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Channel: RUAS DE LISBOA COM ALGUMA HISTÓRIA
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CALÇADA DE DOM GASTÃO [ VII ]

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«A COOPERATIVA DE ENSINO "OS PIONEIROS"»
 Calçada de Dom Gastão - (2012) - (Antigo "Palácio de D. Gastão", actualmente a "Cooperativa de Ensino "Os Pioneiros", sediada neste edifício desde 1974) inCOOPERATIVA DE ENSINO "OS PIONEIROS"
 Calçada de Dom Gastão - (2015) - (Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA) (A "CALÇADA DE DOM GASTÃO" no lado direito da calçada, o edifício de cor rosa corresponde à «Cooperativa de Ensino "OS PIONEIROS"», no antigo Palácio de Dom Gastão) in ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (2005) Foto de APS - (Um pormenor do "PALÁCIO DE DOM GASTÃO" com os espaços ocupados para diversas firmas e instituições) in  ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - ( 1979 ) -Foto cedida gentilmente pelo amigo RICARDO MOREIRA (Foto tirada nas instalações de "OS PIONEIROS" - antigo "PALÁCIO DE DOM GASTÃO - alunos do primeiro Ciclo. No lado esquerdo podemos observar a balaustrada setecentista que dava para a "RUA DA MANUTENÇÃO", o antigo cais de D. Gastão)  in  ARQUIVO/APS
Calçada de Dom Gastão - ( 1978 ) - Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA.(Foto tirada nas instalações de "OS PIONEIROS" - antigo Palácio de Dom Gastão - alunos do primeiro Ciclo.  Na parte de trás podemos ver a entrada para a Vila MARIA LUÍSA, ainda com os jarrões cimeiros)  in ARQUIVO/APS


(CONTINUAÇÃO) - CALÇADA DE DOM GASTÃO [ VII ]

«A COOPERATIVA DE ENSINO "OS PIONEIROS"»

O conjunto palaciano que outrora constituiu uma das mais celebres residências aristocratas desta zona de LISBOA, não é fácil apurar com exactidão perante a confusão estabelecida de construções que hoje se erguem dos dois lados da "CALÇADA DE DOM GASTÃO".
Possivelmente numa dessas residências aristocratas dos "SENHORES DAS ILHAS DESERTAS" na "CALÇADA DE DOM GASTÃO", no número 21, ocupando todo o edifício, e ainda a parte de trás que dava para o cais de embarque dos proprietários de então, (hoje na "RUA DA MANUTENÇÃO") está instalada a «COOPERATIVA DE ENSINO "OS PIONEIROS"», fundada no período do pós 25 de Abril de 1974, por um movimento colectivo orientado para a defesa de um ensino democrático e justo, (segundo os seus estatutos) no qual alunos e trabalhadores tiveram os seus direitos e deveres garantidos.

Dissidentes de um estabelecimento de ensino homólogo, professores, funcionários e encarregados de educação reuniram-se em Outubro de 1974 numa Assembleia Geral que culminou na organização do movimento em COOPERATIVA. Adoptou-se o nome "OS PIONEIROS", em virtude de a instituição ser a primeira COOPERATIVA DE ENSINO criada de raiz em PORTUGAL.
A conotação esquerdista que a designação encerra foi consideravelmente bem aceite entre a população devido às tendências  políticas predominantes na ZONA DE XABREGAS.
Com a colaboração com alguns elementos da JUNTA DE FREGUESIA DO BEATO, a "COOPERATIVA"instalou-se provisoriamente na"ESCOLA DO CENTRO DE FORMAÇÃO Nº 1 da mesma FREGUESIA.
Em Janeiro de 1975, realizaram-se obras no "PALÁCIO DE DOM GASTÃO" e, em ABRIL desse ano, a COOPERATIVA iniciou a sua actividade no edifício, onde se mantém até hoje. Na sua génese, muitos foram os contributos prestados por entidades externas, destacando-se, nomeadamente o fornecimento de materiais e mão de obra pelo referido "CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO BEATO"e ainda a atribuição de apoios para a aquisição de equipamento escolar por parte da FUNDAÇÃO CALOUSTE  GULBENKIAN.
Entre Abril e Junho de 1975, a COOPERATIVA obteve reconhecimento do "INSTITUTO ANTÓNIO SÉRGIO"e autorização do MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, tendo regularizado a sua situação legal e eleito, pela primeira vez, os respectivos Corpos Sociais.
Desde então, a «COOPERATIVA DE ENSINO "OS PIONEIROS"» funciona em regime de paralelismo pedagógico. com uma oferta curricular que abrange pré-escolar,  1º e 2º Ciclos.
Integra ainda alguns dos seus membros fundadores, tendo nomeado como sócio honorário, pelos serviços prestados a dedicação, a professora D. MARIA ALICE MARTINS e o Professor MANUEL AGOSTINHO DIAS ( 1 ).

Nos anos lectivos 1981/82 são construídos uns Pavilhões na ala poente do edifício, retirando alguns metros ao pátio de recreio, impossibilitando alguns alunos da sua prática futebolística, coisa que os chocou na altura, e que hoje recordam com saudade.
Foi também por essa ocasião e para maior protecção dos alunos, que na parte Sul foi levantada uma parede na varanda de balaustrada setecentista sobre o antigo cais. Construção da  iniciativa de "D. GASTÃO DA CÂMARA COUTINHO", 8.º SENHOR DAS ILHAS DESERTAS".

- ( 1 ) - Texto elaborado a partir de informações fornecidas por um antigo fundador da Cooperativa, Professor MANUEL AGOSTINHO DIAS e trabalhado pela professora D. CÁTIA RAMALHINHO.

(CONTINUA(-(PRÓXIMO)«CALÇADA DE DOM GASTÃO[ VIII ]-O CENTRO ESCOLAR REPUBLICANO ELIAS GARCIA». 


CALÇADA DE DOM GASTÃO [ VIII ]

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«O CENTRO ESCOLAR REPUBLICANO ELIAS GARCIA»
 Calçada de Dom Gastão - (2005 ) Foto de APS  (Neste primeiro andar com entrada pelo Nº. 15 desta Calçada de D. Gastão, funcionou "O CENTRO ESCOLAR REPUBLICANO ELIAS GARCIA", desde 1908-1974)  in ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (2005) - Foto de APS - ("O CENTRO ESCOLAR REPUBLICANO ELIAS GARCIA" esteve nesta CALÇADA DE DOM GASTÃO de 1908 a 1974, com entrada pelo Nº. 15)  in  ARQUIVO/APS 
 Calçada de Dom Gastão - (Século XIX) - O "Centro Escolar Republicano Elias Garcia" esteve instalado neste Palácio de D. Gastão Senhor das Ilhas Desertas até Abril de 1974) inCASARIO DO GINJAL
 Calçada de Dom Gastão - ( Século XIX) - Foto de Joshua Benoliel (A figura de José Elias Garcia provavelmente na década de 60 do século XIX) in WIKIPÉDIA - AML
Calçada de Dom Gastão - ( Século XIX ) - (Selo do Centro Escolar Republicano Elias Garcia, a organização estava instalada na Calçada de D. Gastão, 15-1º nas casas dos senhores das Ilhas Desertas)  in MUSEU VIRTUAL - PATRIMÓNIO EDUCATIVO DO CENTRO ESCOLAR REPUBLICANO


CONTINUAÇÃO - CALÇADA DE DOM GASTÃO [ VIII ]

«O CENTRO ESCOLAR REPUBLICANO ELIAS GARCIA»

Nesta "CALÇADA DE DOM GASTÃO" no número 15 primeiro andar,  casas do antigo Palácio dos Senhores das Ilhas Desertas ou Palácio de D. Gastão, funcionou o «CENTRO ESCOLAR REPUBLICANO ELIAS GARCIA», Colectividade de instrução liberal foi uma entre muitas que frutificaram na CAPITAL e um pouco por todo o país, antes e depois do 5 de Outubro de 1910. Teve a sua génese na "ASSOCIAÇÃO PROPAGANDA DE INSTRUÇÃO E BENEFICÊNCIA "JOSÉ ELIAS GARCIA"( 1 ), existente no início do século XX. Sem fins lucrativos, regia-se apenas pelos princípios da liberdade e da REPÚBLICA - propaganda dos ideais republicanos e democráticos, difusão da instrução pelos seus associados e promoção de palestras sobre temas políticos - , mantendo com instituições similares estreitos laços de solidariedade. 
Teve como sócio fundador, em 20 de Abril de 1908, "ARTUR DA COSTA LEMA GRIJÓ", JOSÉ FERNANDES COELHO"e"EDUARDO FURTADO".
A DIRECÇÃO eleita anualmente em Assembleia Geral pelos sócios efectivos - os não efectivos apenas pagavam quota, enquanto mantinham os filhos ou pupilos a estudar - , reuniam com regularidade para tratar de assuntos correntes de gestão, ficando todas as matérias exaradas em acta.
O quadro do pessoal docente comportava duas professoras, (uma delas, a que leccionava a 3.ª e 4.ª Classe, era a Directora) e uma auxiliar para a classe infantil.
As escolas liberais conheceram o seu período áureo durante a PRIMEIRA REPÚBLICA, sendo com frequência obsequiadas com a visita de membros do governo por ocasião de  exames ou celebrações. Beneficiavam então de apoio do ESTADO, da CÂMARA MUNICIPAL e das JUNTAS DE FREGUESIAS. Após a DITADURA MILITAR e com o advento do ESTADO NOVO, todas estas escolas, embora toleradas, tiveram de se submeter aos ditames do novo regime, como a adopção de livro único, MOCIDADE PORTUGUESA e até um preâmbulo aos alunos sobre o 28 de Maio ou o aniversário da investida de SALAZAR, quando para tanto a tutela oficiava. Um rude golpe foi também a lei que introduziu a separação de sexos, não só por contrariar o ideário  defendido por estas instituições, como também por as obrigar a alterar de raiz a respectiva orgânica.
De então para cá lutou este Centro com dificuldades acrescidas ( 2 ), já que implantado num meio fabril de gente modesta, a sua manutenção dependia em boa parte do contributo de entidades públicas e privadas. De entre os muitos beneméritos, são de destacar o "interesse e a simpatia" sempre manifestados pelo próprio senhorio, "BENTO JOSÉ DEFREITAS ARAÚJO", o INDUSTRIAL FRANCISCO GRANDELLA, que foi um grande impulsionador das ESCOLAS LIBERAIS, e o médico, estadista, escritor e jornalista Dr. MANUEL DE BRITO CAMACHO, (1862-1934), com o seu legado a todos os "CENTROS OU CLUBES REPUBLICANOS DE LISBOA (...) QUE SUSTENTAREM UMA ESCOLA".
Por ocasião do seu 62.º aniversário, em 1970 apenas com 43 alunos, sendo já visível a sua decadência restavam então, sete congéneres em LISBOA. 
Fechou definitivamente as suas portas depois do 25 de Abril de 1974, culminando décadas de luta tenaz em prol de uma pedagogia livre e democrática.
Em 1994, o senhor "JOÃO MENDES" que, entretanto passara de inquilino a proprietário, acabou por adquirir o edifício, incluindo todos os pertences do extinto "CENTRO ESCOLAR"( 3 ).

- ( 1 ) - JOSÉ ELIAS GARCIA nasceu em Cacilhas, ALMADA a 30 de Dezembro de 1830 e faleceu no dia 21 de Junho de 1891.[ALMANAQUE REPUBLICANO, 14.12.2006].

- ( 2 ) - Em 31 de Julho de 1934, a Junta de Freguesia do Beato oficiava a cancelar o pagamento da sua quota de 20$00 mensais.

- ( 3 ) - Caderneta Predial do 1.º Bairro Fiscal, art.º 326 que corresponde ao artigo 773

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«CALÇADA DE DOM GASTÃO [ IX ]O PALÁCIO DE D. GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 1 )».

CALÇADA DE DOM GASTÃO [ IX ]

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«O PALÁCIO DE DOM GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 1 )»
 Calçada de Dom Gastão - (1856-1858)- Filipe Folque (Neste pormenor do Mapa de Filipe Folque, podemos verificar que o Rio Tejo banhava a propriedade de D. Gastão, por isso, na época, existia um Cais com um terraço de varanda com balaustrada setecentista) inATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA
 Calçada de Dom Gastão - (meados do século XIX) - Foto publicada na História de Portugal de Pinheiro Chagas - (D. GASTÃO DA CÂMARA COUTINHO PEREIRA DE SANDE 1.º Conde da TAIPA, 13.º senhor das "ILHAS DESERTAS" 1795-1866) in  CAMINHO DO ORIENTE
 Calçada de Dom Gastão - ( 191_) Foto de Alberto Carlos Lima  ("Escadinhas de Dom Gastão" nesta altura já bastante transformada, ero o elo de ligação entre a CALÇADA e a ILHA DO GRILO, antes de ser aberta a CALÇADA DO GRILO)  in AML 
 Calçada de Dom Gastão - (1970) Foto de João H. Goulart  (A "CALÇADA DE DOM GASTÃO", vendo-se no nosso lado direito o antigo "LARGO DE DOM GASTÃO", os edifícios mandados construir pela família de "Gastão Coutinho" e a oficina que ainda se mantém a laborar durante décadas) in  AML 
 Calçada de Dom Gastão (1998) - Foto de António Saccnhetti  (Antigo "LARGO DE DOM GASTÃO", estas casas foram renovadas no século XVIII. Ao fundo uma das antigas casas com quatro sacadas no piso nobre, tendo o edifício  seguinte sido transformado em armazém. A construção de topo é um acrescento posterior, erguendo em parte sobre o traçado original da antiga via pública, hoje "ESCADINHAS DE DOM GASTÃO") in CAMINHO DO ORIENTE 
Calçada de Dom Gastão - (2015) Foto gentilmente cedida pelo amigo Ricardo Moreira (O antigo Palácio de Dom Gastão senhor das Ilhas Desertas, o edifício de cor tijolo, onde funciona desde 1974 a «Cooperativa de Ensino "Os Pioneiros"», tendo realizado obras de manutenção no edifício) in ARQUIVO/APS

(CONTINUAÇÃO) - CALÇADA DE DOM GASTÃO [ IX ]

«O PALÁCIO DE DOM GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 1 )»

O conjunto palaciano que outrora constituiu uma das mais celebres residências aristocratas de LISBOA,  não é fácil apurar com exactidão perante a confusão estabelecida de construções que hoje se ergue dos dois lados da «CALÇADA DE DOM GASTÃO».
Torna-se necessário um esforço para tentar discernir no meio de tanta desarrumação a estrutura primitiva de edificações, já de si múltiplas, que compunham esta residência com dependências dispostas dos dois lados da via pública.

Mas será bom recorrer à carta de FILIPE FOLQUE de (1856-1858), traçada ainda em vida do CONDE DA TAIPA, 13.º SENHOR DAS ILHAS DESERTAS, falecido em 1866.
Do lado nascente sobre o rio, ergue-se isolado um conjunto compacto de construções, que englobava a desaparecida CAPELA - infelizmente não sinalizada -  e onde se destaca a celebre varanda sobre o RIO, hoje atafulhada de anexos escolares. Essa varanda debruçava-se directamente sobre o cais - renovado em finais do século XVIII - constituindo-se o conjunto como que uma ilha solitária projectada sobre o RIO, funcionando aliás, como uma espécie de metáfora das "ILHAS DESERTAS" de que os proprietários eram senhores.

Da banda do poente da RUA, entre "ESCADINHAS DE DOM GASTÃO" e a"CALÇADA DO GRILO", encontra-se uma série de quatro casas justapostas - renovadas no século XVIII pelo principal "D. FRANCISCO DE SALES DA CÂMARA" que nela residiu - originariamente destinadas aos capelães da ermida fundada por D. GASTÃO COUTINHO, hoje adulteradas pela junção de outras construções laterais oitocentistas.

Qualquer destes conjuntos fronteiros se encontram recuados em relação à via pública, hoje dela separados por gradeamentos que os isolam. No entanto, como se percebe da referida carta, anteriormente formavam um logradouro comum, espécie de pátio nobre da casa, citado em vária documentação como "LARGO DE DOM GASTÃO". Da parte nascente, o palácio propriamente dito, mais a grande CAPELA anexa com acesso pela rua, sabemos que já de si devia ser bastante complexo, dada as constantes obras acrescentadas que a documentação refere.
Com algum esforço, ainda se pode isolar um pequeno torreão quadrado, talvez o elemento mais antigo, além do grande corpo rectangular adossado que fecha a Norte a referida varanda sobre o CAIS, construção da iniciativa de "D. GASTÃO DA CÂMARA COUTINHO", 8.º SENHOR DAS ILHAS DESERTAS.

Quanto à fachada sobre a RUAé bastante simples, modesta mesmo, parecendo esconder do passado a exuberância de um conjunto palaciano que só visto do RIO revelava toda a sua vaidade e riqueza, num efeito de surpresa tão ao gosto barroco que não deixa, também, de insinuar um certo culto pelo secretismo intimista sensível na tradição palaciana lisboeta.  


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«CALÇADA DE DOM GASTÃO [ X ] PALÁCIO DE D. GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 2 )»

UM MILHÃO DE VISITAS

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«UM MILHÃO DE VISITAS»
 Ao completar UM MILHÃO de visitantes desde 2008, quero agradecer a todos que tiveram a amabilidade de visitar esta página, desejando felicidades e um bem-hajam!
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RUAS DE LISBOA COM ALGUMA HISTÓRIA  -  2007 a  2015.

CALÇADA DE DOM GASTÃO [ X ]

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«O PALÁCIO DE DOM GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 2 )»
 Calçada de Dom Gastão - (2005) Foto de APS (Uma vista das casas de "D. Gastão senhor das Ilhas Desertas", na Calçada de D. Gastão  in  ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (2005) Foto de APS  - (A "Calçada de Dom Gastão" uma vista das casas e anexos junto do "Palácio de Dom Gastão senhor das Ilhas Desertas")  in  ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (2005) Foto de APS  - ( O antigo CAIS e Varanda de balaustrada Setecentista, já com os anexos escolares, local onde se desfrutava uma vista panorâmica para o RIO TEJO)  in  ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (2015) - Foto gentilmente cedida pelo amigo Ricardo Moreira (A "CALÇADA DE DOM GASTÃO" ao fundo no lado esquerdo "Os Pioneiros", no antigo Palácio dos Senhores das Ilhas Desertas)  in  ARQUIVO/APS
Calçada de Dom Gastão - (1967) Foto de João H. Goulart - (O final da "Calçada de Dom Gastão" no lado esquerdo a Farmácia Conceição" e um pouco mais à frente a entrada da "VILA MARIA LUÍSA")  in  AML 


(CONTINUAÇÃO) - CALÇADA DE DOM GASTÃO [ X ]

«O PALÁCIO DE DOM GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 2 )»

Quanto ao conjunto edificado se as dúvidas são imensa, o mesmo se passa quanto à estrutura das duas propriedades de cada lado da «CALÇADA».
Sabemos que a "CONDESSA DE ATOUGUIA" integrou em 1519 no morgado "as casas então junto de Xabregas do penedo". Sabemos que esse Morgado, no século XVIII, estava na posse de FRANCISCO GONÇALVES DA CÂMARA E ATAÍDE, 6.º SENHOR DAS ILHAS DESERTAS, casado com"D. FILIPA COUTINHO", irmã de"D. GASTÃO COUTINHO", fundador da ERMIDA de NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DA RESTAURAÇÃO, e criador com sua mulher, D. ISABEL FERRAZ, do morgado do GRILO que tinha por cabeça essa mesma capela. Sabemos, por outros documentos, que os terrenos da pedreira para erguer o adro da capela e as casas fronteiras para os capelães foram adquiridas em 1656, pela referida D. ISABEL ao vizinho ANTÓNIO DE OLIVEIRA DE AZEVEDO, senhor da Quinta, depois dos "LEITE DE SOUSA", parecendo, pois, que D.GASTÃO fundou a Capela em terrenos diversos daqueles que possuía seu cunhado, o referido FRANCISCO DA CÂMARA. No entanto, FREI AGOSTINHO DE SANTA MARIA afirma no Século XVIII, - { VER TEXTO NO PRÓXIMO CAPITULO [ XI ] } - que a Capela foi fundada no tal  penedo do Morgado de VAQUEIROS, lançando alguma confusão sobre a conjugação das várias propriedades em questão.
Parece, todavia, pouco provável que D. GASTÃO pudesse instituir um vínculo num terreno propriedade do cunhado, o qual, por variada informação, sabemos que viveu com ele em permanente litígio. Só o eventual aparecimento do arquivo desta casa poderia resolver esta complexa embrulhada, que definitivamente perdeu sentido uma vez que "D. LUÍS GONÇALVES DA CÂMARA COUTINHO", 7.º SENHOR DAS ILHAS DESERTAS, foi o único herdeiro do pai e do tio materno, reunindo numa só as diversas propriedades dos dois lados da via pública.
O elemento mais importante deste conjunto era, sem dúvida, a grande CAPELA, jazigo durante dois séculos de todos os membros desta família. As constantes visitas régias e as diversas cerimónias nela desenroladas, sobretudo a festa da padroeira a 2 de Julho, fizeram época nos anais lisboetas, acentuando o relevo de se tratar de um dos poucos monumentos vivos à RESTAURAÇÃO DE 1640, sempre lembradas nas bandeiras expostas que "D. GASTÃO COUTINHO ganhara nas suas campanhas militares. Deste interessante monumento nada resta, não deixando de constituir um enigma como é que ela desapareceu sem deixar traços na documentação, já que até ao presente nada foi encontrado. As bandeiras e o enorme túmulo de mármore de D. GASTÃO COUTINHO, um dos quarenta do 1.º de Dezembro - que tanto impressionou o Marquês de FRONTEIRA que nesta Capela casou em 1821 - , mais a devota imagem de NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DA RESTAURAÇÃO sumiram-se para sempre na poeira de uma memória colectiva infelizmente muito pouco interessada em cuidar de si. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«CALÇADA DE DOM GASTÃO [ XI ]-O PALÁCIO DE D. GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 3 )»

CALÇADA DE DOM GASTÃO [ XI ]

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«O PALÁCIO DE DOM GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS (3)»
 Calçada de Dom Gastão - (2015) Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA (Imagem do antigo CAIS dos "SENHORES DAS ILHAS DESERTAS" virado para a "RUA DA MANUTENÇÃO" já com algumas alterações que descaracterizam o conjunto. O levantamento de um muro de protecção junto da balaustrada do século XVIII e os anexos com janelas, ocupando grande parte da antiga varanda)  inARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - ( 1998) Foto de António Sacchetti  (Restos do antigo muro de suporte da varanda sobre o CAIS, com a primitiva balaustrada setecentista)  in CAMINHO DO ORIENTE
 Calçada de Dom Gastão - ( 2005 ) Foto de APS  (No número 15 da "CALÇADA DE D. GASTÃO" primeiro andar, funcionou "O CENTRO ESCOLAR REPUBLICANO ELIAS GARCIA" de 1908 a 1974)   in ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - ( 1998 ) Foto de António Sacchetti  (Abertura no muro de suporte da varanda do PALÁCIO DOS SENHORES DAS ILHAS DESERTAS, aberto sobre o antigo CAIS, hoje "RUA DA MANUTENÇÃO")  in CAMINHO DO ORIENTE
Calçada de Dom Gastão -  (1968) - Foto de Arnaldo Madureira   (Antigo CAIS do PALÁCIO DE D. GASTÃO" na "RUA DA MANUTENÇÃO", ainda nesta altura se podia ver a sua balaustrada setecentista com vasos sobrepostos)  in  AML 

(CONTINUAÇÃO) - CALÇADA DE DOM GASTÃO  [ XI ]

«O PALÁCIO DE DOM GASTÃO OS DAS ILHAS DESERTAS ( 3 )»

Como informação complementar de interesse histórico, diga-se que o 1.º SENHOR DAS ILHAS DESERTAS, então parte integrante da CAPITANIA DO FUNCHAL, foi "JOÃO GONÇALVESZARCO DA CÂMARA", o celebrizado povoador da «ILHA DA MADEIRA». Mais tarde, seu neto, "SIMÃO GONÇALVES DA CÂMARA", 3.º CAPITÃO, veio a separar as ILHAS DESERTAS em senhorio autónomo a favor do filho do seu segundo casamento, "LUÍS GONÇALVES DE ATAÍDE", portanto 4.º SENHOR DAS ILHAS DESERTAS, neto pela mãe dos CONDES DE ATOUGUIA. O neto deste, o referido "FRANCISCO GONÇALVES DA CÂMARA", 6.º SENHOR, tentou  suceder   na CAPITANIA DO FUNCHAL como primeiro descendente por varonia da família, ao extinguir-se no século XVII a linha principal, a dos CONDES DA CALHETA, perdendo vários processos para a CASA CASTELO MELHOR, que veio a ser a herdeira. No entanto, e como representantes da linha varonil primogénita da descendência dos capitães do FUNCHAL, os sucessivos senhores desta CASA usaram exclusivamente as armas de CÂMARA em chefe, sem misturas, apesar de todos os outros morgados que na casa caíram.

O CAIS DOS SENHORES DAS ILHAS DESERTAS ( hoje ainda visível na RUA DA MANUTENÇÃO), uma das imagens marcantes da ZONA ORIENTAL DE LISBOA, que o progressivo avanço da margem do RIO TEJO fez desaparecer, marcada pela sucessão de variados cais de acostagem, alguns públicos outros de carácter privado, servindo as diversas casas dispostas ao longo da margem do RIO.
Os restos do CAIS DOS SENHORES DAS ILHAS DESERTAS, é uma das poucas reminiscência dessa  realidade de outrora, cuja lembrança, está bem viva nas referencias que lhe faz o "MARQUÊS DE FRONTEIRA", nas suas memórias.

Da milagrosa Imagem  de "NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DA RESTAURAÇÃO" que se venerava na sua ERMIDA DO GRILO, transcrevemos algumas partes do que foi escrito pelo "FREI AGOSTINHO DE SANTA MARIA", "SANTUÁRIO MARIANO", LISBOA, 1707.
"(...) Depois daquele memorável sábado primeiro de dez do ano de 1640 (...)  saíram vários fidalgos a render as fortalezas que à cidade de LISBOA ficavam vizinhas. Um destes foi "D. GASTÃO COUTINHO", que tinha sido um dos quarenta (...). E este fidalgo tocou ir render a fortaleza de CASCAIS, em que depois de grande trabalho (...) entrou dentro dela a dez do mesmo mês. E tratando de ir dar graças (...) foi à ermida da mesma fortaleza, em cujo altar achou uma imagem de Nª. SENHORA DO ROSÁRIO (...) à qual depois de lhe dar graças pela mercê que Deus lhe tinha feito (...) pediu favor à mesma para a continuação da começada empresa da aclamação (...) prometendo-lhe que se lhe desse bom sucesso nela lhe faria uma casa onde com mais decência fosse venerada. Feito este voto (...) tomou a imagem da Senhora do Altar (...) por prémio da vitória, (deixando em seu lugar outra que para isso mandou fazer logo), e a mandou a sua mulher D. ISABEL FERRAZ, para que a colocasse no oratório da QUINTA DO GRILO, que era de seu cunhado "FRANCISCO GONÇALVES DA CÂMARA" (...). Na referida QUINTA DO GRILO deixou sua mulher, em cujo serviço havia uma moça muito simples, mas muito devota de Nª. Senhora a quem o tempo ocultou o nome, deixando-lhe só o de ANTUNES, com que sempre entre a gente da casa era nomeada. (...) A  ela apareceu a SENHORA por repetidas vezes, e lhe mandou dissesse a "D. GASTÃO COUTINHO" lhe satisfizesse a sua promessa, edificando-lhe a casa que lhe prometera.(...) Na manhã do dia seguinte acharam a imagem sobre a cama da moça, tendo a SENHORA as contas ao pescoço e três voltas em cada braço da mesma moça. Divulgou-se o sucesso pela casa e vizinhança (...). Vieram religiosos (de Xabregas e Beato) e, em procissão levaram a SANTA IMAGEM da Câmara em que a moça dormia para o oratório das casas, (...) e ali repetidas vezes a  viram suar, e fazer muitas maravilhas porque deu vista a cegos, sarou coxos e aleijados e deu saúde a muitos enfermos que vinham em romaria (...) untando-se com azeite de sua lâmpada voltavam livres das enfermidades. (...) Adoeceu a moça ANTUNES gravemente em princípios do ano de 1643 (...) e pouco antes da sua última hora mandou dizer a D. GASTÃO COUTINHO que se não queria edificar (...) a casa que prometera, tornasse a levar a imagem à mesma parte de onde a tirara (...). Quis logo dar princípio e vendo-se perplexo na escolha do sítio (...) se sentiu um tremor de terra e se viram milagrosamente abertas umas covas que mostravam ser os alicerces da nova casa (...) em que hoje se vê a ermida (...) que então era no quintal daquelas mesmas casas e quintal do GRILO. (...). Continuou a obra com tanto fervor e cuidado que a SENHORA se colocou na sua ermida do dia de S. JOÃO BAPTISTA do ano de 1644, levando-a do oratório em processão as mesmas comunidades (...). No ano de 1652 instituíram D. GASTÃO COUTINHO e sua mulher (...) em Morgado (...) e dispuseram em seus testamentos que depois de mortos lhe dessem sepultura à vista desta mesma SENHORA, onde seu sobrinho lhe mandou lavrar dois majestosos túmulos de ricos mármores com elefante epitáfios e armas de sua nobreza. (...)".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«CALÇADA DE DOM GASTÃO [ XII ] O PALÁCIO DE DOM GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS (4)».

CALÇADA DE DOM GASTÃO [ XII ]

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«O PALÁCIO DE DOM GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 4 )»
 Calçada de Dom Gastão - (2015) - Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA (Início da "CALÇADA DE D. GASTÃO" ligada à "Rua do Grilo", no número 1 a 3 a antiga drogaria já com várias décadas, no seguimento da rua junto à drogaria edifícios novos) inARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (1966-07) Foto de João H. Goulart ( A "DROGARIA" no início da "CALÇADA DE DOM GASTÃO" frente para a "Calçada do Grilo")  in  AML
 Calçada de Dom Gastão - (2015) - Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA (Parte final da "CALÇADA DE DOM GASTÃO" esquina com a "RUA JOSÉ ANTÓNIO LOPES". O prédio que se vê com péssimo aspecto e parcialmente emparedado, foi as antigas instalações - durante décadas - da "FARMÁCIA CONCEIÇÃO", hoje no lado oposto da Calçada a funcionar) in  ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - ( 2003) Foto de APS (Telemóvel) - (Entrada da "VILA MARIA LUÍSA" na "CALÇADA DOM GASTÃO" ao fundo o "Palácio do Grilo" na "Quinta de Leite de Sousa") inARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (2005) Foto de APS - ( "CALÇADA DE DOM GASTÃO" vista do antigo "LARGO DE DOM GASTÃO", podemos identificar pelo seu gradeamento que delimitava a Calçada)  in  ARQUIVO/APS
Calçada de Dom Gastão - (1966-11) Foto de Augusto de Jesus Fernandes (Um troço da "CALÇADA DE DOM GASTÃO" no lado esquerdo o gradeamento do antigo "LARGO DE DOM GASTÃO") inAML


(CONTINUAÇÃO) - CALÇADA DE DOM GASTÃO [ XII ]

«O PALÁCIO DE DOM GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 4 )»

«D. GASTÃO DA CÂMARA» foi um dos conjurados de 1640, que, logo após o 1.º de DEZEMBRO de 1640, se apressou a abrir as prisões aos presos políticos.  D JOÃO IV nomeou-o governador e comandante do exército de Entre Douro e Minho, no contexto das GUERRAS DA RESTAURAÇÃO, que se prolongaram ainda durante muitos anos.
Nessa função, em 9 de Setembro de 1641, à frente das suas tropas, tomou de assalto, com êxito, os baluartes erguidos pelos Castelhanos, em PONTE DE VÁRZEA, na GALIZA.
Seguiu-se o costumado saque, ao qual a soldadesca se entregou num desvario, afrouxando a vigilância. Vinham os triunfadores carregados com os despojos de guerra, quando uma força de três mil e quatrocentos galegos carregou de improviso sobre os assaltantes, que dispersaram desordenadamente, estabelecendo-se o pânico.
D. GASTÃO teve dificuldade em aguentar a frustrante retirada que se seguiu.  A notícia causou mal estar em LISBOA e, no ano seguinte, sob pretexto de participar nas CORTES DE LISBOA, foi substituído pelo "CONDE DE CASTELO MELHOR".

"D. GASTÃO"instituiu o MORGADO DO GRILO, no ano de 1652, "D. GASTÃOCOUTINHO" e sua mulher instituíram como herdeiro testamentário o sobrinho, "D. LUÍS COUTINHO DA CÂMARA", filho da irmã de D. GASTÃO, Dona FILIPA COUTINHO, e de D. FRANCISCO GONÇALVES DA CÂMARA, 6.º SENHOR DAS ILHAS DESERTAS, pedindo-lhes dessem sepultura na Ermida do GRILO. Cumprindo a vontade dos tios, o herdeiro, D. LUÍS 7.º SENHOR DAS ILHAS DESERTAS, além de mandar fazer os dois majestosos túmulos, também mandou edificar casas defronte da Ermida para albergar os quatro capelães perpétuos incumbidos de dizer missa por alma dos instituidores, seus ascendentes e descendentes.
A Ermida de NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DA RESTAURAÇÃO, que se situava eventualmente entre a actual "VILA MARIA LUÍSA"e as"ESCADINHAS DE D. GASTÃO", tornou-se numa matriz do sítio, não só pelas muitas celebrações que propiciou aos tutelares (missas, funerais, baptizados, casamentos), como também por congregar em pia devoção os moradores e a população em geral, sugestionados ainda pela aura patriótica de que se revestia.
A Capela era administrada pelo GERAL DO CONVENTO DE S. JOÃO EVANGELISTA (BEATO), e apesar do seu grande valor histórico e patrimonial, não logrou, infelizmente, escapar à erosão do tempo - foi demolida e do seu aspecto não resta hoje memória.
A "CALÇADA DE DOM GASTÃO", logo a seguir à"RUA DE XABREGAS", é o topónimo de "D. GASTÃO DA CÂMARA COUTINHO PEREIRA DE SANDE". Aliás, tanto quanto sabemos, dos CÂMARAS COUTINHOS" que aqui residiram quatro foram os homónimos - esta prática em nomes de titulares origina, por vezes, alguma confusão -, daí que a força da graça se impusesse, tornando o PALÁCIO DE D. GASTÃO numa referência quase obrigatória desta ZONA DA CIDADE.
Além do fundador do MORGADO, D. GASTÃO  COUTINHO, temos"D. GASTÃO JOSÉ (8.º SENHOR, 1662-1736), que recebeu também pela linha materna os morgados de "Punhete" (hoje CONSTÂNCIA) e TAIPA; D. GASTÃO (10.º SENHOR), que coabitava com a mãe o PALÁCIO DA FALÉSIA aquando do terramoto de 1755; e finalmente, o já referido D. GASTÃO DA CÂMARA COUTINHO PEREIRA DE SANDE(1794-1866), fidalgo muito titulado que desempenhou papel relevante na política do seu tempo - além do 12.º SENHOR DAS ILHAS DESERTAS, foi 1º CONDE DE TAIPA, 6.º SENHOR DE REGALADOS, 12.º MORGADO DA TAIPA, PAR DO REINO em 1826, COMENDADOR DAS ORDENS DE CRISTO e de Nª. SENHORA DA CONCEIÇÃO DE VILA VIÇOSA, DEPUTADO DA NAÇÃO, etc.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«CALÇADA DE D. GASTÃO [ XIII ]-O PALÁCIO DE D. GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 5 )».

CALÇADA DE DOM GASTÃO [ XIII ]

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«O PALÁCIO DE DOM GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 5 )»
 Calçada de Dom Gastão - (2015) -Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA (Panorama do conjunto do antigo "CAIS DOS SENHORES DAS ILHAS DESERTAS", único pormenor identificável de que ali existiu um Cais)  in  ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (2015) - Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA - (No "PALÁCIO DE D. GASTÃO OU SENHORES DAS ILHAS DESERTAS" são hoje as instalações da «COOPERATIVA DE ENSINO "OS PIONEIROS"» desde 1974. Nesta parte pintada a branco funciona um lugar de hortaliça, agora com um pequeno café, só balcão sem mesas)  in ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (2015) -Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA - ("CALÇADA DE DOM GASTÃO" no nº. 13-1.º andar funcionou nos anos 50 do século XX os SERVIÇOS-MÉDICOS SOCIAIS da FEDERAÇÃO DA CAIXA DE PREVIDÊNCIA - POSTO Nº. 28. No r/c 13-A ainda funciona a FÁBRICA DE ROLHAS de JOÃO DO ROSÁRIO POLICARPO MENDES)  in  ARQUIVO/APS

Calçada de Dom Gastão - (1998 ) Foto de António Sacchetti - (Antigo "CAIS DOS SENHORES DAS ILHAS DESERTAS" o progressivo avanço da margem do RIO, fez desaparecer uma das imagens mais marcantes - deste género - na Zona Oriental de Lisboa) inCAMINHO DO ORIENTE

 Calçada de Dom Gastão - (1998) - Foto de António Sacchetti - (Na actual "RUA DA MANUTENÇÃO" outrora CAIS de embarque da propriedade dos SENHORES DAS ILHAS DESERTAS) in CAMINHO DO ORIENTE
 Calçada de Dom Gastão - (1968) Foto de Arnaldo Madureira - (Antigo CAIS do "PALÁCIO DE D. GASTÃO" na RUA DA MANUTENÇÃO)  in  AML 
Calçada de Dom Gastão - (1962) - Foto de Artur Goulart - (A "FEDERAÇÃO DE CAIXAS DE PREVIDÊNCIA - SERVIÇOS MÉDICOS SOCIAIS, no Palácio de "D. GASTÃO COUTINHO", o antigo POSTO Nº. 28) in AML 

(CONTINUAÇÃO) - CALÇADA DE DOM GASTÃO [ XIII ]

«O PALÁCIO DE DOM GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 5 )»

"DOM GASTÃO", em 1823, lutou ao lado dos absolutistas, na "VILAFRANCADA", apoiando D. JOÃO VI, mas após a vitória de D. MIGUEL abraçou a causa liberal, pelo que teve de exilar-se no estrangeiro. Mais tarde, nas hostes do MARECHAL SALDANHA, tomou parte na fracassada expedição de BELFAST, e, sempre tenaz, prosseguiu nas campanhas que haviam de conduzir o país ao triunfo do liberalismo. Eleito deputado para as CORTES, revelou-se um orador brilhante por vezes contundente, e um acérrimo defensor da "CARTA CONSTITUCIONAL"com a"CONSTITUIÇÃO DE 1822".
Em 1836 casou-se com D. FRANCISCA DE ALMEIDA, MARQUESA DE VALADA, mas como não tivera descendentes o título passou para o irmão.
Em 1759, este PALÁCIO "Situado no GRILO na eminencia da CALÇADINHA que sobe para ele, sobre uma rocha, na parte do Sueste sobre o mar, não tem mais especialidade do que a excelente varanda para nascente que mandou fazer o principal D. FRANCISCO DE SALES, e um embarcadouro existente com sua porta no mesmo palácio. A entrada que fica a Norte na mesma Calçada que vai para o GRILO não corresponde à magnificência do novo quarto, cuja galeria cai sobre a dita varanda"( 1 ). 
Este prelado da Patriarcal era filho de "D. GASTÃO JOSÉ (8.º SENHOR), faleceu no ano do terramoto deixando alguma obra feita. O novo quarto e o desembarcadouro com silhares em alvenaria foi mandado executar por "D. GASTÃO (10.º SENHOR), sobrinho do prelado.
Em 1864, ainda "O lado oposto à Estrada (de XABREGAS) é guarnecido por um ranque de árvores, e pelo muro que a separa do TEJO, e que vai acabar a um desembarcadoiro contíguo ao palácio..."(ARQUIVO PITORESCO, 1864, tomo VII).
O prédio do rés do chão e primeiro andar, que foi o PALÁCIO DE D. GASTÃO, ou DAS ILHAS DESERTAS, com entrada pelo Nº. 15 (no tempo do externato circunscrito por muro), nada nos oferece hoje de especial, confundindo-se na movimentada CALÇADA com o quarteirão onde se integravam as suas traseiras, na RUA DA MANUTENÇÃO, outrora RIO, os robustos silhares do CAIS e a balaustrada em alvenaria da sua varanda, são ainda, por contraste, a única nota a reter. No lado oposto à CALÇADA,à esquerda da Oficina de Automóveis, o edifício com quatro sacadas no primeiro andar, constitui parte das antigas residências dos Capelães, construídas no século XVII. 
A urbanização desta zona, que começa a tomar corpo sobretudo no último quartel do século XIX, com a criação das industrias, ao cortar propriedades, descaracterizou completamente a sua feição, cuja articulação era feita entre este Palácio da falésia e o PALÁCIO DA QUINTA DO GRILO, com um amplo terreno (depois "LARGO DE D. GASTÃO"), onde se ostentava, como núcleo, a ERMIDA DA RESTAURAÇÃO e as casas dos oficiantes.  O irmão de "D. GASTÃO PEREIRA DE SANDE", D. JOSÉ FÉLIX DA CÂMARA (1797-1879), 3.º CONDE, não quis aceitar o título. Consta-se que, por falta de herdeiros directos, o PALÁCIO terá ficado na posse da governanta, sendo proprietário do mesmo, em princípios do século XX, BENTO JOSÉ FREITAS DE ARAÚJO.
Foram vários os locatários deste secular edifício. No rés-do-chão, na parte outrora destinada às cavalariças, desde 1958 labora aí a "FÁBRICA DE ROLHAS", do senhor JOÃO DO ROSÁRIO POLICARPO MENDES. No primeiro andar esquerdo estiveram instalados o "CHELAS FUTEBOL CLUBE", ( 2 ) o POSTO CLÍNICO Nº. 28 da SEGURANÇA SOCIAL e, após o 25 de ABRIL DE 1974, uma dependência do PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS; no lado direito esteve durante longos anos um externato.
[ FINAL].

- ( 1 ) - "Memórias Paroquiais", 1759

- ( 2 ) - Fundado em 25 de Dezembro de 1911, é o antecessor do C.O.L.-Clube Oriental de Lisboa.

BIBLIOGRAFIA

-ANDRADE, Ferreira de - Palácios Reais de Lisboa - Editorial Império -LISBOA - 1949
- ARAÚJO, Norberto de - Peregrinações em Lisboa-Liv. XV - Vega-Lisboa - 1993
- ARRUDA, Luísa - Caminho do Oriente - Guia do Azulejo - Livros Horizonte-Lisboa-1988
- ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA - SOB A ORIENTAÇÃO DE FILIPE FOLQUE; 1856-1858 - CML - Lisboa - 2000.
- MACEDO, Pastor de - LISBOA DE LÉS A LÉS - CML- Vol. III - Lisboa 1985.
- MATOS, José Sarmento e PAULO, Jorge Ferreira - Caminho do Oriente II Liv. Horizonte- Lisboa - 1999.
- PELAS FREGUESIAS DE LISBOA - LISBOA ORIENTAL - CML - LISBOA - 1993.

(PRÓXIMO)«RUA AFONSO DOMINGUES [ I ] -A RUA AFONSO DOMINGUES»

RUA AFONSO DOMINGUES [ I ]

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«A RUA AFONSO DOMINGUES»
 Rua Afonso Domingues - (2007) - (Vista geral do "BAIRRO OPERÁRIO" onde está inserida a "RUA AFONSO HENRIQUES" com o "BAIRRO ERMIDA", nos terrenos da QUINTA DA CHUMBEIRA e mais a Sul o "BAIRRO AMÉRICA" de 1918 rasgado na  "QUINTA DAS MARCELINAS") in   GOOGLE EARTH
 Rua Afonso Domingues - ( 2007 ) - (Uma panorâmica do "BAIRRO OPERÁRIO" e a "RUA AFONSO DOMINGUES" no seu percurso. O BAIRRO estende-se até à Calçada dos Barbadinhos. A Rua começa na RUA DO MATO GROSSO a Sul e termina na curvatura que a Calçada dos Barbadinhos faz a Norte ao ligar-se à Rua dos Sapadores)  in  GOOGLE EARTH
 Rua Afonso Domingues - ( 2015 ) - (A RUA AFONSO DOMINGUES já a deixar o "Bairro Operário" e a entrar nos limites do "Bairro Ermida", muito próximo da Rua do Mato Grosso) inGOOGLE EARTH
 Rua Afonso Domingues - ( 2015 ) - ( A "RUA AFONSO DOMINGUES" vista para Norte, no cruzamento com a "Rua Pedro Alexandrino")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Afonso Domingues - ( 1969 ) - Foto de autor não identificado - ( A "RUA AFONSO DOMINGUES", esquina com a "RUA DO MATO GROSSO")  in  AML 
 Rua Afonso Domingues - (1969) Foto de João H. Goulart  (Um troço da "RUA AFONSO DOMINGUES" no BAIRRO OPERÁRIO)  in  AML 
Rua Afonso Domingues - (1965.11.06) Foto de Armando Serôdio - (A "RUA AFONSO DOMINGUES" esquina com a "RUA CAPITÃO HUMBERTO DE ATAÍDE) in  AML 

RUA AFONSO DOMINGUES [ I ]

«A RUA AFONSO DOMINGUES»

A «RUA AFONSO DOMINGUES» pertencia à freguesia de "SANTA ENGRÁCIA", com a REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012, e juntamente com as antigas freguesias da "GRAÇA" e "SÃO VICENTE DE FORA",  passou a denominar-se freguesia de «SÃO VICENTE».
Começa na RUA DO MATO GROSSO e termina na CALÇADA DOS DOS BARBADINHOS a Norte. É atravessada pela RUA DOS SAPADORES a Norte e pela RUA PEDRO ALEXANDRINO mais a Sul. Tem como convergentes no seu lado direito a RUA CAPITÃO HUMBERTO DE ATAÍDE e a RUA DOS OPERÁRIOS.

Por deliberação Camarária de 8 de Julho de 1892 a RUA" F " do BAIRRO OPERÁRIOà CALÇADA DOS BARBADINHOS passou a designar-se «RUA AFONSO DOMINGUES», em homenagem ao grande Arquitecto "AFONSO DOMINGUES" natural da freguesia da "MADALENA" (hoje SANTA MARIA MAIOR), LISBOA e que viria a falecer em 1402.

Em finais do século XIX e início do século XX com a progressiva industrialização de LISBOA, o campo começa a dar lugar a novos espaços para a construção de novos BAIRROS.

Diz-nos "NORBERTO DE ARAÚJO"nas suas PEREGRINAÇÕES EM LISBOA em finais dos anos trinta do século passado que, para lá da "RUA DO VALE DE SANTO ANTÓNIO", para nascente, entre a RUA DOS SAPADORES e a CALÇADA DOS BARBADINHOS, podemos encontrar três BAIRROS POPULARES. "a urbanização do fim do século XIX: O BAIRRO OPERÁRIO, que de seu início, data de 1891, axadrezado regularmente, com três artérias na direcção poente-nascente, e três, mais curtas, na direcção Norte-Sul;"( só para justificar os outros dois bairros) o BAIRRO ERMIDA, aberto em 1911 nos terrenos da QUINTA DA CHUMBEIRA, e o BAIRRO AMÉRICA de 1918 rasgado na QUINTA DAS MARCELINAS.

No entanto a "RUA AFONSO DOMINGUES"fazendo parte do"BAIRRO OPERÁRIO", ainda se prolonga pelo "BAIRRO ERMIDA", ficando tangencial com o "BAIRRO AMÉRICA", na parte de cima da"RUA WASHINGTON",

Devemos acrescentar que nestes BAIRROS e suas RUAS, foram municipalizadas e cedidas à Câmara Municipal de Lisboa por escritura de 1933.

Ao recordar estas velhas QUINTAS DE LISBOA, provavelmente antigas hortas, olivais, vinhas sem sepa de videira! Não chegamos a ter saudades delas, porque não chegámos a conhece-las. Mas admiramos o seu sacrifício. Por aqui e por ali ficam por vezes uma superfície verdejante, uma nora escondida atrás de uma casa, quatro pedras verticais que foram amparo de uma latada de uvas, dois palmos de horta, um telheiro, um poço, uma oliveira...afinal o eco do bucolismo apagado das terras de nossos avós. O resto, devorou-o a civilização. É o progresso que aí vem!

Nesta "RUA AFONSO DOMINGUES" não existem edifícios importantes, nem monumentos com muita história... tem sim, algum historial, o Arquitecto português que deu nome a esta RUA. Tendo-se distinguido como grande arquitecto na sua época. Esteve ligado a vários trabalhos de vulto, embora o mais famoso possamos apontar como sendo o do MOSTEIRO DA BATALHA ou MOSTEIRO DE SANTA MARIA DA VITÓRIA, cujo o nome está ligado desde 1387 até ao seu falecimento em 1402.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA AFONSO DOMINGUES [ II ] -HISTÓRIA DO MOSTEIRO DA BATALHA ( 1 )».

RUA AFONSO DOMINGUES [ II ]

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«HISTÓRIAS DO MOSTEIRO DA BATALHA ( 1 )»
 Rua Afonso Domingues - (2005) Foto de APS - (O "MOSTEIRO DA BATALHA" ou "Mosteiro de Santa Maria da Vitória", importante marco da arquitectura Gótica, que AFONSO DOMINGUES está ligado à sua construção e provavelmente ao seu traçado) inARQUIVO/APS
 Rua Afonso Domingues - (2005) Foto de APS - (Um interior do MOSTEIRO DA BATALHA e seu Jardim, formas de inspiração mourisca desenvolvidas na fonte do claustro)  in ARQUIVO/APS
 Rua Afonso Domingues - (2015) - (Um troço da "RUA AFONSO DOMINGUES" vista do seu início no lado Sul)  in GOOGLE EARTH
 Rua Afonso Domingues - (1969) Foto de João H. Goulart (A "RUA AFONSO DOMINGUES" inserida no "BAIRRO OPERÁRIO" actualmente freguesia de "SÃO VICENTE") inAML
Rua Afonso Domingues - (1969) Foto de João H. Goulart ( A parte Norte da "RUA AFONSO DOMINGUES" do número 44 a 46, nos anos sessenta do século XX) in  AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA AFONSO DOMINGUES [ I I ]

«HISTÓRIAS DO MOSTEIRO DA BATALHA ( 1 )»

Foi ao grande mestre arquitecto «AFONSO DOMINGUES» que provavelmente se ficou a dever, a traça original do "MOSTEIRO DA BATALHA"ou"MOSTEIRO DE SANTA MARIA DA VITÓRIA", tendo dirigido as obras desde 1387/8 até 1402. Como levou cerca de século e meio a ser construído, o MOSTEIRO sofreu influências de vários mestres e, por consequência, de vários estilos.
Manteve-se na linha da arquitectura gótica portuguesa, sendo patente, no sector mais antigo do conjunto arquitectónico da BATALHA, influências, entre outras, das Igrejas das ordens mendicantes, da deÉVORA e das capelas radiantes da de LISBOA. 
Ao morrer, já cego, estavam construídos pelo menos quatro capelas da abside, boa parte da capela-mor e do transepto, a sacristia, as naves laterais já abobadas e as galerias Sul e Este do Claustro Real.
Da autoria do mestre AFONSO DOMINGUES são o CLAUSTRO REAL e a SALA DO CAPITULO. 

A história do mestre AFONSO DOMINGUES, que terá morrido debaixo da abóbada, ao fim de três dias e três noites para provar que ela não cairia, é, possivelmente uma lenda.

A "SALA DO CAPITULO" do "MOSTEIRO DA BATALHA" pela documentação e pelos estudos que foram elaborados, podemos nos referir concretamente que quem finalizou aquela estrutura - que é realmente um espanto em termos de engenharia medieval - foi o segundo arquitecto de nome DAVID HUGUET.  Este arquitecto não era português, talvez Catalão, talvez Flamengo, o que talvez não seja verdade é toda aquela história que o nosso grande escritor romântico "ALEXANDRE HERCULANO" escreveu na sua obra "ABÓBADA", que pretendia realçar os valores da nacionalidade, etc., não passará de uma lenda.  
Aliás, devemos acrescentar  (embora não seja posto em causa) que o mestre "AFONSODOMINGUES" tenha sido o primeiro mestre, aquele que esboçou o projecto inicial de como se desenvolveria a obra, o que hoje nos resta do monumento, sobretudo os seus espaços que ainda hoje podem ser visitados, a sua construção final deve-se a outro arquitecto. Estamos a falar do portal principal, da cobertura da Igreja, da Capela do Fundador, do Claustro Joanino e das Capelas Imperfeitas.


Este outro arquitecto "HUGUET" na verdade não sabemos quando é que ele chegou concretamente aqui à BATALHA, sabemos só quando assumiu o controlo das obras, foi depois da mestre "AFONSO DOMINGUES" ter cegado, cerca de 1401/2, tendo estado mais de duas dezenas de anos à frente das obras.

Dizia-se também que o MOSTEIRO DA BATALHA em determinada altura esteve para ser vendido, principalmente depois da expulsão das Ordens Religiosas em Portugal, como estaleiro de pedra.


(CONTINUA) - (PRÓXIMO) «RUA AFONSO DOMINGUES [ III ] - HISTÓRIAS DO MOSTEIRO DA BATALHA (2)».

RUA AFONSO DOMINGUES [ III ]

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«HISTÓRIAS DO MOSTEIRO DA BATALHA ( 2 )»
 Rua Afonso Domingues - (2005) Foto de APS - (Aspecto das "CAPELAS IMPERFEITAS" que o mestre "Guilherme" dirigiu de 1477 até 1480. Depois orientadas por JOÃO ARRUDA - entre 1480-1485. MATEUS FERNANDES dirigiu mais tarde as obras das Capelas Imperfeitas, especialmente a porta que aqui documentamos) inARQUIVO/APS
 Rua Afonso Domingues - (2005) Foto de APS - (A "SALA DO CAPITULO" situa-se no lança oriental do Claustro, com entrada pela galeria deste através de uma porta ogival acairelada e ladeada por janelas bipartidas, neste espaço encontra-se a "CAMPA DO SOLDADO DESCONHECIDO", guardado por Militares)  in ARQUIVO/APS 
 Rua Afonso Domingues - ( 2015 ) - (A "RUA AFONSO DOMINGUES" - seu início - vista da "RUA WASHINGTON" no cruzamento da "RUA DO MATO GROSSO") inGOOGLE EARTH
 Rua Afonso Domingues - ( 2015 ) - (A "RUA AFONSO DOMINGUES" ao lado esquerdo depois do prédio forrado a azulejos e do pintado de verde, temos a "RUA PEDRO ALEXANDRINO" que cruza esta RUA)  in GOOGLE EARTH
Rua Afonso Domingues - ( 1969 ) Foto de João H. Goulart  (Um troço da "RUA AFONSO DOMINGUES" no "BAIRRO OPERÁRIO", da actual freguesia de "SÃO VICENTE") in AML

(CONTINUAÇÃO) - RUA AFONSO DOMINGUES [ III ]

«HISTÓRIAS DO MOSTEIRO DA BATALHA ( 2 )»

Diz-se que ao longo da história, todos os Monumentos sofrem peripécias complicadas que contribuem muito para a sua degradação. No "MOSTEIRO DA BATALHA" houve um primeiro passo bastante maléfico que foram as "INVASÕES FRANCESAS". Estiveram aqui duas vezes, a IGREJA serviu de cavalariça, o próprio mobiliário da sacristia foi queimado, ainda hoje no chão se pode ver uma grande mancha onde foi feita a fogueira, os túmulosforam violados e arrombados à procura de riquezas. Um grande abalo que o Mosteiro sofreu.
O segundo, ainda no século XIX, foi a extinção das ORDENS RELIGIOSAS ordenadas por JOAQUIM ANTÓNIO DE AGUIAR (por alcunha o "mata" Frades), em 1834, proporcionando que os Monumentos ficassem escancarados e fossem vandalizados de toda a maneira e feitio.
Honra seja feita à população de algumas localidades, como ALCOBAÇA e BATALHA, que ainda conseguiram segurar algumas coisas e também tiveram a sorte de alguns desses Monumentos servirem como Igreja paroquial.
A IGREJA PAROQUIAL DA BATALHA, até porque a IGREJA MATRIZ estava muito danificada, passou a funcionar como IGREJA PAROQUIAL a partir de 1882, o que, de certa forma, a salvaguardou e foi um dos espaços menos "beliscados" nessa época conturbada.

Em 1910, com a implantação da REPÚBLICA, que tinha um carácter anticlerical bastante forte, apareceu outro tipo de malefícios para o Monumento.
Com a governação da REPÚBLICA, levou a que o espaço do MOSTEIRO fosse ocupado e utilizado com actividades que não tinham nada a ver com a sua função inicial.
Aqui, o MOSTEIRO DA BATALHA passou a albergar as FINANÇAS, TESOURARIA, ESCOLA PRIMÁRIA, CORREIOS, PRISÃO e a própria MAÇONARIA teve aqui um espaço, com graves consequências para o Monumento, pois muitas vezes essas novas utilizações levavam à adaptação dos espaços descaracterizando completamente o MONUMENTO
Por exemplo: Se hoje quiséssemos mostrar uma cela a algum visitante seria impossível, porque todas desapareceram. Acontece que em alguns períodos conturbados, sobretudo, após 1834, com a venda em haste pública de muitos bens das ORDENS RELIGIOSAS, os próprios Monumentos estiveram em risco de ser vendidos.
Felizmente, há sempre alguma luz que evita essa situação. No caso da BATALHA, o seu MOSTEIRO não foi vendido, mas a sua cerca foi vendida em haste pública.
Recordamos também da vinda dos chamadosRETORNADOS DE ÁFRICA, em que o MOSTEIRO DA BATALHA esteve indicado para acolher no CLAUSTRO D. AFONSO V os desalojados, o que não aconteceu por em virtude de uma consciência crítica da altura, com raízes em COIMBRA, que alertou não ser a melhor solução para dar a esta espaço, porque implicaria novamente reformulação no interior para essa adaptação.

Portanto, não é de espantar, que de vez em quando surja ideias ou afirmações, muitas delas verdadeiras ou não, porque em muitos momentos da história os nossos MONUMENTOS e até os mais significativos, só não são vendidos por mero acaso. De qualquer forma, nunca existiu conhecimento de que o MOSTEIRO DA BATALHA estivesse alguma vez para ser vendido como estaleiro de pedra. Este Monumento nunca foi vendido, sempre pertenceu ao ESTADO, apenas a IGREJA teve um papel depois da extinção das ORDENS RELIGIOSAS, não de posse, mas de utilização em proveito das actividades paroquiais.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA AFONSO DOMINGUES [ IV ]-AFONSO DOMINGUES E SUA OBRA».

RUA AFONSO DOMINGUES [ IV ]

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«AFONSO DOMINGUES E SUA OBRA»
 Rua Afonso Domingues - (1949) Desenho de Pedro Guedes  . (Emissão de Selos Comemorativa da Fundação da Dinastia de AVIS, dos CORREIOS DE PORTUGAL) in  PORTUGAL EN STAMPS
 Rua Afonso Domingues - (2005) - Foto de autor não identificado ( O MOSTEIRO DA BATALHA ou MOSTEIRO DE SANTA MARIA DA VITÓRIA) in WIKIPÉDIA
 Rua Afonso Domingues (2015) - (A "RUA AFONSO DOMINGUES"à nossa esquerda a "RUA DOS OPERÁRIOS")  in  GOOGLE EARTH 
 Rua Afonso Domingues - (1969) Foto de João H. Goulart - (A "RUA AFONSO DOMINGUES", esquina da "RUA PEDRO ALEXANDRINO", no "Bairro Operário" nos anos sessenta do século vinte)  in AML
Rua Afonso Domingues - (século XV)- (A figura de "AFONSO DOMINGUES", um pequeno pormenor,  representado numa das paredes da CASA DO CAPÍTULO no "MOSTEIRO DA BATALHA" ) in  MOSTEIRO DA BATALHA


(CONTINUAÇÃO) - RUA AFONSO DOMINGUES [ IV ]

«AFONSO DOMINGUES E SUA OBRA»

«AFONSO DOMINGOS» nascido em LISBOA em meados do século XIV. Mestre arquitecto, cujo nome ficou ligado de 1387 a 1402 às obras do «MOSTEIRO DA BATALHA» (anteriormente tinha trabalhado na SÉ CATEDRAL DE LISBOA). Pensa-se que terá sido ele a fazer o traçado da primeira planta para o "REAL MOSTEIRO DE SANTA MARIA DA VITÓRIA".( 1 )


É uma figura cuja vida se desconhece e é até um pouco lendária; foi imortalizado por ALEXANDRE HERCULANO, que romanceou este mestre do gótico no seu livro  "LENDAS E NARRATIVAS".
Segundo o historiador romântico, D. JOÃO I pensou que, após ter cegado, "AFONSO DOMINGUES"não podia terminar a abóbada da  SALA DO CAPÍTULO e, por isso, teria encarregado da obra "DAVID OUGUET", ou"HUGUET", que não foi capaz de a realizar.
AFONSO DOMINGUES levou a peito construí-la e, terminado o trabalho, segundo a lenda, terá ficado três dias e três noites sob a abóbada sem comer, nem beber. «A abóbada não caiu, a abóbada não cairá» , terá dito, e faleceu. 

Esta lenda teve lugar na época da construção do "MOSTEIRO DA BATALHA". O arquitecto do Mosteiro chamava-se AFONSO DOMINGUES, mas devido à sua cegueira e idade avançada, foi afastado da obra. A conclusão do MOSTEIRO tinha passado para as nãos de "HUGUET", e AFONSO DOMINGUES não se conformava com o facto. Um dia, D. JOÃO I foi visitar o MOSTEIRO para assistir ao AUTO DE CELEBRAÇÃO DOS REIS. Vinha desejoso de visitar a CASA DO CAPÍTULO DO MOSTEIRO, que mestre "HUGUET" tinha recentemente concluído, seguindo o traçado dos projectos de AFONSO DOMINGUES,à excepção da abóbada que cobria o CAPÍTULO. No entender do mestre "HUGUET", seria impossível concretizar a abóbada imaginada por AFONSO DOMINGUES por esta ser muito achatada. Sem consultar o mestre português, decidiu concluí-la de outra forma. O "HUGUET" estava no Capítulo, vangloriando-se da sua supremacia sobre o mestre português, quando reparou nas fendas que se abriam na abóbada e que ameaçava a sua queda.  Em pânico, entrou a correr pela Igreja dizendo que o mestre AFONSO DOMINGUES lhe tinha enfeitiçado o trabalho. Pensando que "HUGUET" estava possuído pelo Demónio, os frades acorreram a exorcizá-lo.  "HUGUET" caiu desmaiado ao mesmo tempo que um tremendo estrondo anunciava a queda da abóbada da CASA DO CAPÍTULO, apenas 24 horas depois de ter sido concluída.
El-REI D. JOÃO I nomeou novamente AFONSO DOMINGUES mestre das obras do Mosteiro, pondo o "HUGUET" sob as  ordens do mestre. A construção da abóbada foi então retomada, agora seguindo o seu traçado primitivo. 
No dia em que foram retirar as traves dos simples que sustentavam a abóbada foi deixado no centro da sala uma pedra onde ficou sentado AFONSO DOMINGUES.  Este terá prometido a CRISTO que ficava sentado na pedra, sem comer nem beber, durante três dias, como prova de que a abóbada não cairia. Ao fim do terceiro dia, El- REI recebeu a triste notícia de que o grande arquitecto português estava morto. A abóbada não tinha caído. Em memória de AFONSO DOMINGUES, foi esculpida uma estátua, de pedra sobre a qual acabou os seus dias. A estátua foi colocada na CASA DO CAPÍTULO

( 1 ) - AFONSO DOMINGUES será eventualmente oriundo de uma família abastada, uma vez que tinha residência numa das zonas mais caras de LISBOA, na freguesia da MADALENA. A ele se ficou a dever a traça original do MOSTEIRO, tendo dirigido as obras entre 1387 e 1401. Embora deixasse o templo totalmente configurado, não conseguiu finalizar a obra por ter falecido em 1402.
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LIVRO (antigo) DA "DISCIPLINA DE PORTUGUÊS"«PORTUGAL GIGANTE», um poema de "FERNANDO DE PAMPLONA ao MESTRE AFONSO DOMINGUES.

Bom mestre AFONSO DOMINGUES/ - Nobre engenho, rija espada - /Entre todos tedistingues, / Gigante que vens do nada! /     ALJUBARROTA! Sol! Glória!/ És armadocavaleiro!/ Também é tua a vitória/  De el-Rei D. JOÃO I!/   Tu e os teus, com vossas lanças,/ A nova coroa ergueis!/ Mas volta a paz de asas mansas:/ Tornam-se as lanças cinzeis!/     Vencida a gente orgulhosa,/ O teu engenho trabalha/ Na traça maravilhosa/ Do MOSTEIRO DA BATALHA!/     E, nesse poema infindável/De ogivas e modilhões,/ Ressuscita o CONDESTÁVEL/ E abre as asas - CAMÕES!


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA AFONSO DOMINGUES [ V ] A ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES ( 1 )»

RUA AFONSO DOMINGUES [ V ]

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«A ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES ( 1 )»
 Rua Afonso Domingues - (2015) (Antiga entrada para a "ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES" onde funcionou mais de 50 anos - 1897 a 1955 - nas instalações do Convento da Madre de Deus e algumas secções no Palácio Nisa, onde estava também instalada a Casa Pia) in GOOGLE EARTH
 Rua Afonso Domingues - (2015) - (Um troço da "RUA AFONSO DOMINGUES" no sentido Sul, no BAIRRO OPERÁRIO da freguesia de SÃO VICENTE) in  GOOGLE EARTH 
 Rua Afonso Domingos - (1935) - (Cartão de Aluno e Caderno de Notas de "JOSÉ DE SOUSA SARAMAGO", quando estudava na ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES, ano de 1935/1936 no curso de Serralheiro Mecânico, no sítio de XABREGAS) inPRO PORTUGUÊS
 Rua Afonso Domingues - (1950) - Estúdio de Mário Novais - (Oficina de "Torneiro Mecânico" na Escola Industrial Afonso Domingues, nas traseiras do Convento da Madre de Deus em Xabregas e por lá permaneceu cerca de 58 anos)  in WIKIPÉDIA
Rua Afonso Domingues - ( 1969 ) Foto de João H. Goulart ( Um troço da "RUA AFONSO DOMINGUES" no BAIRRO OPERÁRIO actual freguesia de SÃO VICENTE)  in  AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA AFONSO DOMINGUES [ V ]

«A ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES ( 1 )»

Em 24 de Novembro de 1884, numa casa alugada a "JOÃO CRISTIANO KEIL", na CALÇADA DO GRILO, nº .3 - 1.º , abriu com 53 alunos, a "ESCOLA DE DESENHO INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES", onde eram ministrados os cursos de DESENHOELEMENTAR e os CURSOS NOCTURNOS de DESENHO INDUSTRIAL.
Mais tarde veio ocupar alguns espaços do "MOSTEIRO DA MADRE DE DEUS" e alguns anexos que pertenceram ao PALÁCIO DOS MARQUESES DE NISA, na RUA DA MADRE DE DEUS em XABREGAS. 
Mais concretamente a partir de 1892, começaram as obras de adaptação de alguns edifícios anexos ao ASILO D. MARIA PIA, cedidas pelo CONVENTO DA MADRE DE DEUS. Em 24 de Dezembro de 1897 era inaugurada, agora em edifício do ESTADO, passando a dispor de melhores instalações.
Em 1900, a "ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES" perfeitamente estabelecida, com relevo para o curso de desenho elementar, de arquitectura e de máquinas. Contava ainda com oficinas de pintura, de fundição, carpintaria e serralharia, pelo que se transformou num importante centro de estudos dos filhos dos mestres  operários da região de XABREGAS.
Como director desta escola, já frequentada por 800 alunos, foi nomeado provisoriamente o professor e escultor JOÃO VAZ, cargo que exerceu até Setembro de 1926. No ano de 1931, sucedeu-lhe na direcção o engenheiro mecânico JOÃO FURTADO HENRIQUES a quem o ENSINO TÉCNICO e esta ESCOLA muito ficaram a dever, a ponto de, entre os professores do Ensino Técnico de todo o país, a ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES passou a ser conhecida pela«UNIVERSIDADE DE XABREGAS».

Com a designação de "ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES" sabemos que no ano de 1934 ainda ali funcionava esta unidade de ensino, por uma informação de que nos deixa o escritor e prémio Nobel da Literatura Portuguesa"JOSÉ SARAMAGO". que foi aluno desta escola.
SARAMAGO, que o dever do trabalho, a disciplina férrea com que sempre a enfrentou, remonta ao período entre 1934 e 1939 ( na idade de 12  aos 17 anos), quando aprendia o ofício de serralheiro mecânico na antiga "ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES" em XABREGAS, para onde se transferia por falta de recursos económicos do "LICEU GIL VICENTE".
Explica no seu terceiro volume dos "CADERNOS DE LANZAROTE", "(...) nessas oficinas iluminadas por altos janelões que davam para a "RUA DA MADRE DE DEUS", obedecia às ordens dos mestres VICENTINO, TEIXEIRA e GIRÃO. Com tanto esmero fazia que no caderno de aluno mediano ficava a brilhar um 15 a Serralharia e outro a Francês". Isto contradiz as suas notas a Português, que não ultrapassaram o 11, mas deixa adivinhar o seu desempenho, entre 1955 e 1981, como tradutor de 48 livros.

O Decreto-Lei nº. 37028, de 25 de Agosto de 1948, implementou um programa de construção de edifícios escolares profissional e o organizou em duas vertentes: adaptação ampliação e melhoramentos e escolas novas. Enquanto outras escolas se optou, apenas, por obras de melhoramentos e adaptação no caso desta escola é decretada a construção de uma nova escola com edifício completo acabando por se instalar, na QUINTA DAS VEIGAS em MARVILA, na"RUA MIGUEL DE OLIVEIRA".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA AFONSO DOMINGUES [ VI ]A ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES ( 2 )».

RUA AFONSO DOMINGUES [ VI ]

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«A ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES ( 2 )»
 Rua Afonso Domingues - (2015)? - (Aspecto das Instalações da nova "ESCOLA SECUNDÁRIA AFONSO DOMINGUES" na "RUA MIGUEL DE OLIVEIRA" na freguesia de MARVILA, pouco tempo depois de ser desactivada)  inGOOGLE EARTH
 Rua Afonso Domingues - (1969) Foto de João H. Goulart (A "RUA AFONSO DOMINGUES" no número 36, em finais dos anos sessenta, no "BAIRRO OPERÁRIO" a SAPADORES) in AML
 Rua Afonso Domingues - ( 196_)? - Foto de Artur Goulart (A ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES na QUINTA DAS VEIGAS em MARVILA)  in AML 
 Rua Afonso Domingues - (196_ ) - Foto de Artur Goulart  - (A "ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES" já a funcionar na Quinta das Veigas em Marvila)  in  AML
 Rua Afonso Domingues - (depois de 1956) Foto de Henrique Cayolla (Busto do pintor "JOÃO VAZ" 1858-1931, colocada no jardim da ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES na "RUA MIGUEL OLIVEIRA em Marvila)  in AML
 Rua Afonso Domingues - (1950) Estúdios de Mário Novais - ( A antiga oficina de Serralharia da "ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES) na altura a funcionar em anexos do CONVENTO DA MADRE DE DEUS, de 1897 a 1955, hoje instalação do MUSEU NACIONAL DO AZULEJO) in WIKIPÉDIA
Rua Afonso Domingues - (1935) - (Cartão de estudante da "ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES", na Rua da Madre de Deus em XABREGAS. Obtido na Cronologia do amigo "CARLOS CARIA" na sua página do  FACEBOOK.

(CONTINUAÇÃO) - RUA AFONSO DOMINGUES [ VI ]

«A ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES ( 2 )»

A velha «ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES»  sempre se caracterizou por realizar no programa de ENSINO EM PORTUGAL, uma tripla função: preparar trabalhadores qualificados que, ao longo  dos anos, se venham  afirmando em  dar preparação para acesso ao ENSINO SUPERIOR, procurando ser um instrumento de valorização humana e não meramente tecnocrata.

No ano lectivo de 1956/1957, a "ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES", já se encontrava  nas novas instalações na "QUINTA DOS VEIGAS"em MARVILA. Era director AVELINO MARQUES POOLE DA COSTA. O pessoal docente tinha aumentado aos cursos existentes foram acrescentados; os cursos de ELECTRICIDADE e de CONSTRUÇÃO DE MÁQUINAS.
No curso de PINTURA DECORATIVA, o objectivo era não só  "a aplicação do desenho a decoração pela pintura" mas ainda, "dar aos alunos conhecimentos práticos dos estilos mais característicos nestes ramos das artes decorativas, promovendo o desenvolvimento desta industria"assim como, "iniciar o Ensino Profissional de alguns aprendizes". As oficinas de PINTURA DECORATIVA eram frequentadas por duas classes de alunos: ordinários ou artistas e voluntários ou aprendizes.

A admissão dos alunos ARTISTAS dependia de habilitação no curso completo de DESENHO ELEMENTAR e no CURSO DE DESENHO INDUSTRIAL, de ORNATO ou de FIGURA, e de mostrar o domínio prático dos trabalhos de arte de pintura. As habilitações poderiam no entanto, ser substituídas por provas práticas realizadas na ESCOLA.

Nas Oficinas de trabalhos em MADEIRA - (PRIMEIRA SECÇÃO), a construção de modelos iniciava-se pelos sólidos geométricos e entalhes usados ( ou que seja útil introduzir na prática); esquadrejar  e sutar; modelar, tornear e polir; execução de molduras, ferragens, espigamento, entalhe e ajustamentos; construção de modelos e moldes; obra de talha e torno, etc.

Nas oficinas de trabalhos em METAL - (SEGUNDA SECÇÃO), começava-se pela execução de sólidos geométricos e objectos forjados de uso comum. Os exercícios compreendiam trabalhos de lima e torno; cortar e furar chapa; brunir e envernizar; fazer parafusos; trabalhos de forja; construção de ferramentas, objectos de uso comum e mecanismos.

O ensino de PROFISSÕES e particularmente  as escolas INDUSTRIAIS e COMERCIAIS, foram extintas em PORTUGAL depois do 25 de Abril de 1974, foi instituída uma via unificada para o ensino, compreendendo o 7.º, 8.º e 9.º anos, terminando com a ramificação do ENSINO LICEAL e o ENSINO TÉCNICO, que marcara o futuro de tantas gerações. 

Consequentemente uma portaria de 22 de Novembro de 1979, transforma a designação da ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES  em ESCOLA SECUNDÁRIA AFONSO DOMINGUES.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA AFONSO DOMINGUES [ VII ] A ESCOLA SECUNDÁRIA AFONSO DOMINGUES»

RUA AFONSO DOMINGUES [ VII ]

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«A ESCOLA SECUNDÁRIA AFONSO DOMINGUES»
 Rua Afonso Domingues - ( anterior a 2010) - Edifício da "ESCOLA SECUNDÁRIA AFONSO DOMINGUES" na "RUA MIGUEL DE OLIVEIRA" já depois da sua desactivação) in  GOOGLE EARTH
 Rua Afonso Domingues - (anterior a 2010) - (Instalações da "ESCOLA SECUNDÁRIA AFONSO DOMINGUES" em MARVILA) in  GOOGLE EARTH
 Rua Afonso Domingues - ( anterior a 2010) - (Freguesia de MARVILA a "Rua Miguel de Oliveira" ao fundo a "ESCOLA SECUNDÁRIA AFONSO DOMINGUES" já desactivada) in  GOOGLE EARTH
 Rua Afonso Domingues - ( anterior a 2010) Foto de JOÃO MORGADO publicada no FB - (A "ESCOLA SECUNDÁRIA AFONSO DOMINGUES" ainda em actividade) in FACEBOOK
 Rua Afonso Domingues - (depois de 2010) Foto de JOSÉ LUÍS LOPES publicado no FB - (A escadaria da "ESCOLA SECUNDÁRIA AFONSO RODRIGUES" um pouco degradada) in FACEBOOK
 Rua Afonso Domingues - (depois de 2010) - Foto de JOSÉ LUÍS LOPES publicado no FB - (Portão da entrada do edifício da "ESCOLA SECUNDÁRIA AFONSO DOMINGUES" em MARVILA, já um pouco vandalizada) in FACEBOOK
Rua Afonso Domingues - (depois de 2010) - Foto de JOSÉ LUÍS LOPES publicada no FB - ( A "Escola Secundária Afonso Domingues" depois de 2010) in FACEBOOK

(CONTINUAÇÃO) - RUA AFONSO DOMINGUES [ VII ]

«A ESCOLA SECUNDÁRIA AFONSO DOMINGUES » 

Já com o seu nome alterado para "ESCOLA SECUNDÁRIA AFONSO DOMINGUES", continuou a primar por leccionar cursos de cariz técnico, tendo formado diversos alunos nas áreas da mecânica, desenho Industrial, electrónica, electricidade e mais recentemente informática, que realiza nas suas novas e modernas instalações, com diversas oficinas e laboratórios da especialidade.
Esta ESCOLA situava-se no espaço denominado LISBOA ORIENTAL que englobava as freguesias (antigo S. JOÃO), BEATO, MARVILA e OLIVAIS, estando a unidade escolar instalada na freguesia de MARVILA, confinando com as áreas ribeirinhas de XABREGAS e BEATO, freguesia virada para o RIO, prolonga, no entanto, o seu território escolar, até ao aeroporto e estende-se para sudoeste até atingir o TEJO.

Incluída numa antiga área industrial, encontram-se na sua vizinhança vários testemunhos do património HISTÓRICO-CULTURAL da CIDADE DE LISBOA.

Em 1984, ano em que se comemoraram os cem anos, a "ESCOLA SECUNDÁRIA AFONSO DOMINGUES" pode na verdade dizer, que sempre se caracterizou por realizar, um bom panorama no ENSINO EM PORTUGAL. Preparar trabalhadores qualificados para, ao longo de anos dar acesso a graus superiores de ensino, desde Engenheiros  TécnicosSuperiores até Engenheiros Universitários, procurar ser um instrumento de valorização humana e não meramente tecnocrática, aspecto que foi sempre considerado não menos determinante e decisivo que os outros.

Mas o impensável veio a acontecer. Tinha finalmente à umas décadas para cá, deixado de leccionar em anexos, tinha agora uma ESCOLA construída de raiz, com belíssimos espaços e bem apetrechados, além de se ter ali investido milhares de Euros e, tudo acabava de um dia para o outro. 

A escola foi oficialmente extinta a 23 de Março de 2010, por despacho do SECRETÁRIO DO ESTADO DA EDUCAÇÃO, tendo na altura da sua extinção uma história com 126 anos.

Dizia o jornal "PÚBLICO" em 21 de Julho de 2010, em título; "Escola onde vai passar a terceira ponte sobre o Tejo já não abre portas em Setembro". "Ignorando os avanços e recuos no projecto da alta velocidade e da nova travessia entre BARREIRO e CHELAS, o MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO avança na mesma com o encerramento".

E ainda:"Os portões da ESCOLA SECUNDÁRIA AFONSO DOMINGUES" cujo acrónimo é ( ESAD), (antiga ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES), não voltarão a abrir depois de 31 de Agosto. O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (ME) justifica a urgência na extinção da Escola com o facto de os terrenos onde está instalada, na freguesia de MARVILA, serem necessários para a construção da Terceira Travessia sobre o TEJO, que vai ligar CHELAS ao BARREIRO. Apesar de ter sido adiado o lançamento do concurso e de não se conhecer datas para o início da construção da ponte, a ordem de despejo é irreversível".

Assim a ESCOLA será demolida, pois situa-se no corredor estratégica dos viadutos da nova ponte sobre o Tejo, mas devido à grave crise financeira que Portugal vive desde 2010, a construção da nova ponte foi suspensa e a Escola (edifício) encontra-se nesta altura (2015) a saque, vitima de vandalismo.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) «RUA AFONSO DOMINGUES [VIII] O MUSEU DO AZULEJO ( 1 ).



RUA AFONSO DOMINGUES [ VIII ]

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«O MUSEU NACIONAL DO AZULEJO ( 1 )»
 Rua Afonso Domingues - ( 2015 )  (Entrada principal para o MUSEU NACIONAL DO AZULEJO, no antigo CONVENTO DA MADRE DE DEUS, na RUA DA MADRE DE DEUS no sítio de XABREGAS)  in GOOGLE EARTH
 Rua Afonso Domingues - ( 2011) - Foto de Glória Ishizaka (Sala do restaurante do Museu Nacional do Azulejo. Estão aplicados azulejos que pertenceram a uma cozinha de fumeiro da 2.ª metade do século XIX) in CLICK
 Rua Afonso Domingues - ( 2011) Foto de Glória Ishizaka (Painel de azulejos de padrão Camélias, Lisboa 1640-1650. Faiança policromia preveniente do antigo Convento de Nossa Senhora da Esperança em Lisboa) in CLICK
 Rua Afonso Domingues - (2011) - Foto de Glória Ishizaka  (Cena marítima campestre - LISBOA 2.º quartel do século XVIII. Faiança a azul sobre branco)  in  CLICK 

Rua Afonso Domingues - (3.º quartel do século XVII) (Vaso Florido - Faiança policromia, proveniente do Convento de Nossa Senhora da Esperança em Lisboa, no Museu Nacional do Azulejo)  in REFLEXOS

(CONTINUAÇÃO) - RUA AFONSO DOMINGUES [ VIII ]

«O MUSEU NACIONAL DO AZULEJO ( 1 )»

O «MUSEU NACIONAL DO AZULEJO» é um dos mais importantes museus nacionais, pela sua colecção singular, o AZULEJO, expressão artística diferenciadora da Cultura Portuguesa.
Está instalado na ZONA ORIENTAL DE LISBOA, no antigo CONVENTO DA MADRE DE DEUS, casa da ORDEM DE SANTA CLARA, fundado em 1509 pela rainha D. LEONOR (1458-1525), mulher de D. JOÃO II (1455-1495) e irmã de D. MANUEL I (1469-1521), na RUA DA MADRE DE DEUS, número 4 na zona dXABREGAS.
O espaço antes de ser preenchido pelo MUSEU, (alguns anexos do CONVENTO e da CASA PIA) faziam parte da antiga "ESCOLA INDUSTRIAL AFONSO DOMINGUES"que ali permaneceu durante 58 anos, de 1897 a 1955.


A exposição comemorativa dos 500 anos do NASCIMENTO DA RAINHA D. LEONOR, em 1958, com projecto de montagem do Arquitecto CONCEIÇÃO SILVA (1922-1982), que se atribuiu definitiva função museológica ao edifício.
Por iniciativa do grande estudioso do azulejo que foi o Eng.º JOÃO MIGUEL DOS SANTOS SIMÕES (1907-1972), o núcleo de azulejaria existente no MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA foi  transferido para as dependências do CONVENTO cerca de 1965, abrindo ao público em 1970 o MUSEU DO AZULEJO que, por Decreto.Lei de 1980, se transformou no MUSEU NACIONAL DO AZULEJO.
Entre 1979 e 1983 as instalações do MUSEU expandiram-se pela cedência de espaços tutelados pela CASA PIA DE LISBOA, Instituição de Educação e Benemerência, e foram sujeitas a profundas obras, projectadas pelo Arquitecto FORMOZINHO SANCHES, (1922-2004) permitindo a instalação de novos serviços técnicos, reservas e cafetaria,  bem como salas de exposição permanente que abriram ao público em 1989, segundo projecto museográfico do Arquitecto JOÃO BENTO DE ALMEIDA (1947-1997), actualização prosseguida com a nova recepção e salas de exposição temporária do MUSEU, projectada pela Arquitecta CÉLIA ANICA em 1998 e concluídas em 2003.

A ideia de preservar e tornar público um extenso património em AZULEJOS parece ter presidido à recolha de 72  905 azulejos em finais do século XIX,  aplicados no CONVENTO DA MADRE DE DEUS que nos espaços monumentais, quer nos que ficaram afectos à CASA PIA.
Aos azulejos pertencentes ao edifício do CONVENTO; os painéis Holandeses de WILLEM VON DER KLOET  e  JAN VON OORT, de cerca do ano 1698; na IGREJA; os painéis do segundo quartel do século XVIII; na CAPELA DE SANTO ANTÓNIO, os painéis de cerca de 1746-1747, na SACRISTIA, vieram juntar-se muitos outros, provenientes de locais variados como os dos CONVENTOS; DAS GRILAS, de SANTO ALBERTO, SANT'ANA edo PALÁCIO DO CALHARIZ em LISBOA, aqui reaplicados.
Entre esses contam-se os enxaquetados do século XVI do Claustrim, diversos conjuntos do século XVIII como as composições "con chinoiseries" e as recortadas com cenas de caça na escadaria nobre, os painéis alusivos a S. FRANCISCO DE ASSIS, atribuídos a MANUEL DOS SANTOS, na sala alta de D. MANUEL (hoje sem acesso ao público), e as composições rococó do CAMINHO DA CRUZ, no primeiro andar do claustro. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA AFONSO DOMINGUES [ IX ] O MUSEU NACIONAL DO AZULEJO( 2 )».

RUA AFONSO DOMINGUES [ IX ]

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«O MUSEU NACIONAL DO AZULEJO ( 2 )»
 Rua Afonso Domingues - ( 2009 ) ( No Museu Nacional do Azulejo  "antigo Convento da Madre de Deus", encontra-se em exposição permanente o  painel "GRANDE VISTA DE LISBOA", uma produção de Lisboa entre 1700 e 1725,  painel de azulejos em faiança azul e branca. Pertenceu ao Palácio dos Condes de Tentúgal no Largo de Santiago em Lisboa)  in WIKIPÉDIA
 Rua Afonso Domingues - ( 2011) Foto de Glória Ishizaka   (Silhar Monumental de Escadaria - Lisboa, c. de 1630, faianças a amarelo, azul e manganês sobre branco. Proveniente do Convento de S. Bento da Saúde, Lisboa, actual Assembleia da República) in CLICK 
 Rua Afonso Domingues - (1650) - (Secção de frontal de altar de inspiração indiana representando duas corças e um veado, tendo por trás uma palmeira.  inPORTUGAL VIRTUAL 
Rua Afonso Domingues - (começo de 1600) - Painel de Azulejos de padrão Italo-Flamengo. Talavera de La Reina ou Lisboa. Faiança policroma, de proveniência desconhecida, encontra-se no Museu Nacional do Azulejo em Lisboa. in MUSEU NACIONAL DO AZULEJO


(CONTINUAÇÃO) - RUA AFONSO DOMINGUES [ IX ]

«O MUSEU NACIONAL DO AZULEJO ( 2 )»

A colecção que viria a ser o fundo principal do «MUSEU NACIONAL DO AZULEJO», organizado entre 1965 e 1970, foi reunida no "MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA" e parcialmente integrada na SECÇÃO DE CERÂMICA da exposição permanente.
Peças tão importantes como a «GRANDE VISTA DE LISBOA» (c. de 1700) ou o conjunto de painéis com a "HISTÓRIA DA CHAPELARIA" de António Joaquim Carneiro (c. 1800).
O painel representando a «GRANDE VISTA DE LISBOA»  é, em absoluto um objecto singular. Logo pela sua dimensão, com 172 fiadas de 8 azulejos de altura, num total de 1376 placas cerâmicas com pintura em faiança azul e branca, e que se desenvolve, tal como o conhecemos na actualidade, por cerca de 23 metros de comprimento.
Depois, pela sua riqueza iconográfica, documento essencial e muito vivo, de LISBOA anterior ao TERRAMOTO que a destruiu em 1755, explanando uma imensa imagem panorâmica da capital e dos seus arrabaldes, entre o palácio dos "CONDES DEMIRANDA", o lugar mais a Ocidente, e o "CONVENTO DE SANTA MARIA DE JESUS"ou da "MADRE DE DEUS" de XABREGAS, o mais a Oriente.
Finalmente pelo vigor expressivo da imagem, com pintura muito imediata e por vezes ingénua, e pelo modo expedito como o pintor resolveu a  continuidade harmoniosa da representação de uma realidade fragmentada pela necessária mudança de pontos de observação monumental a representar.
O painel pertenceu ao antigo Palácio dos "CONDES DE TENTÚGAL"no "LARGO DE SANTIAGO", em LISBOA, a sua venda foi divulgada no DIÁRIO DO GOVERNO de 11 de Abril de 1843, e a aquisição feita muito depois pelo "MARQUÊS DE SOUSA HOLSTEIN" (1838-1878) para a"REAL ACADEMIA DE BELAS-ARTES E ARQUEOLOGIA" instalado no Palácio ALVOR em LISBOA, actual MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA, onde esteve exposto desde 1903 na entrada principal do MUSEU, com vista panorâmica ininterrupta.
Desconhece-se contudo a localização exacta e a forma de aplicação deste imenso painel no Palácio dos "CONDES DE TENTÚGAL", residência nobre na colina do CASTELO DESÃO JORGE e com vista para o TEJO.
O Terramoto de 1755 destruiu o núcleo de LISBOA cuja memória nos é restituída neste painel único de azulejos e com ele muitas outras memórias que, mesmo sem desastres, vão desaparecendo: as pessoas e as suas rotinas, os barcos e os seus movimentos no RIO, a configuração efémera das águas, das terras e das nuvens. Fica-nos também a memória do gosto de um homem que, com discretos sinais de afecto, registou em imagem os lugares de referência para a vida e a cultura colectiva de PORTUGAL e de uma sociedade, que com essas imagens guarnecem os espaços nobres do quotidiano na CAPITAL DO REINO, em tempos decorando o PALÁCIO DOS CONDES DE TENTÚGAL e hoje conservado no "MUSEU NACIONAL DO AZULEJO", por coincidência ou não, instalado no antigo "CONVENTO DA MADRE DE DEUS", representado no painel como o mais a Oriente nesta magnifica vista de LISBOA. [ FINAL ].

BIBLIOGRAFIA

- ARAÚJO, Norberto de , - Peregrinações em Lisboa . Vega - 1993 - LISBOA.
- DICIONÁRIO ILUSTRADO DA HISTÓRIA DE PORTUGAL - Pub. ALFA - 1985 - LISBOA
- LISBOA ANTES DO TERRAMOTO - Grande vista da cidade, entre 1700-1725-Introdução de PAULO HENRIQUES - Editorial Gótica - 2004 - LISBOA.
- ROTEIRO DO MUSEU DO AZULEJO - Instituto Português de Museus/Edições ASA-2003 - LISBOA.
- TESOUROS ARTÍSTICOS DE PORTUGAL-Selecções do Reader's Digest-1976- LISBOA.
- TOPONÍMIA DE LISBOA - Direcção Municipal dos Serviços - Departamento de Serviços Gerais -  Divisão de Alvarás, Escrivania e Toponímia - 2008 - LISBOA.

INTERNET

- CANTO DA TERRA
- MOSTEIRO DA BATALHA
-PÚBLICO (Jornal)
- RESTOS DE COLECÇÃO
- TINTA FRESCA
- WIKIPÉDIA

(PRÓXIMO)«VILA FLAMIANO [ I ]-HABITAÇÕES OPERÁRIAS da "COMP. DO FABRICO DE ALGODÃO DE XABREGAS" ( 1 )«

VILA FLAMIANO [ I ]

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«HABITAÇÕES OPERÁRIAS-( 1 )»
 Vila Flamiano (1856-1858) Filipe Folque (Planta Nº. 23 do Atlas da Carta Topográfica de LISBOA, podemos observar que nesta altura ainda não existia a "VILA FLAMIANO", mas já existia o "LARGO MARQUÊS DE NISA" por onde se faria a sua entrada para a VILA)  inATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA
 Vila Flamiano - (2006) - (Panorama de XABREGAS com incidência na "VILA FLAMIANO", podemos ver que tinham demolido recentemente a "Fábrica ÂNCORA" e ainda não tinha acontecido o incêndio no armazém da "RUA BISPO DE COCHIM D. JOSEPH KUREETHARA" in GOOGLE EARTH
 Vila Flamiano - (2007)  -  (Panorama do sítio de XABREGAS onde podemos ver inserida a "VILA FLAMIANO" e uma zona Industrial envolvente) in GOOGLE EARTH
 Vila Flamiano - (1986) Foto de APS - (Um pormenor da "VILA FLAMIANO" a casa onde cresci, meu pai estava viúvo há dois anos. Esta foi uma das minhas visitas à VILA)  in  ARQUIVO/APS
 Vila Flamiano - (1986) - Foto de APS - ( Aspecto da "VILA FLAMIANO" edificada entre 1887 e 1888 para a "Companhia do Fabrico de Algodões de Xabregas" destinada aos seus trabalhadores mais classificados: Mestres e Contra mestres)  in ARQUIVO/APS
 Vila Flamiano - (1997) Foto de Dulce Fernandes (A VILA FLAMIANO depois da intervenção nos arruamentos e arborização das Ruas)  inCAMINHO DO ORIENTE- GUIA DO OLHAR
Vila Flamiano - (2005) Foto de APS - (A "VILA FLAMIANO" com seu aspecto de organização, nesta altura ainda se mantinha a corrente para não permitir a entrada de carros para estacionar)  in  ARQUIVO/APS

VILA FLAMIANO [ I ]

«HABITAÇÕES OPERÁRIAS DA "COMPANHIA DO FABRICO DE ALGODÃO DE XABREGAS" ( 1 )»

A «VILA FLAMIANO» pertence à freguesia do «BEATO», fica no sítio de XABREGAS, na "ZONA ORIENTAL DE LISBOA".

A «COMPANHIA DO FABRICO DE ALGODÃO DE XABREGAS» foi uma das primeiras empresas portuguesas a construir casas para os seus operários, numa época em que era inexistente uma política governamental de habitação social.
A «VILA FLAMIANO» constitui um dos exemplos da habitação operária mais conhecido de LISBOA e é automaticamente associado à empresa fundadora. No entanto, esta construção de 1887-1988 pertence a um último período das edificações para operários, fomentada pela "FÁBRICA DA SAMARITANA".
O "INQUÉRITO INDUSTRIAL" de 1881, referencia a existência de três prédios para habitação dos operários com cinquenta e um quartos, sendo o último prédio mandado construir expressamente para esse fim. Na tradição oral persistiu a toponímia do "PÁTIO DO BLACK", tratando-se também de um conjunto de habitações para trabalhadores da mesma fábrica, mais concretamente para os fiscais. O nome atribuído a este pátio relaciona-se com um dos engenheiros fundadores da Empresa, o inglês "ALEXANDRE BLACK".

Data de 1887, o projecto da «VILA FLAMIANO» entregue à CÂMARA MUNICIPAL de LISBOA, a pedido da"COMPANHIA DO FABRICO DE ALGODÃO DE XABREGAS". Este plano foi inovador para a época devido aos cuidados apresentados com as infra-estruturas de saneamento, aspecto geralmente descurado em outras VILAS e BAIRROS. Assim, um requerimento de 27 de Outubro, submetido ao "CONSELHO DE SAÚDE E HIGIENE PÚBLICA", pede para "construir dois tipos de propriedades nos terrenos anexos à fábrica situada na freguesia do BEATO com a condição de que as pias e latrinas sejam colocadas pelo lado externo das propriedades, que no solo sobre o qual se levantará  a construção se torne impermeável pelo asfalto ou betão e que sob o pavimento do andar se faça uma caixa de ar".
A nova área residencial da unidade industrial têxtil ocupava um total de  4 040 metros quadrados, sendo 1 080 m2 para as construções e 2 960 m2 para os logradouros e RUAS.
O espaço central entre as duas correntezas apresentará 14 metros de largura, estando prevista implantação de árvores.

O projecto do bairro é da autoria do "ENGENHEIRO ANTÓNIO TEIXEIRA JÚDICE", tendo a empreitada sido adjudicada ao construtor "ANTÓNIO MACHADO DE FARIA E MAIA".
A área de instalação das novas habitações situava-se nos terrenos da fábrica e próximo desta.
O novo "BAIRRO OPERÁRIO" compunha-se de dois conjuntos de prédios. com dois pisos, identificados na planta por Tipo Nº. 1 e Tipo Nº. 2. As diferenças entre esta tipologia residem no seu interior, compondo-se o TipoNº. 2 de um maior número de assoalhadas, variando de acordo com o agregado familiar. O número de quartos oscilava entre dois, três e quatro.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«VILA FLAMIANO [ II ] HABITAÇÕES OPERÁRIAS DA COMPANHIA DO FABRICO DE ALGODÃO DE XABREGAS-(2)»

VILA FLAMIANO [ II ]

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«HABITAÇÕES OPERÁRIAS ( 2 )»
 
Vila Flamiano - ( 2011) Foto de APS - (A chamada RUA DO MEIO da "VILA FLAMIANO" já com as árvores num tamanho maior e carros em cima do empedrado)  in ARQUIVO/APS
 Vila Flamiano - (2009) - (Na "VILA FLAMIANO" a chamada "Rua do Sol" vista da "RUA GALDIM PAIS. No local onde está a sair um triciclo motorizado é uma das entradas da Vila parte Norte, existia um formoso portão em ferro forjado, no lado direito ao fundo o Viaduto de Xabregas) - in GOOGLE EARTH 
 Vila Flamiano - ( 2005 ) - Foto de APS - (A "VILA FLAMIANO" no primeiro andar "pintadinho de branco" habitou com seus pais, o meu amigo "HÉLIO N. VIEIRA" e por baixo na casa com anexo, viveu os pais da "Cibele") inARQUIVO/APS
 Vila Flamiano - (1997) Foto de António Sachetti - (Planta AEROFOTOGRAMÉTRICA 4/7 Escala: 1:2000. Maio de 1963,  actualizada em 1987. A área cor rosa representa o espaço onde está inserida a  VILA FLAMIANO)  inCAMINHO DO ORIENTE - GUIA INDUSTRIAL
 Vila Flamiano - (anterior a 1984) Foto de APS ( Numa das minhas visitas à "VILA FLAMIANO" tirei uma foto a minha mãe, apanhando a roupa no novo estendal, junto das janelas) in ARQUIVO/APS
 Vila Flamiano - (1967) Foto de João H. Goulart - (O prédio da "Padaria" do senhor "RIBEIRO" e a entrada em arco abatido para a "VILA FLAMIANO" - Já desaparecido - no "LARGO MARQUÊS DE NISA. No primeiro andar do prédio, nos anos 60 do século passado, era habitado por familiares do Farmacêutico "PINTO")  in AML 
VILA FLAMIANO - (1887-88) Foto de António Sachetti - (Planta alçado e corte da "Vila Flamiano" no Arquivo de Obras da C.M.L.. Podemos ainda observar na planta que a "RUA GUALDIM PAIS" não existia , estava só projectada e a demolição do prédio que vai rasgar o "LARGO MARQUÊS DE NISA", para dar continuação à Rua. A entrada do "BECO DA HORTA DAS CANAS" fazia-se junto do "ASILO MARIA PIA") in CAMINHO DO ORIENTE - PATRIMÓNIO INDUSTRIAL

(CONTINUAÇÃO) - VILA FLAMIANO [ II ]

«HABITAÇÕES OPERÁRIAS DA COMP. DO FABRICO DE ALGODÃO DE XABREGAS ( 2 )»

Exteriormente as soluções encontradas para a uniformização das diferentes assoalhadas prendem-se com a utilização repetida de elementos funcionais como as janelas e as portas.
O edifício TIPO Nº.1, no rés-do-chão, alterna uma janela com uma porta e o TIPO Nº 2, duas janelas com uma porta.
Em relação ao piso superior a fenestração marca o ritmo da construção. A solução encontrada poderá ser multiplicada infinitamente sem muitos custos, visto que a repetição é feita através de elementos funcionais e não pelas aplicações de motivos decorativos, como o tijolo, o ferro forjado ou apontamentos azulejados. 
Os materiais da VILA limitaram-se à cal, à areia, ao cimento, aos tubos de grés, à madeira de Casquinha e à telha tipo de MARSELHA.
Esta VILA reúne duas características da habitação operária que, na maioria das vezes, se encontram individualizadas.
Por um lado, organiza-se fora da circulação viária (como era uso na época).
Por outro lado, a organização interna das habitações desenvolvia um sistema de pátio e de comunicação que permitia à vizinhança a coabitação social, características inerentes a alguns dos bairros para operários. 

Quando em 1931, a VILA era já propriedade da "SOCIEDADE TÊXTIL DO SUL" reconstruiu-se o muro da delimitação do BAIRRO de acordo com as seguintes características: "a parte da "VILA FLAMIANO" com uma cortina de pouca altura e gradeamento de ferro, ficando nesta um portão de ferro em pilares de tijolo, para serventia da VILA, mais amplo do que o existente".
Esta intervenção de delimitar a «VILA FLAMIANO» a poente, prende-se com a abertura da "RUA GUALDIM PAIS" em terrenos da "QUINTA DA AMOROSA" e pelo Edital de 19 de Junho de 1993, que se constituirá a entrada natural ( ou saída) para o "VALE DE CHELAS".

A inauguração do conjunto habitacional ocorreu no dia 22 de Outubro de 1888, e o seu nome deveu-se a um dos fundadores da Companhia. No discurso inaugural, desta VILA de cariz particular, refere-se um dos seus dirigentes: "o modesto bairro operário (...) foi construído não só com o fim de satisfazer a uma necessidade da Companhia que administramos, como também, e talvez muito particularmente, para satisfazer a não menos imperiosa necessidade de fornecer  habitação barata, confortável e higiénica aos que tem por única fortuna o produto do seu trabalho quotidiano" (Catálogo da Exposição... 1889).

Na inauguração da "VILA FLAMIANO" outro convidado, um jornalista do "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"discursava e enaltecia o facto de tão meritório empreendimento.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«VILA FLAMIANO [ III ] -HABITAÇÕES OPERÁRIAS ( 3 )»

VILA FLAMIANO [ III ]

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«HABITAÇÕES OPERÁRIAS ( 3 )»
 Vila Flamiano - ( 2005 ) Foto de APS - (A "VILA FLAMIANO" a chamada "RUA DO MEIO" a mais larga (14 metros de Largura), no seu aspecto sereno. Em tempos idos existia mais movimento de pessoas e menos carros) inARQUIVO/APS
 Vila Flamiano - ( 2011) - Foto de APS - ( A chamada "RUA DO MEIO" da "VILA FLAMIANO", parte de direita vista de Norte para Sul)  in ARQUIVO/APS
 Vila Flamiano - ( 2005 ) Foto de APS - (Antiga "FABRICA SAMARITANA" de 1857, ou "COMPANHIA DO FABRICO DE ALGODÃO DE XABREGAS", que nos seus terrenos  mandou construir a "VILA FLAMIANO", para dar uma residência mais condigna aos seus empregados) in ARQUIVO/APS
 Vila Flamiano - (1998) Foto de António Sachetti - (Aspecto da "VILA FLAMIANO" após uma intervenção nos arruamentos e ordenação de estacionamento) in CAMINHO DO ORIENTE
 Vila Flamiano - (1954) - Foto de Fernando Martinez Pozal - (O "CHAFARIZ DO LARGO DE XABREGAS" que abastecia principalmente os moradores da "VILA FLAMIANO" até finais dos anos 50 do século XX) in AML 
 Vila Flamiano - (anos 60 do séc. XX) - (Um aspecto tipicamente característico das nossas Vilas Operárias nesta época. Os estendais embandeiram de cor a chamada "RUA DO MEIO" da "VILA FLAMIANO". Creio que nesta ocasião já existia o chafariz no interior Norte da Vila) In  PELAS FREGUESIAS DE LISBOA - CML 
Vila Flamiano - (anos 60 do séc. XX) (Um aspecto da "VILA FLAMIANO" a "RUA DO MEIO" do lado esquerdo para Norte. Podemos ainda ver a quantidade de tanques para lavar a roupa que existiam na Vila) in   JUNTA DE FREGUESIA DO BEATO


(CONTINUAÇÃO) - VILA FLAMIANO [ III ]

«HABITAÇÕES OPERÁRIAS DA "COMPANHIA DO FABRICO DE ALGODÃO DE XABREGAS ( 3 )»

Ainda dos discursos: dizia um dos convidados, jornalista do DIÁRIO DE NOTÍCIAS, a certa altura: Enche-nos de alvoroço e de satisfação o convite que acabamos de receber dos nossos amigos e senhores "JOAQUIM MOREIRA MARQUES" e "C. A. MUNRO", directores da importante "FÁBRICA DE ALGODÕES DE XABREGAS", estabelecimento fabril sempre em continuado progresso e que, de certo modo, não descura alguns dos assuntos que podem interessar ao bem estar dos seus operários.
A "COMPANHIA" acaba de construir no vasto recinto das suas instalações, habitações singelas e limpas para morada cómoda e económica dos seus operários e vai inaugurá-las hoje, 22, pelas 13 horas. Inauguração de todo o ponto simpática e para a qual nos fez a honra de convidar esta redacção.  Tencionamos assistir e contar aos nossos leitores. A importância cultural e económica do facto de se construir junto das fábricas casas para habitação dos operários é de larguíssimo alcance, que pode ser indicado em grande número de considerações positivas.
Já a "FÁBRICA DE FIAÇÃO E TECIDOS LISBONENSE" fez construir em tempos, uma série de casas singelas e de renda relativamente económica que muito facilitava o viver da família dos operários honestos e morigerados. Não distante dela há outra importante fábrica, e porventura muitas outras existirão, que obedece a iguais impulsos de bom critério, benevolência para com os que trabalham e de conveniência das próprias instituições fabris e manufactoras, pois todas essas criações tendem a moralizar o operário, incentivar nela o amor da solidariedade com os interesses legítimos das industrias, modificando em certo grau a indiferença e egoísmo dos patrões pela sorte dos seus operários cooperadores.
Que esta benéfica corrente prossiga e que o nobre exemplo da "COMPANHIA DAFÁBRICA DO FABRICO DE ALGODÃO DE XABREGAS" seja seguido por outras empresas fabris manufactoras, que  não podem nem devem conservar-se indiferentes à melhor sorte dos seus operários - eis o nosso voto. São estes e muitos outros os modos práticos, inteligentes e de bom critério com que se podem modificar um pouco os rigores de que se queixam as colectividades operárias e os partidos denominados socialistas.
No dia em que se possa proporcionar aos operários uma casa asseada, cómoda, económica, com bom ar, boa luz, e a limpeza que a boa higiene  não dispensa, ter-se-à aberto para ele com mais atractivo e menos consumições o lar da família em que ele possa estar naturalmente satisfeito nas poucas horas de ócio que lhe restam dos trabalhos da fábrica ou oficina, com a sua família sem ter diante de si o quadro repelente da miséria, da imundice e das exalações de um ambiente menos viciado sem ar e sem luz e cheio de elementos repelentes ou antipáticos que o façam buscar distracções nocivas na taberna, no bordel e nas más companhias.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«VILA FLAMIANO [ IV ]-DIÁRIO DE NOTÍCIAS DE 22.10.1888»

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