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Channel: RUAS DE LISBOA COM ALGUMA HISTÓRIA
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VILA FLAMIANO [ IV ]

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«O DIÁRIO DE NOTÍCIAS DE 23.10.1888 - (1 )»
 Vila Flamiano - (2011) Foto de APS - ( Uma perspectiva da chamada "RUA DO SOL" na VILA FLAMIANO, vista de Norte para Sul)  inARQUIVO/APS 
 Vila Flamiano ( 2011) Foto de APS - (A "VILA FLAMIANO" no lado da RUA GUALDIM PAIS, a chamada "RUA DO SOL" no seu prolongamento para Norte, ao nosso lado esquerdo junto da mesa, as traseiras do "Ferro Velho""Aguinaldo & Higíno") in ARQUIVO/APS
 Vila Flamiano - (anterior a 2009) - Edifício onde estava inserida a Padaria do senhor RIBEIRO já entaipado para demolição. Mais à frente o arco que dava acesso à VILA FLAMIANO)  in GOOGLE EARTH
 Vila Flamiano - (2005) Foto de APS - (A VILA FLAMIANO junto ao seu ex-"Largo", hoje ocupado pela oficina de carros. No topo de cada bloco de casas estava inscrito "VILA FLAMIANO" que, com o tempo, foi caindo) inARQUIVO/APS
 Vila Flamiano - (Final dos anos noventa  do século XX) - ( ARCO que servia de passadiço entre o  "Condomínio fechado da VILA FLAMIANO" - nesta altura já muito danificado - e o "LARGO MARQUÊS DE NISA". Foi demolido na primeira década do século XXI) in ARQUIVO/APS
Vila Flamiano - ( 1967 ) Foto de João H. Goulart - (A "VILA FLAMIANO" vista da "RUA GUALDIM PAIS" nos anos sessenta do século XX)  in  AML 

(CONTINUAÇÃO) - VILA FLAMIANO  [ IV ]

«O DIÁRIO DE NOTÍCIAS DE 23.10.1888 - ( 1 )»

No dia 23 de Outubro de 1888 era publicada a notícia; um bairro operário construído no recinto da «FABRICA DE ALGODÕES DE XABREGAS».


Reunidos os convidados que os directores receberam com extrema delicadeza, comparecendo o "PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA""FERNANDO PEREIRA PALHA DE OSÓRIO CABRAL (1850-1897)", vereador do pelouro de higiene, o administrador do bairro, membros do Conselho fiscal, alguns accionistas e diversos jornalistas, foram todos examinar as edificações do novo BAIRRO OPERÁRIO.
Consta este de dois extensos paralelogramos,  divididos por uma RUA CENTRAL de 14 metros de largura e ocupando uma área total de 4 040 metros quadrados, sendo 1 080 em construção e 2 960 em logradouro e ruas. Quando se entra no novo bairro a que a direcção deu o nome de «VILA FLAMIANO», como homenagem póstuma à memória de um director benemérito, encontra-se uma praça modesta, onde se está construindo o lavadouro para os moradores e daí se prolongam no sentido Leste-Oeste, os dois quarteirões de casas simples e alegres, inundadas de luz e que hão-de receber mais tarde o eflúvio salutar do arvoredo que a vai cercar.
O ar do sítio é bom e beneficia a vizinhança do TEJO, dando-lhe calor e animação a aproximação do Caminho de ferro.
Um dos agrupamentos tem habitação para 32 inquilinos e o outro tem-no para 40. São caiadas externamente e estucadas no seu interior.
Cada quarto tem medidas iguais com 3,70 metros de comprimento, 2,50 metros de largura e 2,50 metros de altura. Todas as casas tem luz directa recebida por 1 ou 2 janelas. 
A divisão é feita de modo que cada família operária pode ocupar os quartos que quiser, pois se comunicam em agrupamentos de 4 e mais, sendo o preço de cada quarto,  os do rés-do-chão 600 réis mensais e do andar superior 750 réis. Aos inquilinos também é fornecida água gratuitamente. O senhor Dr. SILVA AMADO, que representava a higiene municipal, disse num pequeno discurso proferido na ocasião do "beberete" com que a direcção quis obsequiar os seus convidados, que as casas estavam nas melhores condições higiénicas, o que sobrelevava os méritos do altíssimo serviço que a Companhia prestava aos seus operários. [DIÁRIO DE NOTÍCIAS DE 23.10.1888].

Algumas considerações ao artigo do DN após 127 anos.
O Lavadouro e o chafariz não foram construídos dentro do perímetro da "VILA", mas sim no chamado "LARGO DE XABREGAS" (uma distância aproximada de cem metros), o que levava as pessoas a ter de acartar a águas para as sua residências ou pagar para esse efeito.  Devo acrescentar que a luz eléctrica ( 1 ) só chegou em finais da década de 30 do século XX, assim como a água na década de 50. O benefício do Tejo e sua "praia"é hoje um aterro e presentemente um cais de contentores de Xabregas.  A animação dos comboios servia nos anos 40 para fazer tremer a VILA, além da sujidade que saia da chaminé dos comboios.

Do arvoredo inicialmente plantado no século XIX, nos anos 40 do século passado restavam 2 árvores na parte mais larga da "RUA DO MEIO" que, passado anos acabariam por secar. Só em finais dos anos 90, existiu uma reabilitação da "VILA " com replantação de árvores, pontuando com bancos de jardim, os passeios foram normalizados e as "RUAS" asfaltadas, um serviço meritório da Câmara Municipal de Lisboa e    Junta de Freguesia do BEATO.

( 1 ) - Existiu a necessidade de pagar um ramal da via pública, para  levar a electricidade à VILA. Depois do primeiro, quase todos se ligaram.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«A VILA FLAMIANO [ V ]-O DIÁRIO DE NOTÍCIAS de 23.10.1888 ( 2 )»

VILA FLAMIANO [ V ]

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«O DIÁRIO DE NOTÍCIAS DE 23.10.1888 ( 2 )»
 Vila Flamiano - ( 2005 ) Foto de APS - (A "VILA FLAMIANO" no seu lado direito visto de Norte para Sul na "RUA DO MEIO") in ARQUIVO/APS
 Vila Flamiano - (2005) Foto de APS - ( Um aspecto da "RUA DO MEIO" e em especial o Nº. 21-1º onde morei vinte anos) inARQUIVO/APS
 Vila Flamiano - (2011) - Foto de APS - (Um pormenor da "VILA FLAMIANO" na chamada "RUA DO MEIO")  in ARQUIVO/APS
 Vila Flamiano - (1939) Foto de Eduardo Portugal - (Conjunto de "Chafariz e Lavadouro público" no antigo "LARGO DE XABREGAS" onde até aos finais da década de cinquenta, os moradores da VILA FLAMIANO se  abasteciam de água e alguns lavavam a sua roupa)  in  AML
 Vila Flamiano - (anterior a 2009) -  (Parcialmente demolida a antiga "FÁBRICA ÂNCORA" no lado esquerdo,  aspecto degradante o prédio da antiga "PADARIA", com a entrada em ARCO para a VILA FLAMIANO) in GOOGLE EARTH
Vila Flamiano - (2011) Foto de APS - (Aspecto depois da demolição da "PADARIA" e do ARCO que dava acesso à VILA FLAMIANO)  in   ARQUIVO/APS


(CONTINUAÇÃO) - VILA FLAMIANO [ V ]

«O DIÁRIO DE NOTÍCIAS DE 23.10.1888 (2)»

Quando o articulista do D.N. dá realce que: "O ar do sítio é bom e beneficia-o a vizinhança do TEJO, dando-lhe calor e animação a  proximidade do Caminho de Ferro". Devia pensar estar a ver passar o comboio num campo aberto em pleno Alentejo. Coisa que não acontecia nesta VILA. As locomotivas eram movidas a Vapor (cuja matéria prima era o carvão ou a madeira) deixavam um rasto de fumo, além das fagulhas que eram expelidas pela máquina ( que provocava alguns incêndios em fábricas vizinhas) e o enorme barulho que produziam, além de fazer abanar as casas. Nem tudo era bom, como nos fazia acreditar o jornalista. A luz eléctrica não existia, só em finais dos anos 30 meu pai comprou um ramal, puxando-o para o seu andar, depois de estar ali instalado, várias pessoas foram beneficiadas com esta maravilha. Água também não existia na VILA. Só em finais dos anos cinquenta, essa preciosidade aparece na VILA primeiro com um chafariz, depois canalizada para todos os moradores. Minha mãe tinha uma senhora a "TIA ROSA" a quem pedia para lhe levar uma bilha de água (isto antes da instalação do chafariz na vila), que ela religiosamente despejava na "Talha" ornamentada com uma bonita torneira de latão. Quando juvenil, acartei muita água do "LARGO DE XABREGAS"ou da"TRAVESSA DAAMOROSA", pontos onde existiam chafarizes. O tanque onde se lavava a roupa (quem não tinha coragem de ir para o "Lavadouro Municipal", junto ao chafariz no "LARGO DE XABREGAS"), estava junto da porta de entrada de suas casas, o estendal era colocado na "RUA DO MEIO" agarrado a cada extremidade da parede e levantado no meio com um pau e assim se secava a roupa.
O "LARGO" no interior da "VILA" tinha um espaço grande, de quando em vez éramos animados, inicialmente por "SALTIMBANCOS" depois, já com aspecto melhorado os "CIRCOS COBERTOS".  A intervalar apareciam nas épocas de verão, os "CARROCEIS" com os seus animais de madeira a andar à roda, subindo e descendo. Nessa altura sim, a VILA ficava animada pelas músicas emitidas  em som elevadíssimo, convidando as pessoas a aderir ao divertimento. Mas tudo acabou de um momento para o outro. A administração da "VILA" resolveu alugar o logradouro do "CONDOMÍNIO FECHADO" a uma oficina de reparações de automóveis, que lhe renderia mais que os sazonais "CARROCEIS", sendo o  espaço foi absorvido quase na sua totalidade.

Em finais dos anos 40 início de 50 os «SANTOS POPULARES» eram festejados pela juventude com fogueiras algumas fogosas rodas e lançamento de balões dentro da VILA. Recordo ainda que em noites muito quentes de verão, alguns vizinhos vinham repousar e apanhar o fresco da noite, junto das suas portas ou de um vizinho amigo, antes de se recolher.
Em bairros com estas características, normalmente os seus familiares estavam ou viviam quase sempre muito próximo. A minha avó materna já vivia nesta Vila há bastantes anos, antes de eu ter nascido, meus pais inicialmente viveram no "PÁTIO DO BLACK" onde minha irmã nasceu, acabando por vir morar para a VILA FLAMIANO no ano de 1936.
Existiam tios, tias, primos e primas a morar na "VILA DIAS" também ela uma vila operária com entrada pelo "BECO DOS TOUCINHEIROS".
Junto à "RUA GUALDIM PAIS" no pátio "JOSÉ INGLÊS" (já desactivado) viveu um tio. Na "CALÇADA DAS LAJES" (próximo do cemitério do Judeus) viviam os meus avós (paternos) e uma tia na "QUINTA DO COXO". Outro tio morava no "BAIRRO LOPES" e ainda outro tio (paterno) morava na "CALÇADA DOS BARBADINHOS". Uma prima em 3º grau morava no "LARGO MARQUÊS DE NISA" no prédio que demoliram para alargar a "RUA GUALDIM PAIS". Portanto, tudo muito próximo. O certo é que a vida se vai modificando, os prédios vão envelhecendo tal como as pessoas, hoje ninguém habita muito perto (salvo algumas excepções), a tradição já não se mantém, que numa cidade tão cosmopolita como LISBOA está tudo longe, por vezes até emigrado, a muitas horas de voo para nos podermos abraçar.

Deixei a "VILA FLAMIANO" quando casei em (1957), no entanto ainda a recordo com saudade, embora desde (1992) os meus laços mais chegados tivessem deixado definitivamente esse espaço e nada mais me ligar fisicamente.
Fico contente que a "VILA FLAMIANO" ainda resista estoicamente de pé, apesar de em seu redor já existirem algumas demolições. [ FINAL ].

BIBLIOGRAFIA

A FREGUESIA DO BEATO NA HISTÓRIA - Edição da Junta de Freguesia do BEATO - 1995 - LISBOA.
ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA -de Filipe Folque-1856-1858-CML-2000-LISBOA.
CAMINHO DO ORIENTE - Guia do Olhar-Dulce Fernandes - Livros Horizonte-1998-Lisboa.
CAMINHO DO ORIENTE -Guia do Património Industrial - Deolinda Folgado e Jorge Custódio - Livros Horizonte - 1999 - Lisboa.
DIÁRIO DE NOTÍCIAS de 23 de Outubro de 1888.
PELAS FREGUESIAS DE LISBOA - Lisboa Oriental- Carlos Consiglieri - CML-1993-Lisboa.

(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ I ] A RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA E SEU ENQUADRAMENTO»

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ I ]

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«A RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA E SEU ENQUADRAMENTO»
 Rua da Escola Politécnica - ( 2015 ) - (Desenho adaptado do sítio da Cotovia - Sem Escala - APS - LEGENDA1-A Rua da Escola Politécnica. 2-O Palacete dos Anjos. 3-O Prédio Gonzaga Ribeiro. 4-O Palacete Castilho. 5-A Escola Politécnica. 6-O Jardim Botânico. 7-O Museu Bocage. 8-A Casa das Onze Portas. 9-A Imprensa Nacional. 10-O Palácio Rebelo de Andrade-SEIA. 11-O Palácio Cruz Alagoa. 12-O Largo de S. Mamede. 13-O Palácio Palmela. 14-A Real Fábrica das Sedas. 15-A Praça do Príncipe Real)  in   ARQUIVO/APS
 Rua da Escola Politécnica - (2007) - (Vista Panorâmica da Rua da Escola Politécnica em Lisboa)  inGOOGLE EARTH
 Rua da Escola Politécnica - ( 1993 ) Foto de Filipe Jorge ( Uma panorâmica da RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" vista do céu, destacando-se o grande edifício da "Escola Politécnica")  in LISBOA VISTA DO CÉU
 Rua da Escola Politécnica - (19--) Foto de Paulo Guedes (Panorâmica da RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA, com o TEJO em fundo. Foto possivelmente captada na parte de cima do Reservatório da Mãe de Água nas Amoreiras) (Abre em tamanho grande)  in AML
 Rua da Escola Politécnica - (1856-1858) Filipe Folque - (Na parte de cima à direita podemos ver parte do COLÉGIO DOS NOBRES a RUA que nesta ocasião se chamava RUA DA FÁBRICA DA SEDA e o edifício da IMPRENSA NACIONAL) in ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA
 Rua da Escola Politécnica - (1856-1858) - Filipe Folque - ( Na parte superior esquerda podemos observar a "ESCOLA POLITÉCNICA" ou "COLÉGIO DOS NOBRES", a RUA DIREITA DO PATRIARCAL QUEIMADO e a PRAÇA DO PRÍNCIPE REAL, que na altura tinha outra designação) in  ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA
 Rua da Escola Politécnica - (1856-1858)- Filipe Folque - (Na parte inferior direita podemos observar a RUA DIREITA DA FÁBRICA DAS SEDAS em direcção ao LARGO DO RATO, o LARGO DE S. MAMEDE e os edifícios que ladeiam a rua) inATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA
Rua da Escola Politécnica - (1856-1858) Filipe Folque - ( Na parte esquerda inferior podemos observar o resto em planta da ESCOLA POLITÉCNICA o Picadeiro e a TRAVESSA DE S. MAMEDE, estes quatro mapas juntos dão-nos uma ideia da proporção da QUINTA DO NOVICIADO DA COMPANHIA DE JESUS)  in ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA


RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ I ]

«A RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA E SEU ENVOLVENTE»

A «RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA» pertencia a duas antigas freguesias: MERCÊS e S. MAMEDE, com a REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA EM 2012, a freguesia das MERCÊS passou a denominar-se freguesia da «MISERICÓRDIA», fazendo parte dela o número 1 de polícia. A antiga freguesia de S. MAMEDE passou a denominar-se freguesia de «SANTO ANTÓNIO» correspondendo do número 3 em diante e todos os números pares. A freguesia da «MISERICÓRDIA» engloba as antigas freguesias: MERCÊS; SANTA CATARINA; ENCARNAÇÃO e SÃO PAULO. A freguesia de «SANTO ANTÓNIO» engloba as antigas freguesias de: SÃO MAMEDE; SÃO JOSÉ e CORAÇÃO DE JESUS.
A RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA começa na PRAÇA DO PRÍNCIPE REAL no número 20 e finaliza no LARGO DO RATO junto do número 7.
Para a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA"convergem no seu lado direito: a"RUA NOVA DE SÃO MAMEDE"e o"LARGO DE S. MAMEDE". No seu lado esquerdo: a "CALÇADA ENGº. MIGUEL PAIS", "RUA DA IMPRENSA NACIONAL", "RUA DO ARCO a S. MAMEDE",  "RUA MAESTRO PEDRO DE FREITAS BRANCO", "BECO DO COLÉGIO DOS NOBRES", "RUA DO MONTE OLIVETE", "RUA DE S. MARÇAL"e"RUA CECILIO DE SOUSA".
Esta artéria aberta com grande serventia entre a "QUINTA DO NOVICIADO DA COMPANHIA DE JESUS"e a "QUINTA DE DOM RODRIGO", fazia ligação, através do "LARGO DO RATO", do SÍTIO DA COTOVIA com o sítio de"CAMPOLIDE"ou a "ESTRADA ENTRE MUROS DE CAMPO LIDE".
Antes do terramoto de 1755 esta RUA tinha duas designações para cada um dos seus troços: "RUA DIREITA DA FÁBRICA DAS SEDAS"até ao"PALÁCIO DOS SOARES" (depois IMPRENSA NACIONAL), o seu seguimento foi chamado de"RUA DO COLÉGIO DOS NOBRES", nomeadamente que sucedeu à"RUA DIREITA DA COTOVIA" e ainda no mapa de FILIPE FOLQUE em 1858 era chamada de "RUA DIREITA DA PATRIARCAL QUEIMADA".
Em Setembro de 1859 era normalizada toda a artéria, passando a chamar-se de "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA".

Logo a seguir à "CASA DAS ONZE PORTAS", e até à "IMPRENSA NACIONAL", contam-se seis prédios de andares, uns mais interessantes que outros, pelo ritmo de seis sacadas em dois andares e pelo desenho do arco abatido das seis portas e montras, com painéis de azulejos, do antiquário "M. H. CARVALHO", virado para o"BECO DO COLÉGIO DOS NOBRES", por onde outrora houve porta de vacaria.  O último edifício, moderno  dos anos 50 do século passado, destoa na rua - como ainda mais destoam, do outro lado após a "POLITÉCNICA", dois imóveis de inquilinos do mesmo ano e pior qualidade. De um deles desapareceu, há pouco, a antiga "LIVRARIA ESCOLAR", do MANUEL DE BRITO, sítio de estudantes e professores, com livros proibidos vendidos sob o balcão. Quando as ameaças da pátria eram bem expressas pelo assalto, aqui lembrado, a propósito, à SOCIEDADE PORTUGUESA DE ESCRITORES", apoiado pelo PIDE, em MAIO de 1965, era ela bem perto daqui, então no prédio de "GONZAGA RIBEIRO"...
Termina melhor deste lado o quarteirão antes de SÃO MAMEDE, com um grande edifício passivo que vira para o LARGO, e foi habitado por um VISCONDE DE ALVES DE SÁ(1869), JUIZ DO SUPREMO e PAR DO REINO. Mas a"RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA"tem alguns antiquários, dois ou três bancos, um ou dois restaurantes e duas ou três pastelarias, como a "CISTER"e a"ALSACIANA", três farmácias, duas papelarias, lojas (recentes) de vestir e calçar, uma fina fachada a perfumaria em gosto dos anos 20 e 30 e ainda o Senhor JOAQUIM, leitaria e lugar de hortaliça, em práticas de antigamente no número 75; ou um sapateiro de vão de escada, do tempo em que os havia, por utilidade social.
"A CISTER", dos anos 40 do século passado, foi, tradicionalmente, local da famosa pastelaria "SERAFINA", de cem anos antes. Mais divertida ou sabiamente,  o GERVÁSIO LOBATO de"LISBOA EM CAMISA", SOUSA VITERBO (que tem um busto no JARDIM) e ANDRADE CORVO, professor da POLITÉCNICA, Ministro, Romancista e Dramaturgo, em seus tempos do romancismo, por ali moraram também.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ II ] O PALACETE DOA ANJOS».

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ II ]

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«O PALACETE DOS ANJOS»
 Rua da Escola Politécnica - (1933 ) Foto de FOTOVOO - (O "PALACETE DOS ANJOS" pertenceu ao bem sucedido capitalista "POLICARPO FERREIRA DOS ANJOS", passou por ali a "LEGAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS", depois ESCOLA SUPERIOR COLONIAL e uma secção do BANCO DE PORTUGAL)  in SÉTIMA COLINA
 Rua da Escola Politécnica - (2006) Foto de Inês Reis) ("PALACETE DOS ANJOS", fachada principal pormenor da entrada, na Praça do Príncipe Real junto da RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA) in MONUMENTOS - SIPA
 Rua da Escola Politécnica - (2009) (O "Palacete dos Anjos"na Praça do Príncipe Real, muito próximo da Rua da Escola Politécnica, pertenceu ao capitalista POLICARPO FERREIRA DOS SANTOS)  in GOOGLE EARTH
Rua da Escola Politécnica - (2005) Foto de Margarida Ramos - (PALACETE DOS ANJOS na Praça do Príncipe Real, 20 e 21, muito próximo da Rua da Escola Politécnica) in  MONUMENTOS-SIPA


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ II ]

«O PALACETE DOS ANJOS»

Embora este "PALACETE DOS ANJOS" já aqui tivesse sido referenciado aquando da publicação em 8 de Maio de 2008, na "PRAÇA DO PRÍNCIPE REAL [ VI ], levámos a incluí-lo neste episódio pela proximidade à "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA", e acrescentar mais uns elementos, que na altura ficou por dizer.
Este "PALACETE DOS ANJOS" terá sido a mais antiga residência nobre do antigo sítio da "PATRIARCAL", é um Palacete de aspecto sólido que se encontra já próximo da entrada da "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA".
A actual imagem que transmite deverá datar dos anos setenta do século XIX, quando o edifício foi adquirido por um bem sucedido capitalista, "POLICARPO FERREIRA DOS ANJOS", dos"ANJOS & CIA.", de proveitosos negócios africanos, e banqueiro do CREDITO PREDIAL, cujo irmão e sócio"ANTÓNIO", construiu mais adiante no pequeno LARGO DE SÃO MAMEDE, e um sobrinho, outro considerável "POLICARPO" nos RESTAURADORES.
Da construção anterior não se conhece, apenas sabemos que desde há muito que esta casa-nobre é referida na documentação que teve moradores da aristocracia portuguesa.
Em 1762, já o primeiro livro da DÉCIMA afirma ser habitado por um tenente-General, "MANUEL GOMES DE CARVALHO E SILVA". Depois é um extenso rol de moradores da mansão, que devia ser de bons cómodos e largas dimensões, dada a qualidade desses inquilinos. Citem-se os senhores de ALCÁÇOVAS, em 1783, os CONDES DE SÃO VICENTE, em 1790, os CONDES DA LOUSÃ, por volta de 1818. Depois, ali também cruzados com os "CONDES DE CAVALEIROS", MENESES-MARIALVAS, a 4.ª MARQUESA DE LOURIÇAL, viúva, em 1846, e em 1848 os 4.ºs MARQUESES DE PENALVA, "D. FERNANDO TELES DA SILVA e D. EUGÉNIA DE AGUIAR.
A casa conheceu então uma certa aura no meio lisboeta. Ali decorriam amiúde umas "selectas" reuniões literárias; "às quais concorria a fina flor da aristocracia de sangue e do talento, para ouvir o trecho sentimental de alguns poetas ou para escutar, como certa noite sucedeu, da boca do divino GARRETT, algumas páginas inéditas do "ARCO DE SANTANA"( 1 ).
As obras no PALACETE terão sido depois de 1875, dirigidas por "G. CINATTI", devendo datar dessa altura as balaustradas e outros seguintes sobrepostos a um edifício mais antigo. De acordo com a especialidade  deste arquitecto-decorador, a sua obra terá eventualmente incidido mais no interior do PALACETE. Depois da adaptação o PALACETE permanece como uma estrutura regular de nove vãos no primeiro andar e três portas centrais com inovadas cantarias de volta perfeita, a condizer com as grades forjadas das sacadas do andar nobre.
Os arranjos do interior não são hoje possível de admirar, uma vez que foram destruídos para adaptação em depósito do "BANCO DE PORTUGAL".
Quanto à fachada hoje existente, diz-nos MATOS SEQUEIRA que a casa-nobre setecentista tinha apenas "sete ou oito sacadas" e na actualidade apresenta-nos nove. Ainda na adaptação do espaço pelo BANCO DE PORTUGAL, foi construído acima das balaustradas do telhado, um andar recuado "amansardado" ou de  "Águas-Furtadas".

De 1912 a 1917 foi LEGAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS e em 1933 seria a sede da ESCOLA SUPERIOR COLONIAL (depois INSTITUTO) e finalmente as instalações do BANCO DE PORTUGAL.
O PALACETE DOS ANJOS foi lar de muitas pessoas antes de se tornar uma propriedade do BANCO DE PORTUGAL. Hoje pequenas empresas e comércio "proliferam", tomando conta do PALACETE, embora consiga manter suas principais características arquitectónicas.

- ( 1 ) - GUSTAVO MATOS SEQUEIRA (Olisipógrafo)

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ III ]-O PRÉDIO GONZAGA RIBEIRO»

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ III ]

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«O PRÉDIO GONZAGA RIBEIRO»
 Rua da Escola Politécnica - (2013) - (Pormenor do "PRÉDIO GONZAGA RIBEIRO", na RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA, vendo-se correctamente a alteração sofrida nas duas portas da direita) inGOOGLE EARTH
 Rua da Escola Politécnica - ( 2001 ) Foto de Pedro Soares - ("Prédio Gonzaga Ribeiro" na RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA, alteração das duas portas que lhe tirou a simetria. Esta imagem está em espelho, por isso apresenta a porta larga no lado esquerdo)  in MONTE OLIVETE
 Rua da Escola Politécnica - (1993) Foto de FOTOVOO - ("PRÉDIO GONZAGA RIBEIRO" na Rua da Escola Politécnica. Sensivelmente como na planta original, entrada na C.M.L.  em 1882) inA SÉTIMA COLINA
Rua da Escola Politécnica - ( Século XIX) - (Planta da fachada principal do "PRÉDIO GONZAGA RIBEIRO" na RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" no ano de 1882)  in A SÉTIMA COLINA


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ III ]

«O PRÉDIO GONZAGA RIBEIRO»

Na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" do número 12 a 26 podemos ainda encontrar um prédio que pela qualidade do seu desenho de fachada, o edifício destaca-se de um conjunto de palacetes e prédios urbanos, construídos na segunda metade do século XIX, ao longo da RUA que da "PRAÇA LUÍS DE CAMÕES", passando por "SÃO ROQUE" sobe para o "RATO".
Entre o Palacete "ANJOS" e o palacete "CASTILHO" ergue-se  o    chamado       "PRÉDIO GONZAGA RIBEIRO".
Nada se conhece (actualmente) do proprietário que lhe justifica o nome, nem do arquitecto. Sabe-se que o projecto deu entrada nos serviços da     CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA em 1882 e, embora assinado pelo autor, todas as peças revelam  um rigoroso tratamento  e um excelente   domínio  do  traço,   sobretudo  se  comparada  com  outros    projectos  que nessa época foram submetidos aos serviços camarários para aprovação.
Pensou-se que seria uma obra do Arquitecto-Decorador, "G. CINATTI" (1879), mas a ideia foi posta de parte, pois o arquitecto tinha falecido três anos antes. No entanto o desenho de composição da fachada denota claramente uma inspiração italianizante que sugere a influência daquele Arquitecto, que terá marcado LISBOA com alguns dos mais interessantes prédios da época - caso do PALÁCIO ALMEDINA, na"AVENIDA DA LIBERDADE", dos VISCONDES DE BESSONE, ou o PALACETE DOS IGLÉSIAS, a S. FRANCISCO.
Utilizando uma composição tripartida da fachada, típica na época, o arquitecto reduz a largura da zona central, aplicando-lhe um desenho autónomo que imprime a toda a fachada uma forte acentuação rítmica. Sem se recorrer de ornatos e florões, o efeito estético global surge claramente arquitectónico, utilizando diferentes métricas de altura em cada piso e pequenas variações no tratamento dos vãos.
Na estrutura interna revela o mesmo domínio arquitectónico, com um núcleo de escadas de grande elegância fortemente iluminado por grandes janelas que recebem luz do saguão.
Em 1925 tendo recebido obras que se concentraram, sobretudo em beneficiações de infra-estruturas.
O prédio embora muito bem conservado (só com a infeliz alteração comercial, consentida, de uma loja, que destruiu, em parte, o desenho em arcada de volta perfeita dos quatro vãos, retirando-lhe a simetria que existia no rés-do-chão inicialmente).
Este prédio tem três andares de origem, com um corpo central de cantaria e frontão curvo no primeiro andar com monograma "G.R." (de Gonzaga Ribeiro), sacada corrida no 1.º e 3.º andar, grades recolhidas no 2.º, jogando, numa elegância de gosto italiano, entre cantaria branca e o reboco rosado das paredes.

No primeiro andar esquerdo deste prédio no número 20 estava instalada a "SOCIEDADEPORTUGUESA DE ESCRITORES", desde  a segunda metade dos anos cinquenta do século XX. Foram seus Corpos Gerentes: JOÃO DE BARROS (Assembleia Geral), AQUILINO RIBEIRO (Direcção) e ANTÓNIO SÉRGIO (Conselho Fiscal).
Foi extinta em 1965 a "S.P. de E." por imposição do Governo Fascista, na circunstância da atribuição de um prémio literário ao novelista "LUANDINO VIEIRA" com a obra "LUUANDA". Este escritor então preso político no TARRAFAL pelas autoridades portuguesas de então, não gostaram da acção da "S.P. de E.". Na noite do dia 21 de Maio de 1965 pelas 22 horas, a sede do SPE na RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA, foi assaltada e saqueada por bandos desconhecidos, apoiados por elementos da PIDE.  Em 1972 voltava após um lento processo de aprovação, com o nome de ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE ESCRITORES.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ IV ]-O PALACETE CASTILHO»

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ IV ]

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«O PALACETE CASTILHO»
 Rua da Escola Politécnica - (2013) Foto de autor não identificado (Fachada do "PALACETE CASTILHO" na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA") in JUNTA DE FREGUESIA DE SANTO ANTÓNIO 
 Rua da Escola Politécnica - (2013) - (O "PALACETE CASTILHO" terceiro prédio na direita, na "Rua da Escola Politécnica")  in GOOGLE EARTH 
 Rua da Escola Politécnica - ( 2001 ) Foto de Pedro Soares - ( "PALACETE CASTILHO"; existem notícias deste Palacete desde 1728, então propriedade de um tal "Pereira da Azambuja" Cavaleiro da "ORDEM DE CRISTO") in  MONTE OLIVETE
Rua da Escola Politécnica - ( 1993 ) - Foto de FOTOVOO - ("PALACETE CASTILHO" na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA"é considerado uma das mais antigas casas nobres na "COTOVIA") inA SÉTIMA COLINA

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ IV ]

«O PALACETE CASTILHO»

O "PALACETE CASTILHO"na RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA do número 38 a 48, será provavelmente um dos mais antigos edifícios e casa-nobre da RUA, onde estiveram instalados vários nobres, instituições de Ensino e Lojas de Marca.
Esta magnifica RUA, trata-se de um antigo troço que foi a "RUA DIREITA DO PATRIARCAL"dita"QUEIMADA", ainda no Atlas de FILIPE FOLQUE de 1858, como anos antes, era chamada de "RUA NOVA ou"DIREITA DA COTOVIA" e da "FÁBRICA DAS SEDAS".
Esta antiguidade do PALACETE é manifestada num pormenor da fachada que, se olhada com atenção, a distingue das restantes suas vizinhas. É muito acentuada a separação entre as janelas, demonstrando um apego à exaltação do muro base como elemento caracterizador de uma prática arquitectónica, tão manifestamente desenvolvida pelo gosto "chão" seiscentista. Gosto que se prolongou por vezes bem dentro do século XVIII, sobretudo acarinhado pelas camadas médias da fidalguia, quer urbana quer de província. 

Do possível construtor, não existe nenhum documento, embora o primeiro nome que chegou como morador nesta casa, viveu nesse tempo e integrava-se nesse característico grupo social intermédio. Chamou-se ele "JOÃO PEREIRA DA COSTA AZAMBUJA", Cavaleiro da ORDEM DE CRISTO, e é citado como aqui residente em 1728.
Em 1738, habitava-a, por aluguer, a família do CAPITÃO-MOR (de onde, não consta) "JOSÉ ANTÓNIO DE CASTILHO, cujos filhos esposaram uma menina LOUSÃ e um irmão dela, vizinhos como sabemos. Daí que os CONDES DA LOUSÃ acabarem por lá se instalar ou viver, e viessem a herdar a propriedade, em 1870, o VISCONDE DE ARNEIRO, titular desse ano, advogado, deputado, e apreciado compositor musical.

Actualmente, a fachada compõe-se de quatro pisos. O último, uma espécie de mansarda elevada, meio-escondido pela balaustrada, é recente o acrescento talvez de 1980.
Quanto aos restantes, os dois primeiros, rés-do-chão e andar nobre de sacadas, são os primitivos. O acrescento de um piso de janelas de peito, espécie de mezzanino, deverá ser mais tardio, possivelmente simultâneo do ressalto de duas pilastras em reboco, à altura da fachada, que suportam um frontão triangular, também ele em reboco e que traz um interessante ao neo-clássico, enganador quanto à sua datação imediata.
Estas alterações deverão ter sido iniciativa da família "CASTILHO", que aqui morou até meados do século XIX. Ocupou a casa desde 1753, aqui residindo sem interrupção vários membros da família e outros colaterais, como os irmãos do CONDE DA LOUSA, um deles casado com a dona da casa. Aqui morou, assim, D. LOURENÇO DE LENCANTRE, mais tarde BISPO DE ELVAS e personagem da sátira "Hissope", de CRUZ E SILVA.
Os próprios CONDES DA LOUSÃ também aqui viveram já no século XIX, como herdeiros de sua tia, pois os CASTILHOS tinham adquirido em 1810 a propriedade da casa, até então alugada. Aliás, a presença desta família foi mantida no local. pelo baptismo da rua fronteira que, por muito tempo, se chamou "RUA NOVA DO CASTILHO, hoje RUA DE SÃO MARÇAL. É a permanente ligação a esta família que nos leva assim identificar este edifício.

Posteriormente a casa teve muitos outros inquilinos, sendo mais tarde dividida em apartamentos autónomos, tornando-se um vulgar prédio de habitação. Só recentemente, com a instalação da "UNIVERSIDADE INTERNACIONAL", a velha Mansão da COTOVIA, voltou a encontrar a unidade com que a construíram e acrescentaram os seus diversos proprietários. 
Este PALACETE nos anos 40 do século passado era a "SECRETARIA GERAL DAUNIVERSIDADE DE LISBOA". Em 1999 foi adaptada luxuosamente a lojas de objectos de decoração de marca internacional "EMPÓRIO ARMANI", e em outros espécies de enobrecimento comercial da artéria.  No número 42 desta RUA, vamos encontrar o "ENTRE TANTO", é um "indoor market" que ocupa uma parte do PALACETE CASTILHO. A apresentação é um labirinto de descobertas; começamos a subir uma escada muito estreita e de repente damos de "caras" com uma loja de livros, ou um salão de beleza.
Seguindo o "caminho" do "PALÁCIO RIBEIRO DA CUNHA" actual"EMBAIXADA", outros edifícios desta rua também receberam esse "banho" de lojas, capitaneado por um BANCO DE INVESTIMENTOS, alguns com a mesma proposta de uso, outros para virarem moradias de luxo.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ V ] -A  ESCOLA POLITÉCNICA (1)»

5 DE OUTUBRO DE 1910

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«VIVA A REPÚBLICAE ADEMOCRACIA!»



5 de Outubro de 1910 - Data comemorativa do 105.º aniversário  da implantação da REPÚBLICA  em  PORTUGAL. [Foto WIKIPÉDIA]

(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ V ]-A ESCOLA POLITÉCNICA ( 1 )»

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ V ]

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«A ESCOLA POLITÉCNICA ( 1 )»
 Rua da Escola Politécnica - (2001)? Foto de Pedro Soares -  (A "ESCOLA POLITÉCNICA" na rua com o mesmo nome e portão de acesso ao "Jardim Botânico")  in  MONTE OLIVETE
 Rua da Escola Politécnica - (2007) - (Panorâmica da "ESCOLA POLITÉCNICA" e "JARDIM BOTÂNICO" )  in GOOGLE EARTH
 Rua da Escola Politécnica - (finais do século XX) Foto de FOTOVOO - Panorâmica da "ESCOLA POLITÉCNICA" e o Sítio da COTOVIA, no antigo "NOVICIADO DA COMPANHIA DE JESUS" e "COLÉGIO REAL DOS NOBRES" )  in   SÉTIMA COLINA
 Rua da Escola Politécnica - (1993) - Foto de FOTOVOO - (Pórtico Monumental da "ESCOLA POLITÉCNICA". As suas obras de construção arrastaram-se até 1878, segundo planos de J. F. da SILVA e COSTA, general Engenheiro e Presidente da Junta Administrativa da Escola) in SÉTIMA COLINA
 Rua da Escola Politécnica - ( 190_) Foto de Joshua Benoliel - (A "ESCOLA POLITÉCNICA" e entrada no lado esquerdo para o Jardim Botânico)  ( Abre em tamanho grande ) in   AML 
Rua da Escola Politécnica - (início do século XIX) Desenho de autor não identificado - ( O antigo "COLÉGIO DOS NOBRES" extinto para dar lugar à "ESCOLA POLITÉCNICA" em 1837 já no liberalismo)  in SÉTIMA COLINA

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ V ]

«A ESCOLA POLITÉCNICA ( 1 )»

Este edifício da "ESCOLA POLITÉCNICA" tal como se encontra, que deu nome à RUA, é de meados de oitocentos.
Os terrenos terão pertencido a "FERNÃO TELES DE MENESES", ex- governador da ÍNDIA e governador do ALGARVE, e de sua mulher, D. MARIA DE NORONHA que fizeram doação em 1597 aos Padres da COMPANHIA DE JESUS, da sua QUINTA DO MONTE OLIVETE do sítio da COTOVIA, para a nova casa do"NOVICIADO DA COMPANHIA DE JESUS".
Foi lançada a primeira pedra para a construção do edifício do "NOVICIADO", em 26 de Abril de 1603. A casa estava construída em 1616 com o risco de "BALTAZAR ÁLVARES", embora só fosse ocupada pelos noviços, no ano de 1619.
Relativamente pequena esta "CASA DO NOVICIADO", embora possuísse uma cerca bastante grande que se estendia ao RATO e ainda para o SALITRE.
No ano de 1759 a "COMPANHIA DE JESUS" foi extinta e expulsa do REINO, deixando o "NOVICIADO DA COTOVIA", vindo a instalar-se nestas casas o "REAL COLÉGIO DOS NOBRES", fundado por carta régia, em 7 de Março de 1761.  Inaugurado em 19 de Março de 1766 pelo REI D. JOSÉ, família real e CARDEAL SALDANHA.
A criação deste COLÉGIOé um monumento importante na evolução do ensino em PORTUGAL, fruto do Iluminismo setecentista, apoiado pela política do despotismo esclarecido do MARQUÊS DE POMBAL.
Entretanto, porém, o edifício, que tinha sido bastante afectado pelo Terramoto de 1755, é reparado poucos anos depois, tendo como arquitecto CARLOS MARDEL. A fachada ficou, então, composta pela Igreja, ao centro, dois corpos com as entradas alpendradas, ambos ladeados por outros dois, mais altos "fazendo torre", e rematados, todos, por um telhado tipo mansarda, de risco MARDELIANO.
O casarão que hoje se vê, com espaços desocupados por via de novas instalações da FACULDADE DA CIDADE UNIVERSITÁRIA, (mas abrigando, já em 1990 um intermitente teatro e salas de exposição), tem vista possível em salas de circunstância, decoradas ao gosto ecléctico dos anos 70-80 do século passado, com a nobreza inerente à função cívica do  novo edifício. As técnicas da arquitectura do ferro intervieram nele, com novas possibilidades de suporte de largas coberturas, e circulação de varandins, mas a massa da cantaria guarda uma feição antiga, algo conventual que lhe fora própria aos ensinos sucessivos, religiosos o primeiro, de abertura laica o segundo, no projecto de POMBAL, militar o que se lhe seguiu, à maneira francesa; assim contornando em 1837 ( e até 1859) a oposição do monopólio docente de COIMBRA à criação, em LISBOA, de um INSTITUTO DE CIÊNCIAS FÍSICAS E MATEMÁTICAS, na sequência de reformas liberais em 1835.

O edifício que se alinha na RUA que tomou o seu nome em 1859 tem um passado variadamente polémico que corresponde, ponto a ponto, à evolução da mentalidade nacional no domínio da educação, com a intervenção definitiva de HERCULANO, num "parecer" célebre, em 1840. Ele que foi ao ponto de defender, em 43, na ilustre "REVISTAUNIVERSAL LISBONENSE", que a verba recolhida para o Monumento de D. PEDRO IV fosse (mais bem) empregada na construção da ESCOLA, e de uma BIBLIOTECA PÚBLICA.
As sucessivas arquitecturas (ou os sucessivos arquitectos) do edifício simbolizam as passagens agenciadas. A construção actual tem discutível autoria, nela tendo intervindo o presidente da JUNTA ADMINISTRATIVA DA ESCOLAà altura do incêndio em 1843, o General Engenheiro SILVA COSTA e, professor de desenho da Escola, o espanhol LUÍS MURIEL, já nomeado em 1840, e que tinha encargo oficial de desenhar os projectos necessários às construções.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ V ] - A ESCOLA POLITÉCNICA ( 2 )». 

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ VI ]

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«A ESCOLA POLITÉCNICA ( 2 )»
 Rua da Escola politécnica - (2001) Foto de Pedro Soares - (Frontaria da "ESCOLA POLITÉCNICA" com suas colunas "Jónicas" recuperadas das ruínas da "Igreja de S. Francisco da Cidade" que existia no antigo "LARGO DA BIBLIOTECA", hoje "LARGO DA ACADEMIA NACIONAL DE BELAS ARTES")  in MONTE OLIVETE 
 Rua da Escola Politécnica - ( 2001 ) Foto de Pedro Soares (Vista aérea da "ESCOLA POLITÉCNICA" na Rua da Escola Politécnica, imóvel que é possivelmente testemunho da obra de "PÉZERAT")  in MONTE OLIVETE
 Rua da Escola Politécnica - (1933) Foto de FOTOVOO - (A severa fachada neoclássica da "ESCOLA POLITÉCNICA" de vinte e um vãos é animada por pilastras e, ao centro, por um pórtico monumental)  in  SÉTIMA COLINA
 Rua da Escola Politécnica - (c. 1937) Foto de Judah Benoliel - (Edifício da "ESCOLA POLITÉCNICA", na "Rua da Escola Politécnica")  (Abre em tamanho grande) in AML 
Rua da Escola Politécnica - (entre 1900 e 1945) Foto de José Artur Leitão Bária ("CASA DO NOVICIADO DA COTOVIA"- Construída na Quinta do Monte Olivete, no sítio da COTOVIA, à "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA". Esta casa foi concluída em 1616, pelo Arquitecto BALTAZAR ÁLVARES, entrou em funcionamento em 1619. Aqui se formaram quase todos os Jesuítas desta província até à expulsão  em 1759. Em 1761 o Marquês de Pombal aproveitou o espaço para ali instalar o COLÉGIO DOS NOBRES. Em 1843 este local sofreu um grande incêndio) in AML


(CONTINUAÇÃO)-RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ VI ]

«A ESCOLA POLITÉCNICA ( 2 )»

Sendo coadjuvado por um jovem e brilhante desenhador "JOÃO PEDRO MONTEIRO", de quem, à falta de arquivos documentais que se conheçam, se afirmou ( o professor de Desenho da Escola, A. RESSANO GARCIA, em 1937) "se dever certamente a linha geral do edifício". Mas "J.P.MONTEIRO" faleceu em 1853, data em que foi nomeado, sempre para a cadeira de Desenho, o engenheiro francês "PIERRE-JOSEPH PÉZERAT", que já em 1870, grandes serviços de responsabilidade prestou à CÂMARA MUNICIPAL da Capital, sendo uma figura incontornável da sua história urbanística.
A ele parece possível atribuir a forma definitiva do edifício da POLITÉCNICA, por similitude de gosto com outras obras suas:"último arquitecto neo-clássico de LISBOA", como lhe chamavam.

O pórtico monumental do edifício, utilizando, sobre altas bases, ao nível do embasamento de cantaria de toda a fachada, duas colunas Jónicas recuperadas das ruínas da IGREJA DE SÃO FRANCISCO DA CIDADE" (no antigo LARGO DA BIBLIOTECA PÚBLICA), sobre elas, e as pilastras que a delimitam, pousando uma arquitrave discretamente trabalhada e, sobre um frontão as armas reais, em "bronze", enobrecem, no tímpano o todo ao alto de uma escadaria depois de encurtada, por necessidades do trânsito.
São elementos de estilo que, tal como o movimento dos corpos da fachada, levemente salientes sobre a cornija contínua, os das extremidades, de três janelas, e os ricos portões laterais, dourados, à francesa (alargados depois do incêndio de 1978) definem bem a personalidade do arquitecto final da vasta obra, monumento principal da "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA", e emblema da cidade.
Nesta ESCOLA se formaram e leccionaram muitos nomes conhecidos, mais pela sua carreira política do que pela sua actividade cientifica, na segunda metade do século XIX.
Com o advento da REPÚBLICA esta instituição é substituída pela FACULDADE DE CIÊNCIAS, quando na reconstituição da UNIVERSIDADE DE LISBOA ( 1911 ).
Imóvel que é testemunho da obra de "PÉZERAT"(embora o projecto esteja infelizmente perdido), hoje a "ESCOLA POLITÉCNICA" recém-classificada como -  PATRIMÓNIO DE INTERESSE PÚBLICO - alberga os "MUSEUS DE HISTÓRIA NATURAL, DE CIÊNCIA E MINERALÓGICO E GEOLÓGICO", perpetuando a tradição cultural e pedagógica no local.
Sofreu um violento incêndio na noite de 18 de Março de 1978, que destruiu parte da ala Sul, com grandes perdas das colecções do MUSEU BOCAGE e da MINERALOGIA, embora não tivesse afectado as fachadas.
Resumindo: Foi um estabelecimento de ensino pré-universitário fundado em LISBOA em 1761, e voltado para a educação inicial dos jovens aristocratas portugueses. Foi extinto em 1837, uma vez que os seus objectivos não podiam subsistir no enquadramento criado pela implantação do regime liberal em PORTUGAL. As instalações e equipamento foram concedidos à então criada "ESCOLA POLITÉCNICA DE LISBOA", transformada, em 1911, na FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA (desde 1985 localizado na CIDADE UNIVERSITÁRIA).

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA[ VII ]-O JARDIM BOTÂNICO»

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ VII ]

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«O JARDIM BOTÂNICO DE LISBOA»
 Rua da Escola Politécnica - (2012) Foto de autor não identificado ( Uma das entradas para o JARDIM BOTÂNICO" na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" em LISBOA) inJUNTA DE FREGUESIA DE SANTO ANTÓNIO
 Rua da Escola Politécnica - (2001) Foto de Pedro Soares (Uma rua no interior do "JARDIM BOTÂNICO DE LISBOA". Começou a ser plantado no ano de 1873 por iniciativa do "4º CONDE DE FICALHO" e "ANDRADE CORVO") in MONTE OLIVETE
 Rua da Escola Politécnica - ( ant. 1945) Foto dos Estúdios de Mário Novais - ("JARDIM BOTÂNICO" da ESCOLA POLITÉCNICA, podemos ver ao fundo o observatório Meteorológico Infante D. Luís e pormenores da estufa) (Abre em tamanho grande)  in AML
 Rua da Escola Politécnica - (depois de 1926) Foto de Fernando Manuel de Jesus Martins ( Monumento ao DR. BERNARDINO ANTÓNIO GOMES(pai) (1768-1823), inaugurada em 1926 no JARDIM BOTÂNICO da Escola Politécnica de LISBOA. Médico e Botânico, criou em Portugal o primeiro  Instituto de Vacinação do qual foi seu Director.  in   AML 
 Rua da Escola Politécnica - (1912) Foto de Joshua Benoliel ( Um pormenor do JARDIM BOTÂNICO da ESCOLA POLITÉCNICA DE LISBOA)  (Abre em tamanho grande )  in AML 
Rua da Escola Politécnica - ( 19__) Foto de Paulo Guedes - ( A ESTUFA do JARDIM BOTÂNICO DE LISBOA, na RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA) (Abre em tamanho grande)  in AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ VII ]

«O JARDIM BOTÂNICO DE LISBOA»


O «JARDIM BOTÂNICO DE LISBOA» é um Jardim científico, projectado em meados do século XIX, e começado a plantar em 1873, por iniciativa dos professores: "4.º CONDE DE FICALHO - Francisco Manuel de Melo Breyner (1837-1903) e"JOÃO DE ANDRADE CORVO" (1824-1890), com sentido de modernidade  e rara generosidade orçamental, para servir o ensino e a investigação da Botânica na ESCOLA POLITÉCNICA
Com a sua inauguração ao público no ano de 1878 (com aproximadamente 137 anos) a ESCOLA e o JARDIM BOTÂNICO são, ainda hoje, um símbolo dos novos rumos de progresso social e científico que a revolução liberal trouxe para PORTUGAL.
O JARDIM conheceu desde sua origem merecida fama. Do novo "Belvedere"( 1 ) no MONTE OLIVETE, enriquecido com milhares de espécies exóticas, podia o visitante, especialmente estrangeiro, deleitar-se com o soberbo panorama de outras colinas debruçadas sobre o rio. A enorme diversidade de plantas, vindas dos quatro cantos do Mundo em que havia territórios sob soberania portuguesa, patenteava, ao turista, a importância da grande potência Colonial que Portugal então representava, embora fosse, na EUROPA, uma nação pequena e marginal.
A excelente qualidade do projecto, bem ajustado ao sítio e ao ameno clima de LISBOA, cedo foi comprovado. Acabadas as plantações, segundo o elegante desenho das veredas, canteiros e socalcos, atravessados por Lagos e Cascatas, as jovens plantas rapidamente prosperaram, ocupando todo o espaço e deixando logo adivinhar como, com o tempo, a cidade viria a ganhar o seu mais aprazível espaço verde e o de maior interesse cénico e botânico. Em pleno coração de LISBOA e em forte contraste com o seu bulício, as cores e as sombras, os cheiros e os sons do JARDIM BOTÂNICO dão recolhimento e deleite. E, tratando-se de um JARDIM BOTÂNICO, outras funções desempenhava o JARDIM, que não apenas as de lazer e recreio passivo.
As colecções sistemáticas servem vários ramos da investigação botânica, demonstram junto do público e das escolas a grande diversidade de formas vegetais e múltiplos processos ecológicos, ao mesmo tempo que representam um meio importante e efectivo na conservação de plantas ameaçadas de extinção.
Na norma do que hoje acontece na generalidade dos JARDINS BOTÂNICOS, também, desenvolve, em permanência, activos programas de educação ambiental.
Algumas colecções merecem menção especial. A notável diversidade de palmeiras, vindas de todos os continentes, confere inesperado cunho tropical a diversas localizações do JARDIM. As "CICADÁCEAS" são um dos "ex-libris" do JARDIM . Autênticos fósseis vivos, representam floras antigas, que na maioria se extinguiram. Hoje são todas de grande raridade, havendo certas espécies que só em JARDINS BOTÂNICOS se conservam.
O JARDIMé particularmente rico em espécies tropicais originárias da NOVA ZELÂNDIA, AUSTRÁLIA, JAPÃO e AMÉRICA DO SUL, o que atesta a amenidade do clima em LISBOA e as peculiaridades dos micro climas do JARDIM.
O JARDIM BOTÂNICO DE LISBOA faz hoje parte da UNIVERSIDADE DE LISBOA(JBUL).

( 1 ) - BELVEDERE-Um complexo Jardim de BELVEDERE, em VIANA, AUSTRIA, também chamado "PALÁCIO-JARDIM". Noutro contexto,  pode-se atribuir a "qualquer estrutura construída com o objectivo de se poder usufruir da vista".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ VIII ]-A CASA DAS ONZE PORTAS ( 1 )».

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ VIII ]

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«A CASA DAS ONZE PORTAS ( 1 )»
 Rua da Escola Politécnica - (1993) foto de Pedro Bebiano Braga - (A "CASA DAS ONZE PORTAS" edificada em 1856 na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" esquina com a "RUA DO MONTE OLIVETE")  in A SÉTIMA COLINA
 Rua da Escola Politécnica - (entre 1898 e 1907) Foto de autor não identificado - (A "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA) a outra esquina da "Rua de São Marçal) ( Abre em tamanho grande) inAFM
 Rua da Escola Politécnica - (Início do século XX) - Anúncio da "CASA DAS TESOURAS", instalada na "CASA DE ONZE PORTAS" na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA". Vendendo fatos e sobretudos feitos, e ainda especializada em GABÕES DE AVEIRO , largamente publicados em jornais e revistas da época, num estilo bastante pitoresco de anúncio ilustrado. Esta casa poderá ser o antecessor do chamado "pronto-a-vestir") inMONTE OLIVETE
Rua da Escola Politécnica - (1858)  - (Planta do alçado do prédio dito "CASA DAS ONZE PORTAS", que popularmente o notabilizaram, na Rua da Escola Politécnica. O desenho será possivelmente de Pierre Joseph Pézerat)  in MONTE OLIVETE


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ VIII ]

«A CASA DAS ONZE PORTAS ( 1 )»

No outro lado da RUA, mesmo em frente da "ESCOLA POLITÉCNICA", foi edificado em 1858, esta casa de aluguer, para habitação e comércio, num luxo desusado na época, em imóveis de rendimento. Sendo notícia de jornal, pela sua "exótica arquitectura" de onze portas para a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" do número 55 a 65, por isso, ficando designada (PELA CASA DAS ONZE PORTAS) e sendo visitada e apreciada, fez-se a propósito dela, o "chiste", hoje de difícil entendimento, " a romana da hospedaria tinha só sete e fugiu ao marido"...
O risco deste imóvel é atribuído ao arquitecto francês "PIERRE JOSEPH PÉZERAT" (1801-1872), encarregue, na época, dos trabalhos de construção da "ESCOLA" em frente, onde era também professor de desenho desde 1853. "PÉZERAT", de formação parisiense viera para PORTUGAL (em 1840) a convite do Município de LISBOA, depois de ter sido um dos arquitectos particulares do Imperador "D. PEDRO I, no BRASIL (1825-1831), e ter estado na ARGÉLIA (até 1838), nomeado pela Ministério da Guerra Francês.
Também autor do famoso edifício dos "BANHOS DE SÃO PAULO"(Ver Praça de S. Paulo [IV]-31 de Março de 2008), vinha a falecer cego e em situação de grandes dificuldades, em 1872.

O edifício é sóbrio, de gosto neoclássico, com dez vãos abertos, na fachada principal, em arco de volta perfeita, que se repetem no primeiro e segundo andares, sendo o terceiro amansardado. As pilastras dividindo a fenestração impõem um ritmo que a varanda corrida (segundo andar) unifica, conferindo um belo equilíbrio à fachada coroada por vasos de pedra. Um pavilhão-terraço com harmoniosa dupla escadaria (infelizmente desaparecida em 1940), ornamentada também com vasos, dava para um pátio, na fachada posterior.
O seu interior doméstico, da casa geminada, apresenta perfeita simetria dos lados esquerdo e direito, desenvolvendo-se a partir de uma bem desenhada escadaria, ao centro, com grade de ferro. No átrio, joga-se com mármores de cores diferentes, nos losangos do pavimento e nos três arcos, posteriormente fechados pelo guarda-vento de vidro, pintado a ouro, e caixilho de madeira (1880).
As divisões apresentam bons trabalhos em estuque, de várias campanhas decorativas (algumas impostas por incêndio), em abundantes motivos geométricos e vegetalistas, e, ainda, com medalhões de cestos fruteiros e de cabeças enfeitadas.
No entanto, as pinturas sobre estuque, de duas salas contíguas (primeiro andar) e da caixa do saguão, fechado em vidro para iluminar a escadaria, são o que resta da maior qualidade decorativa; pinturas em "trompe l'oeil"imitando baixo relevo, com gramática vegetalista e exóticas cabeças, e naturalista "bouquets"de flores em alegre policromia, nos cantos da sala, conferem-lhe um luxo de palacete. Porém datar-se das décadas de setenta ou oitenta  do século XIX e, talvez sido realizadas pelo pintor francês "PIERRE BORDES", que executou decorações semelhantes nos "PAÇOS DO CONCELHO", que então se terminavam.
Oito portas comerciais, quatro de cada lado das duas da entrada doméstica, na fachada principal, e uma outra, na fachada sobre a "RUA DO MONTE OLIVETE", albergam lojas. A "FARMÁCIA ALBANO" (nos números 57 e 59) é a mais interessante, pois conserva o seu cuidado interior, de final de oitocentos, forrado por altos armários com emblemáticos estuques de palmeira e cobra de "Esculápio" e um "achinesado" candeeiro a gás, montado a partir de uma taça de porcelana "mandarim de figura".


EFEMÉRIDES

Faz hoje 162 anos, que pela primeira vez foi publicado na Imprensa Diária o "JORNAL DO COMÉRCIO" (17 de Outubro de 1883).

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ IX ]-A CASA DAS ONZE PORTAS ( 2 )».

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ IX ]

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«A CASA DAS ONZE PORTAS ( 2 )»

 Rua da Escola Politécnica - (2008) Foto de autor não identificado (Parte da fachada do prédio conhecido pela "CASA DAS ONZE PORTAS", na RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA . No piso térreo a FARMÁCIA ALBANO)  in JUNTA DE FREGUESIA DE SANTO ANTÓNIO
 Rua da Escola Politécnica - (entre 1890 e 1948) Foto de José Artur Leitão Bárcia - (A "CASA DAS TESOURAS" de JOSÉ CLEMENTE nos números; 51,51-A, 53 e 55 na "CASA DAS ONZE PORTAS", construção de 1858, local para habitação e comércio, num luxo desusado na época, em imóveis de rendimento na RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA)  (Abre em tamanho grande) in AML  
 Rua da Escola Politécnica - (1922) Foto de Alfredo Galhardo (A "CASA DAS ONZE PORTAS" na Rua da Escola Politécnica, onde está instalada a "CASA DAS TESOURAS") in  RESTOS DE COLECÇÃO

Rua da Escola Politécnica - (1909) (A "CASA DAS TESOURAS" de JOSÉ CLEMENTE, instalada no edifício "CASA DE ONZE PORTAS" fazendo propaganda das suas actividades no jornal MUNDO) inDIAS QUE VOAM


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ IX ]

«A CASA DAS ONZE PORTAS ( 2 )»

As onze portas que deram nome ao prédio ( e popularmente o notabilizaram) contam dez para a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" e a décima primeira virada para a "RUA DO MONTE OLIVETE". Servem elas lojas variadas no tempo, com requinte e elegância.
São decorações dignas de casas de habitação de luxo, algumas já restauradas em 2000, e conheceram inquilinos famosos, como o romancista e historiador "REBELO DA SILVA", fiel discípulo de ALEXANDRE HERCULANO, ali falecido em 1871, no 2.º andar, vizinho de uma 2ª VISCONDESSA, viúva de PORTOCARREIRO, ele JUIZ DO SUPREMO com fidalguia materna de nome.

O prédio teve, nos princípios do século, com duas portas transbordando para o prédio do lado esquerdo, as instalações da "CASA DAS TESOURAS"de JOSÉ CLEMENTE, nos números 51, 51-A, 53 e 55, vendendo fatos e sobretudos feitos (será possivelmente o antecessor do mais tarde aparecido "O PRONTO-A-VESTIR") e especializado na confecção de "GIBÕES DE AVEIRO ( largamente reclamados nos jornais  e magazines dos anos 10 e 20 do século passado, em pitorescos anúncios ilustrados).

Além da "CASA DAS TESOURAS" existiu um antiquário. Em Maio de 1935 o estabelecimento foi destruído por um violento incêndio; com a mesma designação abriu em seguida uma loja de móveis, que permaneceu até aos anos 50 do século passado.

As outras duas portas ( do prédio do lado) receberam a leitaria "CAMÉLIA D' OURO", a funcionar em meados dos anos 30, e uma década mais tarde a "CONFEITARIA CAMÉLIA", à qual sucedeu a casa de pasto "BRIOSA", com infeliz alteração da fachada ( em 1957 ), única no conjunto dos dois prédios.
Os primeiros e segundos andares dos números 55 e 56 foram no passado ocupados pelos serviços da "DIRECÇÃO DE JUSTIÇA E DISCIPLINA DO ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO"hoje com nova designação de"ESTADO MAIOR DO EXERCITO-DIRECÇÃO DE JUSTIÇA E DISCIPLINA", instalado na TRAVESSA DE SANTO ANTÓNIO, 21 (LISBOA).

A neoclássica "CASA DAS ONZE PORTAS", a par do prédio vizinho ( N.ºs  49 - 53), mais modesto, que segue o mesmo desenho, de vão repetido nos seus quatro andares, também ele atribuível a "PIERRE-JOSEPH PÉZERAT"(1801-1872) e construído na mesma altura, formam um conjunto urbano de qualidade que é testemunho de uma ideia de construir e habitar a cidade, "MODERNA" e "regenerada", que só encontrará sucessores já nos anos 80, com a AVENIDA DA LIBERDADE.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ X ]-O PALÁCIO PALMELA ( 1 )».

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ X ]

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«O PALÁCIO PALMELA ( 1 )»
 Rua da Escola Politécnica - ( 1993 ) Foto de FOTOVOO - (Panorama do "PALÁCIO PALMELA" na Rua da Escola Politécnica, hoje "PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA) inSÉTIMA COLINA
 Rua da Escola Politécnica - (1945) Foto de Eduardo Portugal - ( O "PALÁCIO PALMELA" foi vendido em 1822 ao Barão TEIXEIRA, que casou com uma filha dos DUQUES DE PALMELA) inAML
Rua da Escola Politécnica - (19--) Foto de Paulo Guedes - ( "PALÁCIO DOS DUQUES DE PALMELA", porta principal onde se encontra a estatuária de "A FORÇA" e "O TRABALHO") (Abre em tamanho grande) in AML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ X ]

«O PALÁCIO PALMELA ( 1 )»

O primeiro edifício levantado neste lugar data da última década do século XVIII. O famoso arquitecto das "OBRAS PÚBLICAS"da"CASA DO INFANTADO", MANUEL CAETANO DE SOUSA, aqui fez erguer a sua casa, em terrenos que lhe foram cedido pela "RAINHA D.MARIA I". Instalado entre "S. MAMEDE"e o"RATO", em terrenos que tinham sido do "NOVICIADO DOS JESUÍTAS" e as traseiras  viradas para a "RUA DO SALITRE". Terá eventualmente edificado uma casa bastante modesta, que no dizer de "RATON"em sua"MEMÓRIAS"; "ser tão destituída de ordem e de gosto". 
"CAETANO DE SOUSA" beneficiou ainda, dado a boa vontade da rainha, da doação das sobras de água do «CHAFARIZ DO RATO» que ficava encostado ao muro da propriedade, bem como a pedra  não utilizada nas obras da "BASÍLICA DA ESTRELA".
Com estes apoios, o arquitecto MANUEL CAETANO DE SOUSA iniciou a construção da sua casa a partir do ano de 1792.
A casa tinha menos um andar, além de não ostentar nem revestimento em pedra, que hoje cobre grande parte da fachada, nem os elementos decorativos que agora rodeiam a porta principal.
Como um prédio vulgar, abria no rés-do-chão mais quatro portões, dois de cada lado, dando serventia às cavalariças e outras dependências, podendo até ser autonomizada para aluguer.
É no interior, no entanto, que as mudanças viriam a ser mais radicais.
O edifício primitivo organizava-se em torno de um pátio, ou saguão, com acesso a partir do átrio, sendo os andares superiores servidos por escadas vulgares, próprias de um prédio de rendimento. Este edifício não terá sido pensado como uma estrutura palaciana. Facto decisivo para se perceber o carácter das transformações posteriores, destinadas a fazer dele um palácio.
Depois da morte de MANUEL CAETANO DE SOUSA, herdou a casa seu filho "FRANCISCO ANTÓNIO DE SOUSA", também arquitecto, que aqui habitou. Infeliz nas escolhas políticas, foi incriminado em 1817, na conjura de GOMES FREIRE DE ANDRADE, vindo a ser deportado para ÁFRICA. Para a casa ficou a aura de ter sido um dos locais de reuniões dos conjurados, facilitada por GOMES FREIRE seu vizinho no SALITRE.
O Edifício foi confiscado, ficando por alguns anos na posse do ESTADO, que ali instalou a "INTENDÊNCIA GERAL DA POLÍCIA". Mais tarde, em 1822, foi à praça, sendo arrematada por "HENRIQUE TEIXEIRA DE SAMPAIO" 1.º BARÃO DE TERCEIRA e 1.º CONDE DA PÓVOA, um dos homens mais ricos do seu tempo. Fortuna continuada de seu pai, negociante passando pelos AÇORES, sendo ele COMISSÁRIO DOS FORNECIMENTOS AO EXÉRCITO, nas guerras do principio do século, desde a proveitosa "Campanha doROSSILHÃO" ( 1 ).
O nome do bisavô era FERREIRA, mas o avô já usou o de TEIXEIRA SAMPAIO da bisavó; em 1789, o pai obteve carta e brasão com os dois apelidos ( e mais dois maternos, AMARAL e GUEDES), embora com uma "brica"( 2 ) distintiva no TEIXEIRA adoptado, e essa forma as armas do BARÃO de 1818, CONDE DA PÓVOA, em 1823 (com riquíssimo Morgado instituído na "PÓVOA" DE SANTA IRIA"), sendo nesse ano PRESIDENTE DO REAL ERÁRIO e MINISTRO DA FAZENDA do MARQUÊS DE PALMELA que entrara brilhantemente na política do reino de D. JOÃO III.
O CONDE DA PÓVOA iniciou o processo de transformação do antigo prédio de MANUEL CAETANO DE SOUSA, em residência palaciana condigna com a sua grandeza. Subiu-lhe um andar, aumentando os cómodos e envolvendo uma magnifica capela que ali fez adaptar e, sobretudo, criou novos acessos internos.

( 1 ) - CAMPANHA DO ROSSILHÃO- Também chamada "GUERRA DOS PIRENÉUS" ou GUERRA DA CONVENÇÃO". Foi uma campanha militar que PORTUGAL participou ao lado da ESPANHA e REINO UNIDO, contra a FRANÇA de (7 de Março de 1793 - 22 de Julho de 1795).

( 2 ) - BRICA -s. f. (Heráldica) Pequeno espaço nos brasões para distinguir a linhagem dos filhos segundos.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XI ]O PALÁCIO PALMELA ( 2 )». 

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XI ]

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«O PALÁCIO PALMELA ( 2 )»
 Rua da Escola Politécnica - (1993) Foto de FOTOVOO - (Fachada do "PALÁCIO PALMELA", ladeando a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA", em 1822 foi à praça, sendo arrematado por HENRIQUE TEIXEIRA DE SAMPAIO, 1.º Barão da Terceira e 1.º Conde da Póvoa, um dos homens mais rico do seu tempo.  in SÉTIMA COLINA 
 Rua da Escola Politécnica - (Começo de 1952) Foto de Salvador de Almeida Fernandes - (PALÁCIO DOS DUQUES DE PALMELA, em primeiro plano  o Policia sinaleiro e o CHAFARIZ DO RATO, encostado a propriedade do PALÁCIO) ( Abre em tamanho grande) in AML 
Rua da Escola Politécnico - (1944) Foto de Eduardo Portugal ( O PALÁCIO DOS DUQUES DE PALMELA, nesta altura ainda o Duque de Palmela habitava o Palácio) (Abre em tamanho grande) in AML


(CONTINUAÇÃO)- RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XI ]

«O PALÁCIO PALMELA ( 2 )»

Foi então mandado fechar o saguão para nele ser criada uma importante escadaria que serve não só o primeiro andar, como a sobreloja, e o andar nobre, agora condignamente realçado no conjunto. A escadaria adornada com decorativas "COLUNAS TORSAS"( 1 ) de mármore rosa, visivelmente adaptadas, que realçam a cenografia, de gosto já neoclássico, que atinge esta campanha de obras. Foi também alterada a divisão interna, desenhando-se os imprescindíveis salões palacianos, agora decorados a preceito com pinturas murais, onde é manifesta a influencia de gosto de "JEAN-BAPTISTE PILLEMENT"(1728-1808), executadas por um artista não identificado, um dos múltiplos seguidores do pintor francês que, por ocasião, proliferavam em LISBOA.
A tradição segundo a qual alguma dessas pinturas seriam do próprio "PILLEMENT"é manifestamente errónea, quer por razões cronológicas, quer ainda, por não evidenciarem a qualidade que caracterizou a obra do mestre Gualês.
Estas obras, já estavam concluídas em 1833, quando morreu o CONDE DA PÓVOA. Falecido pouco depois seu filho único varão, o ainda menor 2.º CONDE DA PÓVOA, a herança caiu na filha "D. MARIA LUÍSA".
A mão desta senhora foi muito disputada, enchendo-se então os mexericos lisboetas com as peripécias recambolescas deste episódio, que meteu sequestros, acções e um estendal de lavagem de roupa suja, agigantado pela grandeza da fortuna e o relevo político das figuras envolvidas, que incluíam "MOUZINHO DA SILVEIRA" e o "DUQUE DE PALMELA, tutor da menina.  
Tudo acabou com o casamento de "D. MARIA LUÍSA" com o filho de PALMELA, futuro 2.º DUQUE deste titulo. Deste enlace nasceu em 1841, "D. MARIA LUÍSA DE SOUSA HOLSTEIN", depois 3.ª DUQUESA DE PALMELA, que viria a escolher esta casa materna para sua residência, transformando-a num dos centros mais activos da vida social e cultural lisboeta da segunda metade do século XIX.

Em 1833, o filho do Arquitecto fundador; "FRANCISCO ANTÓNIO DE SOUSA" tinha regressado do degredo a que tinha sido condenado, tentou impugnar o PALÁCIO, mas na nova situação liberal, maior era o poder do DUQUE DE PALMELA, protector do PÓVOA, então falecido, e nenhum êxito teve a reclamação que, porém assentava numa razão moral inegável. Logo no ano seguinte, PALMELA tutor dos filhos do colaborador e amigo, estabeleceu promessa de casamento do seu herdeiro com a filha do PÓVOA, que na época tinha sete anos de idade, casando-a mesmo daí a mais cinco, já ela era então herdeira, por morte de seu irmão, em 1837, e a mais rica herdeira do reino de D. MARIA II.
Deu escândalo público o feito, com reclamação e processo da condessa viúva e da família do conde; e só uma intervenção particular do MARQUÊS DE FRONTEIRA (que conta nas suas famosas MEMÓRIAS) junto de COSTA CABRAL, MINISTRO DA JUSTIÇA, abonou as coisas a favor da família PALMELA, onde a grande herança acabou por entrar, com a própria casa nobre, de onde a condessa viúva se via expulsa.
O pai manteve-se no palácio da família, no CALHARIZ, (PALÁCIO DO CALHARIZ-PALMELA), então também melhorado, o 2.º DUQUE viveu no palácio que o sogro desenvolveu em grandes obras e a casa tomou o nome dos PALMELAS. Estes eram de fidalguia antiga, de princípios Quinhentistas, com o "MORGADO DO CALHARIZ" entrado por casamento no filho segundo do 1.ºBARÃO DO ALVITO, SILVEIRA, que adoptou o nome de uma avó materna este SOUSA , do ramo dito de "ARRONCHES", que tinham enumeras gerações ilustres por detrás, desde o século XI. O BRASÃO adoptado e fixado foi o deles, em pleno, assumido a linhagem e sem diferença heráldica.

( 1 ) - COLUNA TORSA ou COLUNA SALOMÓNICA- Coluna cujo fuste apresenta saliências helicoidais (ou retorcidas) de secção semicircular.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XII ] O PALÁCIO PALMELA ( 3 )» 

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XII ]

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«O PALÁCIO PALMELA ( 3 )»
 Rua da Escola Politécnica - (1993) Foto de Henrique Ruas - (O PALÁCIO PALMELA já no século XX, em 1902 teve lugar uma intervenção e dela resultou o aspecto actual do edifício.  Foi refeita a porta principal, que está ladeada por uma cariátide representando a "FORÇA MORAL" e um ATLANTE simbolizando "O TRABALHO", obra da autoria de "CALMELS") inSÉTIMA COLINA
 Rua da Escola Politécnica - (1993) Foto de FOTOVOO - ("CHAFARIZ DO RATO" ligado ao PALÁCIO PALMELA, ficando no "LARGO DO RATO" esquina com a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA". Fazendo parte da rede de fontanários do século XVIII, inaugurado em 1744) inSÉTIMA COLINA
Rua da Escola Politécnica - ( 2007 ) - (Panorâmica da "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" o "PALÁCIO PALMELA" e o "CHAFARIZ DO RATO")  in GOOGLE EARTH


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XII ]

«O PALÁCIO PALMELA ( 3 )»

O papel determinante do CONDE MARQUES DE PALMELA na guerra que opôs D. PEDRO IV a D. MIGUEL, trouxe-lhe largas recompensas em terras, da casa do INFANTADO e em importantes indemnizações de dinheiro, a que se juntou, então, a fabulosa herança PÓVOA.

Falando ainda de "D. MARIA LUÍSA DE SOUSA HOLSTEIN" que foi uma escultora de merecimento, discípula de "CÉLESTIN ANATOLE CALMELS" (1822-1906), artista francês que se instalara em LISBOA, a DUQUESA foi figura de grande destaque na vida cultural e social de LISBOA do seu tempo, pelo relevo da sua fortuna, considerada a maior de então, a que juntava os seus próprios dotes de mulher inteligente e sensível às artes. A sua casa tornou-se, pois, um fulcro de intensa vida social, sucedendo-se as festas de grande repercussão com convivas de lustro internacional.
A DUQUESA fez construir nos jardins um atelier de escultura, de onde saíram muitas peças de qualidade, da sua autoria. Junto dele, ergueu um forno de cerâmica, onde iniciou a fabricação de louça artística, marcado com um pequeno "RATO", certamente em lembrança da proximidade do LARGO com este nome. Esta produção muito restrita ficou conhecida por louça do «RATINHO».
Acompanhando este movimento sempre intenso de gente e de modas, a DUQUESA não se poupou a esforços para tornar mais digna de uma casa DUCAL a residência que "MANUEL CAETANO DE SOUSA" tinha construído com  propósito  mais prosaico. Por um lado, encheu-a com a espectacular colecção de objectos de arte reunida por seu avô, o 1.º DUQUE DE PALMELA, com forte incidência de pintura, onde se distinguiam, entre muito boas obras estrangeiras, algumas telas de SEQUEIRA. Por outro lado, em sucessivas campanhas, fez e refez decorações, alargou salas, como a grande casa de jantar, tomada então apropriada para banquetes.
São resultado dessas variadas intervenções alguns tectos de estuque trabalhado, os arranjos na escadaria, que incluíram os estuques de tecto e paredes, bem como o magnifico gradeamento, obra encomendada directamente de PARIS, que enriqueceu esse espaço que é sem dúvida, o melhor apontamento arquitectónico deste conjunto algo irregular.
No exterior do PALÁCIO foram mais intensos os esforços desenvolvidos para enobrecer o edifício. Em  obras quase ininterruptas, foram sendo introduzidas modificações que alteraram o projecto da construção. Fecharam-se os portões laterais do piso inferior e revestiu-se a pedra rosada todo o antigo reboco das quatro fachadas do PALÁCIO, bem como os muros de suporte do jardim que deitam sobre a RUA, agora alinhada com balaustradas e vasos de pedra.
A intervenção mais significativa teve lugar já em 1902, e dela resultou o aspecto mais actual do edifício. Com os seus nove vãos de fachada de três andares é uma grande unidade nesta parte da "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA".
Foi refeita a porta principal, duas esculturas ladeiam a porta principal, da autoria de "CALMELS",  observa-se à esquerda, uma CARIÁTIDE representando a "FORÇA MORAL" e, à direita um "ATLANTE" simbolizando o "TRABALHO" e encimado pelo brasão dos "SOUSA-ARRONCHES" da família DUCAL, com coroa do titulo e manto de arminho do seu "pariato"( 1 ). Todas as campanhas de obras foram orientadas pelo arquitecto JOSÉANTÓNIO GASPAR, embora algo contestado por diversos críticos, dada a discrepância entre a opulência da estatuária e a vulgaridade da arquitectura que não as podia integrar adequadamente, estas obras obedeceram ao simples propósito de exteriores a qualidade dos moradores, figuras cimeiras, pelo título e o dinheiro, da sociedade lisboeta.
Situada a casa entre dois muros do jardim suspenso, com acesso por rampa o da direita, indo de um portão armorejado, um largo muro leva a propriedade até ao RATO, nele rematando com um Chafariz do sistema ÁGUAS LIVRES, e sua arca de água junta; sobre ele se ergue um pequeno pavilhão elegante "CASA DE FRESCO", à moda ainda romântica. Corre esse muro de cantaria, encimado por balaustrada, paralela à última grande construção da "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA", torneando para o RATO.
É precisamente pelo facto do desajustamento entre os propósitos e o resultado final, que torna a imagem de marca desta fachada, que não consegue disfarçar inteiramente a modéstia do seu núcleo inicial, por baixo de tanta pedra e de tanto decorativismo enobrecedor.
O 5.º DUQUE DE PALMELA, DOM DOMINGOS DE SOUSA HOLSTEIN, embaixador de PORTUGAL em LONDRES, tendo falecido em 1968, sendo o edifício vendido ao ESTADO pelos herdeiros, para partilha em 1977, já na 2.ª República, pela quantia certamente merecida de Oitenta e Dois Mil Contos.

Nela se instalou com o devido decoro, a PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA, com obras de adaptação que provocaram um incêndio na antiga CAPELA, em Abril de 1981, prontamente reparado sob a orientação do ARQUITECTO FREDERICO GEORGE (1915-1994).

( 1 ) - PARIATO - Título de par do reino.

(CONTINUA)-(PRÓXIMA)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XII ]-O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 1 )»


RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XIII ]

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«O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 1 )»
 Rua da Escola Politécnica - (1993) Foto de FOTOVOO - (O "PALÁCIO CRUZ ALAGOA"é um dos mais característicos edifícios da COTOVIA, na RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA) in SÉTIMA COLINA
 Rua da Escola Politécnica - (191_) foto de Joshua Benoliel - ("RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" no edifício do PALÁCIO CRUZ ALAGOA, a "DROGARIA PROGRESSO" no início do século, esquina para a antiga "RUA DA PENHA DE FRANÇA", (hoje Rua Maestro Pedro de Freitas Branco)  (Abre em tamanho grande) in  AML 
 Rua da Escola Politécnica - (1983) - Foto de autor não identificado (O "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" na Rua da Escola Politécnica, 161 a 195. Arquitecto desconhecido, entre 1757 e 1762. À direita a CAPELA) in  LISBOA POMBALINA E O ILUMINISMO
Rua da Escola Politécnica - (Século XVIII) Foto de Pedro Soares - (O "BRASÃO DOS CRUZ-ALAGOA" idêntico ao de "SOBRAL" (altera a posição do galgo). Família que se enobreceu no séc. XVIII. Por alvará de 17.01.1763 foi dada a casa e quinta de ALAGOA  a JOSÉ FRANCISCO DA CRUZ ALAGOA, riquíssimo comerciante que dela tomou o apelido) in MONTE OLIVETE

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XIII ] 

«O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 1 )»

Com uma longa fachada de 1.º andar de dezoito janelas e dois portões acompanhando a inflexão da RUA, a CAPELA ao topo como se fizesse parte de uma Quinta, parte-se  mais ou menos ao meio, por efeito da curva da rua, o que passou a justificar-lhe dois proprietários entre os números 161 a 195 da "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" (antiga Rua da Fábrica das Sedas).
O chamado "PALÁCIO ALAGOA"ou"PALÁCIO CRUZ ALAGOA",é um dos mais característicos edifícios da "velha"«COTOVIA», hoje "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA".
A Caracterização deste edifício, ou melhor, dos edifícios, anda um pouco confundida. Vulgarmente chamado de Palácio, no entanto apresenta-se como se fosse uma unidade habitacional, definida por uma evidente lógica arquitectónica. Ora tal não se passa: realmente são edifícios justapostos, cobertos por uma mesma gramática decorativa, que transmite essa noção unitária que de facto não existe. Aliás, o conjunto primitivo era ainda maior, pois o prédio contíguo na "RUA PEDRO DE FREITAS BRANCO" (antiga "RUA DA PENHA DE FRANÇA), hoje revestido de azulejos, pertencia-lhe também, como se percebe lendo-lhe as coordenadas decorativas das cantarias.
Construído logo a seguir ao Terramoto desde 1757, e já terminado, ou quase em 1762 (em terrenos da antiga Quinta do Morgado dos SOARES da COTOVIA), paralelamente, portanto, ao "PALÁCIO SEIA", este"PALÁCIO ALAGOA" compôs a franja poente da "RUA DIREITA DA FÁBRICA DA SEDA", construção Joanina preexistente, até ao RATO.
Foi mandado edificar por "JOSÉ FRANCISCO DA CRUZ", mas logo deu habitação familiar a dois irmãos que seriam herdeiros sucessivos dos grandes negócios em que a família, dita das «CRUZES DOS TABACOS», em cujo monopólio arredondavam enorme fortuna, metidos em negócios difíceis, os quais POMBAL havia de proteger.
A posição proeminente dos CRUZES, até ao terceiro, já falecido em 1802, no consulado pombalino e, logo depois, na política a que se adaptaram com idênticos ou acrescidos privilégios, é o caso mais fascinante da sociedade portuguesa da segunda metade de Setecentos, caso exemplar, caso da escola, como se diz, referencia da história que prosseguiria liberalmente pelo século XIX dentro, como tem sido estudado.
"JOSÉ FRANCISCO DA CRUZ" era o mais velho dos três negociantes, mas já um irmão, padre de Oratório, lhe abrira caminho  junto de "SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO EMELO", e acreditando nas preciosas «MEMÓRIAS DE RATTON» que muito viveu e muito observou e muito lucrou também na sua comum e concorrencial situação. 

"JOSÉ FRANCISCO DA CRUZ"de grandes capitais envolvidos no Comércio do BRASIL, na sua"COMPANHIA DO GRÃO PARÁ E MARANHÃO", foi Presidente da JUNTA DO COMÉRCIO e tesoureiro-mor da "FAZENDA REAL", cargo de maior confiança política e de proveito certo. Quando faleceu em 1769, tinha instituído um MORGADO em 10.09.1763, das suas propriedades da «ALAGOA», isso lhe dera em 25.03.1765 o brasão de armas de mercê novas ( e que são efectivamente inspiradas nas, seculares dos TÁVORAS), de nome abolido, assaz característica... Coincidência não pode pensar-se, antes propósito ou vingança de humor negro nas trágicas circunstâncias! Eles passaram aos irmãos mais novos, "JOAQUIM INÁCIO" que, à sua vez, instituiu Morgado em "SOBRAL DE MONTEAGRAÇO", em 1771 e"ANSELMO", CRUZ I, CRUZ II, e CRUZ III o primeiro dito CRUZ ALAGOA, os outros dois "CRUZ SOBRAL", dando o terceiro, origem por casamento BRAANCAMP da filha herdeira ( que finalmente surgia na família), a sua baronia de "SOBRAL", criada em 1813, que subiria a viscondado e condado, já em 1844, grandeza obtida na sucessiva situação constitucional de D. MARIA II.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)-«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA[ XIV ]-O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 2 )».

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XIV ]

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«O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 2 )»
 Rua da Escola Politécnica - (2002 ) - Foto de Teresa Vale - (Fachada principal do "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" vista geral de Norte, na Rua da Escola Politécnica)  in  MONUMENTOS - SIPA
 Rua da Escola Politécnica - (2001) - Foto de Pedro Soares - ( A antiga Capela do "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" virado para a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA"- Diz-nos Matos Sequeira; que ainda pôde apreciar em 1918, a CAPELA de NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO com seus elementos decorativos, e com missa aos Sábados.  Está desafectada e degradada, tendo recebido, como propositada crítica ao conjunto, no programa "7.ª COLINA" em 1994. Na fachada foi colocado um reboco, no entanto revela abandono)  in  MONTE OLIVETE
Rua da Escola Politécnica - (2009) - (O "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" na Rua da Escola Politécnica esquina para a antiga "RUA DA PENHA DE FRANÇA", no início do século XX, hoje consagrada ao "MAESTRO PEDRO DE FREITAS BRANCO" 1896-1963) inGOOGLE EARTH


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XIV ]

«O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 2 )»

Todos os irmãos viveram ao mesmo tempo no casarão e só em 1788 o «SOBRAL» construiu casa nova, ao "COMBRO""PALÁCIO SOBRAL" que, dois anos depois passaria ao "CRUZ III".
Na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" (que nesta época tinha outro nome), em 1773 reunia 35 criados ao serviço, juntamente com familiares e empregados de contabilidade e balcão, de todos os seus negócios; existiam ainda oficinas, lojas e comércio, por alugueres vários, para além dos investimentos próprios.
A viúva do "CRUZ I" ( ALAGOA) teve dissabores de herança e veio a casar com um negociante "STREET", raiz dos "CONDES DE CARNIDE" de 1890, já Viscondes em 1871.
Após 1778, a "CASA ALAGOA" andou de aluguer e, de 1781 a 1788, habitaram-na os 6.ºs "CONDES DE VALE DOS REIS" ( e também os de "AZAMBUJA" por ramo familiar) que em breve seriam acrescentados de marqueses de "LOULÉ", e que, com o terramoto, tinham perdido o seu Palácio da "GRAÇA"e para ali transportaram uma larga vida "familiar" de consideráveis bens, chegando a ter, na altura nobreza. 
Conta-nos "MATOS SEQUEIRA" na sua consulta do  "ROL DOS CONFESSADOS"; 92 pessoas habitaram "portas a dentro".  Depois foram inquilinos, de 1788 a 1804, os "ENGEITADOS E AS AMAS DA REAL CASA DOS EXPOSTOS", e os 2.ºs e 3.ºs CONDES DA LOUSÃ, durante dez anos, de 1824 a 1834, no ano seguinte veio a MARQUESA DO LOURIÇAL, os CONDES DE RESENDE, possivelmente até 1853, ainda, depois de 1843, viveu neste Palácio o VISCONDE DE TELHEIRAS, alto funcionário, a célebre MARQUESA DE ALORNA com suas filhas, tudo inquilinos que notabilizaram este casarão, que foi à praça em 1853, para partilhas complicadas. 

Foi adquirido pelo "DR. JOSÉ VAZ MONTEIRO" que depois subdividido em duas partes: dos números 177 a 197, comprou-o o "DR. MAGALHÃES DE BARROS"e, a partir de 1918, o VISCONDE DE SACAVÉM; e dos números 167 a 175 o "DR. CARLOS CHAMPALIMAUD.
Muito dificilmente este edifício se chamaria PALÁCIO, com características habitacionais e comerciais, e um ar meio rústico nesta "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" que começava a definir-se entre "SOARES"e os"SEIAS", já os PALMELAS defronte, e a FÁBRICA DAS SEDAS, no seguimento para o LARGO DO RATO
A sua descrição arquitectónica é ao mesmo tempo simples em categoria e complexa pela multiplicação de aposentos e lojas, cocheiras e pátios; e só uma capela, na extremidade, impunha desejada solenidade.
Ao longo do primeiro andar de janelas de sacadas com grades de barrinha forjada, como nos correntes imóveis da BAIXA POMBALINA, encimado por um segundo piso de simples janelas de peito, uma cornija pouco moldurada e pilastras só às extremidades, dois portões abrindo um para um átrio em túnel ( e daí para um pátio que foi conhecido pelo "PÁTIO DO CONDE DA LOUSÃ") e outro para a entrada da casa, não são, elementos de molde a categoria do imóvel que meia dúzia de janelas de águas furtadas dispostas ao acaso e em situações várias. Na parte de cima, com um projecto há muito discutido ( e duvidosamente informado pela Câmara), de um andar de mansarda corrida, sobre a metade poente do edifício, por iniciativa suspensa do seu parcelar proprietário.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XV ]O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 3 )».

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XV ]

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«O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 3 )»
 Rua da Escola Politécnica - (2002) Foto de Teresa Vale - (Fachada principal do "PALÁCIO CRUZ ALAGOA", vista geral de Sueste, na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA"in  MONUMENTOS - SIPA
 Rua da Escola Politécnica - ( 1993 Foto de Henrique Ruas - (No "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" existe uma porta no piso térreo da rua, realçada por um desenho de arco tipo rebaixado) in SÉTIMA COLINA
Rua da Escola Politécnica - (1927) Foto de autor não identificado (Barricada na frente do "PALÁCIO CRUZ ALAGOA", uma revolução Militar em Fevereiro de 1927, que ficou conhecida pelo "REVIRALHISMO")  (Abre em tamanho grande) in AML 


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XV ]

«O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 3 )»

Nessa parte viveu o actor "FERREIRA DA SILVA" que fez (ou encontrou feito) um salão oitocentista de alto pé direito, entrando pelo espaço do telhado, em nobilitação presunçosa.
Mais inquilinos usaram este PALÁCIO no século XX. O poeta e Diplomata "ALBERTO DE OLIVEIRA, o Engenheiro "GABRIEL RAMIRES DOS REIS, chefe dos serviços técnicos do "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"eAdministrador do "JORNAL DO COMÉRCIO", o historiador nacionalista oficioso "JOÃO AMEAL".
Nesta PALÁCIO existe também, desde os anos sessenta do século passado, a galeria "DINASTIA" que promove leilões de obras de arte e antiguidades.
Relativamente ao outro espaço foi sede da "ACADEMIA PORTUGUESA DE HISTÓRIA", até ser transferida para o"PALÁCIO ROSA", e do"PARTIDO POPULAR MONÁRQUICO (PPM)", no rés-do chão está instalada a "GALERIA S. MAMEDE", que se evidenciou na exposição e venda da arte contemporânea.

Um dos pátios na confusa definição da planta, em quintais que o tempo tem encurtado, dos primitivos "CRUZES", abrindo pelos portões da rua, não estão aproveitados como se desejaria, em lojas ou artesanato, para o que há projecto também, podendo vir a proporcionar ali um tranquilo espaço interior de lazer.

Pegam com este casarão, dois prédios que foram propriedade do "PALÁCIO PALMELA", servindo este palácio fronteiro, habitação de pessoal ou cocheiras que, alienados há anos, e propositadamente degradados, aguardam restauro necessário à imagem da rua; ou demolição que o INSTITUTO DO PATRIMÓNIO, contra a própria área de protecção da zona que estabeleceu, parece autorizar, a favor, não se entende de que interesses particulares.

Numa foto que hoje publicamos, podemos observar uma barricada junto ao lado poente do antigo "PALÁCIO CRUZ ALAGOA", até com algumas danificações no próprio edifício, resultado do conflito. Quisemos saber de que se tratava esta revolução de 1927 e chegámos a esta conclusão: Tem relação com a "REVOLTA DE FEVEREIRO DE 1927" por vezes também referida como a "REVOLUÇÃO DE FEVEREIRO DE 1927", foi uma rebelião militar que ocorreu entre 3 e 9 de Fevereiro de 1927, centrada no PORTO, cidade onde estava instalada o "CENTRO DE COMANDO" dos insurrectos e se travaram as primeiras manifestações. A "REVOLTA" liderada pelo General "ADALBERTO GASTÃO DE SOUSA DIAS", terminou com a rendição e prisão dos revoltosos, saldou-se em cerca de 80 mortos e 360 feridos no PORTO, e mais de 70 mortos e 400 feridos em LISBOA. Foi a primeira tentativa consequente de derrube da "DITADURA MILITAR" (que durouaproximadamente 48 anos) que então se consolidava em PORTUGAL na regência do golpe de 28 de Maio de 1926, ocorrido nove meses antes, iniciando um conjunto de movimentos, insurreições que ficaram conhecidos para a história como "REVIRALHISMO".


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA[ XVI ]-O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 4 )».  

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVI ]

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«O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 4 )»
 Rua da Escola Politécnica - ( 2000 ) Foto de autor não identificado ( Parte do antigo "PALÁCIO CRUZ ALAGOA", e sua Igreja em avançado estado de degradação na época) in MONUMENTOS-SIPA
 Rua da Escola Politécnica - (2001) Foto de Pedro Soares - (Traseiras do "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" onde na última metade do século XIX, eram usadas com objectivos de Lazer e Diversão. Existia uma entrada para o recinto que se fazia pela "RUA GUSTAVO MATOS SEQUEIRA") in MONTE OLIVETE
Rua da Escola Politécnica - (2001) - Foto de Pedro Soares - (Um pormenor das traseiras do "PALÁCIO CRUZ ALAGOA", no século XIX, onde possivelmente, dava passagem da "Rua da Escola Politécnica" para os divertimentos instalados neste espaço)  in  MONTE OLIVETE


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVI ]

«O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 4 )»


Nas traseiras do antigo "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" em meados de Oitocentos, um dos locais mais famosos de LISBOA, era a«FLORESTA EGÍPCIA», último AVATAR romântico de uma série de divertimentos que tinham começado pelos anos de 1770 em que LISBOA recuperava do Terramoto, mas sobretudo se animavam em nova situação "mundano-liberal"; «JARDINS» exóticos, «MITOLÓGICO», «CHINÊS» outro, ou um«TIVOLI», que, ainda em 1840, era na "FLOR DA MURTA", ao"COMBRO".

Agora a referência era «EGÍPCIA». Deve-se este evento de lazer ao italiano "JOSÉ OSTI", pirotécnico, empresário ousado que, de fantasia em falência, fabricava os seus negócios de diversão, com grande sucesso burguês e popular.
O sítio da «COTOVIA», à beira do RATO e do PRÍNCIPE REAL (aonde vimos deslocar-se a FEIRA DAS AMOREIRAS) muito parecia convir ao propósito, dispondo para isso de terrenos de bom acesso e suficientemente amplos como eram, ainda então, os da "CASA ALAGOA".

O modelo era dos "HALLS" londrinos de 50 e passara a PARIS, no"BAL MABILLE" que um viajante de 1856 (OLIVIER MERSON),  não deixaria de mencionar, dando-se à comparação lisboeta. O sítio era bem cuidado. dizia ele, mas faltando.lhe "luxo, multidão, animação. alegria ( e, mesmo , «l'orgie»), era frio mesquinho, baço e aborrecido(...)".

Os divertimentos, porém, não faltavam, quiosques e refrescos, orquestra, café-restaurante, baile de "MAZURKA" e"POLKA", cavalinhos. montanha russa, mesmo a novidade de um "LOOPING-THE-LOOP", de origem americana. Em 1855, além de jogos mais pacatos de "PIM-PAM.PUM" e tiro ao alvo, em números de feira;  e um TEATRO em «SALA DECRISTAL», toda envidraçada para espectáculos " LÍRICOS-DRAMÁTICOS".  Era "um dos lugar de LISBOA ,mais importante", dizia-nos JÚLIO CÉSAR MACHADO no seu romance de «A VIDA DE LISBOA», e a respectiva adaptação teatral, em 1861, situava a sua primeira cena no recinto.

Quando tudo acabou, em falência e esgotamento de atracção e moda, que inevitavelmente se verifica em tais coisas, não se sabe ao certo. 

Uma das entradas fazia-se no final do beco da "RUA GUSTAVO MATOS SEQUEIRA", pode-se afirmar que ali era uma das entradas, porque outra se fazia por um portão do "PALÁCIO CRUZ ALAGOA"
Da popular «FLORESTA EGÍPCIA» de ilusões e prazeres de meados do século lisboeta, nada dos próprios terrenos nos deixa adivinhar o que ali  existiu, e, para "MATAR" a nossa curiosidade, para ver os terrenos, terá de passar os portões do antigo "PALÁCIO CRUZ ALAGOA"na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA"ou espreitar pela"RUA TENENTE RAUL CASCAIS". 


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVII ] O LARGO DE S. MAMEDE E SUA IGREJA». 

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVII ]

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«O LARGO DE S. MAMEDE E SUA IGREJA»
 Rua da Escola Politécnica - (1993) Foto de FOTOVOO - (Uma panorâmica do "LARGO DE S. MAMEDE" com a Igreja no topo e suas escadarias. O LARGO com "Calçada à portuguesa" preenche quase a sua totalidade)  in SÉTIMA COLINA 
 Rua da Escola Politécnica - ( 2000 )- Pormenor do "LARGO DE S. MAMEDE". Cortou-se a velha "Quinta do Noviciado", com uma rua que ligava o antigo SALITRE (antiga Rua Nova de S. Mamede), e destinou-se a esquina para local do novo Templo) in GOOGLE EARTH
 Rua da Escola Politécnica - (1912) Foto de Garcia Nunes - (A "IGREJA DE S. MAMEDE" no LARGO DE S.MAMEDE, edificação de 1924, um projecto do Arquitecto Raul Martins)  in AML

Rua da Escola Politécnica  - (entre 1955 e 1970) Foto de Artur Pastor - (No "LARGO DE S. MAMEDE", a antiga Agência do Banco Pinto & Sotto Mayor, um sinaleiro dirigindo o transito, e nessa época os eléctricos viravam neste LARGO com a "chapa" GOMES FREIRE) (Abre em tamanho grande)  in AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVII ]

«O LARGO DE S. MAMEDE E SUA IGREJA»

O «LARGO DE SÃO MAMEDE», junto à Igreja da mesma invocação, é um topónimo que data provavelmente do século XVIII, altura em que se iniciou a construção da "IGREJA DESÃO MAMEDE". Embora o "LARGO" não seja muito antigo, sabemos que foi solicitado à Câmara em 1852, pela "Irmandade Fabriqueira do Novo Templo". Para isso, cedeu um terreno ao município com a condição de nunca se poder nele edificar qualquer construção. Assim nasceu o "LARGO DE SÃO MAMEDE", cuja arborização e empedramento são mais tardios, iniciados somente em 1907.

Após o Terramoto de 1755, irrompeu para estes lados uma verdadeira euforia construtiva. O ESTADO ou o POMBAL, tentou discipliná-la através de projectos tocados por alguma utopia. Mas foi a iniciativa privada que sobretudo por aqui deu cartas e dispôs da sua vontade própria. Excepto, curiosamente no local do "LARGO DE SÃO MAMEDE".
Por força dos decretos de expulsão dos JESUÍTAS, todos estes terrenos até ao RATO passaram, por confisco, para a posse da COROA
Tinham pertencido à grande "QUINTA DO NOVICIADO DA COTOVIA", que POMBAL entendeu por então transformar em "COLÉGIO DOS NOBRES".
A iniciativa de urbanização destes terrenos coube, ao poder real. POMBAL achou por bem redistribuir as freguesias da CAPITAL. Como na parte velha grande número delas tinham desaparecido por força do cataclismo, não se justificando a sua reconstrução, o poder entendeu por bem levá-las para outros sítios, onde de facto o crescimento constante da população as requeria. Assim, "SÃO MAMEDE" foi escolhida para orago da nova freguesia que ia pastorear os vizinhos cada dia mais numerosos da velha COTOVIA. Estas mudanças revolucionárias da história alfacinha tiveram a sua consagração legal em Dezembro de 1769.

Cortou-se a velha "QUINTA DO NOVICIADO" com uma RUA que ligava ao antigo SALITRE, baptizada de "RUA NOVA DE SÃO MAMEDE", e destinou-se a esquina para o local do novo  TEMPLO.
A construção da IGREJA foi iniciada em 1782 mas arrastou-se por falta de verbas. Em 1840 estava-se  em ruínas o que  tinha sido erguido, e aquando da inauguração em 18 de Agosto de 1861, estava ainda por acabar.

Andando um pouco para trás para nos referirmos à paróquia inicial de "SÃO MAMEDE" que data de 1312, se não de 1220 como parece provado, (no dizer de NORBERTO DE ARAÚJO, nas suas Peregrinações em LISBOA), sendo o seu primeiro TEMPLO erigido na encosta ocidental do monte  do "CASTELO", depois totalmente destruída pelo Terramoto, acolhendo-se na paróquia de "SÃO CRISTÓVÃO" de onde passou em 1761 para a ermida de SÃO PATRÍCIO, perto do seu primitivo local, onde se conservou até até Janeiro de 1769. Nesse ano transita para a ERMIDA DE N.ª SENHORA DA MÃE DE DEUS E DOS HOMENS", no sítio do"VALE  PEREIRO" que passou a ser sede provisória da paroquial. Esta Ermida estava na antiga "RUA DO VALE DO PEREIRO", perto do demolido Quartel de Caçadores Nº 2, e dela não restam vestígios. O local desta ermida, na actual LISBOA, corresponde aproximadamente ao leito da RUA RODRIGUES DA FONSECA, onde está cortada pelas; RUA BRAAMCAMP e RUA ALEXANDREHERCULANO. E como dissemos uma nova Igreja foi começada a construir em 1782, no sítio do actual LARGO DE SÃO MAMEDE.

A "IGREJA DE SÃO MAMEDE", de uma só nave, não tem qualquer significado histórico ou expressão de arte pura; é agradável e composta como se vê, devendo o risco do Arquitecto RAUL MARTINS. Entre as imagens nela venerada destaca-se uma "NOSSA SENHORADA CONCEIÇÃO" que veio do"COLÉGIO DOS NOBRES". Em 1927, foi inaugurada uma capela dedicada a "NOSSA SENHORA DE FÁTIMA"e aos"SANTOS PORTUGUESES". No centro da passagem do corredor do corpo da IGREJA para o cartório, foi em 1932 colocada uma imagem de NOSSA SENHORA em mármore, que chegou a ser atribuída a BERNINI e veio do antigo "CONVENTO DA ESPERANÇA".

Em redor do pequeno "LARGO", dispõem-se alguns edifícios privados interessantes do século XVIII, dois dos quais merecem tratamento especial; os PALÁCIOS ou CASAS-NOBRES de"REBELO DE ANDRADE-SEIA e do"MORGADO ALAGOA". Logo á direita da Igreja, fazendo esquina para a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA", ergue-se um enorme casarão, cujo elemento decorativo que o caracteriza é o caprichado fecho superior das janelas. Uma espécie de FLOR-DE-LIS que remata o arco-quebrado das molduras em pedra. Foi essa mansão construída por um dos grandes comerciantes lisboetas de meados do século XIX, "ANTÓNIO LOPES FERREIRA DOS ANJOS", irmão do"POLICARPO DOS ANJOS", senhor da bela casa (que já falámos) ao"PRÍNCIPE REAL"

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA[ XVIII ]-O MUSEU BOCAGE»
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