Xavier de Magalhães com  música de Raul Ferrão e outros.)  in HISTÓRIA DO TEATRO DE REVISTA EM PORTUGAL

(CONTINUAÇÃO)-RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES [ XII ]

«A RUA IRENE ISIDRO ( 2 )»

A partir de então "IRENE ISIDRO" não mais parou e o seu talento impôs-se definitivamente nos palcos portugueses, inicialmente no "TEATRO NACIONAL DONA MARIA II" e de seguida na "COMPANHIA DE LUCÍLIA SIMÕES e ERICO BRAGA". Representou o drama "O PASTELEIRO DO MADRIGAL", as comédias " O PRÍNCIPE JOÃO" e "O SONHO DA MADRUGADA", a revista"O PAPO SECO"e a farsa" O MEU MENINO" foram os seus espectáculos iniciais.
A sua verdadeira explosão artística deu-se em 1933 na revista «PERNAS AO LÉU» escrita por XAVIER DE MAGALHÃES e A. AMARAL, música de RAUL FERRÃO, AFONSO CORREIA LEITE, JAIME MENDES e RAUL PORTELA. Esteve em cena no "TEATRO VARIEDADES"no PARQUE MAYER e no TEATRO DA TRINDADE.
Eram responsáveis por este espectáculo a "COMPANHIA DE LUÍSA SATANELA e ESTEVÃO AMARANTE". "SATANELA" sempre muito ocupada com as suas funções de ACTRIZ, PRODUTORA e EMPRESÁRIA, cedeu um dos seus números à jovem "IRENE ISIDRO".
"LUÍSA SATANELA", ao montar esta revista no "TEATRO VARIEDADES", caprichou em revesti-la de uma moldura modernista, patente nas canções que para ela compôs "AFONSO CORREIA LEITE".
A canção que "SATANELA" abdicou chamasse "MARLENE"( 1 ), esse número ficaria célebre era uma homenagem semi-declamada, semi-cantada à actriz alemã "MARLENE DIETRICH"e à sua atitude ( na época) escandalosa, que transformou" IRENE ISIDRO"como vedeta do género.
Deixamos aqui um apontamento do poema.

MARLENE

O Senhor não faz ideia
    Do rumor que eu levantei,
 Diziam que era bem feia
Mas eu não desanimei,

       Se para que eu me despisse
    Até me chamaram homem,
   Mas eu cá p´ra mim disse:
                   Pois nem mesmo assim me comem.

MARLENE,
Deitaste as saias ao ar
E  fizeste   muito bem.
MARLENE,
Agora   podes    andar
    Como melhor te convém.
MARLENE,
Podes dizer que és 'squisita,
O   Mundo   diz  o   que  quer
MARLENE,
Mas não negam que és bonita
Nem   negam  que  és mulher.

( 1 ) - MARLENE DIATRICH (1901-1992) - (Maria Magdalena Von Losch, conhecida por MARLENE), actriz alemã naturalizada norte-americana, nasceu em BERLIM, e faleceu em PARIS. Revelada por "O ANJO AZUL" (1930) de Josef Von Sternberg, continuou a sua carreira nos USA sob a égide daquele director. Protagonizou os filmes: MARROCOS (1930);"O EXPRESSO DE XANGAI"(1932); "A IMPERATRIZ VERMELHA"(1934); "O DIABO E UMA MULHER"(1935); "O ANJO"(1937; "O RANCHO DAS PAIXÕES"(1952) e "A SEDE DO MAL"(1958). Encarnação da mulher fatal, misteriosa e sofisticada, graças à sua presença fascinante e à sua voz sensual, teve igualmente uma grande carreira de cantora de "MUSIC-HALL".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES [ XIII ]-A RUA IRENE ISIDRO ( 3 )». 


RUA DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES [ XIII ]

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«A RUA IRENE ISIDRO ( 3 )»
 Rua Irene Isidro - (2015) - (A "RUA IRENE ISIDRO" no "BAIRRO DO CARAMÃO DA AJUDA" no sentido Noroeste)  in GOOGLE EARTH
 Rua Irene Isidro - (2015) - (A "RUA IRENE ISIDRO" na freguesia da "AJUDA" vista da "RUA CRAVOS DE ABRIL") in   GOOGLE EARTH 
 Rua Irene Isidro - (1940) - Desenho de AMARELHE - (Caricatura de duas criações de "IRENE ISIDRO" na revista "TOMA LÁ CEREJAS", rábulas de "MEU AMOR DO MAR" e "O PASTOR DE MONSANTO", representada no TEATRO APOLO)  in HISTÓRIA DO TEATRO DE REVISTA EM PORTUGAL
 Rua Irene Isidro - (1944) - (Desenho de AMARELHE) - ( Anúncio da revista "HÁ FESTA NO COLISEU", com IRENE ISIDRO e Álvaro Pereira, Luísa Durão e Costinha, Maria Luísa e Ricardo Santos Carvalho)  in HISTÓRIA DO TEATRO DE REVISTA EM PORTUGAL 
Rua Irene Isidro - (Foto anterior a 1993) - ("IRENE ISIDRO" conhecida pelos seus "travestis", assumia que "gostava de fazer estes o papeis". Faleceu em LISBOA a 7 de Abril de 1993) in JORNAL DIÁRIO DE NOTÍCIAS

(CONTINUAÇÃO)- RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES [ XIII ]

«A RUA IRENE ISIDRO ( 3 )»

Outras Revistas se seguiram com grandes êxitos alcançados. Em 1940 estreava-se no "TEATRO APOLO" a Revista "TOMA LÁ CEREJAS" de Fernando Santos, L. Rodrigues e A. Amaral. A música era de J. Mendes, V. de Macedo e António Melo.  No quadro interpretado por "IRENE ISIDRO", representava a figura do "PASTOR DE MONSANTO" . Vestida como pastor, entra tocando a sua "GAITA DE ZAGAL". 

O "PASTOR DE MONSANTO", é um dos muitos quadros de índole patriótico que à "IRENEISIDRO" coube representar ao longo da sua carreira, refere-se explicitamente à "EXPOSIÇÃO DO MUNDO PORTUGUÊS", que SALAZAR pretendeu fosse «O grandedocumento da civilização» Ocidental e Cristã.
Em 1941 - MARCHA DE LISBOA, 1942 - BELEZA DE HORTALIÇA, 1944 - BAILE DE MASCARAS e HÁ FESTA NO COLISEU, 1946 - TIRO- LIRO, 1947 - ENQUANTO HOUVER SANTO ANTÓNIO e É DE GRITOS, 1951 - AGORA É QUE ELA VAI BOA, 1953 - VIVA O LUXO, 1955 - Ó ZÉ APERTA O LAÇO e CIDADE MARAVILHOSA, 1956 - FONTE LUMINOSA, 1958 - ABAIXO AS SAIAS.

"IRENE ISIDRO" loira, elegante, com voz forte, uma actriz cujas criações ficavam na memória de quem a viu actuar.
Reapareceu esporadicamente em 1972 - "P'RA FRENTE LISBOA" uma revista estreada no TEATRO MONUMENTAL, uma obra prima de"CÉSAR DE OLIVEIRA", cujo elenco era composto por; RAÚL SOLNADO, FLORBELA QUEIROZ, IRENE ISIDRO e outros, que nos deliciou com o quadro da "MARLENE". Nesta revista RAUL SOLNADO canta o "MALMEQUER" que representa a condição do português que "cada vez anda maisdesfolhado", esta uma desmistificação da propaganda turística difundida pelo SNI.
"IRENE ISIDRO" reunia às suas qualidades profissionais uma personalidade onde imperava a simpatia, o humor, a generosidade e o companheirismo, que fizeram dela uma das nossas actrizes mais queridas. Outra característica que a distingue dos demais eram as suas incríveis distracções. Uma das mais desconcertantes passou-se em LUANDA, numa recepção promovida por um colono português na sua própria casa, durante a qual, numa pequena conversa a sós com um dos presentes, IRENE criticou amargamente o "novo riquismo" da decoração da casa, esquecendo-se que estava a falar com o anfitrião.
No palco não havia distracções, IRENE era uma actriz concentradíssima, de um profissionalismo irrepreensível, cujo talento foi sempre reconhecido pelos seus pares. Foi muito devido a esse perfil, que RIBEIRINHO a convidou, em 1979, a integrar o elenco residente do TEATRO NACIONAL DONA MARIA II, onde ela se manteve até ao fim da vida.
Ali foi consolidando uma sólida reputação como actriz "DRAMÁTICA", apesar de ter feito algumas incursões pela comédia naquele mesmo palco. "AS SABICHONAS", "O MORGADO DE FAFE EM LISBOA"ou"AS ALEGRES COMADRES DE WINDSOR".

E foi assim, a cantar a representar que IRENE ISIDRO se despede dos palcos em "PASSA POR MIM NO ROSSIO"de FILIPE LA FÉRIA, no DONA MARIA II, evocando um glorioso passado vivido ao lado dos maiores nomes do nosso teatro, de diferentes gerações.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES[ IX ]-A RUA TERESA GOMES ( 1 )».

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES [ XIV ]

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«A RUA TERESA GOMES ( 1 )»
 Rua Teresa Gomes - (2015) - A "RUA TERESA GOMES" no sentido Noroeste, que liga com as RUAS "António Pedro" e "António Feijó")  in  GOOGLE EARTH 
 Rua Teresa Gomes - (2015) - (Panorâmica mais aproximada da "RUA TERESA GOMES" na freguesia de "SÃO DOMINGOS DE BENFICA")  in GOOGLE EARTH
 Rua Teresa Gomes - (2015) - ( O início da "RUA TERESA GOMES" visto da "RUA ANTÓNIO FEIJÓ")  in GOOGLE EARTH
 Rua Teresa Gomes - (1941) - (Cartaz do filme "O PAI TIRANO", protagonizado por: Maria da Graça, Vasco Santana , Ribeirinho, Leonor Maia, Artur Duarte, Luísa Durão e "TERESA GOMES" in  HISTÓRIAS DE CINEMA
 Rua Teresa Gomes - (1938) - Caricatura de Júlio de Sousa - ("TERESA GOMES" e "ARMANDO MACHADO" dois actores cómicos, a quem a revista ficou a dever muito dos seus melhores momentos. Quadro da revista "Ó MEU RICO SÃO JOÃO" de A. Leite e H. Campos Mendes, com música de B. Ferreira, A. Lopes e R. Portela, estreado no Teatro SÁ DA BANDEIRA(PORTO).  in HISTÓRIA DO TEATRO DE REVISTA EM PORTUGAL
Rua Teresa Gomes - (1926) - Publicado no DOMINGO ILUSTRADO - ("TERESA GOMES" uma actriz que desenvolveu a sua veia cómica no Teatro da revista e no Cinema)  in   TOPONÍMIA DE LISBOA


(CONTINUAÇÃO) - RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES [ XIV ]

«A RUA TERESA GOMES ( 1 )»

A «RUA TERESA GOMES» pertence à freguesia de «SÃO DOMINGOS DE BENFICA», começa na "RUA ANTÓNIO NOBRE" e não tem saída.
Por EDITAL de 25 de Outubro de 1971 foi atribuído o seu nome ao arruamento da antiga "RUA PROJECTADA À RUA ANTÓNIO NOBRE" naquela freguesia.


«MARIA TERESA GOMES» ou simplesmente (TERESA GOMES) nasceu em LISBOA em 26 de Novembro de 1882 e faleceu nesta mesma cidade em 12 de Novembro de 1962, com quase 80 anos de idade. Foi uma excelente actriz de TEATRO e do CINEMA português.
A sua vocação para o TEATRO despertou quando ela tinha aproximadamente 30 anos de idade, começando como corista na revista "A MUSA DOS ESTUDANTES" em 1911.

Terá sido numa viagem entre o BRASIL e PORTUGAL que a paixão pelo TEATRO despertou, ao mesmo tempo que o seu coração se perdia de amores por um dos actores que integrava o elenco da COMPANHIA TEATRAL que regressava de uma triunfal digressão pelo BRASIL. Chamava-se "ÁLVARO DE ALMEIDA" e viria a ser seu marido até ao final de sua vida.
Com este relacionamento. TERESA GOMES, que nunca havia experimentado as "LUZES DA RIBALTA", acabou por seguir uma carreira profissional nos palcos do TEATRO, na "COMPANHIA TEATRAL AFONSO TAVEIRA" que a aproveitou.
A sua modéstia levou-a a começar por baixo, como simples corista, tendo estreado (como já foi dito) na revista "A MUSA DOS ESTUDANTES" levada à cena no TEATRO DATRINDADE. Permaneceu oito anos a sua carreira como corista, até que um dia, decorria o ano de 1918 tudo mudou.
Nesse tempo era habitual a realização de récitas-suplementares dos espectáculos em benefício dos actores. Mas numa determinada revista, por sugestão de TERESA GOMES, que aos poucos foi tendo consciência das dificuldades com que viviam algumas das suas colegas, realizou-se também uma récita destinada às coristas. Existindo uma "simples" particularidade: a peça foi representada com as coristas a fazerem o papel das actrizes e estas a desempenharem o lugar das coristas. Na assistência, sentado na plateia, estava o escritor "EDUARDO SCHWALBACH", que ficou deslumbrado com a prestação de "TERESA GOMES" e disse: "então vocês têm aqui uma pérola destas, com um talento especial para fazer carreira e desperdiçam-na como corista?". E foi assim que "TERESA GOMES" passou, a partir daquela altura, a figurar no elenco dos mais diversos espectáculos...  como actriz.
"TERESA GOMES" conheceu grandes êxitos participando em enumeras revistas. No ano de 1919 - HAJA SAÚDE( 1 ) - de António Torres e Fernando Ferreira, representada no Teatro da TRINDADE. Foi nesta revista que saiu do anonimato das coristas para o primeiro plano, ao interpretar "COMMÈRE" (Comadre, mexeriqueira e bisbilhoteira). Nesse mesmo ano "O PÉ DE MEIA" com TERESA GOMES na rábula "RALACICE" sendo o autor da revista "EDUARDO SCHWALBACH", música de "ALVES COELHO (pai), exibido no Teatro S. LUIZ; 1926 - "OLARILA" de Luis Galhardo no Teatro MARIA VICTÓRIA;  1927"A ALDEIA DOS MACACOS" de Lino Ferreira e música de ALVES COELHO (pai), no Teatro POLITEAMA; 1935 - "ANIMA-TE ZÉ" no Teatro MARIA VICTÓRIA;  1938- "Ó MEU RICO SÃO JOÃO" de A. Leite e Música de R. Portela ( 2 ) (Dois actores cómicos, a quem a revista ficou a dever muitos dos seus melhores momentos- ARMANDO MACHADO e TERESA GOMES);  1941 - "MANDA VENTAROLAS", no Teatro MARIA VICTÓRIA; 1956 - "HAJA SAÚDE" de José Galhardo no Teatro ABC; 1957 - "TOCA A MÚSICA" de Amadeu do Vale e Aníbal Nazaré, Música de J. Mendes e Tavares Belo, apresentado no Teatro MARIA VICTÓRIA: Despede-se da revista com "ENCOSTA A CABECINHA E CHORA" (1959) de Amadeu do Vale, Aníbal Nazaré, Música de Fernando de Carvalho, Carlos Dias e Tavares Belo, apresentado no TEATRO MARIA VICTÓRIA.

( 1 ) - Existiu em 1956 outra Revista com o mesmo nome de José Galhardo representado no Teatro ABC.
( 2 ) - Apresentado no Teatro SÁ DA BANDEIRA no PORTO.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ARTISTAS[ XV ]A RUA TERESA GOMES ( 2 )». 

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES [ XV ]

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«TERESA GOMES ( 2 )»
 Rua Teresa Gomes - (2015) - (A parte final da "RUA TERESA GOMES" ma freguesia de "SÃO DOMINGOS DE BENFICA")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Teresa Gomes - (2015) - (Panorâmica da freguesia de "SÃO DOMINGOS DE BENFICA" onde se insere a "RUA TERESA GOMES")  in GOOGLE EARTH
 Rua Teresa Gomes - (2015) - Início da "RUA TERESA GOMES" visto pelo lado Nascente )  in  GOOGLE EARTH 
 Rua Teresa Gomes - ( 1941 ) - ("TERESA GOMES" em "O PAI TIRANO" com a célebre expressão "então são dois copinhos de vinho branco". Um filme de António Lopes Ribeiro estreado a 19 de Setembro de 1941 no cinema ÉDEN em Lisboa) in   TOPONÍMIA DE LISBOA 
 Rua Teresa Gomes - ( 13 de Dezembro de 1947) Foto reportagem de Armindo Blanco - (Interior de duas páginas do "SÉCULO ILUSTRADO" dando relevo à história teatral de TERESA GOMES) (Abre em tamanho grande)  in SÉCULO ILUSTRADO 
Rua Teresa Gomes - (anterior a 1962) - (Foto de FREIJOTA) - (Condecoração merecida à actriz "TERESA GOMES", que nos seus tempos áureos era uma figura bonita, de ar natural que inspirava confiança, aliado à presença do seu enorme talento)  in  COM JEITO E ARTE

(CONTINUAÇÃO) - RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES [ XV ]

«A RUA TERESA GOMES ( 2 )»

A sua primeira revista terá sido "PÉ DE MEIA" (1919), tinha SCHWALBACH na equipa dos autores, sendo-lhe distribuída uma rábula que foi um enorme sucesso. O seu desempenho levou a que os empresários disputassem a sua contratação.
Dessa disputa resultou o compromisso de TERESA GOMES em não se fixar por muito tempo em nenhum palco, percorrendo desde então os vários géneros teatrais, embora sempre com maior incidência no teatro musicado.
Passou também pela ÓPERA CÓMICA com"BOCCACIO"e na opereta"A VIÚVA ALEGRE", mas era no Teatro de revista que o público reclamava a sua presença.
TERESA GOMES ainda experimentou o chamado teatro declamado na "COMPANHIA" liderada pelo actor "JOSÉ RICARDO", quando este repôs"OS VELHOS"de"D. JOÃO DA CÂMARA"e, mais tarde, no TEATRO NACIONAL DONA MARIA II, teve participação destacada nos espectáculos "OS DOIS GAROTOS"de P. DOCOUREELLE e"A MASSAROCA"de PEDRO MUÑOZ SECA e PEDRO PETREZ.
Ainda voltou por mais cinco vezes ao género dramático mas,assim como o público, também ele concluiu que o seu lugar natural seria no palco do Teatro Ligeiro. E a partir de 1925 TERESA GOMES jamais deixou a revista à portuguesa a não ser para algumas colaborações esporádicas na RADIO ou no CINEMA.
De uma sobriedade de processos pouco comuns, o que lhe dava uma simplicidade fora do comum, TERESA GOMES deixou o seu talento "impresso" em meia dúzia de filmes:
FILMATOGRAFIA DETERESA GOMES - 1930 - "LISBOA CRÓNICA ANEDÓTICA" de LEITÃO DE BARROS; 1933 - "A CANÇÃO DE LISBOA" de CONTINELLI TELMO;  1941 -"O PAI TIRANO" de ANTÓNIO LOPES RIBEIRO;  1943"FÁTIMA TERRA DE FÉ" de JORGE BRUM DO CANTO;  1947 - "OS VIZINHOS DO RÉS-DO-CHÃO" de ALEJANDRO PERLA e em 1954 - "O COSTA DE ÁFRICA" de JOÃO MENDES.
É no "PAI TIRANO"de ANTÓNIO LOPES RIBEIRO, onde temos memória quando ela pedia "tem pastelinhos de bacalhau?" e o empregado respondia negativamente ao seu pedido, ela continuava: "Então dê-nos dois copinhos de vinho branco". São os filmes que ainda hoje nos permitem confirmar com frequência a sua excelente relação com a câmara, graças à regularidade com que são exibidos na programação da RTP-MEMÓRIA, ou pequenos apontamentos no YOUTUBE.
Mas é nos filmes "FÁTIMA TERRA DE FÉ" (1943) e"OS VIZINHOS DO RÉS-DO-CHÃO"(1947) queTERESA GOMES melhor exibe os seus extraordinários recursos de actriz de cinema.
Em 1945TERESA GOMES perdeu o seu marido, com quem formava o par mais feliz da cena teatral portuguesa. A morte de "ÁLVARO DE ALMEIDA" aconteceu quando a actriz estava em cena no TEATRO MARIA VITÓRIA, ao lado de LUÍSA SATANELA, não tendo interrompido a sua actuação em obediência ao seu profissionalismo, mau grado o desgosto que sentia.
O público percebeu na voz e no rosto da actriz a dor e a tristeza que lhe invadia a alma, e no final, quando foi tornado pública a nefasta notícia, homenageou-a com uma vibrante ovação enquanto gritavam o nome do seu camarada de trabalho e companheiro de vida.
Amada pelo público e muito querida pelos colegas, TERESA GOMES foi superando aos poucos a dor da saudade em cima do palco, contracenando com alguns dos maiores nomes do nossos Teatro de Revista, como: ESTEVÃO AMARANTA; VASCO SANTANA ou ANTÓNIO SILVA.  A sua festa de despedida aconteceu em 1959, no COLISEU DOSRECREIOS, perante uma plateia arrebatada, Para trás ficaram as criações memoráveis como "MADAME SIMÔA"na revista"A ALDEIA DOS MACACOS"(1927), "MULHER ANTIGA"na revista"OLARILA" (1926) ou"COMADRE ZAFA"na revista"HAJA SAÚDE" (1919), para além de outras inesquecíveis composições em mais de uma centena de espectáculos onde ela comunicava serenamente com o público, quase sem um gesto, apenas com o seu talento e a sua presença. TERESA GOMES, no seu género, deixou uma lacuna que nunca chegou a ser preenchida no TEATRO PORTUGUÊS. [ FINAL desta série ]

BIBLIOGRAFIA

- ATLAS da Comissão Municipal de Toponímia de Lisboa-1974-1989-CML-2000-LISBOA.
- DIAS, Marina Tavares - LISBOA DESAPARECIDA volume 9-Quimera-2007 -LISBOA.
- FOTOBIOGRAFIAS DO SÉCULO XX - Dir. de JOAQUIM VIEIRA-Texto de JÚLIA LEITÃO DE BARROS - Círculo de Leitores- 2009-RIO DE MOURO.
- GENTE DE PALCO (as coleções do MUSEU) - MUSEU DO TEATRO -1985- LISBOA.
- HISTÓRIA DO TEATRO E DA REVISTA EM PORTUGAL -Vol. II- LUIZ FRANCISCO REBELLO- Pub.Dom QUIXOTE - 1985 - LISBOA.
- PORTUGAL CONTENPORÂNEO - Selecções do R.D. - 1º a 3º Volume - Direcção de ANTÓNIO REIS- 1996 - LISBOA
- PORTUGAL SÉCULO XX - PORTUGUESES CÉLEBRES - Coord. LEONEL DE OLIVEIRA - CÍRCULO DE LEITORES -2002-RIO DE MOURO.
- QUARTAS JORNADAS DE TOPONÍMIA DE LISBOA - CML - 2001 - LISBOA.
- SÉCULO XX - Homens, mulheres e factos que mudaram a história - JORNAL PÚBLICO- (MARLENE DIETRICH 1901-1992) - 2000 -LISBOA.
- SEGUNDAS JORNADAS DE TOPONÍMIA DE LISBOA - CML - 1997 - LISBOA.

INTERNET


(PRÓXIMO)«GENTE DE LISBOA» [ I ] -OS ALFACINHAS ( 1 )»

GENTE DE LISBOA [ I ]

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«OS ALFACINHAS ( 1 )»
 Gente de Lisboa - (Século XIX) Aguarela de Alberto Souza - (Uma Alfacinha da época dos franceses) in  "ALFACINHAS" os Lisboetas do Passado e do Presente
 Gente de Lisboa - (1814) Água tinta de H.L'Éveque - (Publicado em Costume of Portugal-London-1814) (Mulheres que vão à Igreja - Mulher com a criada e filha. A criada usa um "Josézinho" vermelho sobre os ombros e lenço de cambraia branca sobre a cabeça. a mulher apresenta-se de véu escuro, com saia e corpete de veludo e, luvas de canhão. A criança veste também um conjunto de corpete sobre saia branca e azul. in   O POVO DE LISBOA - C.M.L.
 Gente de Lisboa - (182?) - Desenho de Alberto de Souza - (Mulher de Capote Rodado e lenço, moda durante um período do século XIX)  in ALFACINHAS os Lisboetas do Passado e do Presente
 Gente de Lisboa - (século XIX) Gravura de J. Novais - ( Um homem e uma mulher do povo naquela época )  in   LISBOA de ALFREDO MESQUITA
 Gente de Lisboa - (Século XIX) Gravura J. Novais - (Alfacinhas nas hortas, debaixo de uma parreira)  in   LISBOA de ALFREDO MESQUITA
Gente de Lisboa - (Século XIX) Gravador J. Novais - (O povo de LISBOA nas hortas em pleno convívio)  in  LISBOA de ALFREDO MESQUITA

- GENTE DE LISBOA [ I ] 

«OS ALFACINHAS ( 1 )»

À cidade de LISBOA chegaram em determinadas épocas , fluentes camadas de pessoas, na procura de melhores facilidades de vida ou melhores condições de trabalho que por aqui era possível encontrar.
Falamos hoje da «GENTE DE LISBOA» em geral, no entanto podemos já discernir, por um lado, o substracto populacional estável dos «ALFACINHAS», e por outro, uma população inconstante, constituindo ou não grupos etnicamente caracterizados, constantemente renovados pela chegada de novos contingentes. (Elementos que aqui vinham eventualmente à procura de compradores para os seus produtos ou oferecer o seu trabalho, regressando às suas terras, outras por cá ficavam, acabando, com o tempo, por se integrar na população local).
A população formada por alguns grupos bem evidenciados como "OS SALOIOS" dos limites de LISBOA, "OS GALEGOS", oriundos da Galiza (ESPANHA) ao Norte dePortugal, "OS VARINOS" da região de AVEIRO, "OS NEGROS" das nossas antigas Colónias e os ALGARVIOS oriundos do Sul de Portugal, etc., que constituía a principal força de trabalho da cidade de LISBOA.
Pelo seu número, importância e permanência entre a população da cidade, tornando-se um complemento indissociável desta, não podendo excluir-se a sua presença, sempre que se pretenda dar a paisagem humana de LISBOA de outrora.
Vamos pois tentar caracterizar cada um dos grupos ou tipos que constituíram, no passado a população de LISBOA.  

OS ALFACINHAS
Produto híbrido, resultante de cruzamentos diversos e de diversas etnias. Ao substracto populacional de raiz "CÉLTICO-IBÉRICA" da região lisbonense, inseriu-se o extracto ROMANO de origem ITÁLICA, enriquecido de elementos de outras proveniências, GREGOS, GAULESES, ou do NORTE DE ÁFRICA. Ainda que pouco significativa há também que ter em conta a inserção do elemento GERMÂNICO, representado na Península pelos ALANOS, SUEVOS, VÂNDALOS e VISIGODOS.
Importante e decisiva foi, porém, a influência operada pela população MOURISCA-BERBERE trazida pelo invasor SARRACENO que permaneceu na região lisbonense, durante cinco séculos e que aqui permaneceu mesmo depois da reconquista, após tratado de paz feito por D. AFONSO HENRIQUES com os  vencidos, permitindo-lhes que estes se fixassem no termo da cidade como trabalhadores rurais.
Esta população, primeiramente marginalizada devido às diferenças de religião, acabou por ser assimilada, tornando-se, assim. além de um factor de influência decisiva nos costumes e mentalidades uma importante componente ética do povo de LISBOA.
E será neste contexto de raízes plurinacionais, que se explica a grande abertura que sempre mostrou o povo de LISBOA em relação para todos os povos que a ele vieram posteriormente acolher, sem atender a preconceitos rácios, de cor  ou de costumes. E, se em outra época marginalizou o elemento JUDEU e o elemento CIGANO esse facto deveu-se, à resistência oferecida por eles.
Aos numerosos elementos de diversas origens europeias que as embarcações que demandavam o TEJO e aqui iam  depositando, simples aventureiros ou marginais, mas também gente que em LISBOA encontravam melhores condições de trabalho, vieram juntar-se os nativos das terras que os descobrimentos puseram à nossa disposição. Trazidos na condição de escravos, fixaram-se preferencialmente na CAPITAL, onde eram empregados nos trabalhos domésticos, chegando a ser tão numerosos que se considerava constituírem, em finais do século XVIII, cerca de um terço ou um quarto da população de LISBOA, cálculo sem dúvida muito exagerado.

UMA CURIOSIDADE SOBRE O NOME DE LISBOA

A formação do termo LISBOA, perde-se invariavelmente nas trevas da antiguidade. Cada povo que por aqui passou lhe deu uma identificação. Os FENÍCIOS chamaram-lhe "alisubo", o que significa "amena enseada", composta de "ALISUBO"ou"LISUBO", que os ROMANOS trocaram por "OLISIPO", donde os "GODOS" tiraram a sua "OLISIPONA", que os "MOUROS", por falta de "p" no seu idioma, lhe chamaram "OLISIBONA" os "LISSIBONA", e finalmente veio o nome de LISBOA.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«GENTE DE LISBOA [ II ]-OS ALFACINHAS ( 2 )».  

GENTE DE LISBOA [ II ]

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«OS ALFACINHAS ( 2 )»


 Gente de Lisboa - ( 1806) - (Estudo Aguarelado de Alberto Souza - (Mulheres em Capote e "Josézinho" em 1806)  in ALFACINHAS
 Gente de Lisboa - (1814) (Água-tinta de H. L'ÉVEQUE) - Jovem senhora envolvida em seu capote, publicado em "COSTUME of PORTUGAL" em 1814. (Copiado por Alberto Sousa e inserido no seu livro na pág. 181)  in  ALFACINHAS
 Gente de Lisboa - (181?) Estudo de Alberto Souza - (Um estudo de ALBERTO SOUZA a carvão, de uma mulher com capote e lenço) in  ALFACINHAS
 Gente de Lisboa - (1814)-(Desenho de autor não identificado) - (Vista de LISBOA na época, com casal de alfacinhas vestidos com seus trajes típicos. Publicado em França em 1814, por Madame Dufrenoy em "LE TOUR DU MONDE, ou TABLEAU GÉOGRAFIQUE et HISTORIQUE DE TOUS LES PEUPLES DE LA TERRE, etc. Vol. III)   in  O POVO DE LISBOA
 Gente de Lisboa - (1825) Desenho de Jorge de Bekerster Joubert  - (Um marinheiro despede-de de uma alfacinha de capote e lenço, inserido no livro de Alberto Souza, uma colecção de JOUBERT) inALFACINHAS - Pág. 76
Gente de Lisboa - (Século XIX) - Gravador J. NOVAIS -  (Apresentação de outro tipo de vestuário em Alfacinhas, mulheres do povo, nessa época)  in  LISBOA de ALFREDO MESQUITA

(CONTINUAÇÃO)-GENTE DE LISBOA [ II ]

«OS ALFACINHAS ( 2 )»

Os escravos eram trazidos de sítios muito diferentes: achocolatados das COSTAS DOMALABAR, crioulos das AMÉRICAS e negros da COSTA DE ÁFRICA, sendo estes de longe os mais numerosos. Apesar de relegados, mesmo quando libertados, para os trabalhos considerados mais reles, estes elementos não encontraram, apesar disso, resistência da parte da população local mais pobre que não só com eles acamaradou nos trabalhos e divertimentos, mas com eles, naturalmente se cruzou. Porém, ainda que seja considerável a influência do sangue negro no tipo físico do alfacinha, esta só não foi mais notória, devido à compensação que, por outro lado, operavam as novas ondas migratórias, vindas de vários pontos do país, "OS OVARINOS" da barra de AVEIRO, os "ALGARVIOS" que monopolizaram a faina-marítima do TEJO e, principalmente , "O SALOIO" que ia sendo integrado com as suas terras à medida que a cidade ia crescendo, além de um grupo indiferenciado, vindo de vários pontos e cada vez mais numerosos.

Com sangue proveniente de várias origens, moldou-se assim o "ALFACINHA", recebendo tendências, taras e costumes que, com o tempo, se tornaram os seus.
Assim, os numerosos estrangeiros que nos visitaram em finais do século XVIII e início do século XIX, apreciaram o seu gosto pela música e pelas danças, as suas boas vozes, o seu trato afável, criticavam, em contrapartida, a sua indolência, a sua conformação fatalista com a miséria que fazia dele, frequentemente, um elemento parasitário, pusilânime (de almapequena) e vaidoso, pronto a aceitar viver de expedientes ou da caridade pública. Preocupava-se, principalmente, em salvaguardar uma aparência ajanotada, procurando, pelo trajo, imitar as classes privilegiadas da sociedade. Até tarde, quer de Inverno, quer de Verão, não abandona o seu amplo capote de que nunca enfiava as mangas e que atirava, com jeito rufia, negligentemente, sobre o ombro, como se duma capa se tratasse. Este servia-lhe para esconder a pobreza e desalinho do vestuário, os instrumentos de trabalho de que se envergonhava e a arma de que sempre andava munido, geralmente uma grande faca de cujo uso abusava, livrando-se de maçadas, pela facilidade em se disfarçar, embuçando-se no seu largo capote. Como este usava um tricórnio que lhe dava um desejado ar marcial, e que teimou usar quando há muito , fora já abandonado pelos oficiais.
Desprezando os "trabalhos braçais" que relegava para a população adventícia, reserva-se, principalmente, para ocupar os cargos públicos inferiores, sendo, também especialmente dotado para alguns aspectos do artesanato tradicional ( olaria, esteiras, ourivesaria, trabalhos de madeira, etc)

A mulher do povo "ALFACINHA", com seu lenço e seu amplo capote, cultivava, por outro lado, uma aparência de devota recatada. Até muito tarde recusou-se a sair à RUA sem ser acompanhada e sempre envolvida, da cabeça aos pés, num capote de beata ou num "JOSÉZINHO( 1 ) de dimensões mais acanhadas.
Recusava-se também mostrar-se com a cabeça descoberta, envolvendo-a num lenço de (MUSSELINA ou MUSSELINE, do francês "mousseline", oriundo da cidade de "MUSSUL" no "IRAQUE") ou Cambraia branca, atado por baixo do queixo que, parece, sabia ajeitar com muito garridice. Em ilustrações dos finais do século XVIII e início dos XIX, aparece também uma "COIFA DE REDE", atada com um lacinho no alto da cabeça, influência clara da "REDECILHA" espanhola.
Rede idêntica usam também os homens que, sobre ela, enfiam, por vezes, o chapéu.
Apesar desta sua aparência de Beata, e da honestidade do seu traje severo, as "ALFACINHAS" davam um grande número das alcoviteiras,  mulheres de virtudes e "ramalheteira"( 2 ) de LISBOA, severamente tratadas nas caricaturas de RAFAEL BORDALO PINHEIRO. 
   
- ( 1 ) - JOSÈZINHO - Capote antigo de pouca roda, sem mangas e com cabeção.

- ( 2 ) - RAMALHETEIRA -Mulher que faz ou vende ramalhetes ou ramos de flores.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«GENTE DE LISBOA [ III ]-"OS SALOIOS" ( 1 )».

GENTE DE LISBOA [ III ]

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«OS SALOIOS ( 1 )»
 Gente de Lisboa - (1840) Litografia colorida PALHARES - (Saloia Lavadeira com sua trouxa à cabeça e de saia bastante garrida - Colecção PALHARES)  in LISBOA - REVISTA MUNICIPAL Nº 22 de 1987.
 Gente de Lisboa - ( 1828 ) - Litografia colorida rep. fotográfica - (Saloios regressando de LISBOA)  in O POVO DE LISBOA - CML 
 Gentes de Lisboa - (Século  XIX - Gravador J. NOVAIS) - (SALOIO vendedor de leite e queijos)  in  LISBOA de ALFREDO MESQUITA
 Gente de Lisboa - ( Século XIX - Gravador J. Novais) - (PADEIRA e LAVADEIRA SALOIA, a cavalo em direcção a LISBOA)  in LISBOA DE ALFREDO MESQUITA
 Gente de Lisboa - (1898) Desenho de Alberto Souza - (A LAVADEIRA de CANEÇAS com sua trouxa à cabeça, vestia saia, blusa e lenço na cabeça, calçando meia bota de carneira, sobre a saia um avental e no braço um pequeno saco)  in  ALFACINHAS OS LISBOETAS DO PASSADO E DO PRESENTE.
 Gente de Lisboa - (1907-12) - Foto de Joshua Banoliel - (SALOIOS na "Praça do Comércio" ) (Abre em tamanho grande)  in  AML 
Gente de Lisboa - (antes de 1930)  Desenho de CALDERON DINIS em Fevereiro de 1982) (A SALOIA LAVADEIRA da roupa que vinha na galera da MALVEIRA para LISBOA in  TIPOS E FACTOS DE LISBOA NO MEU TEMPO


(CONTINUAÇÃO) - GENTE DE LISBOA [ III ]

«OS SALOIOS ( 1 )»

«OS SALOIOS»


Entende-se a designação de «SALOIOS» aos habitantes dos arredores de LISBOA numa área que se aproxima com o antigo termo da cidade.

Ainda que a palavra SALOIO e muitos dos costumes e modos de vida desta população, leva-nos a pensar existir uma relação próxima entre ela e a população Mourisca fixada por DOM AFONSO HENRIQUES nos arredores da cidade recém conquistada, o seu perfil físico - são geralmente bem construídos, altos ou de altura média, muitas vezes de tez clara e rosada - indica que não é certamente, esta a sua única , nem sequer, talvez, a sua principal origem.

Além de prováveis influencias nórdicas, é possível que parte da população fixada a que se referem as crónicas antigas, fossem, por sua vez, descendentes da população aqui residente quando da conquista árabe e que, tendo-se assimilado ao invasor, foi por estes tolerada, como se verificou em tantos outros casos.

O «SALOIO» tem sido, desde sempre, essencialmente, camponês. Dedica-se, principalmente, à horticultura que cultiva com esmero em viçosas "almoinhas"( 1 ), com "Noras"( 2 ) e seus poços de arquitectura e tradição mediterrânica.
O seu cultivo estendia-se a árvores de fruto, oliveiras e também a vinha.
Era criador de gado, dedicando-se, principalmente, ao tratamento de cabras e vacas leiteiras.

O «SALOIO» que, com o crescimento de LISBOA, vai sendo por ela absorvido, foi no passado, o principal suporte do abastecimento da sua população, fornecendo-lhe toda a espécie de géneros alimentícios que, com a actual  facilidade dos meios de transporte, permitem que venham de outros pontos do país ou mesmo do estrangeiro.

Eram eles que abasteciam os mercados de LISBOA de hortaliças, legumes e frutas; produzia parte do vinho consumido na Capital, tendo ganho muita fama o "Vinho doTermo"( 3 ) ; fornecia o leite que transportava de casa em casa, em grandes bilhas de folha, muitas vezes mugido na presença das freguesas; com o leite traziam os apreciados queijinhos saloios, fornecidos frescos, todas as manhãs. Boa parte do pão consumido em LISBOA era também amassado na região saloia.

- ( 1 ) - ALMOINHA ou ALMUINHA - (do Árabe almunia), s. f. (ant.) horta, quintal, pequena quinta suburbana.

- ( 2 ) - NORA - Engenho para tirar água dos poços, ribeiras ou rios.

- ( 3 ) - VINHO DO TERMO - Ganhou muita fama, era oriundo de Odivelas e das vinhas dos Olivais.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«GENTE DE LISBOA [ IV ] OS SALOIOS ( 2 )». 

GENTE DE LISBOA [ IV ]

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«OS SALOIOS ( 2 )»
 Gente de Lisboa - (Meados do século XIX) Gravura colorida - (Saloia Lavadeira com seu traje bem pitoresco -Colecção Espagne of Portugal) in  LISBOA REVISTA MUNICIPAL nº. 22 -1987)
Gente de Lisboa - (Século XIX) Gravador J. Novais - ( PADEIRO SALOIOS trazendo o seu pão para LISBOA)  in  LISBOA DE ALFREDO MESQUITA 
 Gente de Lisboa - (1814) Água-tinta colorida de H. L'ÈVEQUE -Rep fotográfica - Camponesa dos arredores de LISBOA, chamada SALOIA, com seu trajes guerridos) inO POVO DE LISBOA - CML

 Gente de Lisboa - (Século XIX) Desenho de autor não identificado- (Uma SALOIA mercadora de frutas e outra vendedora de pão)  in  LISBOA - REVISTA MUNICIPAL  Nº. 22 - 1987
 Gente de Lisboa - (1925) - Desenho de Alberto Sousa - (Comerciantes SALOIOS numa Praça da Cidade de Lisboa)  in  ALFACINHAS
 Gente de Lisboa - ( Século XIX) - Gravador J. NOVAIS - Casal de MOLEIROS dos arredores de LISBOA)  in LISBOA DE ALFREDO MESQUITA 
Gente de Lisboa - (1913) - Foto de Joshua Benoliel - (SALOIOS no "LARGO DO MUSEU DE ARTILHARIA", próximo da Estação de Santa Apolónia) (Abre em tamanho Grande)  in   AML 


CONTINUAÇÃO) - GENTE DE LISBOA [ IV ]

«OS SALOIOS  ( 2 )»

Assim, as SALOIAS eram ainda a maior parte das lavadeiras de LISBOA. E era entre as saudáveis mulheres SALOIAS que se recrutavam as amas de leite dos filhos dos burgueses da CAPITAL.
Pelas suas qualidades de trabalho e honestidade nos negócios foi sempre uma população conceituada, ainda que, pela sua extrema simplicidade, nem sempre isenta duma certa «esperteza saloia», se tornasse objecto frequente de troça alfacinha.

Constituía um tipo bem caracterizado, entre a restante população que percorria diariamente as RUAS DE LISBOA, pelo seu modo de vida, aspecto saudável, costumes simples e trajos garridos. As SALOIAS, retratadas em numerosas estampas do século XIX, algumas delas coloridas, envergavam saia e blusa, combinando cores contrastantes, geralmente, blusa vermelha e saia azul, por baixo da qual vestiam uma segunda saia de cor berrante. Sobre a blusa, um apertado colete a amparar o amplo seio.
Calçava bota alta de carneira e, na cabeça, trazia um gracioso carapuço de veludo azul escuro ou negro, com virola de pano ou carneira que colocava sobre o lenço garrido. E quase sempre. É quase sempre representado junto do inseparável burrico que montava, sentando-se de lado, empoleirando-se sobre as cangalhas e os alforjes a abarrotarem de pão, hortaliça ou roupa.

As SALOIAS foram, como as VARINAS, as figuras femininas que cruzavam as RUAS DELISBOA que mais impressionaram os artistas, estas pelo seu garbo e elegância.
Os "SALOIOS", por sua vez, usavam calça curta e estreita, abotoada ao lado e, por baixo, uns calções brancos que desciam cerca de um palmo abaixo delas. Sobre a camisa, uma jaqueta curta e, na cabeça, um carapuço ponte-aguda semelhante ao dos campinos, ou um chapéu largo.

As "SALOIAS" lavadeiras, cuja distância não lhes permitia regressar a casa no mesmo dia às suas aldeias, pernoitavam em estalagens, espécie de "CASA DA MALTA", onde dormiam conjuntamente com os animais que as transportavam.
Eram bem conhecidas algumas destas hospedarias como a "ESTALAGEM DOS CAMILOS", na RUA NOSSA SENHORA DO AMPARO; outras situavam-se no POÇO DOS MOUROS; POIAIS DE S. BENTO, ou nas proximidades do"LARGO DO RATO"


(CONTINUA)-(PRÓXIMA)«GENTE DE LISBOA [ V ] -AS VARINAS ( 1 )» 


GENTE DE LISBOA [ V ]

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«AS VARINAS ( 1 )»
 Gente de Lisboa - (1900) - Aguarela de ALBERTO SOUZA - ( A "VARINA" com seu traje pitoresco e colorido)  in ALFACINHAS OS LISBOETAS DO PASSADO E DO PRESENTE
 Gente de Lisboa - (1920) Desenhado por CALDERON DINIS em Maio de 1983- ( A "VARINA" na sua faina vendendo peixe em LISBOA) inTIPOS E FACTOS DE LISBOA NO MEU TEMPO
 Gente de Lisboa - (1809) Gravura aguarelada I.N.C. de Manuel Godinho - (Saloia de FRIELAS ou FRIELEIRA, vendendo peixe em LISBOA. Na direita em baixo, podemos observar um barco típico do Rio Tejo "O MOLETA"-Colecção RUAS DE LISBOA , Est. Nº. 19)  in  O POVO DE LISBOA - CML
 Gente de Lisboa - (Século XIX) Gravador J. NOVAIS - (VARINAS lavando o peixe, para depois o ir vender)  in LISBOA DE ALFREDO MESQUITA
 Gente de Lisboa - (1909-09) Foto de Joshua Benoliel - ( VARINAS à porta do MERCADO 24 de JULHO) ( Abre em tamanho grande)  in AML 
 Gente de Lisboa - (19--) Foto de autor não identificado - (VARINAS lavam e escolhem o peixe no CAIS DA RIBEIRA NOVA)  ( Abre em tamanho grande)  in  AML 
Gente de Lisboa - (19--?) Foto de autor não identificado - ( "VARINAS" lavando o peixe no Cais da "RIBEIRA NOVA") ( Abre em tamanho grande )   in  AML


(CONTINUAÇÃO) - GENTE DE LISBOA [ V ]

«AS VARINAS ( 1 )»

«AS VARINAS»
Como a "VARINA" era sempre uma pessoa que vendia peixe, houve a tendência para fazer sinónimo dos dois termos; VARINA e PEIXEIRA, o que não é correcto. O termo "VARINA"é um tipo; PEIXEIRA será uma profissão.
Existiram sempre PEIXEIRAS em LISBOA, muito antes das "VARINAS" terem monopolizado o mercado do peixe da CAPITAL onde, aliás, desde sempre, o pescado constituía a alimentação mais popular, base de sustento das classes menos abastadas.
As PEIXEIRAS provinham dos BAIRROS piscatórios de ALFAMA ou de ALCÂNTARA ou de ZONAS RIBEIRINHAS, de FRIELAS, as chamadas PEIXEIRAS-FRIELEIRAS, ou de TOMAR, ou ainda da"OUTRA BANDA",  "MARGEM SUL DO TEJO",  hoje"GRANDE ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA", que engloba actualmente 18 Municípios da GRANDE LISBOA e da"PENÍNSULA DE SETÚBAL, sendo sem dúvida alguma o maior centro populacional do país.

Já existiam em zonas mais distantes, especialmente da barra de AVEIRO, mas em número reduzido. Foi depois da inauguração da LINHA DOS CAMINHOS DE FERRO DO NORTE, que a Colónia de "VARINAGEM" toma grande importância em LISBOA.
A "VARINA" viera, como todo o seu grupo étnico, quase sempre de zonas piscatórias como: ILHAVO; TORREIRA; ESTARREJA; FURADOURO; MIRA e, naturalmente de OVAR, donde lhe veio o nome, subtraindo-lhe o "O" para facilidade de dialecto.

Embora o designativo pela qual são conhecidos os "VARINOS"ou"OVARINOS"que naturalmente se circunscrevem à região de OVAR, ou de lá provinham com especial incidência da MURTOSA. Faziam-se transportar de comboio, deslocando-se praticamente com toda a sua família, "MARIDO", "MULHER", "FILHOS"e"IRMÃOS".
De início eram trabalhadores sazonais; vinham fazer aqui uma época, a do chamado "bomtempo", regressando depois às suas terras onde se dedicavam a uma agricultura de subsistência. Acabaram por se ir fixando e ficar o tempo inteiro.  Chegavam em grupos, alugavam uma casa para viverem, e procurando de preferência o popular "BAIRRO DAMADRAGOA", onde viviam sem qualquer conforto, dormindo no chão, sobre uma esteira.
Diz-nos ainda "NORBERTO DE ARAÚJO"nas suas"PEREGRINAÇÕES EM LISBOA" Livro VII página 27, o seguinte: "MADRAGOA, nome ressonante e plebeu; pescadores OVARINOS, homens da estiva, mulheres de ESTARREJA  e subúrbios, donas de trabalho na prancha da descarga do CARVÃO e nas areias da lota, de peitos altos, saias de cinta dobrada nos corpos durazios a contrastar nas cinturinhas ágeis das raparigas da MURTOSA; ( ... ) traficantes de peixe de olhar vivaço; tavernas onde se fala do mar e das fainas ribeirinhas.  Ao cabo, uma colónia AVEIRENSE trespassada à Capital e que se arreigou, no único BAIRRO DE LISBOA que não tem LISBOA por fundo dinástico".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«GENTE DE LISBOA [ VI ] - AS VARINAS ( 2 )»

GENTE DE LISBOA [ VI ]

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«AS VARINAS ( 2 )»
 Gente de Lisboa - (Século XIX) Gravador J. NOVAIS - (VARINAS conversando antes de irem vender o seu pescado)  in LISBOA DE ALFREDO MESQUITA
 Gentes de Lisboa - (1832-1833) - Litografia; S lit; O.R. - (VAREIRA, mulher de OVAR vendendo peixe em Lisboa) (Colecção "Costumes Portugueses")  in  O POVO DE LISBOA - CML 
 Gente de Lisboa - (Século XIX) - Gravador J. NOVAIS - (VARINAS lavando o seu peixe na RIBEIRA para depois ser vendido)  in  LISBOA DE ALFREDO MESQUITA
 Gentes de Lisboa - ( 1888 ) - Litografia colorida, seg. aguarela de Manuel de Macedo -Litografia de Guedes. - ( O VARINO DE LISBOA, publicado no "ALMANAQUE ILUSTRADO DAS HORAS ROMÂNTICAS", ano de 1881, pp. 68-69. e  "ÁLBUM DE COSTUMES PORTUGUESES")  in  O POVO DE LISBOA
 Gente de Lisboa  - (Desenho de AMARELHE) - (Uma homenagem de AMARELHE às VARINAS DE LISBOA) in  FUNDAÇÃO MÁRIO SOARES
 Gente de Lisboa - (anterior a 1932- Foto de Joshua Benoliel) - (Uma greve de VARINAS deslocando-se  ao longo  da RUA DE S. PAULO) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in AML 
Gente de Lisboa - (1947) - Foto de Judah Benoliel - (Comemorações do VII Centenário da Tomada de LISBOA aos MOUROS - O Cortejo Histórico, VARINAS e PESCADORES passando na "PRAÇA DOM PEDRO IV" (vulgo Rossio) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 

(CONTINUAÇÃO) - GENTE DE LISBOA [ VI ]

«AS VARINAS ( 2 )»

AS VARINAS
Elemento de algumas tradições, raramente casava fora do clã, estabelecendo uma espécie de casta. Muito trabalhadoras e um pouco gananciosas, nenhum membro da família ficava inactivo. 
Os homens ocupavam-se da pesca do peixe; as mulheres apregoavam-no e vendiam-o pelos quatro cantos de LISBOA; e os filhos, ainda bem pequenos, enfrentavam já os rigores do Inverno, pés descalços e andrajosos, calcorriando RUAS, subindo e descendo escadas, na venda de jornais. Quando lhes faltava o peixe a VARINA empregava-se em qualquer actividade, substituíndo-se até muitas vezes, às SALOIAS, na vende de leite.
Foi esta peixeira VARINA, mal a manhã se anunciava, deslizando entre brunas, ou sob a chuva, em ranchos, a caminho da RIBEIRA onde iam arrematar o peixe da lota, perna nua, pé descalço, saia arregaçada, cinta esbelta, faixa apertada sob a anca, na cabeça um "chapelinho" de feltro preto sobre lenço garrido, canastra apenas pousada sobre a "sogra"( 1 ), gestos desembaraçados, que constituiu o mais insistente cartaz folclórico de LISBOA e um dos mais fortes motivos de inspiração de poetas e artistas.

Assim, o VARINO, era o seu companheiro de labuta, era também o seu único admirador correspondido. Quando não saía para pescar, compartilhava com ela a venda do peixe.
O "VARINO" era homem robusto, crestado pelo SOL, em camisa, faixa à cintura, calça arregaçada, descalço, enfrentava as ondas sob o "sete-estrelo"( 2 ), com o mesmo à vontade com que dedilhava na sua viola, as árias nas serenatas nocturnas que dedicava às suas musas dos bairros "varineiros".

 A "VARINA" quando o frio apertava usava um capuz sem mangas, chamado «VARINO».
Com o tempo foram invadindo novos BAIRROS, acabando por se irem radicalizando, ao mesmo tempo que se foram abrindo a novos hábitos e adoptando trajes incaracterísticos.
Nos dias de hoje propriamente dito, a VARINA , como vendedeira de peixe, desapareceu das RUAS DE LISBOA. Outros processos de comercialização foram aparecendo, o congelamento do produto, a instalação de peixarias, progressivamente foram substituíndo a VARINA, de andar elegante e voz sonora, a que uma indumentária característica, regional, "emprestava" uma personalidade única entre os vendedores ambulantes da cidade de LISBOA.
De todas as vendas ambulantes de LISBOA, foi a do peixe a que deixou mais raízes e deixou mais saudades. Resistiram as VARINAS até mais de metade do século XX. A facilidade de transportes acabou por as dispensar. E hoje seria impossível fazer ouvir um pregão, no meio do ruído dos motores e das buzinas. 
Essas raparigas alegres e expressivas corriam boa parte da cidade gritando por forma a que as suas vozes fossem ouvidas mesmo nos andares altos. 
Criaram assim pregões cantados, com musicalidade próprias para cada tipo de peixe. A SARDINHA por exemplo era "Vivinha da Costa" e as suas qualidades eram elogiadas com o brando "ai que linda, ai que linda"; o carapau era "fresquinho", a pescada era "do alto"; o pargo era "de SESIMBRA".  
Estas jovens VARINAS, trabalhadoras e azougadas, deitavam a mão a tudo que "cheirasse" a ganhar dinheiro, fosse na descarga do carvão ou da areia, no cais das fragatas ou correndo pelas RUAS na venda do peixe. E quando calhava uma festa e bailarico, lá estava ela no rodopiar com as suas saias largas, mostrando suas magnificas pernas moldadas no andar elástico pelas RUAS DE LISBOA, balançando as ancas, que as cintas de lã lhe davam um desenho airoso. É uma pena terem acabado as "VARINAS DE LISBOA".

- ( 1 ) - SOGRA - (Prov.) o mesmo que rodilha - trapo que forma uma roda ou roda de trapo que se põe na cabeça para suster fardos, Canastra e abrandar-lhes a pressão.

- ( 2 ) - "SETE-ESTRELO" - (do Latim pleiade -Gr. pléo, navego), s. f.   cada uma das sete estrelas que formam a constelação chamada  PLÊIADES ou Sete-Estrelo na constelação do Touro, que era favorável à navegação.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«GENTE DE LISBOA [ VII ] OS GALEGOS ( 1 )». 

GENTE DE LISBOA [ VII ]

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«OS GALEGOS ( 1 )»
 Gente de Lisboa - (1816) Desenho aguarelado de ALBERTO SOUSA - (Um "GALEGO AGUADEIRO", símbolo de LISBOA na época)  in "ALFACINHAS" os lisboetas do Passado e do Presente
 Gente de Lisboa - (Século XIX) Gravador J. NOVAIS - (Uma mudança, "a pau e corda" por trabalhadores "GALEGOS", na cidade de LISBOA)  in LISBOA DE ALFREDO MESQUITA
 Gente de Lisboa - (Século XIX) Desenho sobre papel de RICARDO HOGAN - (Um desenho de "MOÇO DE FRETES" provavelmente de etnia "GALEGA", numa esquina da cidade)  in  O POVO DE LISBOA - CML 
 Gente de Lisboa - (1859) Desenho de FLORA, gravura de NOGUEIRA DA SILVA - (O "GALEGO DE ESQUINA" publicado no Arquivo Pitoresco Volume II, página 248)  in O POVO DE LISBOA- CML  
 Gente de Lisboa - (1907) Foto de Joshua Benoliel - ("AGUADEIROS GALEGOS" no Chafariz da Esperança - a maioria dos aguadeiros eram GALEGOS, reconhecidos facilmente pela sua típica indumentária e característico  pregão) (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in AML 
Gente de Lisboa - ( 1907 ) Foto de Joshua Benoliel - ("AGUADEIROS GALEGOS" no "Chafariz de Dentro" no Bairro de ALFAMA )  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 

(CONTINUAÇÃO) - GENTE DE LISBOA [ VII ]

«OS GALEGOS ( 1 )»

OS GALEGOS
A extrema pobreza em que os «GALEGOS» viviam obrigavam este povo a emigrar, ainda bastante jovem. Desciam das Montanhas da GALIZA, não trazendo consigo mais do que o fatinho que lhes cobria o corpo.
Percorrendo a pé, ou aproveitando-se de alguma "boleia", metiam-se às estradas que os separavam de LISBOA, para onde convergiam em grande número, à procura de melhores condições de ganhar o seu pão e amealhar um pecúlio, que lhes permitisse voltar à terra que os viu nascer e comprar uma pequena porção de terreno para lhes assegurar a velhice. 


Em LISBOA competiam com os naturais e a comunidade NEGRA em tarefas servis, empregando-se como criados, cozinheiros e moços de recados; monopolizavam, porém, quase completamente, os serviços mais pesados. como o de "MOÇO DE FRETES" e "AGUADEIRO".


Os "AGUADEIROS" encontravam-se em número muito elevado em LISBOA, que se distribuíam pelos chafarizes da cidade e, quando aguardando a sua vez na "fila" para obter água, sentados nos seus barris, que serviam para distribuir a água, carregando-os às costas ou, em grupos, pelas "PRAÇAS"e esquinas das RUAS, à espera de um freguês.
Terão sido estes "GALEGOS" que, mercê da sua força bruta, aliada a um temperamento calmo e algo de ambição, conseguiram assegurar uma eficiente distribuição de água ao domicílio na cidade de LISBOA, pois só em 1880 com a inauguração da "ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DOS BARBADINHOS", na RUA DO ALVIELA à "CALÇADA DOS BARBADINHOS", o abastecimento normal de água para a cidade ficou parcialmente resolvido, por uns largos anos.
Foram estes "GALEGOS" que em certas ocasiões fizeram de bombeiros em LISBOA, enquanto não existiam serviços de incêndio organizados, acorrendo prontamente, a qualquer hora da noite, sempre que os sinos da Igreja dessem esse sinal de incêndio.

Antes da revolução operada nos transportes, foram verdadeiras "bestas de carga", (que nos perdoem o termo), assegurando o transporte de mobiliário nas mudanças de residências.

Com a captação das águas do "RIO ALVIELA" e a fundação da "COMPANHIA DAS ÁGUAS ", por um lado, e a organização das primeira  "EMPRESAS DE TRANSPORTES" por outro, finalizaram as profissões de «AGUADEIROS» e de «MOÇOS DE FRETES». Os "GALEGOS" começaram a rarear nas ruas da cidade de LISBOA até desaparecerem quase por completo nessas actividades.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«GENTE DE LISBOA [ VIII ] OS GALEGOS ( 2 )».  

GENTE DE LISBOA [ VIII ]

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«OS GALEGOS ( 2)»
 Gente de Lisboa - (1832) Desenho de ALBERTO SOUSA - (Desordem entre aguadeiros possivelmente de etnia "GALEGA", num chafariz de LISBOA)  in "ALFACINHAS" os lisboetas de Passado e do Presente 
 Gente de Lisboa - (Século XIX) - Gravador J. NOVAIS - ( Um aguadeiro de origem "GALEGA", apregoando nas Ruas de Lisboa o seu negócio)   in LISBOA DE ALFREDO MESQUITA
 Gente de Lisboa - (1908-9) Foto de Joshua Benoliel ("GALEGOS" Moços de fretes com padiola, numa mudança em LISBOA ) (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in AML 
 Gente de Lisboa - (1967) Foto de João H. Goulart - (O antigo edifício da "PADARIA DO GALEGO" no LARGO MARQUÊS DE NISA em XABREGAS, neste momento já demolido)  in  AML 
 Gente de Lisboa - (2011)-Foto de APS -  (Local onde estava o edifício da "PADARIA DO GALEGO""RIBEIRO" em Xabregas)  in     ARQUIVO/APS
Gente de Lisboa - (2015) - (Restaurante "O CAÇADOR" na RUA DE XABREGAS,81 - (antiga taberna do "GALEGO" nos anos 40/50 do século XX)  in   GOOGLE EARTH 


(CONTINUAÇÃO) - GENTE DE LISBOA [ VIII ]

«OS GALEGOS ( 2 )»

OS GALEGOS
Para os trabalhos mais pesados e para recados, eram preferidos aos nacionais, não só pela sua maior vivacidade e prontidão, mas também pela ambição de ganhar dinheiro, (patente em muitos emigrantes), levando-os a sujeitar-se a qualquer trabalho por duro e ingrato que fosse.
Esta sujeição mesquinha prende-se com a poupança de dinheiro, levava-os a dormir nas imundas "CASA DA MALTA" e a comer "o pão que o diabo amassou", suscitava o desprezo por parte dos naturais e dos seus companheiros de trabalho que, por isso, os tratavam com certo desdém, dando à palavra de «GALEGO» um sentido pejorativo de "burro de carga".
  Devido à sua grande discrição alguns foram, porém, muito utilizados como "moços de recados" que envolviam "segredos", servindo, com frequência, de portadores de cartas de namorados.
A sua grande simplicidade e natural "avareza" fazia-os presa fácil do regozijo do povo e dos seus próprios companheiros que os ridicularizavam com enganos frequentes.
Nas paródias da "SERRAÇÃO DA VELHA", com o engodo da herança que lhes devia caber quando a velha fosse serrada, houve "galeguito" recém chegado da terra que cruzou a cidade de lés-a-lés de escada às costas.

A comunidade foi muito numerosa em LISBOA do século XVII a século XIX, constituindo um grupo inconfundível, com seu calção com "folhos", jaqueta apertada, boné de pele, corda e "chinguiço"( 1 ) ao ombro, encostado às esquinas das RUAS ou, em grupos no ROSSIO ou na PRAÇA DO COMÉRCIO, esperando a freguesia.
Com a habitual algazarra que os caracterizavam e as suas danças e cantares ao som do tambor e da "GAITA DE FOLES" foi, durante muito tempo presença obrigatória no folclore alfacinha.
Muito apegados à sua terra Natal, a ela regressavam, quase sempre levando tudo o que tinham conseguido amealhar. Alguns, porém, por cá ficaram, constituindo família e acabando por implementar o seu próprio negócio, como: MERCEARIAS, TALHOS, TABERNAS e PADARIAS. 

No  anos 40 e 50 do século XX, existiu no "sítio de Xabregas" um edifício no "LARGO MARQUÊS DE NISA, Nº. 1 (Actualmente demolido), cujo proprietário era "GALEGO" e tinha o negócio de fabricação de pão com loja de venda ao público. Um dos responsáveis pela padaria o "tio RIBEIRO" era um vernáculo "Galego", mas boa gente, tendo a sua permanência como padaria finalizado nos aos 60 do século passado.
Na "RUA DE XABREGAS" número 81 existe hoje  o "RESTAURANTE O CAÇADOR", que também nas décadas de 40 e 50, foi a TABERNA do"GALEGO" da firma "GERALDO & SEBASTIÃO".

- ( 1 ) - CHINGUIÇO - Espécie de redouça, em forma de ferradura (semi-circular), que os "moços de fretes" ajustavam ao pescoço para apoiarem o pau quando carregavam  "a pau e corda".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«GENTE DE LISBOA [ IX ]-OS NEGROS AFRICANOS ( 1 )»

GENTE DE LISBOA [ IX ]

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«OS NEGROS AFRICANOS ( 1 )»
 Gente de Lisboa - (1888) - Estampa colorida aguarelada de Manuel Macedo - (A "NEGRA DO MEXILHÃO" que vendia essencialmente na cidade de LISBOA - Álbum dos Costumes Portugueses)  In OS NEGROS NA CULTURA POPULAR PORTUGUESA
 Gente de Lisboa - (1888) - Litografia colorida aguarelada de Manuel de Macedo - ( O"PRETO CAIADOR DA CIDADE DE LISBOA" - Colecção de Costumes Portugueses)  in  TRAJES DE PORTUGAL
 Gente de Lisboa - ( 1894 ) - (Rafael Bordalo Pinheiro) - ("O PAI PAULINO" Busto de faiança, pintado e vidrado. Figura muito popular de Lisboa do século XIX. Paulino pertenceu à Brigada da Marinha e fez parte do desembarque no Mindelo. Grande defensor dos direitos dos Negros).  inALFACINHA
 Gente de Lisboa - (1842) - Litografia assinada por Macphail - ( O Preto caiador da cidade de LISBOA - Colecção de Macphail)  inO POVO DE LISBOA - CML
 Gente de Lisboa - (1835) - Litografia de P.A. - (O Preto Caiador no ROSSIO à espera de fregueses - Colecção de Costumes Portugueses)  in O POVO DE LISBOA - CML
 Gente de Lisboa - ( Século XIX) - (PRETO CAIADOR e PRETA vendendo TREMOÇOS, na cidade de LISBOA - Colecção PALHARES) - inO POVO DE LISBOA CML
Gente de Lisboa - (Início do século XIX desenho de Félix Doumet ) - (A "A PRETA CALHANDREIRA", transportando à cabeça os despejos da cidade com o "CALHANDRO", indo depois lançar ao Rio) - Colecção DOUMET (179?-1806) in O POVO DE LISBOA - CML

(CONTINUAÇÃO) - GENTE DE LISBOA [ IX ]

«OS NEGROS AFRICANOS ( 1 )»

Em pleno século XV, chegaram a LISBOA os primeiros cativos, "NEGROS AFRICANOS", com as primeiras descobertas na "COSTA DE ÁFRICA".
Desde então, não mais as embarcações portuguesas deixaram de lançar nas praias lusitanas escravos, "fulos" ( 1 ) ou povo da GUINÉ, ou cor de "azeviche", cuja mão-de-obra, desde o Século XVI, passou a ser reclamada e apetecida para assegurar os trabalhos domésticos e os trabalhos considerados mais despreziveis.

Já era considerada a componente negra na população de LISBOA, nos séculos XVII e XVIII, contando-se então, com uma boa percentagem de mulatos.

Em finais do século XVIII eram bastantes numerosos na Capital. Apesar da facilidade com que se fizeram cruzamentos sanguíneos, os pretos mantiveram-se socialmente marginalizados, numa situação económica sempre subalterna.
Mesmo quando libertos, só lhes era consentido entregar-se a trabalhos mal remunerados, geralmente preteridos pelos demais trabalhadores.
Por isso, na maior parte dos casos, (nessa época) a sua libertação equivalia à miséria. Devido às circunstâncias em que eram obrigados a sobreviver, não admira pois, que constituíssem um dos grupos populacionais que em maior número de mendigos, ladrões, vadios  e rufiões da cidade de LISBOA.

De entre as poucas opções que lhes eram deixadas, a mais apetecida era o ofício de CAIADOR que quase se monopolizou em LISBOA. Constituíam-se,  para tal. numa espécie de corporação, com assento no LARGO DO ROSSIO,  onde os fregueses os iam contratar.

As PRETAS, quando libertadas dos trabalhos domésticos que faziam na  condição de "escravas", empregavam-se como "CALHANDREIRAS" (CALHANDRO) ( 2 ), transportando à cabeça os despejos de toda a cidade que depois o iam lançar ao RIO TEJO; outras ocupavam-se na venda de produtos pouco rendosos como os tremoços, a fava-rica ou bolos de ALCAMONIA( 3 ). Eram especialistas na preparação do mexilhão que cozinhavam, bem apimentado, em caldeirões que, depois, transportavam à cabeça pela cidade, entoando o seu bem conhecido pregão: "IERRE, IERRE MEXILHÃO!".

Existiu em LISBOA do século XIX um espertíssimo Negro de quem se contam graciosas histórias. Figura muito popular o chamado  «O PAI PAULINO». Nasceu em 1779 no BRASIL e veio para PORTUGAL com as tropas liberais que desembarcaram no MINDELO. Depois de reformado da Brigada da Marinha fez parte do grupo de pretos caiadores com praça no ROSSIO. Morreu com mais de 90 anos, não tendo nunca abandonado a sua fita de "MINDELEIRO" que usava com orgulho na lapela do casaco. Arvorou-se em defensor dos seus irmãos de Raça. "RAFAEL BORDALO PINHEIRO" esculpiu-lhe um busto de faiança, pintada e vidrado, que se encontra no "MUSEU RAFAEL BORDALO PINHEIRO"situado no Campo Grande, 382 LISBOA.

- ( 1 ) - "FULOS" - Relativo aos Negros fulas; diz-se dos negros ou mestiços cuja a pele é meio amarelada.
- ( 2 ) - "CALHANDRO" - Vaso cilíndrico alto para urinar ou defecar; bacio em forma de cilindro.
- ( 3 ) - "ALCAMONIA" - Bolo, feito geralmente de mandioca, melaço, gengibre, cominhos etc..

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«GENTE DE LISBOA [ X ] - OS NEGROS AFRICANOS ( 2 )»

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