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Channel: RUAS DE LISBOA COM ALGUMA HISTÓRIA
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RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVIII ]

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«O MUSEU BOCAGE»
 Rua da Escola Politécnica - s/d - Foto de autor não identificado - (Animais e peixes montados por António Casanova na Galaria do Museu Bocage)  in TRIPLOV 
 Rua da Escola Politécnica - ( ant. 1907) (Um dos retratos do professor José Vicente Barbosa du Bocage, fundador do MUSEU)  in WIKIPÉDIA
 Rua da Escola Politécnica - (1978) Foto de Francisco Reiner em 26.11.204) (Incêndio no "MUSEU BOCAGE" na RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA", 54  - o que sobrou do incêndio de 1978 )  inTRIPLOV
 Rua da Escola Politécnica - (2004) Foto de Francisco Reiner - ("Lunda cirrhata", uma ave da família  ALCIDAE. Papagaio do mar com aproximadamente 40 cm. de comprimento e pesa entre 600 a 800 gramas,  exposto no MUSEU BOCAGE)  in TRIPLOV
Rua da Escola Politécnica - (2004) Foto de Francisco Reiner - (Espécies de aves  no Museu Bocage) inTRIOLOV

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVIII ]

«O MUSEU BOCAGE»

O «MUSEU BOCAGE» designação oficial da secção de zoológica e antropológica do  "MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL". Corresponde à secção zoológica do antigo  MUSEU NACIONAL DE LISBOA, fundada e dirigida, por "JOSÉ VICENTE BARBOSA DUBOCAGE".  Em 1905, ainda em vida do prestigiado zoólogo, foi conferido, sob proposta do Conselho da "ESCOLA POLITÉCNICA", o actual nome àquela secção. Uma excelente colecção antropológica portuguesa reunida por FERRAZ DE MACEDO foi nela depositada em 1907.
Assim quando em 1919 se criou o "MUSEU NACIONAL DE HISTÓRIA NATURAL", estendeu-se a designação de "MUSEU  BOCAGE" também à antropologia física.
O "MUSEU BOCAGE"é o herdeiro do espólio zoológico e bibliográfico do "REAL MUSEU DA AJUDA", após a passagem do que dele restou, depois de 1808, pela "ACADEMIA DAS CIÊNCIAS". Com efeito, quando das invasões francesas, "GEOFFROY SAINT-HILAIRE veio retirar tudo o que havia de cientificamente original no "REAL MUSEU", transportando-o para o "MUSÉE NATIONAL D'HISTOIRE NATURELLE DE PARIS". Assim, degradado , tudo o que restava do REAL MUSEU foi transferido, em 1836, para a "ACADEMIA DAS CIÊNCIAS" e daqui, em 1858, para a "ESCOLA POLITÉCNICA".
Destinava-se, então, a complementar o ensino teórico de Zoologia professado nesta escola. O professor BARBOSA DU BOCAGE foi, no entanto, bem mais longe, fez do MUSEU que dirigiu, um instituto de investigação taxonómica. 

Durante a sua longa vida cientifica, BARBOSA DU BOCAGE descreveu cerca de  duzentas espécies nominais, sobretudo de vertebrados africanos. Escolheu e apoiou colaboradores, restabelecendo em PORTUGAL uma tradição taxonómica de valor significativo.
Obteve, através de colectores nas colónias portuguesas, que soube motivar e interessar pelo "MUSEU DE LISBOA", excelentes colecções zoológicas, sobretudo de ANGOLA. "JOSÉ ANCHIETA" foi o seu grande colaborador neste domínio.

O "MUSEU BOCAGE" era, assim, uma instituição ricamente dotada e um centro de investigação taxonómica internacionalmente prestigiada. As cerca de três centenas de espécies novas descritas pelos seus naturalistas ao longo do tempo conferiram-lhe um interesse particular no domínio histórico-científico, pois aqui se encontra os exemplares sobre que as descrições originais se haviam baseado. Além disso, conservava vários exemplares de espécies actualmente extintas.

Tudo isso desapareceu com o incêndio de Março de 1978, a que se atribuiu de origem criminosa.
Hoje, o MUSEU BOCAGE continua em reconstrução. Reuniram-se, entretanto,  boas colecções, sobretudo de vertebrados de PORTUGAL. Foram-lhe oferecidos outras, principalmente de fauna marinha e peixes dulciaquícolas africanos. Organizou-se uma pequena exposição sobre diversidade animal, que é muito visitada por escolas da região de LISBOA. Foi restaurada a biblioteca, que já dispõe de milhares de volumes. A sua riqueza actual consiste, porém, no arquivo histórico, pois, por uma feliz circunstância, a quase totalidade dos manuscritos que possuía foi poupada ao incêndio.
No plano histórico-científico dar-se-á prioridade à investigação do arquivo histórico do «MUSEU BOCAGE», arquivo que é muito elucidativo da marcha dos estudos históricos-naturais em PORTUGAL, bem como das suas motivações e interesses nos dois últimos séculos, sendo designado actualmente por "MUSEU NACIONAL DE HISTÓRIA NATURAL DA UNIVERSIDADE DE LISBOA". 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XIX ] O PALÁCIO REBELO DE ANDRADE-SEIA ( 1 )». 


RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XIX ]

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«O PALÁCIO REBELO DE ANDRADE - SEIA ( 1 )»
 Rua da Escola Politécnica - (2012) - (O "PALÁCIO REBELO DE ANDRADE-SEIA" na Rua da Escola Politécnica e esquina para a "Rua do Arco de S. Mamede". Um grande incêndio em 1931 afectou este palácio consideravelmente. Em 1983 foi adquirido pelo Instituto Português de Ensino à Distância, para nele instalar a "UNIVERSIDADE ABERTA") in GOOGLE EARTH
 Rua da Escola Politécnica - (2011) Foto de João Carvalho - (Pormenor da varanda por cima da entrada principal, do "PALÁCIO SEIA", também conhecido pelo "PALÁCIO BRAMÃO")  in WIKIPÉDIA
 Rua da Escola Politécnica - ( 2001) Foto de Pedro Soares - (Portal do "PALÁCIO SEIA" ou "PALÁCIO REBELO DE ANDRADE-SEIA" na Rua da Escola Politécnica, também conhecido por "PALÁCIO BRAMÃO")  in MONTE OLIVETE
Rua da Escola Politécnica - (1993) Foto de FOTOVOO - (Antigo "PALÁCIO REBELO DE ANDRADE-SEIA", depois de 1977 propriedade da "IMPRENSA NACIONAL-CASA DA MOEDA" e em 1983 estava ali instalada a "UNIVERSIDADE ABERTA")  in  A SÉTIMA COLINA

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XIX ]

«O PALÁCIO REBELO DE ANDRADE - SEIA ( 1 )»

O «PALÁCIO REBELO DE ANDRADE» construído ainda antes de 1760, na hoje "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" números 141 a 147, ou à "COTOVIA", mesmo em frente do então "COLÉGIO DOS NOBRES", e que depois pertenceu ao "CONDE DE SEIA", é um grande edifício de dois andares com onze varandas na fachada principal, onde a elegância e o cuidado dos pormenores não disfarçam inteiramente um aspecto burguês que o assemelha muito à casa de "LUDOVICE", construída uma dezena de anos antes. Este antigo PALÁCIO serve hoje de sede à "UNIVERSIDADE ABERTA".
Apesar das muitas transformações que sofreu ao longo dos anos, especialmente o acrescento de um piso superior, o "PALÁCIO REBELO DE ANDRADE" continua a ser um notável exemplo da arquitectura residencial pombalina.
Este rico comerciante lisboeta "ANTÓNIO REBELO DE ANDRADE" terá construído neste palácio em terrenos da "QUINTA DOS SOARES", aforados a "D. RODRIGO DE NORONHA", na chamada "QUINTA DA COTOVIA", a tornejar para a nova"RUA DO ARCO".
Em 1762, "ANTÓNIO REBELO DE ANDRADE", já aí é dado como residente. Trata-se, pois, de uma das primeiras construções palacianas desta zona, a par com o seu vizinho do "MORGADO ALAGOA", construído  também por alguém inteiramente ligado ao poder emergente de "SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO".
O edifício que hoje nos é dado observar não corresponde, no entanto, ao projecto inicial de "REBELO DE ANDRADE". Como já nos referimos, primitivamente este palácio só contava com o primeiro piso de rés-do-chão e, sobre ele, um andar nobre de sacada, Na fachada sobre a "RUA DO ARCO" esse piso nobre tinha o pé-direito mais baixo, permitindo a existência de um "MEZZANINO" no vão, iluminado por óculos. 
Além disso, aproveitando o desenvolvimento da RUA lateral, abria sob o piso térreo outro de grandes lojas, de certo inicialmente destinados a cavalariças. Para trás. sobre o jardim a construção desenvolvia-se em " U " simétrico, definindo como que um pátio ajardinado com directa ligação ao átrio da entrada.
Esta disposição primitiva enquadra esta casa-nobre na tradição construtiva então vigente em LISBOA. Uma grande sobriedade no desenho, de leitura fácil em termos de organização do espaço, sem originalidades ou fantasias arquitectónicas. E o esquema antigo, com o andar-nobre alterado, mantendo um certo afastamento entre a rua e o local de vivência dos donos da casa. Já o mesmo se não poderá dizer da gramática decorativa.
Estamos perante um dos edifícios em que mais perfeitamente se explana o gosto do "Barroquismo Joanino", de inspiração italiana, preso às elegâncias formais do trabalho nas cantarias.
Como era hábito com números ímpares de aberturas, neste casa, exalta-se o eixo central, ocupado pelo portal e um janelão de sacada sobreposto.  A atenção decorativa, com volutas e frontão contracurvado, que interliga essas duas componentes, acentua a verticalidade, contrabalançando, assim, a horizontalidade dominante na construção. As restantes dez sacadas apresentam também frontões elaborados que ritmam e animam a fachada, tornando mais leva a solidez da estrutura rígida do próprio edifício. De acordo com a prática BARROCA DE LISBOA, é a decoração que imprime ritmo e transmite alguma leveza a uma tradição construtiva que, na sua essência, pouco mudara.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XX ] - O PALÁCIO REBELO  DE ANDRADE-SEIA( 2 )». 

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XX ]

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«O PALÁCIO REBELO DE ANDRADE-SEIA ( 2 )»
 Rua da Escola Politécnica - (2012) Foto de autor não identificado (Fachada principal do "PALÁCIO SEIA" também conhecido pelo "PALÁCIO BRAMÃO" e antigo "PALÁCIO REBELO DE ANDRADE" na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" números 141 a 147) (Abre em tamanho grande) in MONUMENTOS-SIPA 
 Rua da Escola Politécnica - (2012) Foto de autor não identificado - Entrada do "PALÁCIO REBELO DE ANDRADE", depois "PALÁCIO SEIA" e "PALÁCIO BRAMÃO", na Rua da Escola Politécnica, 147 em LISBOA) inJUNTA DE FREGUESIA DE SANTO ANTÓNIO
 Rua da Escola Politécnica - ( 2011) - Foto de autor não identificado - ("Palácio Rebelo de Andrade" depois "Palácio Seia" na esquina com a "RUA DO ARCO DE S. MAMEDE" e a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA") in MONUMENTOS-SIPA
Rua da Escola Politécnica - (anterior a 1977) Foto de autor não identificado - (Possivelmente nesta altura já a "IMPRENSA NACIONAL" estava instalada no "PALÁCIO SEIA") in MONTE OLIVETE

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XX ]

«O PALÁCIO REBELO DE ANDRADE - SEIA ( 2 )»

E essa leveza elegante, que é, sem dúvida, a imagem de marca deste edifício, considerando-o na sua forma primitiva, é bem acentuada pelo toque quase precioso dos óculos que compõem o "MEZZANINO" lateral.
O acrescento de um andar em altura veio perturbar a imagem bem composta e harmónica desta casa-nobre. Não se conhece a data de tal aumento, mas sabe-se que, ainda em 1812, num aviso de venda publicado na «GAZETA DE LISBOA», a casa é descrita como tendo; "onze janelas de sacada em frente e grande fundo".

"REBELO DE ANDRADE" habitou o Palácio pouco mais de dois anos, por falecimento, e em 1769 os seus herdeiros alugaram o segundo andar, e todo o prédio em 1781 até 1810, mas já então o tinham vendido, após 1805, aos "MARQUESES DE MINAS", "CONDES SOUSAS DO PRADO", que pelas datas que se extraiam foram sucessivamente quatro, do 5.º ao 8.º, com numerosas criadagem, de 42 elementos.

Em 1820 passou pelo palácio a "3.ª MARQUESA DE VAGOS", casada em 1815. No ano de 1833 pertencia esta casa a um "MANUEL DE MIRANDA CORREIA", homem de negócios, que consta ter enriquecido com o tráfico de escravos com o BRASIL, sendo, sem impedimento, CAVALEIRO DE CRISTO. Uma filha "D. MARIANA" e herdeira deste "MIRANDA CORREIA", foi dama da rainha "CARLOTA JOAQUINA", o que situa politicamente o "negreiro", que em 1816 a casou nobremente na grande casa "ATALAIA-TANCOS" com o "CONDE DE SEIA", "D. ANTÓNIO MANUEL DE MENEZES", um fidalgo, oficial da marinha, que possuía (não sabemos se à custa do sogro) uma fragata de tal modo ostentoso e revestida de oiro que era cognominada a "DOIRADINHA".
Usou as armas dos "MARIALVAS", da varonia paterna e sua casa; era capitão de fragata o CONDE que conduzira a CORTE DE D. JOÃO VI de regresso ao reino.
Quando em 1840 o "CONDE DE SEIA" habitava este Palácio que herdou de seu sogro, existiram muitas obras de ampliação, supõe-se que eventualmente nessa época terá sido acrescentado o 2.º andar. O CONDE DE SEIA morreu em 1848, deixando um filho arruinado e desgraçado, que foi figura dramática de LISBOA, de meados do século XIX.

Vendido o edifício por um preço mesquinho, a casa andou depois por várias mãos, como a dos "VISCONDES DE SANTIAGO DE CAIOLA", proprietários em PORTALEGRE, e também no século XX foi habitada por um "CONDE FEITOSA". Um "BRASILEIRO" rico, de nome  "JOÃO FERNANDES" com a personagem já caricaturada pelo "RAMALHO" nas «FARPAS».
De 1908 a 1910 foi sede do PATRIARCADO. Os últimos proprietários foram os herdeiros do escritor "D. ALBERTO BRAMÃO", sendo na altura o edifício conhecido como o "PALÁCIO BRAMÃO".
Depois foi partilhado em andares e transformado numa espécie de prédio de rendimento. Um grande incêndio em Julho de 1931, afectou-a consideravelmente. 
Existiram depois questões de heranças e o palácio foi vendido à "IMPRENSA NACIONAL-CASA DA MOEDA"em 1977, pelos descendentes de"D. ALBERTO BRAMÃO", também ali habitado no século XIX,  o célebre médico "SOUSA MARTINS".

Dado como irrecuperável pelo Ministério das Obras Públicas, foi salvo em 1983, adquirido pelo "INSTITUTO PORTUGUÊS DE ENSINO `A DISTÂNCIA", para a instalação da «UNIVERSIDADE ABERTA», tendo recebido, com isso, equipamento sofisticado.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA[ XXI ]-A REAL FABRICA DAS SEDAS( 1 )».

O 1.º DE DEZEMBRO

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«O 1.º DE DEZEMBRO DE 2015»

Associando-me ao "MOVIMENTO 1.º DE DEZEMBRO" quero deixar aqui o meu inconformismo, pela perda do feriado referente à comemoração do 1.º de DEZEMBRO (dia que assinala a RESTAURAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL) apagado da nossa história pelo Decreto Lei N.º 23/2012.

Esperamos e desejamos que este NOVO GOVERNO não se esqueça, deste nobre dia para o povo português.


(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXI ]  -  A REAL FÁBRICA DAS SEDAS ( 1 )»

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXI ]

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«A REAL FÁBRICA DAS SEDAS ( 1 )
 Rua da Escola Politécnica - ( 2011) Foto de João Carvalho - (Início da "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA", no lado direito a antiga "REAL FÁBRICA DAS SEDAS") in  WIKIPÉDIA
 Rua da Escola Politécnica - (depois de 2002) Foto de autor não identificado - (Fachada principal da antiga "REAL FÁBRICA DAS SEDAS" na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA") in  PATRIMÓNIO CULTURAL - DGPC
 Rua da Escola Politécnica - ( entre 1898 e 1908 ) Foto de autor não identificado (Fachada principal da "REAL FÁBRICA DAS SEDAS" na Rua da Escola Politécnica) (Abre em tamanho grande ) in  AML
Rua da Escola Politécnica - ( Século XVIII) - Corpo central com Brasão joanino, na fachada da antiga "REAL FÁBRICA DAS SEDAS" na Rua da Escola Politécnica)  in A SÉTIMA COLINA

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXI ]

«A REAL FÁBRICA DAS SEDAS ( 1 )»

Muito antes do aparecimento da "REAL FÁBRICA DAS SEDAS" estes terrenos por aqui, entre o "RATO" e a "RUA DA IMPRENSA NACIONAL" (antiga Travessa do POMBAL) e até SÃO BENTO, faziam parte da "QUINTA DO MORGADO DOS SOARES DA COTOVIA". Quando a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" (antiga RUA FÁBRICA DAS SEDAS") foi rasgada entre as "QUINTAS DO - NOVICIADO"e a de"DOM RODRIGO", que fazia ligação do sítio da «COTOVIA» com a de «CAMPO LIDE», foi então implantada uma das mais importantes manufacturas "JOANINA" e depois "POMBALINA" a "REAL FÁBRICA DAS SEDAS", erguida no subúrbio do"RATO", sendo um marco histórico na INDUSTRIA PORTUGUESA dos séculos XVIII e XIX.

Com o seu importante edifício e fachada principal virada para a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA", esquina para o"LARGO DO RATO", apesar de ter sofrido incêndios que o foram mutilando, ainda se conserva como um monumento da época manufactureira.
O Edifício de construção de planta em " L ", de 117 metros de comprimento, dois pisos ritmados por 14 janelas em cada piso, coroada por uma platibanda oitocentista, trinta e sete vãos em piso de lojas e primeiro andar, quatro  delas nas extremidades, em corpo saliente, com portão e janela nobre por cima, e coberto com um frontão triangular de urnas sobre as pilastras que o definem, e no acrotério, tendo no tímpano um belo BRASÃO Nacional, concheado e coroado, com panejamentos apanhados dos lados, em bom estilo D. JOÃO V.
È a peça original da Fábrica, a única que resta em obra, modificações e acidentes que alteraram substancialmente a fachada, mas não fundamentalmente, que a sua estrutura se mantive, permitindo avaliar o ritmo funcional da edificação e a importância da empresa, ao longo da sua acidentada história.

Era desejo de D. JOÃO V, mal sustentado nas contradições de sua economia, em outro sistema económico, ele procurava soluções no quadro POMBALINO da "JUNTA DO COMÉRCIO",  sob a Direcção do vizinho"JOSÉ FRANCISCO DA CRUZ" que, ao mesmo tempo, e aforando também terrenos dos "SOARES", ali se instalou no seu palácio dito "ALAGOA".

Sabemos que durante o reinado de D. JOÃO V, com o incremento da industria, foram criadas diversas unidades fabris em PORTUGAL, entre elas  uma fábrica de fiação de seda.
Em 1727, na cidade de PRAGA, o Embaixador português, o "CONDE DE TAROUCA", acompanhado pelo "P. THOMAZ DA SILVA", contrataram para Portugal o francês "ROBERTO GODIN", com o seu sogro "CLAUDIO CIBERT", dirigiam ali as fábricas de sedas, debaixo da protecção do imperador da ALEMANHA "FREDERICO GUILHERME I". A 29 de Agosto de 1727, GODIN, a sua família e alguns dos seus oficiais mais experimentados tecelões da seda, chegam a portugal, para montar entre nós, aquela manufactura. Esta iniciativa, tutelada pelo CARDEAL DA MOTA, Ministro de D. JOÃO V.
O alvará real de fundação data de 13 de Fevereiro de 1734 e a Fábrica foi edificada no "RATO", estando o edifício concluído em 1741, tendo custado cerca de 30 contos de réis.

Com o terramoto de 1755 o imóvel sofreu alguns danos, e a partir de 1757, o ESTADO acabou por reestruturar o regimento e estatutos da fábrica, designada a partir de então por "REAL FÁBRICA DAS SEDAS DO RATO", na "RUA DIREITA DA FÁBRICA DAS SEDAS".
Este industrial francês terá obtido em 1734 o privilégio de vinte anos de laboração monopolizada, estando próximo do "RATO" para beneficiar das "ÁGUAS LIVRES" que iriam ser instaladas muito perto. 

Mais tarde, a rua sofre um alteamento considerável que deu desnível à parte da fachada, defendido a certa altura por uma grade ( de que ainda existem troços), e antes, por um muro que devia isolar os operários. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXII ] A REAL FÁBRICA DAS SEDAS ( 2 )».

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXII ]

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«A REAL FÁBRICA DAS SEDAS ( 2 )»
 Rua da Escola Politécnica - (2012) Foto de Pedro Almeida - ( A antiga "REAL FÁBRICA DAS SEDAS" na Rua da Escola Politécnica)  in LISBOA-COMPARAÇÃO COM OUTROS TEMPOS
 Rua da Escola Politécnica - ( 2008 ) -Foto de Dias dos Reis - (Fachada da antiga "REAL FÁBRICA DAS SEDAS" e seu corpo principal onde sobressaem as armas Reais de D. JOSÉ I)  in  DIAS DOS REIS
 Rua da Escola Politécnica - ( 1968 ) - Foto de Armando Serôdio ( A "REAL FÁBRICA DAS SEDAS" na Rua da Escola Politécnica e seu Brasão no frontão) in  AML
Rua da Escola Politécnica - ( 1961 ) Foto de Artur Goulart - (A "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" o Edifício da antiga "FÁBRICA DAS SEDAS", uma oficina no número 43) (Abre em tamanho grande )  in AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXII ]

«A REAL FÁBRICA DAS SEDAS ( 2 )»

Finalmente, resolveram construir um edifício de raiz, cujas obras foram iniciadas em 1738 e terminaram entre 1740 e 1741. Numa história assaz movimentada desde a data de início de laboração até à data da sua liquidação, em 1830-1835, a manufactura do RATO passou por seis períodos de actividade, a maioria dos quais foram sinteticamente tratados por "JOSÉ ACÚRSIO DAS NEVES". O primeiro período abarca os anos de 1734 - 1750 e passou por três administrações distintas, na primeira das quais se optou pela construção de um edifício adequado aos diversos fabricos, centralizador da produção, no então subúrbio do RATO. durante este período, liderado pela iniciativa privada da Companhia fundadora, implantam-se os primeiros 91 teares e organiza-se a manufactura e os diversos lavores da sua produção. A crise de 1747-1750, que opôs GODIN aos seus sócios negociantes, inviabilizou a continuação dos interesses da Companhia na Fábrica.  A morte de D. JOÃO V, em 1750, e a sucessão de D. JOSÉ, cria boas condições para a venda da FÁBRICA DO RATO ao ESTADO, negócio proposto por GODIN. Inicia-se então o segundo período (1750-1757), caracterizado pela administração por conta de "VASCO LOURENÇO VELOSO", emque a FÁBRICA DAS SEDAS é pertença da FAZENDA REAL. A nomeação de "VELOSO"gerou contencioso com GODIN.
VELOSO imprimiu, no entanto, um cunho personalizado à produção, datado da sua gerência o desenvolvimento da oficina da TINTURARIA, situada no RATO ( nas construções de GODIN), a introdução do fabrico de meias e a montagem do primeiro torno de torcer a seda. Após o terramoto de 1755, e aproveitando a movimentação social dos tecelões da Seda do Rato, contra a administração de VELOSO, materializada, inclusive, por uma representação do Rei em SALVATERRA DE MAGOS. O ESTADO iluminado resolveu apoiar-se na REAL FÁBRICA DO RATO para iniciar uma política concertada de desenvolvimento manufactureiro em PORTUGAL, transformando-a em matriz e modelo de mais outras que se fundaram posteriormente. No terceiro período caracterizado pela criação de uma direcção administrativa, por conta da JUNTA DO COMÉRCIO, a quem competia eleger os cinco directores. Nesta período, cuja actividade se estende curiosamente até à morte de DOM JOSÉ, passa-se de um regime basicamente centralizador para uma forma mista de trabalho, com a aceitação do trabalho a domicílio, liderado pelo princípio do sistema doméstico e integrando as Corporações de mestres da seda na esfera da manufactura estatal. é desta fase a construção das 70 casas do Bairro dos Fabricantes do RATO e das AMOREIRAS (1759) e da instalação de uma série de fábricas anexas que serviam de forma de um corpo técnico de aprendizes com capacidade de autonomizar o ESTADO de contratações futuras.
De salientar que entre as manufacturas anexas umas funcionavam no edifício da "REAL FÁBRICA DO RATO", como as manufacturas de galões e de tirador ou de ouro e prata (por sua vez indispensáveis à dos galões), outras no parque habitacional e Comunitário das AMOREIRAS, outras ainda, noutras partes da cidade, sem falar nas que se montaram noutros locais do país.
Em termos de equipamento foram instalados cerca de 165 teares de meias, construído o segundo torno de torcer, adquirida uma máquina de aplicar goma às fazendas fabricadas, e construída uma mais perfeita CASA DA TINTURARIA, na RIBEIRA DE ALCÂNTARA, à qual se anexou a"CASA DA CALANDRA" e a"CASA DE LIMAS".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXIII ]-A REAL FÁBRICA DAS SEDAS ( 3 )».

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXIII ]

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«A REAL FÁBRICA DAS SEDAS ( 3 )»
 Rua da Escola Politécnica - (2002) - Foto de autor não identificado - (Fachada principal da antiga "Real Fábrica das Sedas" na "Rua da Escola Politécnica" frente ao Palácio Palmela) ( Abre em tamanho grande) inDGPC 
 Rua da Escola Politécnica - (1993) Foto de Henrique Ruas - (O comprido edifício da "Real Fábrica das Sedas" na Rua da Escola Politécnica" a tornejar para o "Largo do Rato" era adquirida em 1835 por MANUEL JOAQUIM JORGE) inSÉTIMA COLINA 
 Rua da Escola Politécnica - (1910-07) Foto de Joshua Benoliel - (Habitações para o pessoal da "Fábrica de Sedas" na "RUA DAS FÁBRICAS DAS SEDAS" actual "Rua Maestro Pedro Freitas Branco" que naquele tempo fazia esquina para a antiga "Rua Direita da Fábrica das Sedas", depois Rua da Escola Politécnica)  (Abre em tamanho grande)  in  AML
Rua da Escola Politécnica - (entre 1897 e 1908) Foto de autor não identificado - (Real Fábrica das Sedas, na Rua da Escola Politécnica. Antigo edifício incendiado na madrugada de 03.08.1897, funcionou numa parte deste edifício a Escola Primária Nº 43) (Abre em tamanho grande)  in  AML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXIII]

«A REAL FÁBRICA DAS SEDAS ( 3 )»

A este período podemos chamar o ciclo de ouro da "FÁBRICA DAS SEDAS". Com a extinção da DIRECÇÃO DA REAL FÁBRICA DAS SEDAS, na sequência do afastamento do MARQUÊS DE POMBAL, principal impulsionador da política estatal das manufacturas, segue-se o 4.º período, no qual a administração foi entregue à JUNTA DE ADMINISTRAÇÃO DAS FÁBRICAS DO REINO ( 1777-1788).
Esta Administração vai iniciar a privatização das unidades manufactureiras e dos teares de meias do ESTADO. No entanto, tanto a REAL FÁBRICA DE SEDAS DO RATO, como a dos GALÕES, a do "TIRADOR DE OIRO"e de"LOUÇA", se mantêm no património régio. Na ausência de subsídios estatais, este período corresponde a um momento de mudança com falta de fundos para funcionamento dos equipamentos e diminuição do número de teares em funcionamento. "ACÚRCIO DAS NEVES" refere, todavia, a introdução dos panos damascos rasos como nova produção da Fábrica. Um novo período de prosperidade económica relança a partir de 1788 até 1819 a "FÁBRICA DAS SEDAS", agora sob a tutela da "REAL JUNTA DO COMÉRCIO, AGRICULTURA, NAVEGAÇÃO E FÁBRICAS".
Nesta sentido volta a funcionar uma nova direcção, durante cuja gerência a fábrica deu lucros. 
Nesta período aumentou-se o número de teares ( 203 em 1792), reestabeleceu-se o fabrico das meias e introduziu-se um "filatório1 ) para organizar a seda pelo sistema "piemontês"( 2 ) ( a energia calórica), junto à RIBEIRA DE ALCÂNTARA.
Na implementação desta última medida não é estranha a acção do "CONDE DE LINHARES", impulsionador da construção de mestres italianos - os ARNAUD - igualmente responsável pelo desenvolvimento da fiação da SEDA em CHACIM, Trás-os-Montes.
Este longo período de quarenta e dois anos, de concepções realistas, foi preenchido de diversos subperíodos, cuja história está por fazer. A partir das INVASÕES FRANCESAS assiste-se a lutas políticas no interior da direcção da REAL FÁBRICA , entre grupos pró-liberais e pró-absolutistas de ideias económicas, por vezes antagónicas, que levaram a fábrica à crise de 1819. Com o "VINTISMO" reforçam-se as correntes não intervencionistas, "Liberalizantes" e "Nacionalistas", cujo simbolismo se materializou com a mudança de nome da manufactura para "FÁBRICA NACIONAL DAS SEDAS" e pelas tentativas de reforma do seu sistema económico e técnico. Neste último aspecto refira-se as diversas propostas de reforma apresentadas às COMISSÕES DA ASSEMBLEIA CONSTITUINTE e LEGISLATIVA e, depois de 1826 às CORTES, no sentido da reestruturação da manufactura.  Por esta razão estamos na presença de um 5.º período da história fabril (1820-1830).Na realidade as Direcções continuaram a estar submetidas à REAL JUNTA DO COMÉRCIO, mas muitas vezes durante as vagas de liberalismo dessa década a indefinição política da sua gestão foi mais a norma que a excepção. Durante as discussões políticas-económicas foi pedida a sua extinção que curiosamente se começou a concretizar durante o Governo de D. MIGUEL.
Em Julho de 1833 uma SOCIEDADE composta pelo "BARÃO DAS PICOAS", MANUEL EMÍLIO DA SILVA, RAFAEL PEREIRA e JOÃO PASTOR predispõem-se a adquirir a velha manufactura em 1835, e constituíram  uma COMPANHIA para a sua exploração com capitais de seis mil acções de valor nominal de 100$000 réis. Mas foi infrutífero . A "FÁBRICA DAS SEDAS", como manufactura real ou nacional, não mais se restabeleceu, nem conseguiu arranjar compradores para a reerguer a partir de outro plano. Todavia, em 1865, o espaço laboral era ainda aproveitado por empresas privadas que se dedicavam à produção e ao comércio de tecidos de seda.

Em 1 de Agosto de 1897 era noticiado o rescaldo de um incêndio, no qual só as paredes ficaram de pé. Após a reconstrução do edifício a situação não se alterou. Voltou a servir outros negócios, outras funções e outros interesses, desafiando até hoje a capacidade de identificação com algum monumento sem história, não com certeza a de algum palácio ou de alguma Igreja do património lisboeta.

( 1 )-"FILATÓRIO" - (do Lat. filu, fio) adj. relativo a fiação; aparelho para fiação.

( 2 ) - "PIEMONTES" - Natural ou habitante do PIEMONTE - (ITÁLIA).

(CONTINUA)-(NO PRÓXIMO ANO DE 2016)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [XXIV] - A IMPRENSA NACIONAL ( 1 )» - [SEGUE  ÍNDICES]-

ÍNDICE DE ARTÉRIAS EDITADAS EM - 2015

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«ÍNDICE DE RUAS EM 2015»

 (ÍNDICE DE: CALÇADA, JARDIM, LARGO, RUAS, eVILA de LISBOA)
(ÍNDICE POR FREGUESIAS: ARROIOS, BEATO,ESTRELA,MISERICÓRDIA, SANTA MARIA MAIOR,SANTO ANTÓNIO e SÃO VICENTE)

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O ÍNDICE ESTÁ REPRESENTADO EM ORDEM ALFABÉTICA POR ARTÉRIAS e FREGUESIAS.
FORAM TRATADOS ESTE ANO: 1- CALÇADA; 1 - JARDIM; 1 - LARGO; 6 - RUAS e UMA VILA, NUM TOTAL DE 97 PUBLICAÇÕES REFERENTES A ARTÉRIAS DE LISBOA.


(PRÓXIMO) «BOAS FESTAS».



BOAS FESTAS

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«BOAS FESTAS»




DESEJAMOS A TODOS OS «BLOGUISTAS» E AMIGOS,FELIZ NATAL E UM BOM ANO DE 2016.


APROXIMA-SE ONATAL E COMO  VEM SENDO HABITUAL, FAZEMOS UMA PARAGEM PARA MEDITAÇÃO.


VOLTAREMOS NO PRÓXIMO ANO ( se DEUS quiser e nos der saúde para tal ) COM MAIS RUAS DE LISBOA. ATÉ LÁ VIVAM ESTA QUADRA COM O ESPÍRITO DE VERDADEIRO NATAL.

FAÇAM O FAVOR DE SEREM FELIZES!


(CONTINUAÇÃO)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXIV ] A IMPRENSA NACIONAL ( 1 )».

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXIV ]

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«A IMPRENSA NACIONAL ( 1 )»
 Rua da Escola Politécnica - ( 1993) Foto de FOTOVOO - ( A "IMPRENSA NACIONAL" no antigo espaço dos "NORONHAS")  in  SÉTIMA COLINA 
 Rua da Escola Politécnica - ( c. de 1913 ) Foto de Joshua Benoliel ( A  Imprensa Nacional em finais dos seus acabamentos  no edifício) ( abre em tamanho grande)  in AML 
 Rua da Escola Politécnica - (Século XIX) Foto de autor não identificado - ( O "SOLAR DOS NORONHAS" edificado nos séculos XVII e XVIII, tinha a entrada principal principal pela então chamada "TRAVESSA DO POMBAL", hoje "RUA DA IMPRENSA NACIONAL". O novo projecto coloca a entrada principal pela "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA")  in A SÉTIMA COLINA
Rua da Escola Politécnica - ( do século XIV) - (As armas dos "NORONHAS" são: Esquartelado; o primeiro e o quarto de prata com cinco escudetes de azul em cruz, cada escudete carregado de cinco besantes do campo, bordadura de vermelho, carregada de sete castelos de ouro e por diferença um filete de negro sobreposto em banda; o segundo e o terceiro com um castelo de ouro, aberto, iluminado e lavrado de azul, mantelado de prata, com dois leões afrontados de púrpura, armados e lampassados de vermelho, bordadura composta de ouro e de veios, de dezoito peças)  in MONTE OLIVETE

(CONTINUA) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXIV ]

«A IMPRENSA NACIONAL ( 1 )»

Uma residência fora de portas, cujos primórdios datam do século XVI, numa propriedade à «COTOVIA», tinha além de casa de habitação, pomar, vinha, terras de semeadura e olival, estendendo-se entre a "RUA DA IMPRENSA NACIONAL" (antiga TRAVESSA DOPOMBAL)  o"RATO"e ainda para"SÃO BENTO".  Ali foi erguido o "SOLAR"de"ANDRÉSOARES" que instituiu o "MORGADO", depois de ter sido feitor na FLANDRES.
Nomeado secretário das mercês ( do REI D.JOÃO III), cargo de alta confiança que justificou o facto de o filho "MANUEL", que esteve e se resgatou em ALCÁCER-QUIBIR, ter sido escrivão da fazenda de "D. SEBASTIÃO" e lhe deram, possivelmente, seguimento a toda a sua fortuna, o filho, já chamado, pelo casamento dos pais, "SOARES DESEQUEIRA", dito«O DA COTOVIA" por renome lisboeta, pôde casar com uma filha de um "D. ANTÓNIO DE ALMEIDA"da casa de AVINTES.
Dos muitos filhos que teve, o primogénito casou com a filha de um  "D. PEDRO COUTINHO", senhor de "ALMOUROL". Nestas terras de sucessivas doações, mas que permitiu ao filho chamar-se «SOARES DE NORONHA COUTINHO», mesmo que por via materna.
A única filha havida, à sua vez casou, em 1735 com "D. RODRIGO ANTÓNIO NORONHA", filho do célebre "MARQUÊS DE MARIALVA" e irmão do "CONDE" consorte dos ARCOS, morto na tourada de SALVATERRA. E de SOARES por varonia "NORONHA", como ficaram a ser conhecidos na "COTOVIA", em cujo solar chegaram a ser servidos, então, por um conjunto de 83 criados. 
"D. RODRIGO" viveu à grande, explorou e gastou a propriedade, dando o seu nome às «TERRAS DE D. RODRIGO» e a uma "RUA DO NORONHA" e "TRAVESSA DONORONHA", deixando ao morrer em 1774, a viúva "SOARES" com a fazenda «em confusão e deplorável estado», necessitando de Administradores Judiciais. A filha, herdeira final, mas só em 1798, após um intermédio e complicado de descendência, casou com um "MELO"de"DOM"da"CASA DE MURÇA", e pedra de armas. Os "MELOS" terão ainda eventualmente habitado o palácio parcialmente, embora um dos seus descendentes tivesse vendido ao ESTADO em 1816.

"D. RODRIGO DE NORONHA" em 1769 terá já alugado a casa, para a instalação da "REAL OFICINA TIPOGRÁFICA", fundada por POMBAL.
Em 1816 a propriedade já não tinha "terra"à sua volta, e a nova instituição, em 1895 o velho edifício , considerado inadequado para as necessidades de um estabelecimento fabril em contínuo desenvolvimento, foi começado a demolir para dar lugar ao actual. A obra decorreu por fases, ficou concluída em 1913.

Ainda do velho Palácio, melhorado nos finais de Seiscentos e provavelmente no século XVIII, que tinha frente para a "RUA"dita"DO POMBAL", sendo do lado da hoje "RUA DAESCOLA POLITÉCNICA" fachada lateral e muros da QUINTA até ao RATO, ainda em princípios de 1700. 

Trata-se de uma planta em "U" de fachada principal de sete vãos, assaz simples, com sua porta de padieira quinhentista com pedra de armas ilegível (nas fotos) e muito certamente posterior; uma maqueta em madeira conservada na "IMPRENSA NACIONAL" informa como era a casa, já com a instalação fabril POMBALINA, com o novo nome recebido em 1820 e outra vez em 1833, à vitória liberal.

Criada por ALVARÁ de 24 de Dezembro de 1769, a "IMPRESSÃO RÉGIA", também chamada "RÉGIA OFICINA TIPOGRÁFICA", só a partir de 1833 passou a ser definitivamente conhecida pela designação de "IMPRENSA NACIONAL". 

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) «RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [XXV] - A IMPRENSA NACIONAL ( 2 )».

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXV ]

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«A IMPRENSA NACIONAL ( 2 )
 Rua da Escola Politécnica - (Século XX) Foto de Autor não identificado - (A "IMPRENSA NACIONAL" a funcionar na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA") in MONTE OLIVETE
 Rua da Escola Politécnica - (1993) Foto de Filipe Jorge - (A "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" no sítio da "COTOVIA", em primeiro plano o JARDIM DO PRÍNCIPE REAL") in LISBOA VISTA DO CÉU
 Rua da Escola Politécnica - (1915-05) Foto de Artur Leitão Bárcia (Antigo "PALÁCIO DOS SOARES DE NORONHAS". Em 1895 o palácio é demolido para no mesmo lugar se erguer as instalações para a "IMPRENSA NACIONAL") (Abre em tamanho grande)  in AML
Rua da Escola Politécnica - (Post. a 1903) Foto de Joshua Benoliel . (O Edifício da "IMPRENSA NACIONAL" ainda em construção no antigo lugar do Palácio dos Soares Noronhas) ( Abre em tamanho grande)  in AML


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXV]

«A IMPRENSA NACIONAL ( 2 )»

Para dar início à laboração da "RÉGIA OFICINA TIPOGRÁFICA", foi adquirida a oficina tipográfica de "MIGUEL MANESCAL DA COSTA" e alugado o "PALÁCIO DE D. FERNANDO SOARES DE NORONHA", à«COTOVIA», na então"RUA DIREITA DAFÁBRICA DAS SEDAS", quase defronte do "COLÉGIO DOS NOBRES" (depois ESCOLA POLITÉCNICA).
A "IMPRESSÃO RÉGIA", foi, nos termos referidos em Alvará"(...) unida à fábrica que até agora esteve a cargo da Junta do Comércio, fundada em 1732, por JEAN DE VILLENEUVE, francês que viria para PORTUGAL chamado por D. JOÃO V para ensinar a sua arte. Foi-lhe cometida a «continuação do ensino dos aprendizes da mesma fábrica de letras, para que não faltem no reino os professores desta utilissima  arte, continuando como até agora está disposto». Para"abridor de estampas conhecidamente perito"que(...) terá a obrigação de abrir todas as que forem necessárias para a impressão, e se lhes pagarão pelo seu justo valor: e demais ensinará continuadamente os aprendizes (...)".
Foi nomeado JOAQUIM CARNEIRO DA SILVA (mais tarde, de 1802 a 1815, este lugar será ocupado pelo célebre gravador "FRANCISCO BARTOLLOZI"). Em Julho de 1769, foi incorporada na "IMPRESSÃO RÉGIA"a"FÁBRICA DE CARTAS DE JOGAR E PAPELÃO", sob a direcção de"LOURENÇO SOLÉSIO", cujo monopólio de fabrico e venda de cartas de jogar no "reino e conquistas"   foi um dos seus principais rendimentos até 1832, quando da sua extinção.
A "IMPRENSA RÉGIA", depois da JUNTA DO COMÉRCIO, funcionou na dependência da "JUNTA DE ADMINISTRAÇÃO DAS FÁBRICAS DO REINO E OBRAS DE ÁGUAS LIVRES" (1778), da REAL MESA DA COMISSÃO GERAL SOBRE EXAMES DE CENSURA DOS LIVROS (1788) e, finalmente, do presidente do REAL ERÁRIO (1794).

A designação de IMPRENSA NACIONAL resulta do nome dado em 1820 à "RÉGIAOFICINA TIPOGRÁFICA", por deliberação das CORTES CONSTITUINTES, utilizando-se este novo nome até 1823, vindo a ser retomado desde 1833 até ao presente século. Actualmente constitui o sector da produção gráfica da EMPRESA PÚBLICA denominada "IMPRENSA NACIONAL-CASA DA MOEDA".
A partir de 1838, sob a direcção de "JOSÉ PEREIRA MARECOS"a IMPRENSA NACIONAL conheceu uma série de progressos que viriam a colocá-la entre os melhores estabelecimentos congéneres europeus, vindo desde a segunda metade do século XIX a obter distinções com a sua participação em exposições internacionais.
Em 6 de Outubro de 1910 é escolhida para a sua direcção "LUÍS DÉROUET", a primeira nomeação feita pelo GOVERNO PROVISÓRIO DA REPÚBLICA. A ele se deve a organização da BIBLIOTECA - SALA ANTÓNIO JOSÉ DE ALMEIDA - que foi inaugurada em 1923, tal como se pode ainda hoje ver. A sua carreira veio a terminar em 1 de Novembro de 1927, ao ser assassinado à porta do estabelecimento a que tanto se dedicou.
Com o plano de reapetrechamento posterior à REPÚBLICA, teve a IMPRENSA NACIONAL a sua primeira máquina de compor em 1912. Também até meados do século XX fez-se a integração de algumas tipografias do ESTADO neste estabelecimento. O actual edifício da "IMPRENSA NACIONAL", ou o conjunto de edifícios interligados, foi construído na área ocupada pelo antigo SOLAR DOS SOARES E NORONHAS
O edifício, que ocupa uma maior área  que o antigo SOLAR, pela sua fachada principal reflecte uma sobriedade adequada à administração e funcionalidade de um estabelecimento fabril, numa linguagem arquitectónica sem ornamentos, onde mesmo a entrada principal apresenta dimensões reduzidas e sem o menor esboço de sumptuosidade ou monumentalidade, construído o que na sua época foi considerado um edifício frio e feio. [ FINAL ]

BIBLIOGRAFIA

- ARAÚJO, Norberto . Peregrinações em Lisboa - Livros II e XI - Ed. Vega-1992/3-LISBOA.
- ARMORIAL LUSITANO -Editora Enciclopédia, Lda. - 1961 - LISBOA.
- AS FREGUESIAS DE LISBOA - Augusto Vieira da Silva- Pub. Culturais da C.M.L.-1943-LISBOA.
- ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA-Sob a DIRECÇÃO DE FILIPE FOLQUE: 1856-1858- Pub. da CML - 2000.
- DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA - Dir. FRANCISCO SANTANA e EDUARDO SUCENA - 1994 - LISBOA.
- DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO KOOGAN LAROUSSE - 3º Volume-Selecções-1981-LISBOA.
- FRANÇA, José-Augusto - LISBOA POMBALINA E O ILUMINISMO-BERTRAND-1983-LISBOA.
- FRANÇA, José-Augusto - A SÉTIMA COLINA -Liv. HORIZONTE-1994 - LISBOA.
- FRANÇA, José-Augusto - Monte Olivete Minha Aldeia - Liv. Horizonte- 2001 - LISBOA.
- JORGE, FILIPE (Coordenação) - LISBOA VISTA DO CÉU - Argumentum - 1994 - LISBOA.

INTERNET

JUNTA DE FREGUESIA DE SANTO ANTÓNIO
MONUMENTOS
WIKIPÉDIA 
  
(PRÓXIMO)«RUA CARVALHO ARAÚJO [ I ] A RUA CARVALHO ARAÚJO ( 1 )»

RUA CARVALHO ARAÚJO [ I ]

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«A RUA CARVALHO ARAÚJO ( 1 )»
 Rua Carvalho Araújo - (2007) - (Panorâmica da zona de ARROIOS onde está inserida a "RUA CARVALHO ARAÚJO")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Carvalho Araújo - (1856-1858) - Filipe Folque - (A "AZINHAGA DO AREEIRO" tinha o seu percurso de "A" a "A" no século XIX. Em 1924 é substituída pela RUA CARVALHO ARAÚJO. No ano de 1957 a parte Norte da "ALAMEDA" o troço da "RUA CARVALHO ARAÚJO" passa a denominar-se "RUA ABADE FARIA". Esta "AZINHAGA DO AREEIRO" era bastante importante na época, pois fazia a ligação entre a "ESTRADA DA PENHA DE FRANÇA" através da "Calçada do Poço dos Mouros") in ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA-CML
 Rua Carvalho Araújo - (2009) - (Início da "RUA CARVALHO ARAÚJO" junto ao Largo Mendonça e Costa. Atravessando a rua que nos fica em frente, podemos ver no outro lado a "CALÇADA POÇO DOS MOUROS" que antigamente ligava a esta rua (anterior a 1924), quando tinha o antigo nome de "AZINHAGA DO AREEIRO" e se prolongava pela actual "Rua Abade Faria"inGOOGLE EARTH 
 Rua Carvalho Araújo - (2009) - (Um troço da "RUA CARVALHO ARAÚJO" no sentido Sul. Podemos ver ao fundo, na parte de cima, o depósito de água na "PENHA DE FRANÇA" e parte do seu Convento) in GOOGLE EARTH
 Rua Carvalho Araújo - (1964-01) Foto de Artur Goulart - (Um aspecto da "RUA CARVALHO ARAÚJO" nos anos sessenta do século XX)  in AML 
 Rua Carvalho Araújo - (1935) - Foto de Eduardo Portugal - ( Este troço a Norte da "ALAMEDA", no "BAIRRO MUNICIPAL PRESIDENTE CARMONA" antiga "RUA CARVALHO ARAÚJO", depois de 1957 passou a denominar-se "RUA ABADE FARIA") (Abre em tamanho grande) inAML
Rua Carvalho Araújo - (1917) -Foto de autor não identificado - (O "NAVIO PATRULHA DE ALTO-MAR", "NRP AUGUSTO DE CASTILHO" tendo a bordo além de outros oficiais, o Comandante "CARVALHO ARAÚJO")  in  MONUMENTOS DA HISTÓRIA


RUA CARVALHO ARAÚJO [ I ]

«A RUA CARVALHO ARAÚJO ( 1 )»

A «RUA CARVALHO ARAÚJO» pertencia a duas freguesias; "SÃO JOÃO" e "SÃO JORGE DE ARROIOS", com a "REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012", passou a pertencer à freguesia da «PENHA DE FRANÇA», dos números 1 a 19 e 2 a 120. E à freguesia de «ARROIOS» os números 21 a 122. Tem o seu início na "RUA MORAIS SOARES" (antiga ESTRADA DA CIRCUNVALAÇÃO) no número 84 e termina na "ALAMEDA DOM AFONSO HENRIQUES". 
São convergentes a esta RUA no seu lado esquerdo a "RUA ACTOR JOSÉ RICARDO" e "RUA LUCINDA SIMÕES". No lado direito converge a"RUA ACTOR JOAQUIM DE ALMEIDA".

A "RUA CARVALHO ARAÚJO" (antiga "AZINHAGA DO AREEIRO), que dava seguimento para Norte à "ESTRADA DA PENHA DE FRANÇA" que descia a (antiga TRAVESSA DO MARQUÊS DE SANDE", hoje"CALÇADA DO POÇO DOS MOUROS, cruzava a "RUA MORAIS SOARES"e seguia pela"AZINHAGA DO AREEIRO", conforme podemos observar no "ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA de FILIPE FOLQUE do século XIX, sendo uma via muito importante na época.
Por deliberação Camarária de 8 de Agosto de 1924 a "AZINHAGA DO AREEIRO" passou a designar-se "RUA CARVALHO ARAÚJO". Nesse mesmo ano foi inaugurado um monumento do escultor "ANJOS TEIXEIRA", em homenagem a CARVALHO ARAÚJO, oficial da Marinha, em VILA REAL, assim como uma AVENIDA que passou a ostentar o seu nome, por ter sido a cidade que o acolheu na sua infância.
Com a abertura da "ALAMEDA DOM AFONSO HENRIQUES", o troço a norte desta ALAMEDA, passou a denominar-se por Edital de 7 de Fevereiro de 1957, "RUA ABADE FARIA", embora o troço para Sul se mantivesse com o nome de"RUA CARVALHOARAÚJO".

«JOSÉ BOTELHO CARVALHO ARAÚJO», passou uma grande parte da sua infância na cidade de VILA REAL, apesar de ter nascido em 18 de Maio de 1880, na freguesia de "SÃO NICOLAU"no PORTO, onde seus pais; "JOSÉ DE CARVALHO DE ARAÚJO JR." e "MARGARIDA FERREIRA BOTELHO DE ARAÚJO", se encontravam por motivo de doença, da sua avó materna, "MARGARIDA ROSA DE JESUS BOTELHO".

Após ingressar na MARINHA, serviu na fragata"D. AFONSO", na corveta"DUQUE DATERCEIRA", no couraçado "VASCO DA GAMA", nos cruzadores"ADAMASTOR"e"SÃO MIGUEL", nas canhoneiras"ZAMBEZE", "LIBERAL", "DIU"e LÚRIO"no rebocador"BÉRRIO"e no navio de transporte"SALVADOR CORREIA".
"JOSÉ BOTELHO CARVALHO ARAÚJO"(1880-1918) primeiro-tenente da Armada no comando do Navio Patrulha de Alto-Mar "AUGUSTO DE CASTILHO"(um frágil pesqueiro transformado em PATRULHA), quando este em 14 de Outubro de 1918, (em plena 1.ª GUERRA MUNDIAL) escoltava do FUNCHAL para PONTA DELGADA o Vapor "S. MIGUEL", no mar dos AÇORES, protegeu-o de ser afundado pelo submarino alemão "U 139", comandado pelo experiente alemão "LOTHAR VON ARNAULD DE LA PERIÈRE", atacando-o, para salvar o navio com 206 pessoas e aguentou durante duas horas apesar de apenas dispor de duas peças de artilharia de proa e ré, que investiu contra a unidade poderosamente armada de 6 tubos lança-torpedos e de dois canhões de tiro rápido com calibre de 150 milímetros.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA CARVALHO ARAÚJO [ II ] A RUA CARVALHO ARAÚJO ( 2 )»

RUA CARVALHO ARAÚJO [ II ]

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«A RUA CARVALHO ARAÚJO ( 2 )»
 Rua Carvalho Araújo - (2009) - (A "Rua Carvalho Araújo" no sentido da "ALAMEDA", no lado direito a "RUA ACTOR JOAQUIM DE ALMEIDA") in  GOOGLE EARTH
 Rua Carvalho Araújo - (2009) - (Final da "RUA CARVALHO ARAÚJO" junto da "ALAMEDA DOM AFONSO HENRIQUES" depois de 1957)  in GOOGLE EARTH
 Rua Carvalho Araújo - (1967) - (Desenho de Alberto Cutileiro) -(Selo de CABO VERDE representando o navio Patrulha "NRP - AUGUSTO DE CASTILHO" e o seu comandante 1.º tenente "CARVALHO ARAÚJO". Emissão Comemorativa do 1.º Centenário do Clube Militar Naval) in  CLUBE FILATÉLICO DE PORTUGAL 
 Rua Carvalho Araújo - (1966-06) Foto de Arnaldo Madureira - (A "RUA CARVALHO ARAÚJO" esquina com a "RUA JOSÉ RICARDO", no sentido Sul)  in  AML
 Rua Carvalho Araújo - (1966) Foto de Artur Goulart - (A "RUA CARVALHO ARAÚJO" antiga "AZINHAGA DO AREEIRO")  in AML 
Rua Carvalho Araújo - (1915) Foto de autor não identificado - (Foto de "JOSÉ BOTELHO DE CARVALHO ARAÚJO" 1.º Tenente e Comandante do Navio Patrulha de Alto-Mar "NRP - AUGUSTO DE CASTILHO", que se notabilizou pela defesa do navio "S. MIGUEL" ao largo dos AÇORES)  in  GEOCACHING


(CONTINUAÇÃO)-RUA CARVALHO ARAÚJO [ II ]

«A RUA CARVALHO ARAÚJO ( 2 )»

O Comandante do "NAVIO PATRULHA de ALTO-MAR""NRP - AUGUSTO DE CASTILHO"( 1 ) terá surpreendido, o dignitário chefe do submarino e permitindo que o Vapor "SÃO MIGUEL( 2 ) se afastasse, pondo-se a salvo. Nesta luta renhida até se esgotarem as munições do "AUGUSTO DE CASTILHO". O último disparo do "U 139" atingiu mortalmente  "CARVALHO ARAÚJO".  O seu comportamento heróico ficou registado no livro de bordo do comandante alemão.

Com "CARVALHO ARAÚJO" morreu também o aspirante "ELÓI DE FREITAS". Os sobreviventes, alguns deles muito feridos, conseguiram salvar-se, doze deles a vários dias em luta com o mar, numa epopeia que teve por sua vez outro herói - o Guarda-Marinha "ARMANDO FERRAZ", que navegando num "escaler" mais de 200 milhas a remos, até Ponta Delgada.

"CARVALHO ARAÚJO"oficial da MARINHA e Político republicano, participou no movimento insurreccional abortado de 28 de Janeiro de 1908, tendo ainda colaborado em vários jornais, nomeadamente no "VILARREALENSE", após a implantação da REPÚBLICA, foi eleito deputado por  VILA REAL à ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE, e GOVERNADOR DO DISTRITO DE INHAMBANE, em MOÇAMBIQUE, por dezoito meses.

CARREIRA NA MARINHA PORTUGUESA
- 1895 - Ingressou ma Marinha Como Aspirante em 12 de Outubro.

- 1903 - Guarda-Marinha.

- 1905 - 2.º Tenente.

- 1915 - 1.º Tenente.

- 1918 - Capitão-Tenente ( a título póstumo)

Foi condecorado com a MEDALHA DE COBRE DE FILANTROPIA e CARIDADE ( Socorros e naufrágios), a MEDALHA MILITAR DE PRATA de comportamento exemplar, a MEDALHA DE PRATA comemorativa das Campanhas do Exército Português - tendo na respectiva passadeira a legenda "SUL DE ANGOLA 914/915", e a título póstumo, com a CRUZ DE GUERRA DE 1.ª CLASSE, a MEDALHA DE PRATA comemorativa das Campanhas do Exército Português no mar 1916/1917/1918 e o 2.º grau da ORDEM DA TORRE E ESPADA.

Esta RUA do Comandante do "NAVIO PATRULHA de ALTO-MAR"-"AUGUSTO DE CASTILHO"é uma homenagem a "JOSÉ BOTELHO DE CARVALHO ARAÚJO" nascido no PORTO em 18 de Maio de 1881, e faleceu em combate no mar dos AÇORES em 14 de Outubro de 1918.

- ( 1 ) - O "NAVIO PATRULHA DE ALTO-MAR""AUGUSTO DE CASTILHO" inicialmente um Navio de pesca por "ARRASTÃO", com o nome "ELITE", sendo os seus proprietários a firma PARCERIA GERAL DEPESCARIAS, Lda., foi requisitado pela MARINHA PORTUGUESA para ser usado em "patrulhas"e "escoltas" no mar dos AÇORES, depois de ser convenientemente transformado e apetrechado com duas  bocas de fogo.

( 2 ) - O Vapor "SÃO MIGUEL" pertencia à Empresa Insulana de Navegação
 [ FINAL]

BIBLIOGRAFIA

- ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA - Sob a Direcção de FILIPE FOLQUE - 1856-1858 - CML - 2000 - LISBOA.
- DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE PORTUGAL de José Correia do Souto - Vol II -Rep. ZAIROL, Lda. 1985 - LISBOA.
- DICIONÁRIO ILUSTRADO DA HISTÓRIA DE PORTUGAL - Publicações ALFA - I VOLUME - 1985 - LISBOA. 

INTERNET


(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS-3.ª SÉRIE[ I ]-A AV. AUGUSTO DE CASTRO».

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ I ]

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«AVENIDA DR. AUGUSTO DE CASTRO»
 Avenida Dr. Augusto de Castro - (2015)  -  (Um troço da Avenida Dr. Augusto de Castro no sentido Norte em direcção da "Avenida Marechal Gomes da Costa")   in  GOOGLE EARTH
 Avenida Dr. Augusto de Castro - ( 2015 ) - Panorâmica da Avenida Dr. Augusto de Castro no sítio de CHELAS um pouco mais aproximada - em 3D)   inGOOGLE EARTH
 Avenida Dr. Augusto de Castro - ( 2015) - (Panorâmica da Avenida Dr. Augusto de Castro no sítio de CHELAS)  in  GOOGLE EARTH
 Avenida Dr. Augusto de Castro - (Post. 1971) Foto de autor não identificado (Um troço da Avenida Dr. Augusto de Castro na freguesia de Marvila)  (Abre em tamanho Grande) in TOPONÍMIA DE LISBOA
Avenida Dr. Augusto de Castro - (Post a 1971) Foto de Sérgio Dias - (Placa tipo IV da "Avenida Dr. Augusto de Castro" em CHELAS na freguesia de Marvila) ( abre em tamanho grande)  in TOPONÍMIA DE LISBOA

(INÍCIO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ I ]

«AVENIDA DR. AUGUSTO DE CASTRO»

A «AVENIDA DR. AUGUSTO DE CASTRO» pertence à freguesia de «MARVILA». Tem início na antiga "QUINTA DA TROCA" nomeadamente na antiga AZINHAGA DA TROCA hoje "RUA SALGUEIRO MAIA", e finaliza com a ligação à "AVENIDA MARECHAL GOMES DA COSTA".
O Edital Municipal de 27 de Julho de 1971 determinou que a antiga "AVENIDA CENTRAL DA MALHA DE CHELAS", passasse a ostentar o nome do jornalista que também foi diplomata e escritor.
A "AVENIDA DR. AUGUSTO DE CASTRO" rasgada na malha do sítio de CHELAS, inicia o seu percurso na antiga QUINTA DA TROCA seguindo para Norte atravessando as também antigas QUINTAS: DA CERA; DA RAPOSA; DO ALENTEJÃO e DO POÇO DE CORTES, ficando ligada a Norte pela AVENIDA MARECHAL GOMES DA COSTA. [Informação do PLANO DE URBANIZAÇÃO DE CHELAS - 1965 - CML - GABINETE TÉCNICO DE HABITAÇÃO].

De mãos dadas entre a política e o Jornalismo constituem prática de muitos anos. Podemos mesmo dizer que estavam em clara minoria as personalidades que encaravam o trabalho nas redacções como sua profissão única e que faziam da tarefa de informar com clareza e objectividade uma missão.
Felizmente que hoje as águas tendem estar nitidamente separadas. A deontologia exige, por exemplo, que o jornalista profissional que se decida por qualquer cargo de natureza política, devolva a sua carteira. Noutros tempos a mistura seria mais densa. O certo é que se perpetua este namoro entre dois mundos; que passam a vida em amuos e queixas recíprocas como se fosse apenas ódio, os laços que os unem.
«AUGUSTO DE CASTRO SAMPAIO CORTE REAL» era portuense, nascido em 11 de Janeiro de 1883. Formou-se em DIREITO em COIMBRA e voltou ao PORTO onde se estabeleceu como advogado. Pequeno de corpo, era, contrapartida, um incansável trabalhador, dono de uma perspicácia que lhe abria caminhos.
Assim, em breve era deputado pela sua cidade. Mas, bem mais do que à política, sentia-se AUGUSTO DE CASTRO preso ao jornalismo. Contando apenas 20 anos, já dirigia no PORTO o Diário«A PROVÍNCIA», do qual passou para o «DIÁRIO DA NOITE», onde se firmou como cronista.
Tendo fixado residência em LISBOA, foi redactor principal do "JORNAL DO COMÉRCIO" e entrou depois no "O SÉCULO", jornal onde lançou uma secção que ficou célebre, chamada "Fumo do meu cigarro", série de crónicas que reuniu em livro. 
Em 1919, ficaria definitivamente traçado o seu destino jornalístico: uma  remodelação na empresa proprietária do «DIÁRIO DE NOTÍCIAS» levaria ao afastamento de "ALFREDODA CUNHA" da Direcção e ao convite endereçado a AUGUSTO DE CASTRO, que exerceria o cargo praticamente até ao fim da vida, exceptuando embora os anos em que esteve colocado como embaixador de PORTUGAL. É considerado como grande renovador daquele matutino lisboeta. E foi também o impulsionador de congressos e encontros da imprensa latina.
Interrompeu em 1924 as funções jornalísticas para seguir a carreira diplomática. Substituído   por "EDUARDO SCHWALBACH" no DIÁRIO DE NOTÍCIAS. «AUGUSTO DE CASTRO» foi ministro plenipotenciário em LONDRES, no VATICANO, BRUXELAS e ROMA. Mas ia escrevendo, nomeadamente para o seu jornal onde criou "CARTAS SEM DATA". 
Regressou a PORTUGAL em 1939 para ser comissário da «EXPOSIÇÃO DO MUNDO PORTUGUÊS», certamente que se realizaria no ano seguinte. Mais uma vez o "Bichinho"dos jornais o mordeu e fundou "A NOITE", vespertino efémero. Voltaria logo a seguir ao seu "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"; em 1945, porém, seria nomeado embaixador em PARIS, sendo de novo substituído por "EDUARDO SCHWALBACH". Mas este morreu em 1946 e "CASTRO" assumiu definitivamente a Direcção do Jornal.
Era dotado de um espírito fino, traduzido nos seus escritos. Sobre os diplomatas, por exemplo dizia que: " já hoje lhe é permitido ter opiniões, com a condição, em princípio. de não serem suas"... Os seus artigos de fundo, os seus livros eram escritos de uma forma leve, prendendo pela subtil ironia e pela aparente simplicidade com que apresentava temas profundos. Morreu no ESTORIL em 24 de Julho de 1971. O «DIÁRIO DE NOTÍCIAS» chegava ao fim de uma marcante e longa da sua quase centenária vida.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 3.º SÉRIE [ II ] AVENIDA ELIAS GARCIA( 1 )». 

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ II ]

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«AVENIDA ELIAS GARCIA ( 1 )»
 Avenida Elias Garcia - (2015) (A "AVENIDA ELIAS GARCIA" no seu início vista da "RUA DO ARCO DO CEGO") inGOOGLE EARTH 
 Avenida Elias Garcia - (2015) - (Um troço da "Avenida Elias Garcia") inGOOGLE EARTH
 Avenida Elias Garcia - (2015) - A "AVENIDA ELIAS GARCIA" no seu final, vista da "RUA MARQUÊS SÁ DA BANDEIRA")  in GOOGLE EARTH
 Avenida Elias Garcia - (2009) - (Vista Panorâmica da freguesia das AVENIDAS NOVAS onde se insere a "AVENIDA ELIAS GARCIA")  in  GOOGLE EARTH
 Avenida Elias Garcia- (Séc. XIX) Foto de Joshua Benoliel  (A figura de "José Elias Garcia" possivelmente na década de 60 do século XIX) in WIKIPÉDIA - AML 
 Avenida Elias Garcia - (1961) - Foto de Armando Madureira - ( A "AVENIDA ELIAS GARCIA" na actual freguesia das "AVENIDAS NOVAS")  in   AML 
Avenida Elias Garcia - (1961) Foto de Augusto Jesus Fernandes - (Prédio em construção na "AVENIDA ELIAS GARCIA") (Abre em tamanho grande) in  AML


(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ II ]

«AVENIDA ELIAS GARCIA ( 1 ) »

A «AVENIDA ELIAS GARCIA» pertencia à freguesia de "NOSSA SENHORA DE FÁTIMA". Esta freguesia juntamente com a de "S. SEBASTIÃO DA PEDREIRA" ao abrigo da "REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012", passou a chamar-se freguesia das «AVENIDAS NOVAS». Começa na "RUA DO ARCO DO CEGO", 59 e finaliza na "RUA MARQUÊS SÁ DA BANDEIRA" no número 114.
Por Edital de 5 de Novembro de 1910 (exactamente um mês depois da Proclamação da REPÚBLICA) mandava a antiga artéria que se chamou "AVENIDA JOSÉ LUCIANO", (homenagem ao conselheiro monárquico que várias vezes presidira ao Conselho de Ministros), a mudar de nome, passando a ostentar ( até hoje ) o nome de "AVENIDA ELIAS GARCIA".

As antigas "AVENIDAS NOVAS" ( a caminho de cento e onze anos) tem um traçado de 1888 e aprovado em 1904 constituem um bairro resultante de um plano do ARQUITECTO RESSANO GARCIA, e executado nas primeiras décadas do século XX.
Este "Novo Bairro" apresenta um grande xadrez regular que se situa, mais ou menos e sem limites rígidos, entre a "linha férrea da Cintura", a AVENIDA FONTES PEREIRA DE MELO a AVENIDA DOS DEFENSORES DE CHAVES e o PARQUE EDUARDO VII (AVENIDA SIDÓNIO PAIS). Foram esses"BOULEVARDS"à portuguesa baptizados nos tempos do arquitecto que lhes deu forma, e assim ficaram, sem que se cuidasse da lógica de chamar "novo"àquilo que já não é, reforçado presentemente pelo nome da sua freguesia.
Nesses tempos remotos o "BAIRRO", que foi habitado por alta burguesia e mesmo certa aristocracia lisboeta, constituiu verdadeiro  "maná" para os homens da PRIMEIRAREPÚBLICA, no que respeita à distribuição dos nomes que lhes eram gratos pelas diversas ruas.
A "AVENIDA"que fora de"RESSANO GARCIA"passou a ser"AVENIDA DA REPÚBLICA".
Nasceu depois a "AVENIDA CINCO DE OUTUBRO". E foram aparecendo Avenidas dedicadas a MIGUEL BOMBARDA, ELIAS GARCIA e outros comungantes do ideal REPUBLICANO.

Quando hoje se analisa a evolução da Toponímia lisboeta, é sempre dedicado um momento especial a esse período que foi, de longe, aquele que mais transformações efectuou. Nem o "28 de Maio de 1926" ou mesmo o "25 de Abril de 1974" se compararam à "REVOLUÇÃO de 1910", mas deixamos isto para outra ocasião, falemos então do nosso jornalista.

Este político, professor e jornalista «ELIAS GARCIA» de que hoje falamos, nunca chegou a ver em vigor o regime da sua simpatia, do qual foi um dos seus pioneiros.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS 3.ª SÉRIE [ II ] AVENIDA ELIAS GARCIA ( 2 )».


RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ III ]

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«AVENIDA ELIAS GARCIA ( 2 )»
 Avenida Elias Garcia - ( 2015) - (Parte final da "AVENIDA ELIAS GARCIA" junto da "RUA MARQUÊS DE SÁ DA BANDEIRA". Os jardins ao fundo fazem parte de "FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN")  in GOOGLE EARTH
 Avenida Elias Garcia . (2015) - (A "AVENIDA ELIAS GARCIA" no número 121, próximo da "AVENIDA MARQUÊS DE TOMAR")  in GOOGLE EARTH
 Avenida Elias Garcia - (Século XIX) Foto de autor não identificado - (Foto de "JOSÉ ELIAS GARCIA" no antigo "CENTRO ESCOLAR REPUBLICANO ELIAS GARCIA" que funcionou na CALÇADA DE D. GASTÃO" desde 20 de Abril de 1908 até 25 de Abril de 1974) in CASARIO DO GINJAL
 Avenida Elias Garcia - (1961) - Foto Arnaldo Madureira - (A AVENIDA ELIAS GARCIA na década de sessenta do século XX)   in AML 
 Avenida Elias Garcia - (1967-01) - Foto de Arnaldo Madureira - (A Avenida Elias Garcia e seu comércio na década de sessenta)  in AML 
 Avenida Elias Garcia - (1970) Foto de Artur Inácio Bastos - (Prédio com projecto de 1906, do Arquitecto Ventura Terra, na AVENIDA ELIAS GARCIA, 62 esquina com a AVENIDA DA REPÚBLICA,44-46-A)  in  AML 
Avenida Elias Garcia - (1969) Foto de Arnaldo Madureira - (Um troço da "AVENIDA ELIAS GARCIA")   in  AML 

(CONTINUAÇÃO)- RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ III ]

«AVENIDA ELIAS GARCIA ( 2 )»

«JOSÉ ELIAS GARCIA» nasceu em CACILHAS ( ALMADA) a 30 de Dezembro de 1830 e faleceu em LISBOA em 21 de Junho de 1891 com cerca de setenta anos.
Frequentou a "ESCOLA DO COMÉRCIO" na qual se diplomou aos 18 anos.
Não se contentou com esses estudos e seguiu para a "ESCOLA POLITÉCNICA DELISBOA" e daí para a "ESCOLA DO EXÉRCITO", onde chegou a professor, atingindo o posto de Coronel na Arma de ENGENHARIA.

Corria-lhe nas veias sangue liberal, herdado de seu pai. Apaixonou-se assim pelo ideal REPUBLICANO e, de acordo com os seus princípios, fundou o primeiro jornal que abertamente defendia a mudança do regime, chamou-se «O TRABALHO».

Estávamos ainda em 1854, ou seja a mais de meio século das alterações.
JOSÉ ELIAS GARCIA não parou, jornalista de fibra, fez depois aparecer o jornal "O FUTURO", periódico que viria a fundir-se com "A DISCUSSÃO", resultado desse casamento um outro jornal teria o sugestivo título de "A POLÍTICA LIBERAL".

Estas publicações eram, verdade se diga, um tanto efémeras, facto que não fez esmorecer aquela pena combativa. Assim, ainda surgira como redactor principal de um "JORNAL DE LISBOA" e de outro denominado "DEMOCRACIA".
A par da sua faina jornalística, ia desempenhando outras actividades em ritmo fervoroso. 

A POLÍTICA estava-lhe, como se diz, na massa do sangue e foi um dos fundadores do «PARTIDO REFORMISTA», em 1868, agrupamento de que veio a resultar o "PARTIDO REPUBLICANO".
Como membro da MAÇONARIA desde 1853, foi o 1.º e único GRÃO-MESTRE interino, depois definitivo da "FEDERAÇÃO MAÇÓNICA" entre 1863 e 1869.

Foi Director da "ASSOCIAÇÃO DOS JORNALISTAS E ESCRITORES PORTUGUESES".
Como professor e em sua homenagem existiu "O CENTRO ESCOLAR REPUBLICANO ELIAS GARCIA" na "CALÇADA DE DOM GASTÃO, 15-1.º na freguesia do BEATO, de 20 de Abril de 1908 até 25 de Abril de 1974, ocasião em que fechou definitivamente as suas portas.

Trabalhou também na vereação da CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA, onde teve actuação notável no pelouro da instrução. E, entretanto, chegava na MAÇONARIA a "GRÃO MESTRE" do "GRANDE ORIENTE LUSITANO".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ IV ]-PRAÇA ARTUR PORTELA».

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ IV ]

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«A PRAÇA ARTUR PORTELA»
 Praça Artur Portela - (2015) - (Uma panorâmica da "PRAÇA ARTUR PORTELA" na antiga praceta da "QUINTA DO BRITO", à ESTRADA DO POÇO DO CHÃO)  inGOOGLE EARTH
 Praça Artur Portela - ( 2015 ) - (Panorâmica da "PRAÇA ARTUR PORTELA" próximo da "RUA DA REPÚBLICA DA BOLÍVIA", onde está colocado o busto do Jornalista) inGOOGLE EARTH
 Praça Artur Portela - (2015) - (Panorâmica da "PRAÇA ARTUR PORTELA" na freguesia de «BENFICA», onde se insere desde 11 de Abril de 1969)  in GOOGLE EARTH
Praça Artur Portela - (1971) Foto de João Brito Geralda - ( Busto de Bronze sobre pedestal de pedra do jornalista"ARTUR PORTELA" obra executada por "LEOPOLDO DE ALMEIDA") in AML

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ IV ]

«A PRAÇA ARTUR PORTELA»

A «PRAÇA ARTUR PORTELA» pertence à freguesia de «BENFICA». Numa antiga Praceta da "QUINTA DO BRITO", à ESTRADA DO POÇO DO CHÃO, mandou um EDITAL de 10 de Abril de 1969 criar a «PRAÇA ARTUR PORTELA», dez anos após a sua morte.
Esta "PRAÇA" formando um rectângulo, começa e acaba na "RUA DA REPÚBLICA DA BOLÍVIA".
No espaço ajardinado desta "PRAÇA", foi colocado o busto de Bronze sobre pedestal de pedra a figura de "ARTUR PORTELA", uma obra executada pelo escultor "LEOPOLDO DE ALMEIDA" em 1960, inaugurada em 11 de Outubro de 1971.
A maneira de escrever em jornais - mais viva ou mais sóbria, mais dirigida à satisfação de um gosto ou mais destinada a fazer reflectir - tem sido a marca de distinção entre os órgãos de Comunicação escrita, praticamente desde que eles existem.
O que é indesmentível é haver jornais que marcam os seus leitores fiéis. E, para falar apenas dos já desaparecidos, recordamos por exemplo, a influência que exerceu, durante muitos anos, entre certo público, talvez predominantemente urbano e dono de alguma cultura o extinto "DIÁRIO DE LISBOA". (nessa altura não existia a Internet, nem o FACEBOOK).
Além de emitir opiniões que iam de encontro ao pensamento de muito boa gente, aquele vespertino era geralmente um jornal bem escrito, servido por um corpo redactorial de grande nível. Lá escreviam, entre muitos outros; NORBERTO LOPES e MÁRIO NEVES; o alfacinha-mor NORBERTO DE ARAÚJO e o enciclopédico "ARTUR PORTELA".

O nosso homenageado de hoje chama-se "ARTUR PORTELA" (pai), nascido em LEIRIA no dia 24 de Abril de 1901. falecido em LISBOA no dia 12 de Março de 1959.
Começou muito cedo - ainda aluno do Liceu - a escrever em jornais estudantis. E daí passou para publicações mais "a sério" como o "COMBATE" ou jornal sindicalista " A BATALHA".
Deste homem de vasta cultura não se pode, aliás, imaginar que outra profissão pudesse ter tido que não a de jornalista. Na reportagem como na entrevista, na crítica literária como na artística, em todo o género se distinguiu e a sua assinatura em breve se tornou sinónimo de seriedade e de critério. Entre os seus entrevistados figuram personalidades como: WINSTON CHURCHILL (na altura primeiro-ministro inglês, dois meses antes de se iniciar a II GUERRA MUNDIAL), FRANCISCO FRANCO ou MIGUEL DE UNAMUNO. Passou "ARTUR PORTELA" (pai do escritor e jornalista do mesmo nome) por múltiplas redacções. Esteve em "A PÁTRIA", em"O MUNDO", na"ÚLTIMA HORA", no"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"; colaborou assiduamente nas revistas "DOMINGO ILUSTRADO", "NOTÍCIAS ILUSTRADO", "SÉCULO ILUSTRADO". Durante a"II GUERRA MUNDIAL", criou e foi director da publicação "MUNDO GRÁFICO", nitidamente favorável à causa dos Aliados contra o nazismo.
Foi, porém, no "DIÁRIO DE LISBOA" (para onde foi trabalhar em 1921) que mais se notabilizou. Ali tinha a sua tribuna, nomeadamente no tocante a notícias, recensões e críticas de carácter literário. É digna de registo a sua passagem por ESPANHA, como correspondente de guerra, tendo assistido ali à queda da monarquia. A tensão anglo-italiana por causa da ETIÓPIA, foi outro dos acontecimentos relatados por si. Foi ainda por ideia sua que o DIÁRIO DE LISBOA lançou nas suas páginas uma campanha a favor da transladação dos restos mortais de D. MANUEL II de PORTUGAL.
Apesar de "ARTUR PORTELA" ser um homem nitidamente de esquerda, não deixou de publicar um texto no seu "DIÁRIO DE LISBOA" em 6 de Julho de 1947, alusivo ao "CORTEJO HISTÓRICO DE LISBOA(1947)", cortejo comemorativo do "VIII centenário da Tomada de Lisboa aos MOUROS", em 1147. Dizia ARTUR PORTELA:"Cortejo de dois quilómetros e dois mil e quinhentos figurantes que perpassa incessantemente, entre a cidade atónica, (...) espectadores que densamente recobrem as ruas, as praças, os telhados, os edifícios, as árvores como enxames de abelhas, multidão absurda, (...) numa suprema glorificação, coroada com tiara de fogo este jubileu monumental de grandeza"».

O grande senão de ARTUR PORTELA era, ao que parece a sua caligrafia. Os tipógrafos eram inimigos declarados, não do jornalista mas dos seus "hieróglifos" quase indecifráveis. Atendendo às multiplas reclamações, acabou o homem de letras por se render e aderir à máquina de escrever. Agradecido, um tipógrafo do "DIÁRIO DE LISBOA" teceu um comentário que ficou célebre:"A escrita do senhor PORTELA é como certos bifes: só se conseguem mastigar depois de passados pela máquina".
Muito deve a este homem também o associativismo da classe jornalística. 
Com JAIME BRASIL e JULIÃO QUINTINHA, procedeu à renovação do SINDICATO, de que foi presidente, e ao lançamento da CAIXA DE PREVIDÊNCIA DOS PROFISSIONAIS DA IMPRENSA. Foi ainda um lutador persistente pela criação da CARTEIRA PROFISSIONAL.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ V ]-RUA ALBERTO DE SOUSA».

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ V ]

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«RUA ALBERTO DE SOUSA»
 Rua Alberto de Sousa - (1959) - (Aguarelas do mestre António de Sousa) - (Capa do livro "ALFACINHAS" os lisboetas do Passado e do Presente. Livro póstumo a "Alberto de Sousa"in  ALFACINHAS
 Rua Alberto de Sousa - (finais do século XIX início do século XX) Desenho a carvão de ALBERTO DE SOUSA - (Do livro de "ALBERTO DE SOUSA""ALFACINHAS", no capitulo das profissões alfacinhas. Uma "LAVADEIRA" de 1898 e o "CARROCEIRO" de 1900 desenhos a carvão do autor)  in ALFACINHAS
 Rua Alberto de Sousa - (1951) Foto dos Estúdios Mário Novais - (Casa das Colunas na "RUA DE SÃO PEDRO" em ALFAMA, aguarela de ALBERTO DE SOUSA)  in AML 
 Rua Alberto de Sousa - (1964-02 - Foto de Artur Goulart - (A "RUA ALBERTO DE SOUSA" no Bairro Santos próximo do sítio do "REGO")  in AML 
 Rua Alberto de Sousa - (1966-08) - Foto de João H. Goulart (Um aspecto da "RUA ALBERTO DE SOUSA" na década de sessenta do século XX)  in AML 
Rua Alberto de Sousa - (1967) Foto de Arnaldo Madureira - (A "RUA ALBERTO DE SOUSA" na actual freguesia das "AVENIDAS NOVAS")   in AML

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ V ]

«RUA ALBERTO DE SOUSA»

A "RUA ALBERTO DE SOUSA" pertencia à freguesia de «NOSSA SENHORA DEFÁTIMA», com a REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012, esta freguesia passou a denominar-se das «AVENIDAS NOVAS», agrupando também a antiga freguesia de «SÃO SEBASTIÃO DA PEDREIRA».  Tem o seu início na "RUAJORGE AFONSO" e finaliza na "RUA DA BENEFICÊNCIA".
A CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA decide por EDITAL de 9 de Setembro de 1963, dar o nome de «ALBERTO DE SOUSA» à antiga "RUA - B" do "BAIRRO DE SANTOS".

O conceito do pensador "CONFÚCIO" diz-nos: "UMA IMAGEM VALE MAIS QUE MIL PALAVRAS". Estas palavras, terá levado os jornais a aperceberem-se da necessidade de  recorrer à ilustração, ganhando com isso dupla vantagem: por um lado, tornavam mais real a notícia;  por outro, embelezava mais as páginas, cortando a monotonia dos textos com a forma atractiva dos desenhos ou das fotografias.
Assim, nesta 3.ª SÉRIE que vimos fazendo de há um tempo para cá, pelas "RUAS DE LISBOA" com nomes de "JORNALISTAS", é altura de falar de um artista que ficou ligado às publicações como se de verdadeiro jornalista se tratasse. E, afinal mesmo que não tenha possuído "carteira profissional" que como tal o identificasse, não deixou de ser tão indispensável numa redacção como o mais profundo dos editorialistas. 

«ALBERTO AUGUSTO DE SOUSA», nascido em LISBOA a 6 de Dezembro de 1880, faleceu também em LISBOA, cinco dias antes de completar 82 anos, a 1 de Dezembro de 1961. Viria a notabilizar-se como aguarelista, desenhador, ilustrador e homem de jornais e revistas. Andou pelas "ESCOLA INDUSTRIAL "do"PRÍNCIPE REAL", na"RODRIGUES SAMPAIO"e na"MACHADO DE CASTRO"tendo também frequentado a"ESCOLA SUPERIOR DE BELAS-ARTES DE LISBOA".
Aos 16 anos, já trabalhava naquilo que mais lhe interessava: num atelier dirigido pelo mestre "ROQUE GAMEIRO". A sua 1.ª exposição individual que fez, em 1913, teve lugar na galeria privada que o vespertino republicano " A CAPITAL" possuía na sua sede,  na "RUA DO NORTE".
Não foi, no entanto, apenas com este jornal que se processaram as relações estreitas entre "ALBERTO DE SOUSA" e os jornais.
De facto, a sua participação teve início em 1903 quando "SILVA GRAÇA" que dirigia «O SÉCULO», convidou o artista a colaborar com desenhos na "ILUSTRAÇÃOPORTUGUESA", revista semanal do grupo a que pertencia aquele diário. A sua permanência pela "RUA DO SÉCULO" não se alongou muito. Passou a dispensar a sua genialidade pelos jornais e revistas, desenhando páginas e apontamentos sobre os acontecimentos da época. Assim, são visíveis mostras do seu talento em "O MUNDO", "VANGUARDA","NOVIDADES", "REPÚBLICA" e, na primeira  série do jornal "A CAPITAL".
O talento do aguarelista e ilustrador não se confinou, porém, às fronteiras. O atentado de 1 de Fevereiro de 1908, do qual resultaram as mortes do rei "D. CARLOS e do Príncipe "D. LUÍS FILIPE", foi reconstituído por"ALBERTO DE SOUSA" numa página notável que veio a ser publicada na revista francesa " L'ILLUSTRATION". O mesmo tema, desenhado a lápis, foi comprado e reproduzido por "THE ILLUSTRATED LONDON NEWS". Deixou vasta obra, parte da qual é visível em alguns MUSEUS DE LISBOA.

No livro "ALFACINHAS"os lisboetas do passado e do presente", que ALBERTO DE SOUSA ilustrou, tem a colaboração literária dirigida por "ARTUR INEZ", pesquisa iconográfica e legendas de "FERNANDO SOUSA" (filho do aguarelista). Num prefácio ao livro seu filho conta-nos que seu pai o presenteou em 1960, com uma volumosa pasta recheada de desenhos, fotografias e formosíssimas ilustrações que pintara para um álbum, a que logo deu o nome de «ALFACINHAS», documentação que espelha pela imagem, a história e a vida do "POVO DE LISBOA".
Encontrando-se a viver no RIO DE JANEIRO, não tinha possibilidade de o editar, era preciso, porém, um texto que não desmerecesse do valor artístico de cada, um dos capítulos. Procurou o amigo "ARTUR INEZ" e grande admirador de seu pai, aceitando a incumbência, soube juntar neste livro alguns dos mais gloriosos e prestigiados nomes da vida mental portuguesa. "O LIVRO FICOU MUITO BONITO".
Esta terá sido a intenção de "FERNANDO SOUSA" proporcionar a seu pai, uma bonita homenagem.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ VI ] RUA AUGUSTO JOSÉ VIEIRA».

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ VI ]

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«A RUA AUGUSTO JOSÉ VIEIRA»
 Rua Augusto José Vieira - (2015) - O início da "RUA AUGUSTO JOSÉ VIEIRA" para quem se apresenta pela "Rua da Penha de França", antiga "ESTRADA DA PENHA DE FRANÇA") in  GOOGLE EARTH
 Rua Augusto José Vieira - ( 2015) - (Panorâmica de parte da freguesia da "PENHA DE FRANÇA" onde está inserida a "RUA AUGUSTO JOSÉ VIEIRA") in GOOGLE EARTH
 Rua Augusto José Vieira - (2015) - (A "RUA AUGUSTO JOSÉ VIEIRA" no sentido Nascente) in GOOGLE EARTH
 Rua Augusto José Vieira - (2015) - (Um troço da "RUA AUGUSTO JOSÉ VIEIRA" no "BAIRRO LAMOSA, ao fundo a "vestuta""RUA DA PENHA DE FRANÇA"in GOOGLE EARTH
 Rua Augusto José Vieira - (2015) - ( A "RUA AUGUSTO JOSÉ VIEIRA" no sentido Poente) inGOOGLE EARTH
Rua Augusto José Vieira - ( 1964 ) Foto de Armando Serôdio - (Edifício antigo na "RUA AUGUSTO JOSÉ VIEIRA" na década de sessenta do século XX)  in  AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ VI ]

«A RUA AUGUSTO JOSÉ VIEIRA»

A «RUA AUGUSTO JOSÉ VIEIRA» pertence à freguesia da «PENHA DE FRANÇA» que pela REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012, incorporou a freguesia de «SÃO JOÃO» ficando com mais espaço.
Esta Rua tem início na "RUA DA PENHA DE FRANÇA" no número 81 e termina na "RUA FEIO TERENAS" no número 37. 

"AUGUSTO JOSÉ VIEIRA" tem uma RUA com seu nome na "PENHA DE FRANÇA", na antiga "RUA - N.º 2" do BAIRRO LAMOSA,  foram colocadas as placas com esta designação, por força de um EDITAL CAMARÁRIO de 22 de Agosto de 1928. E assim, ficava consagrado mais um romântico nas artérias de LISBOA.
Os idealistas possuem, regra geral, a faculdade de suscitar grandes paixões e grandes ódios. Sejam eles homens ou mulheres que, por acreditarem piamente nos valores que defendem, não se dobram a facilidades nem a argumentos.

Na ronda que temos vindo a fazer pelas "RUAS DE LISBOA" que ostentam nomes de gente ligada aos jornais (jornalistas "strict sense"( 1 ) (e não só),  vão-se deparando como exemplos desses persistentes cruzados, que defendem sua dama contra tudo e todos, não vergando. Alguns deles usaram como emblema absoluto a honestidade, não se deixando tentar pelos acenos da vida cómoda ou do aproveitamento de benesses. Fomos encontrar um que não se deixava corromper.

Em «AUGUSTO JOSÉ VIEIRA», encontramos neste professor e jornalista (nascido no FUNCHAL em 2 de Outubro de 1861) o exemplo máximo de quem dá a vida por algo em que acredita.
Vindo para LISBOA para estudar, pensou seguir a carreira das armas, verificando mais tarde que esta não se coadunava com ele. Dedicou-se então ao ensino e ao aprofundamento das suas ideias positivistas e humanitárias.

Mordido pelo bichinho da política, tomou parte nas reuniões republicanas que se realizaram no lisboeta "PÁTIO DO SALEMA"(a SÃO DOMINGOS, na antiga freguesia de "SANTA JUSTA").
Foi preso, perseguido, privado de tudo. A par das lições, ia trabalhando activamente em jornais, sobretudo em «O MUNDO», jornal republicano a que aqui se tem feito numerosas referências.
Com a proclamação da REPÚBLICA, via triunfar o seu ideal político. Nunca quis, porém, a mais pequena benesse. Foi, graciosamente, Presidente da Associação do Registo Civil.
Com a destruição do jornal «O MUNDO» e sem alunos, viu-se privado de todos os meios de subsistência.  Não querendo recorrer a nenhum dos seus correlegionários nem a instituições que ajudara a fundar, acabou na mais extrema miséria: foi apanhado na RUA, a morrer de fome e, levado ao HOSPITAL DE SÃO JOSÉ, onde deu entrada como indigente. Morreu pouco tempo depois.

( 1 ) - No sentido mais estrito.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS 3.ª SÉRIE [ VII ]-A RUA BERNARDO DE PASSOS»

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ VII ]

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«RUA BERNARDO DE PASSOS»
 Rua Bernardo de Passos - (2015) - (A entrada da "RUA BERNARDO DE PASSOS", para que se apresenta pela "Rua Brás Pacheco". Num pormenor do candeeiro do início da construção do "BAIRRO SOCIAL DO ARCO DO CEGO")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Bernardo de Passos - (2015) - (A "RUA BERNARDO DE PASSOS" a sua finalização na "RUA BRITO ARANHA" para Norte) in GOOGLE EARTH
 Rua Bernardo de Passos - (2015) - (Panorâmica geral do "BAIRRO DO ARCO DO CEGO" onde está inserida a "RUA BERNARDO DE PASSOS" na actual freguesia do «AREEIRO») in GOOGLE EARTH
 Rua Bernardo de Passos - (2015) - (Panorâmica mais aproximada do "BAIRRO DO ARCO DO CEGO", vendo-se a "RUA BERNARDO DE PASSOS") in  GOOGLE EARTH
Rua Bernardo de Passos - (1962) Foto de Artur Goulart - (A "RUA BERNARDO DE PASSOS" no BAIRRO DO ARCO DO CEGO", junto da Escola Secundária 2,3 DONA FILIPA DE LENCASTRE) (Abre em tamanho grande )  in    AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ VII ]

«RUA BERNARDO DE PASSOS »

A «RUA BERNARDO DE PASSOS» pertencia à antiga freguesia de "SÃO JOÃO DEDEUS", hoje pela REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012, passou a  chamar-se freguesia do «AREEIRO», incorporando ainda a antiga freguesia do "ALTO DO PINA".
A este jornalista e poeta decidiu LISBOA homenagear, em 1955. Assim, um EDITAL CAMARÁRIO publicado em 31 de Dezembro daquele ano, deliberou que a "RUA - A"do"BAIRRO SOCIAL"do"ARCO DO CEGO"passasse a chamar-se" RUA BERNARDO DE PASSOS". Este arruamento tem início na"RUA BRÁS PACHECO"e finaliza na"RUA BRITO ARANHA" do BAIRRO SOCIAL.
E assim, mais um nome de jornalista passou a figurar nas esquinas da cidade de LISBOA.
«BERNARDO RODRIGUES DE PASSOS» (1876-1930) poeta e jornalista foi este um algarvio de gema, nascido em SÃO BRÁS DE ALPORTEL, em 29 de Outubro de 1876, e falecido em FARO em 1 de Junho de 1930.

Existe quem, tendo dos jornais e meios de comunicação em geral, uma ideia fria e concisa, suponha que a função de jornalista é incompatível com o estado de poeta. Quem pensar assim, basear-se-á  na ideia de que a missão de quem transmite, de quem relata acontecimentos, exige uma tal isenção, um tal distanciamento que este não se compadece com o compromisso que o poeta assume com os ideais e, por vezes, com algumas saudáveis utopias. 
O certo é que não rareiam os exemplos, nos dias de hoje como nos de ontem, de homens e mulheres que frequentam os domínios da musa poética e que não deixam por isso de bem escrever para os jornais, de bem transmitir por palavras e por imagem os acontecimentos. Se quisermos fazer sobre o caso uma pequena filosofia barata, poderíamos pensar que a poesia se torna numa necessidade de quem se cansa do desencanto do dia-a-dia e não quer esquecer que existem patamares mais elevados. Sendo uma fuga para a frente. E, como nestas coisas não há regras, também se dá o inverso:aqueles que são sobretudo, poetas genuínos e que não dispensam uma intenção activa na vida que os rodeia, escolhendo para tanto a vida da comunicação.

Terá sido o caso de "BERNARDO DE PASSOS"... rimava como respirava, o que não o impedia também de vasta actuação em jornais.
Tem havido em PORTUGAL poetas que se impõem pela facilidade aparente dos seus processos, pela espontaneidade com que conseguem encerrar conceitos profundos nos quatro versos de uma quadra.
"JOÃO DE DEUS" (o da CARTILHA MATERNAL e Algarvio), será possivelmente o mais conhecido, mas a esse grupo podemos juntar; AUGUSTO GIL, SILVA TAVARES, ANTÓNIO ALEIXO (também ele Algarvio) e BERNARDO DE PASSOS que, dotado de extraordinário poder emotivo, de sensibilidade fora do comum e com a capacidade de tudo  transformar em verso.
"GRÃO DE TRIGO", "A ÁRVORE E O NINHO"e "REFÚGIO" são algumas das suas obras poéticas. O ensaísta "FIDELINO DE SOUSA FIGUEIREDO" dedicou-lhe palavras entusiásticas, nas apreciações que fez das obras. Essa veia não o impedia, porém, de desde cedo se notabilizar na imprensa algarvia.
Publicou com pseudónimo de "BRÁS BRASIL"ou"PASSOS JÚNIOR", ia colaborando activamente nos jornais, fazendo sobretudo a apologia do regime republicano.  A sua doçura como poeta, contrapunha uma sanha de panfletário quando combatia pela sua dama, a REPÚBLICA. Que o diga, por exemplo, a sua obra "A REACÇÃO NO ALGARVE".
A dada altura, decidiu criar o seu próprio jornal, um semanário de nome «CORREIO DO SUL», que dirigiu, e que logo atingiu notoriedade em toda a província.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE[ VIII]-RUA BRITO ARANHA»
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