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Channel: RUAS DE LISBOA COM ALGUMA HISTÓRIA
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RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO [ I ]

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«A RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO ( 1 )»
 Rua Luís Pastor de Macedo - ( 2014) (A "RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO" inserida na urbanização dos terrenos da antiga "Tobis Portuguesa")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Luís Pastor de Macedo - ( 2007 ) - (Vista Panorâmica da "QUINTA DAS CONCHAS" e a urbanização dos terrenos da "TOBIS PORTUGUESA", onde se insere a "RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO") inGOOGLE EARTH
 Rua Luís Pastor de Macedo - ( 2014 ) - (A RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO" no sentido Nascente, vendo-se no seu lado esquerdo o Estúdio da antiga "TOBIS PORTUGUESA") in GOOGLE EARTH
Rua Luís Pastor de Macedo - (2014) - (Entrada Norte para a "RUA LUÍS DE MACEDO", vindo da "RUA SILVA TAVARES") inGOOGLE EARTH

RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO [ I ]

«A RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO ( 1 )»

A «RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO» pertence *a freguesia do «LUMIAR». Tem início na "RUA SILVA TAVARES" existindo também uma Entrada/Saída pela "AVENIDA MARIA HELENA VIEIRA DA SILVA" e finaliza novamente na "RUA SILVA TAVARES". Tem no seu lado esquerdo a "RUA TOBIS PORTUGUESA" que lhe é convergente.

Em reunião numa das salas dos Paços do Concelho foi registado na Acta Nº.105 de 26 de Janeiro de 1972 ( 1 ), o pedido feito por Sua Exª. o Presidente sobre a consagração do nome de "LUÍS PASTOR DE MACEDO" na Toponímia de Lisboa. A Comissão foi de parecer que a "RUA-A" do plano de urbanização dos terrenos da TOBIS PORTUGUESA, na QUINTA DAS CONCHAS, incluindo o troço da "RUA-B" que lhe fica paralelo, se denomine - RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO - OLISIPÓGRAFO- (1901-1971).

"LUÍS PASTOR DE MACEDO" nasceu na antiga freguesia da "MADALENA" hoje "SANTAMARIA MAIOR" a 23 de Fevereiro de 1901 e faleceu em 13 de Novembro de 1971.
PASTOR DE MACEDO, de ascendência espanhola, pertencia a uma família de comerciantes. Aliás, a conhecida e velha "CASA DOS PANOS", da"RUA DOS FANQUEIROS", provavelmente continua na posse de familiares seus.
Não foi a comerciar que veio a distinguir-se: desde muito cedo se dedicou a saber quanto pudesse sobre a sua cidade. Ia anotando todos os seus estudos as suas leituras e investigações em pequenos rectângulos de papel, que cortava à medida, aproveitando cadernos, papel almaço, cartolinas, sobretudo folhas quadriculadas, que serviam possivelmente para as contas.
Eram as suas fichas e encheu, durante a vida, muitos milhares delas. De certa forma, este ficheiro foi a obra da sua existência. Afinal, foi destes apontamentos, tirados em todas as circunstâncias, recolhidas na mais vetusta biblioteca ou na pressa de uma anotação obtida em plena rua, que proveio não só a obra vasta que nos deixou, como muitos trabalhos feitos por outros, especialmente sobre a TOPONÍMIA DE LISBOA.
O ficheiro existe: cuidadosamente conservado por familiares do Olisipógrafo, veio a ser entregue ao GABINETE DE ESTUDOS OLISIPONENSES, onde está praticamente quase todo informatizado.
O contacto com milhares de verbetes - enchem as gavetas de dois móveis amplos - é impressionante, quase comovente; o número e a qualidade das informações recolhidas pelo Mestre, é revelador de uma curiosidade insaciável, ligada a um amor muito grande.
O resultado desse trabalho de uma vida ficou expressa em livros e escritos dispersos; salientem-se os estudos sobre a "RUA DAS PEDRAS NEGRAS", o antigo"TERREIRO DO TRIGO", a"BAIXA POMBALINA", a "RUA DAS CANASTRAS", a primeira "RUA DA IMPRENSA", a"IGREJA DA MADALENA", a casa onde nasceu o jornalista e estadista "ANTÓNIO ENES".

( 1 ) - ACTAS - 1943/1974 - COMISSÃO MUNICIPAL DE TOPONÍMIA DE LISBOA - CML - 2000 - LISBOA.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO [ II ]A RUA PASTOR DE MACEDO ( 2 )».

O 1º DE DEZEMBRO

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«O 1º DE DEZEMBRO DE 2014»
 Associando-me mais uma vez ao "MOVIMENTO 1º DE DEZEMBRO" quero deixar aqui o meu inconformismo, pela perda do "FERIADO", representativo das comemorações do 1º DE DEZEMBRO (dia que assinala a data da RESTAURAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA DEPORTUGAL)"apagado" da nossa história, pela LEI Nº 23/2012.

 BRASÃO DE ARMAS DE PORTUGAL
Aclamação de D. João IV (1604-1656) de PORTUGAL, foi o 21º REI DE PORTUGAL, e o primeiro da quarta "DINASTIA DE BRAGANÇA". (Pintura de COLUMBANO BORDALOPINHEIRO no  MUSEU MILITAR DE LISBOA)   in WIKIPÉDIA

UM POUCO DE HISTÓRIA

No dia 1 de Dezembro de 1640, terminava o período de 60 anos em que o REINO DEPORTUGAL, foi governado pela dinastia de origem austríaca dos "HABSBURGO( 1 ), com o fim do reinado de FILIPE III (conhecido como "FILIPE IV" em ESPANHA).

Na realidade a dinastia do ramo hispânico dos "HABSBURGO", ficou em PORTUGAL conhecida como "FILIPINA" por todos os monarcas se chamarem "FILIPE" (AVÔ - FILHO e NETO - Reinantes -I - II - III).

Esta monarquia dos "HABSBURGO" controlava inúmeros ESTADOS, todos eles separados entre si e independentes;  PORTUGAL não era diferente da CATALUNHA, da FLANDRES, de CASTELA, de NAVARRA, de NÁPOLES ou de VALÊNCIA.
Provavelmente a monarquia dos "HABSBURGO", mais se parecia (salvo-seja!), como uma "UNIÃO EUROPEIA" .

Quando em 1640 os nobres portugueses, muito deles desiludidos com o não cumprimento das promessas dos monarcas, decidem revoltar-se, embora a decisão tomada não fosse original.
Na verdade, nesse mesmo ano de 1640, durante o VERÃO, um outro país da península IBÉRICA, a CATALUNHA, decidiu revoltar-se contra exactamente o mesmo estado de coisas e expulsar a "família" real dos "HABSBURGO". 

A monarquia hispânica estava envolvida na chamada "GUERRA DOS TRINTAANOS(1618-1648) e não tinha, na altura, meios suficientes para esmagar a revolta na CATALUNHA, muito menos, para debelar a revolta em PORTUGAL. [Extracto de ÁREAMILITAR].

( 1 ) - HABSBURGO - ( Casa de ), antiga família da ALEMANHA, oriunda da SUÁBIA. Conquistou com ALBERTO "O RICO" (1153) territórios consideráveis entre a SUÍÇA e a ALSÁCIA e subiu ao trono IMPERIAL como "RODOLFO DE HABSBURGO", cujos descendentes possuíam ainda a BOÉMIA, a HUNGRIA, a ESPANHA, os domínios austríacos os PAÍSES BAIXOS, uma parte de ITÁLIA, e o Novo Mundo.


(PRÓXIMO)«RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO [ II ]-A RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO(2)»

RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO [ II ]

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«LUÍS PASTOR DE MACEDO ( 2 )»
 Rua Luís Pastor de Macedo - (2014) (Entrada e saída Sul da "RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO" de para a "AVENIDA MARIA HELENA VIEIRA DA SILVA")  in   GOOGLE EARTH 
 Rua Luís Pastor de Macedo - ( 2014 ) (Um troço da "RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO" no sentido Poente,passando na parte de baixo dos edifícios por um túnel construído para o efeito)  in  GOOGLE EARTH
 Rua Luís Pastor de Macedo - (2014) (Um troço da "RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO" no sentido de Norte para Sul)  in   GOOGLE EARTH
Rua Luís Pastor de Macedo - (2014) ( A "RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO" no sentido Sul, Zona da antiga "RUA-B" da Urbanização dos Terrenos da "Tobis Portuguesa", a caminho da saída pela "RUA SILVA TAVARES")  in  GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO) - RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO [ II ]

«LUÍS PASTOR DE MACEDO ( 2 )»

«LUÍS PASTOR DE MACEDO» em colaboração com "NORBERTO DE ARAÚJO", escreveu também uma obra hoje indispensável, sobre "AS CASAS DA CÂMARA DE LISBOA". E com "MATOS SEQUEIRA" elaborou um livro de deliciosos apontamentos soltos sobre vários aspectos da cidade alfacinha, intitulado "A NOSSA LISBOA".
"LISBOA DE LÉS A LÉS"é, sem dúvida alguma, a mais conhecida e consultada das obras de "PASTOR DE MACEDO" será, porém o mais vasto e completo trabalho feito até hoje sobre a toponímia ( e não só...) da cidade de LISBOA. Deu-se o caso de terem sido publicados alguns volumes póstumo intitulados "RUA DE LISBOA", resultante dos apontamentos de outro olisipógrafo, "GOMES DE BRITO".  Lendo-os MACEDO, não resistiu: havia muita coisa que era necessário completar, muita outra que era preciso corrigir, alguma em que ele podia inovar.
Saíram cinco volumes até 1943, em que o autor revela por completo a sua faceta de insaciável estudioso, no que diz respeito à  toponímia.
Temo-lo caracterizado ( e o Mestre, do Além, perdoará a irreverencia) como o maior "BISBILHOTEIRO" da história da CIDADE DE LISBOA. Na verdade, qualquer consulta à cerca de uma RUA acaba por proporcionar ao leitor uma informação exaustiva sobre os seus moradores, com indicações de filiação e ascendência de cada habitante.

Ao tratar a "RUA DOS BACALHOEIROS" (que já nos referimos neste blogue em 07.01.2008), como exemplo,  por se tratar de uma artéria que outrora fora habitada por "confeiteiros", dedica 150 páginas, à história dos doces e seus fabricantes nesta cidade... Pensamos que nada ficou por dizer sobre esse tema.

Mas não foi "LUÍS PASTOR DE MACEDO" apenas um investigador e escritor, o que já seria muito.
Tendo começado como Comissário do GOVERNO junto do "TEATRO NACIONAL D. MARIA II", veio a ser nomeado vereador da CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA (1932 - 1933), Vice-Presidente e Presidente substituto da Edilidade de 1947 a 1959.  Foi o criador do pelouro dos SERVIÇOS CULTURAIS DA CÂMARA MUNICIPAL DE  LISBOA.  Deputado à ASSEMBLEIA NACIONAL (IV Legislatura) e PROCURADOR à CÂMARA COOPERATIVA, em representação das actividades não diferenciadas (armazenistas e retalhistas).
Aproveitando essas qualidades, teve papel fundamental nas "FESTAS DE LISBOA", nomeadamente as de 1934 - ano em que apareceram as Marchas representando os BAIRROS - e de 1935, que se revestiram de excepcional brilho.

(CONTINUA)-(PRÓXIMA)«RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO [ III ]-LUÍS PASTOR DE MACEDO ( 3)»

RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO [ III ]

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LUÍS PASTOR DE MACEDO ( 3 )
 Rua Luís Pastor de Macedo - (2014) (Vista da "RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO" para Poente, encontrando-se no lado direito parte do antigo edifício "Estúdio" da Tobis Portuguesa e a paragem do "METRO" da Quinta das Conchas) in  GOOGLE EARTH
 Rua Luís Pastor de Macedo - (2014)  (A "RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO" no sentido Norte, ao lado esquerdo como referência os "Estúdios" da antiga Tobis Portuguesa) inGOOGLE EARTH
 Rua Luís Pastor de Macedo - (2014) - (Um troço da "RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO" no sentido Sul, na sua esquerda uma ligação à "RUA TOBIS PORTUGUESA") in GOOGLE EARTH
Rua Luís Pastor de Macedo - (1960) (Uma das obras de "LUÍS PASTOR DE MACEDO", "LISBOA DE LÉS A LÉS", subsídios para a história das vias públicas da cidade , Volume II, 2ª Edição -uma reedição das Publicações Culturais da CML-, que nos congratulamos, sendo este livro uma referência para a maioria dos olisipógrafos).   in   ARQUIVO/APS 

(CONTINUAÇÃO) - RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO [ III ]

«LUÍS PASTOR DE MACEDO ( 3 )»

"LUÍS PASTOR DE MACEDO", foi ainda um grande impulsionador da representação de LISBOA nas FESTAS dos anos 1940, ano em que foram comemorados o duplo CENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA NACIONAL ( 1140 - 1640 ) e da RESTAURAÇÃO em que o primeiro CORTEJO HISTÓRICO foi organizado por "LEITÃO DE BARROS".
Quanto à EXPOSIÇÃO DO MUNDO PORTUGUÊS será a coroa de glória das opções assumidas e definidas da "POLÍTICA DO ESPÍRITO"de ANTÓNIO FERRO, em 1940 constituía o  "ano das grandes realizações espirituais e materiais do Estado Novo".
Deste modo. o governo de SALAZAR pretendia associar a grandiosa manifestação NACIONAL, - que então se erguia na antiga "PRAÇA DO IMPÉRIO" na zona de BELÉM - e essas datas decisivas da HISTÓRIA DE PORTUGAL, procurando uma legitimação absoluta da sua política, para o País.

"LUÍS PASTOR DE MACEDO" exerceu vários cargos, nos quais teve ocasião de tornar mais agradável a sua cidade, investigou, estudou e escreveu sobre LISBOA, vivendo-a intensamente durante os seus anos de vida.
Pertenceu este alfacinha à geração de ouro dos olisipógrafos, teve oportunidade de, já adulto, conviver com os últimos tempos de PINTO DE CARVALHO, o célebre cronista TINOP; apanhou ainda em pleno vigor o Engenheiro VIEIRA DA SILVA, cabouqueiro ilustre da história da cidade; foi companheiro de várias iniciativas, no campo literário e  no terreno do polifacetado GUSTAVO DE MATOS SEQUEIRA; mantinha com NORBERTO DE ARAÚJO a relação de respeito e amizade que une aqueles que lutam pela mesma dama, com ele colaborando pelo menos numa das suas obras mais conhecidas; entusiasmou também LEITÃO DE BARROS, pondo o talento criador deste ao serviço das festas de LISBOA.
Desta plêiade de gente talentosa - à qual seria necessário juntar outros nomes - veio a resultar o "GRUPO AMIGOS DE LISBOA", nascido em 1936 e ainda hoje rijo, defensor e propagandistas da "CAUSA ALFACINHA".
"LUÍS PASTOR DE MACEDO" faleceu aos 70 anos, LISBOA tinha-o agraciado com a sua medalha de ouro um ano antes.
Certamente será lembrado não só pela CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA como o já referido "GABINETE DE ESTUDOS OLISIPONENSES", herdeiro do seu ficheiro - os "AMIGOS DE LISBOA", do qual foi co-fundador e o seu primeiro secretário-geral, irão lembrá-lo, estudá-lo, tirar proveito da sua obra.
É preciso tentar ser tão saudavelmente "BISBILHOTEIRO" como o mestre "LUÍS PASTORDE MACEDO", nesta arte de saber...

ALGUMAS BIBLIOGRAFIAS E ESTUDOS DE "LUÍS PASTOR DE MACEDO":
- A IGREJA DE SANTA MARIA MADALENA DE LISBOA (1930).
- A "RUA DAS PEDRAS NEGRAS", LISBOA (1932).
- O ANTIGO TERREIRO DO TRIGO, LISBOA (1932).
- LISBOA DE OUTRORA (1938) (em colaboração).
- A BAIXA POMBALINA, LISBOA (1938).
- A RUA DAS CANASTRAS, (1939).
- UM ARTISTA, UMA RUA E UMA FREGUESIA, LISBOA (1940).
- LISBOA DE LÉS A LÉS (5 Volumes) (1940/1943).
- A MOURARIA, O ARCO E A PACIÊNCIA DOS LISBOETAS,(1945) in Olisipo Vol. VIII Nº 30.
- ASCENDENTES DE CAMILO (1947).
- CASAS DA CÂMARA DE LISBOA (1951) em colaboração com NORBERTO DE ARAÚJO.
- HISTÓRIA DE UMA HORTA NO ARRABALDE DOS MOUROS (1963) in BOLETIM CULTURAL, JUNTA DISTRITAL DE LISBOA, Nº 59-60, LISBOA.


(PRÓXIMO) - ÍNDICE DE ARTÉRIAS EDITADAS EM 2014 - 

ÍNDICE DE ARTÉRIAS EDITADAS EM 2014

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«ÍNDICE DE RUAS EM 2014»

 AVENIDA - LARGOS  -  RUAS  E TERREIRO



POR FREGUESIAS

ÍNDICE DE AVENIDA, LARGOS, RUAS E TERREIRO TRATADOS NESTE BLOGUE DURANTE O ANO DE 2014.

O ÍNDICE ESTÁ REPRESENTADO POR ORDEM ALFABÉTICA POR ARTÉRIAS E FREGUESIAS.

FORAM RETRATADAS ESTE ANO: 1 AVENIDA;  19 LARGOS; 59 RUAS e 17 TERREIRO, NUM TOTAL DE96 PUBLICAÇÕES REFERENTE A ARTÉRIAS DE LISBOA.

(PRÓXIMO)«BOAS FESTAS»

BOAS FESTAS

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«BOAS FESTAS»



DESEJAMOS A TODOS OS"BLOGUISTAS" E AMIGOS FELIZ NATAL E UM BOM ANO DE 2015.


APROXIMA-SE  O NATAL E COMO É HÁBITO, FAZEMOS UMA PARAGEM PARA MEDITAÇÃO.


VOLTAREMOS NO PRÓXIMO ANO ( de DEUS quiser e nos der saúde ) COM MAIS RUAS DE LISBOA. ATÉ LÁ VIVAM ESTA QUADRA COM O ESPÍRITO DE VERDADEIRO  NATAL.


FAÇAM O FAVOR DE SEREM FELIZES!

(PRÓXIMO-2015)«JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ I ]-O JARDIM DA ESTRELA ( 1 )»

JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ I ]

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«VULGO "JARDIM DA ESTRELA" ( 1 )
 Jardim Guerra Junqueiro - (2011) Foto de Filipe Amorim (Uma vista do interior do "JARDIM DA ESTRELA" para a sua entrada principal, ao fundo podemos ver a "BASÍLICA DA ESTRELA"). inPASSEIOS (cá dentro)
 Jardim Guerra Junqueiro - (2007) (Vista Panorâmica do "JARDIM DA ESTRELA", na freguesia da "ESTRELA")  in GOOGLE EARTH
 Jardim Guerra Junqueiro - (2014) - (Entrada principal do "JARDIM DA ESTRELA" vista da "PRAÇA DA ESTRELA" já ao entardecer)  in GOOGLE EARTH
 Jardim Guerra Junqueiro - (1938) - Foto de Eduardo Portugal (Lago do "JARDIM DA ESTRELA" e estátua da "A GUARDADORA DE PATOS" de COSTA MOTA-SOBRINHO e FRANCISCO SANTOS inaugurada em 1914)   in  AML 
Jardim Guerra Junqueiro - ( 1961 ) Foto de Armando Serôdio (Biblioteca Municipal do "JARDIM DA ESTRELA", ao lado direito podemos ver um baixo relevo de "JOÃO DE DEUS", escritor e pedagogo)   in  AML 

- JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ I ]

«(VULGO) "JARDIM DA ESTRELA" ( 1 )»

O «JARDIM GUERRA JUNQUEIRO» (Vulgo) "JARDIM DA ESTRELA" tem a sua entrada principal localizada na "PRAÇA DA ESTRELA", pertencia à freguesia da «LAPA», hoje com a "REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA" e com a integração das freguesias de "SANTOS-o-VELHO" e " PRAZERES", passou a designar-se freguesia da «ESTRELA». 
O "JARDIM DA ESTRELA" está rodeado de artérias: a SUL (entrada principal) a "PRAÇA DA ESTRELA"que liga com a"CALÇADA DA ESTRELA", a NORTE "AVENIDA ÁLVARESCABRAL", RUA DE SÃO JORGE e RUA JOÃO ANASTÁCIO ROSA, a NASCENTE"RUA DE SÃO BERNARDO" e a POENTE a"RUA DA ESTRELA"

O "JARDIM GUERRA JUNQUEIRO" mais conhecido por "JARDIM DA ESTRELA"é um dos mais formosos da cidade de LISBOA.
Jardins, sempre terão existido. Mas, na cidade , os que havia ficavam atrás de muros, constituindo propriedade privada e ciosamente guardado pelos seus donos, para seu recreio pessoal.
As primeiras tentativas de trazer até ao povo o convívio com flores e demais plantas, foram feitas na AJUDA (com o respectivo "JARDIM BOTÂNICO", em 1768 e com o "PASSEIO PÚBLICO" (actual "AVENIDA DA LIBERDADE"), mais ou menos na mesma época, ou seja ambos no tempo do "MARQUÊS DE POMBAL"
Depois, foram surgindo tímidas diligências de fazer crescer e multiplicar esses espaços serenos de liberdade.
Estávamos no ano de 1842, era presidente da CÂMARA DE LISBOA o médico "LAUREANO DA LUZ GOMES", professor da "ESCOLA MÉDICA", grande incrementador dos  preceitos de higiene e reformador dos cemitérios. E, por essa altura, apareceu à venda um bom pedaço de terra de cultivo, que tinha pertencido à cerca do antigo "CONVENTODA ESTRELINHA" (Situado onde hoje está o HOSPITAL MILITAR DA ESTRELA).
As ORDENS RELIGIOSAS tinham sido extintas em PORTUGAL em 1834 e o terreno referido tinha-se transformado em local de semeadura, pertença de um tal "ANTÓNIO JOSÉ RODRIGUES". Este, porém, ou não sabia o suficiente de agricultura ou não deu grande importância à propriedade rústica, o certo é que faliu e as terras foram postas em PRAÇA PÚBLICA.
O presidente da Câmara anteviu ali um excelente  local para um novo "PASSEIOPÚBLICO", um  Jardim que fosse local preferido pela população de LISBOA para os seus lazeres. O presidente da edilidade era amigo do então MINISTRO DO REINO, o CONDE DE TOMAR, "ANTÓNIO BERNARDO DA COSTA CABRAL" que logo se interessou na sua aquisição. Refira-se que, muitas vezes, aparece apontado o "CONDE DE TOMAR" como o autor da ideia do JARDIM, tanto mais que tinha casa perto. Fosse dele ou do médico Dr. LAUREANO, tanto faz... o certo é que ambos colaboraram, embora, como se verá, o êxito viesse a caber a outros.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ II ] O JARDIM DA ESTRELA (2)»  

JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ II ]

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(VULGO)-JARDIM DA ESTRELA ( 2 )
 Jardim Guerra Junqueiro - (Vulgo) -JARDIM DA ESTRELA - (2012) Foto de Teresa  (A entrada principal do "JARDIM DA ESTRELA"na "PRAÇA DA ESTRELA") (Abre em tamanho grande) in LISBOA, CIDADE MINHA...
 Jardim Guerra Junqueiro - (Vulgo) -JARDIM DA ESTRELA - (2011)  (Uma das RUAS no interior do JARDIM DA ESTRELA)  in  ONDE LISBOA
 Jardim Guerra Junqueiro - (Vulgo) - JARDIM DA ESTRELA - (2007)  (Um dos Lagos do "JARDIM DA ESTRELA" onde está colocada a peça "A GUARDADORA DE PATOS" de COSTA MOTA "Sobrinho" e FRANCISCO SANTOS, inaugurada no ano de 1914) in VISITE PORTUGAL
 Jardim Guerra Junqueiro - (Vulgo) - JARDIM DA ESTRELA - (1963) Foto de Armando Serôdio (Parque Infantil no JARDIM DA ESTRELA, na década de sessenta do século passado) in AML
 Jardim Guerra Junqueiro - (Vulgo) - JARDIM DA ESTRELA - (Foto do século XX) Autor não identificado (Lago no "JARDIM DA ESTRELA" possivelmente na década de vinte do século passado)  (Abre em tamanho grande) in   AML 

Jardim Guerra Junqueiro - (Vulgo ) - JARDIM DA ESTRELA - (1938) Foto de Eduardo Portugal (Parque Infantil do "JARDIM DA ESTRELA", na década de trinta do século vinte)  in AML 

(CONTINUAÇÃO) JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ II ]

«(VULGO)-JARDIM DA ESTRELA ( 2 )»

A verdade é que não havia dinheiro e a ideia do "PASSEIO" foi sendo adiada. Surgiu então um homem providencial: MANUEL JOSÉ DE OLIVEIRA o "BARÃO DE BARCELINHOS", tão rico que era conhecido por "MANUEL DOS CONTOS". Diga-se de passagem, para melhor se situar, que tinha transformado o antigo "CONVENTO DO ESPÍRITO SANTO DAPEDREIRA" no seu Palácio (chamado por isso de BARCELINHOS) edifício que depois foi hotel e hoje ainda é conhecido pelos "ARMAZÉNS DO CHIADO". Pois foi esse capitalista quem pegou em cinco contos de réis e os entregou "de mão beijada" para a expropriação dos terrenos e provavelmente, pretendia agradar não só a "COSTA CABRAL", como ao "PRESIDENTE DA CÂMARA".
Mas ainda não foi desta. Vieram as LUTAS LIBERAIS de 1844 a 1847, as revoluções, a "MARIA DA FONTE" e a ideia do JARDIM parecia desvanecer-se. O PASSEIO PÚBLICO da (futura) AVENIDA DA LIBERDADE continuava a ser o único local da cidade onde se podia circular, ouvir música, conversar, por entre flores.
Foi necessário existir um novo benemérito que se prontificasse a abrir os cordões à bolsa.
Desta vez. foi "JOAQUIM MANUEL MONTEIRO", comerciante português do BRASIL e natural da CARVOEIRA. Gostou da ideia e entrou com nada menos de 4.757$000 réis.
Tão contente ficaram os poderes públicos que El-Rei D. LUÍS, agraciou o ricaço e generoso homem de negócios com o título de VISCONDE e depois CONDE DA ESTRELA.

Começaram os trabalhos, apesar de tudo, não correram num mar de rosas. Foram, é certo, contratados dois mestres da Jardinagem: o francês "JEAN BONARD" e o português "JOÃO FRANCISCO". 
Vieram árvores e plantas várias dos jardins do CONDE DE FARROBO, fizeram-se os trabalhos de terraplanagem.
Mas o dinheiro voava. E o certo é que em Março de 1851, a CÂMARA, então presidida por "NUNO JOSÉ PEREIRA BASTOS", estava com poucas finanças e acabou por fazer uma exposição à rainha D. MARIA II, dizendo só ter dinheiro para mais duas semanas... Lá apareceram uns dinheiros e a obra acabou por chegar a bom termo.
Em ABRIL de 1852, o JARDIM abriu finalmente ao público. Este Jardim esteve na moda durante quase toda a metade do século XIX: era então chamado o «PASSEIO DAESTRELA» das nossas românticas avós, ainda jovens.
Tinha-se tentado fazer diferente do "PASSEIO DA AVENIDA". Assim, por exemplo, uma "MONTANHA RUSSA" elevava-se do lado Nascente, ao pé do muro que separava o Jardim do que fora o CONVENTO e hoje é o HOSPITAL; de lá se tinha uma excelente vista para a cidade, que os prédios que por ali foram construindo se encarregaram de as tapar.
Havia estufas, um pavilhão desenhado pelo "PEZERAT", lagos, um traçado convidativo...
Tornou-se o "PASSEIO DA ESTRELA" o centro da moda. D.MARIA II ainda lá foi, embora poucas vezes dado que faleceu ano e meio depois da inauguração.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ III ]-O JARDIM DA ESTRELA (3)».

JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ III ]

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(VULGO)-JARDIM DA ESTRELA ( 3 )
Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA - (2007) Foto de João Carvalho  (O mais antigo CORETO DE LISBOA uma obra de JOSÉ LUÍS MONTEIRO, esteve no antigo "PASSEIO PÚBLICO" onde se realizaram magníficos concertos ) (Abre em tamanho grande)  in WIKIPÉDIA
 Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA - (1982) Foto de autor não identificado  (Pormenor do tecto do "CORETO DO JARDIM DA ESTRELA", aqui podemos encontrar diversas artes; ferreiro, carpinteiro, pedreiro, é muitas vezes um trabalho de grupo, que também exige arte)  in AS ARTES
 Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA - (2011) Foto de Filipe Amorim  (Vista de um arruamento do JARDIM DA ESTRELA, local aprazível de LISBOA) inPASSEIOS (CÁ DENTRO)
 Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA - (2011) Foto de Filipe Amorim (Árvore onde existe uma escultura em madeira, junto a uma das entradas que dão para a AVENIDA ÁLVARES CABRAL, denominado "TRONCO ESCULPIDO", efectuado a partir da parte inferior de um dos troncos da árvore)  in PASSEIOS (CÁ DENTRO)
 Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA - ( 2011) Foto de Filipe Amorim (Pormenor do "TRONCO ESCULPIDO" num pedido de respeito ao "viajante" ou "visitante" do "JARDIM DA ESTRELA") inPASSEIOS (CÁ DENTRO)
Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA - (1967) Foto de Garcia Nunes (Um dos Lagos do JARDIM DA ESTRELA no final da década dos anos sessenta do século vinte)  in  AML

(CONTINUAÇÃO) - JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ III ]

«(VULGO) JARDIM DA ESTRELA ( 3 )»

Pelo JARDIM DA ESTRELA passaram  D. PEDRO V e D. ESTEFÂNIA, durante o escasso tempo em que estiveram juntos. D. MARIA PIA presidiu neste JARDIM, a festas de caridade, por vezes acompanhada pelo então príncipe D. CARLOS
No final do século XIX, o "PASSEIO DA ESTRELA" passou um pouco de moda para essas reuniões de senhoras da sociedade de sangue azul ou da alta burguesia.
Neste JARDIM por volta de 1876 existiu o famoso «LEÃO DA ESTRELA», bonito animal que fora doado por "PAIVA RAPOSO" e esteve exposto, numa jaula própria no alto do parque, sustentado até à morte pelo próprio dador. A jaula ficava no local onde actualmente se abre o portão para a "AVENIDA ÁLVARES CABRAL".
Em 1895, quando do centenário de SANTO ANTÓNIO e respectivas festas, já o JARDIMDA ESTRELA foi centro de atracção para uma grande quantidade de alfacinhas.
Desde 1852 que os lisboetas e forasteiros podem deambular junto daqueles canteiros, correr e brincar por aquelas veredas, namorar naqueles bancos e inspirar-se junto daqueles lagos.
No dizer do mestre NORBERTO DE ARAÚJO - o homem que mais terá demonstrado ter um retrato de LISBOA no lugar do coração e que tratou numa conferencia do primeiro "CENTENÁRIO DO PASSEIO DA ESTRELA" - "um JARDIM é um museu que se renova todos os dias. Nunca envelhece. Alimenta os olhos, o coração, a alma e é uma saudade suave, vestida de Sol, que aquece e refresca".
Devemos confessar que é impossível dizer mais em menos palavras!

O JARDIM nasceu com o nome de "JARDIM DA ESTRELA", embora mais tarde fosse rebaptizado "JARDIM GUERRA JUNQUEIRO", (embora a sua estátua se encontre no ajardinado da "PRAÇA DE LONDRES" desde 19 de Janeiro de 1968, dia da suainauguração) em homenagem ao poeta, mas o alfacinha continua a denominá-lo de "JARDIM DA ESTRELA". Jardim construído ao estilo dos jardins ingleses, de inspiração romântica, tem uma área com cerca de cinco mil e setecentos metros quadrados, sendo o segundo maior JARDIM DA CIDADE DE LISBOA.

Desde 1932, o JARDIM passou a contar com o mais antigo CORETO da cidade de LISBOA, de notável recorte, uma belíssima obra de arte de ferro forjado, com base de cantaria e motivos indianos nos desenhos dos arcos e das colunas, tudo isto com a traça de "JOSÉ LUÍS MONTEIRO"; esteve implantado no antigo "PASSEIO PÚBLICO", que deu lugar à "AVENIDA DA LIBERDADE".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ IV ]- O JARDIM DA ESTRELA ( 4 )

JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ IV ]

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«(VULGO) JARDIM DA ESTRELA ( 4 )»
 Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA - (2011) Foto de Filipe Amorim (Uma vista do interior do "JARDIM DA ESTRELA" para a sua porta principal, ao fundo a BASÍLICA DA ESTRELA) in PASSEIOS (CÁ DENTRO)
 Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA- (2011) Foto de Filipe Amorim (A estátua de "ANTERO DE QUENTAL"(1842-1891), uma obra de SALVADOR BARATA FEIO entre 1946-50, inaugurado no JARDIM DA ESTRELA em 1951) in PASSEIOS (CÁ DENTRO)
 Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA - (2010) Foto de Maria Amélia (A magnifica peça "O CAVADOR" uma obra do escultor "COSTA MOTA"(Tio), encontra-se neste JARDIM desde o ano de 1913) in SIMECQ. CULTURA
 Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA - (2007) Foto de João Carvalho (Estátua de bronze de "JOÃO DE DEUS"(1830-1896), uma obra do escultor "JOSÉ LARANJEIRA SANTOS", segundo original de "LEOPOLDO DE ALMEIDA". Está no JARDIM DA ESTRELA desde 14 de Novembro de 1996) (Abre em tamanho grande)  in WIKIPÉDIA
Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA - (2007) Foto de autor não identificado (Busto de bronze do "ACTOR TABORDA", escultura de "ANTÓNIO AUGUSTO DA COSTA MONTEIRO"(Sobrinho), instalada no JARDIM DA ESTRELA desde 1914)  in SÍTIO DA CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA

(CONTINUAÇÃO) - JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ IV ]

«(VULGO) JARDIM DA ESTRELA ( 4 )»

Este espaço verde lisboeta que apresentava uma abundante vegetação, onde se misturavam os ALAMOS, ÁRVORE DA BORRACHA (Australiana), ARAUCÁRIAS, BANANEIRAS, COQUEIRO-DOS-JARDINS, DRAGOEIROS, OLAIAS e TÍLIAS (algumas já desaparecidas motivado por fenómenos atmosféricos), abundam ainda muitas rosas na primavera e verão entre outras espécies de flora. Sobre a fauna uma palavra para destacar os guardas-rios, pavões, cisnes, alvécia-cinzenta, periquito-de-colar e garça nocturna.
Na estatuária encontramos um busto de bronze do "ACTOR TABORDA" (1824-1909), assente em pilar de pedra decorado com ramo de palmeira. A obra foi executada por "ANTÓNIO AUGUSTO DA COSTA MOTA(SOBRINHO)" no ano de 1906 e inaugurada neste JARDIM em 1914.
Estátua em mármore de ANTERO DE QUENTAL (1842-1891) foi executada por; "SALVADOR BARATA FEIO" entre 1946 e 1950, sendo inaugurada no ano de 1951.
Estátua de bronze de "JOÃO DE DEUS" (1830-1896) com dois metros e meio de altura e com o peso  de dois mil e novecentos quilos, com pedestal em pedra. A obra foi executada por "JOSÉ LARANJEIRA SANTOS", segundo original do escultor "LEOPOLDO DEALMEIDA". A iniciativa partiu da CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA em colaboração com a ASSOCIAÇÃO DE JARDINS-ESCOLA JOÃO DE DEUS. Localiza-se neste JARDIM desde 14 de Novembro de 1996.
Estão a embelezar este JARDIM, além das placas de verdura, algumas peças de ARTE, que merecem citação: "A FILHA DO REI GUARDANDO PATOS" ou"A GUARDADORA DE PATOS"de COSTA MOTA (Sobrinho) e FRANCISCO SANTOS (1914), localizada num dos lagos do JARDIM. "O CAVADOR" de (1913) sendo o seu autor "COSTA MOTA"(Tio), "O DESPERTAR" de (1911-1921) da autoria de "JOSÉ SIMÕES DE ALMEIDA(Sobrinho). Junto a uma das entradas que dão para a "AVENIDA ÁLVARES CABRAL", existe um elemento escultural em madeira, denominado "TRONCOESCULPIDO", efectuado precisamente na parte inferior de um tronco da árvore.

O JARDIM DA ESTRELA encontra-se rodeado por um gradeamento e cinco portas de serviço, sendo que a principal fica frente a frente à BASÍLICA DA ESTRELA. Existem duas portas para a "PRAÇA DA ESTRELA", e uma para cada RUA envolvente ou seja: AVENIDA ÁLVARES CABRAL; RUA DA ESTRELA e RUA DE SÃO BERNARDO. A sua dimensão permitiu a instalação de um JARDIM DE INFÂNCIA e um CENTRO DE DIA PARA IDOSOS.

Ainda no período dos anos 40 e 41 do século passado, o JARDIM DA ESTRELA sofreu uma remodelação motivada pela necessidade do prolongamento da AVENIDA ÁLVARES CABRAL e alargar a RUA DA ESTRELA, remodelação em que a CML teve a preocupação de não retirar muito espaço ao JARDIM, modificar a defeituosa construção dos pavimentos interiores e tirar o maior partido das espécies existentes.
O ciclone de 1941 também fez alguns estragos no JARDIM, tendo derrubado muitas árvores, talvez as mais bonitas, obrigando a novos estudos e a novos projectos.
O JARDIM DA ESTRELA palco de festejos e celebrações, de saraus de beneficência , de festivais da Imprensa, de Exposições de Floricultura, o JARDIM foi até uma provisória "FEIRA POPULAR" em 1958 e 1959, marcando a transição entre a permanência em PALHAVàe o sítio de ENTRECAMPOS onde acabou os seus dias.
Em Novembro de 2006 este JARDIM passou a fazer parte da rede de "JARDINS DIGITAISDE LISBOA", onde é possível navegar sem fios e sem pagar,  através da criação de pontos de acesso (hotspots) em locais públicos, financiados por três empresas de Novas Tecnologias da Informação. [FINAL]

BIBLIOGRAFIA

- ARAÚJO, Norberto de - PEREGRINAÇÕES EM LISBOA - Livro XI - Vega-2ª Ed. 1993-LISBOA.
- DICIONÁRIO DA  HISTÓRIA DE LISBOA - Direcção de Francisco Santana e Eduardo Sucena - Carlos Quintas & Associados-Consultores,Lda. - 1994 - SACAVEM
- OLHARES DE PEDRA - PROSAFEITA - 2004 - LISBOA
- PARQUES E JARDINS DE LISBOA - CML - Direcção Municipal do Ambiente e Urbanismo  2007.

INTERNET

- ARTE PÚBLICA
- JARDIM DA ESTRELA
- MYGUIDE-COMUNIDADE
- LIFECOOLER
- WIKIPÉDIA

(PRÓXIMO)«RUA DO BEATO [ I ] -A RUA DO BEATO E SEU ENVOLVENTE»

RUA DO BEATO [ I ]

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«A RUA DO BEATO E SEU ENVOLVENTE»
 Rua do Beato - (2005) Foto de APS - (Um símbolo característico da moagem e do lugar é a ponte metálica estabelecendo a ligação entre o que hoje se designa por BEATO SUL e BEATO NORTE. Esta construção data de 1907, e tinha como principal função o transporte de cereal entre a zona portuária e a moagem, instalado no antigo "CONVENTO DO BEATO ANTÓNIO")  in ARQUIVO/APS
 Rua do Beato - (Gravura do século XVI) (Frei ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO ou BEATO ANTÓNIO. Nasceu em POMBAL em 1522 e faleceu no Convento que ajudou a construir "SÃO BENTO DE ENXOBREGAS" (hoje CONVENTO DO BEATO) com oitenta anos anos, em 11 de Maio de 1602) inMAIA DE CARVALHO
 Rua do Beato - (finalizada em 1622) (A ALAMEDA DO BEATO com a fachada ao fundo da antiga IGREJA DO CONVENTO DO BEATO, ainda com as suas duas torres sineiras) inARCHIVO PITORESCO
 Rua do Beato - (1856-1858) Direcção de Filipe Folque (CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA: Planta Nº 9 - Um pouco alterada - mostrando a zona do BEATO e as antigas instalações do CONVENTO DO BEATO, mais tarde a Fábrica de Moagem de JOÃO DE BRITO, LDA.) in  ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA
Rua do Beato - (2007) (Vista total das instalações da "A NACIONAL" nas instalações do antigo CONVENTO DO BEATO e nos novos edifícios projectados pelo arquitecto PARDAL MONTEIRO) in GOOGLE EARTH 


RUA DO BEATO [ I ]

«A RUA DO BEATO E SEU ENVOLVENTE»

A «RUA DO BEATO» pertence a duas freguesias. À freguesia de «MARVILA» do número 1 a 17 e Nº 2 a 32, à freguesia do «BEATO» os restantes números.
Começa na RUA DO AÇUCAR no número noventa e finaliza na ALAMEDA DO BEATO no número quarenta e dois. 
Esta artéria tinha o nome de "RUA DIREITA DO BEATO"até o EDITAL de 8 de Junho de 1889 lhe ter retirado o qualificativo de "DIREITA", e assim, permanece até aos nossos dias.
Em 7 de Novembro de 1889, a Câmara Municipal de Lisboa deliberou delimitar esta artéria da seguinte forma: começa no "LARGO DO BEATO" (hoje com a denominação de ALAMEDA DO BEATO e termina frente do 3.º Cais ou ponte que dá para o mar, vindo do "LARGO DE DOM GASTÃO" para nascente).
Nos anos quarenta e cinquenta do século vinte era frequente chamar-se  LARGO DO BEATO ao espaço mais largo da RUA DO GRILO junto do antigo Cine-Pátria e dos Bombeiros Voluntários do Beato e Olivais, embora não conste em qualquer roteiro.
Na actualidade a RUA DO BEATO terá início (como já foi dito) na RUA DO AÇÚCAR (que também tinha a designação de RUA DIREITA DO AÇÚCAR ) e termina na ALAMEDA DO BEATO.
Esta RUA DO BEATOé uma consagração ao FREI ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO (1522-1602), que ficou conhecido como BEATO ANTÓNIO e foi o responsável pela construção do novo CONVENTO DE SÃO BENTO DE XABREGAS, da Congregação dos LÓIOS, no tempo de FILIPE I.
O seu nome terá eventualmente sido tão importante que o próprio edifício ficou conhecido pelo  nome de quem dirigiu a obra, como CONVENTO DO BEATO, tal como sucede com a ALAMEDA DO BEATO, A TRAVESSA DA ALAMEDA DO BEATO, a TRAVESSA DO OLIVAL DO BEATO e até a própria denominação da freguesia onde se insere.

«FREI ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO ou BEATO ANTÓNIO»
Este nome de BEATO vem chamar a atenção de alguns, não só para a história do edifício mas também para a personagem, um tanto misteriosa, que deu nome ao sítio.
Muito pouco se conhece, de facto, do BEATO ANTÓNIO ou "FREI ANTÓNIO DACONCEIÇÃO" para se ser mais explícito. Ficou para a posteridade com a fama de santidade que havia de o levar aos altares e dele se sabe que foi o principal impulsionador da feitura do CONVENTO, no século 16, substituindo a pequena casa de religiosos que ali existia. Embora os dados sejam escassos, ao falar-se de "MISTÉRIO", não se pretende levantar, porém, qualquer insinuação em relação ao bondoso frade. Mais exactamente, a sua modéstia e o modo como quis passar apagado no seu tempo terão acabado por prejudicar os biógrafos.
O sacerdote nasceu em POMBAL( 1 ), provavelmente em 2 de Maio de 1522. Faleceu em LISBOA, no seu CONVENTO, já com 80 anos feitos; em 11 de Maio de 1602. Significa isto que viveu entre os reinados de D. JOÃO III e de FILIPE II (terceiro de Espanha). Pelo meio, sabe-se que estudou, Cânones na UNIVERSIDADE DE COIMBRA, especialidade em que se diploma. Foi emÉVORA, contudo, que tomou o "hábito" dos frades LÓIOS, monges que se tornaram muito populares devidoà cor azulada de suas capas e largo chapéu, que lhes valeram o nome de "padres azuis".

( 1 ) - Sabemos ainda que nasceu na "RUA DAS CANNAS" com o nome de ANTÓNIOBORGES LEITÃO. Seus pais JOÃO BORGES e sua mãe"LUCRÉCIA LEITÃO". ambas pessoas ilustres e aparentadas com casas titulares deste Reino, como refere o "PROGRESSO POMBALENSE"de 15 de Setembro de 1877. (Sobre este assunto, pode ainda o leitor consultar uma tese - LINK - intitulada "UM BEATO VIVO": o P. António da Conceição, CSJE, conselheiro e profeta no tempo de FILIPE II- de JOSÉ ADRIANO DE FREITAS CARVALHO). (PDF-50 folhas) - http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/3524.pdf

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO BEATO [ II ] O BEATO ANTÓNIO ( 1 )»

RUA DO BEATO [ II ]

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«O BEATO ANTÓNIO ( 1 )»
 Rua do Beato - (2014) (A Fachada principal da antiga IGREJA DO BEATO ANTÓNIO na ALAMEDA DO BEATO, nesta altura a ser melhorada) in GOOGLE EARTH
 Rua do Beato - (Século XVI) (Frades dos Cónegos Seculares de S. João Evangelista-Ordem dos Lóios, onde Frei ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO ou BEATO ANTÓNIO pertencia) in WIKIPÉDIA
 Rua do Beato - (Anos 50 do século XX Foto de Henrique Cayola) (A ALAMEDA DO BEATO ao fundo a antiga IGREJA DO BEATO, hoje propriedade do grupo CEREALIS, SGPS)  (Abre em tamanho grande) in AML
 Rua do Beato - (2012) (Pormenor da fachada da antiga IGREJA DO BEATO, na ALAMEDA DO BEATO)  in  HISTÓRIA DE PORTUGAL 
Rua do Beato - (2014)  (Entrada para a "ALAMEDA DO BEATO" ao fundo a antiga IGREJA DO BEATO ANTÓNIO, à nossa direita o edifício da fábrica de moagem de JOÃO DE BRITO do século XIX) in GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO)- RUA DO BEATO [ II ]

«O BEATO ANTÓNIO ( 1 )»

«FREI ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO» veio deÉVORA enviado pelos seus superiores para a cidade de LISBOA, onde a ordem tinha dois CONVENTOS; um, nas proximidades do CASTELO DE S. JORGE, no LARGO que hoje ainda conserva o nome dos LÓIOS e no local onde esteve instalado um quartel da Guarda Nacional Republicana; e outro tinha sido fundado graças às instâncias da rainha D. ISABEL, mulher de D. AFONSO V, e situava-se junto do sítio chamado de "ENXOBREGAS" ou XABREGAS como hoje dizemos.
A este último se recolheu FREI ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO em 1570. E logo se chocou com a pequenez do sítio onde se albergavam os seus irmãos em religião, sonhando a partir daí com a ampliação e engrandecimento do edifício religioso.
Entretanto, a sua fama de bom conselheiro e de homem Santo terá eventualmente chegado à CORTE.  D. JOÃO III não hesitou em o escolher para confessor, o mesmo sucedendo com sua mulher, D. CATARINA, e com seu irmão, o CARDEAL D. HENRIQUE, que viria a ser REI efémero.
Conta também o mestre JÚLIO CASTILHO que no dia 20 de Julho de 1596 chegava à praia de XABREGAS o DUQUE DE BRAGANÇA, "D. TEODÓSIO II. Vinha de VILA VIÇOSA e só parara na ALDEIA GALEGA ( hoje MONTIJO) o tempo indispensável para ser transportado a LISBOA, tal a urgência que tinha de se encontrar com o "BEATO". Segundo o relato, o DUQUE dirigiu-se prontamente à cela de FREI ANTÓNIO e lá esteve largo tempo.
O primitivo Conventinho que fora, como se disse, devido à vontade da rainha "ISABEL" (mas levado a cabo por seu marido D. AFONSO V, já que a soberana morreu muito cedo, com 23 anos) fora edificado junto de uma capela dedicada a SÃO BENTO.  E conservou o templo essa designação, mesmo quando para ali foram os frades LÓIOS e a devoção maior se orientou para "SÃO JOÃO EVANGELISTA".
Ora o CARDEAL HENRIQUE, então infante, era tão assíduo na procura de "FREI ANTÓNIO" que em breve o povo de LISBOA cantava:
                                          "QUEM QUISER FALAR AO CARDEAL
                                           VÁ ATÉ SÃO BENTO
                                           QUE ESTÁ DE PORTAS A DENTRO
                                           DEBAIXO DO LARANJAL". 
Também D. SEBASTIÃO cedo começou  a frequentar o sítio de XABREGAS. Sua avó, a rainha D. CATARINA, levava-o ali à MISSA.
Conta-se mesmo que as tiras de ferro que existiam no coro se deviam ao facto de as ter ali mandado colocar a rainha, com medo de que o seu neto caísse por entre as grades. Diz ainda a tradição que D. SEBASTIÃO, antes de partir para a fatídica viagem de ALCÁCERQUIBIR, mandou recados a FREI ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO e pediu a sua bênção para a empresa.
Quer isto dizer que o «BEATO ANTÓNIO» antes de o ser já o era... O povo não hesitou em atribuir-lhe dotes de santidade. Mas, certamente para que não se estabelecessem confusões com o "SANTO ANTÓNIO", passou a designá-lo por "BEATO ANTÓNIO" ou simplesmente "BEATO", Como é sabido o nome ficou na toponímia lisboeta e, mais do que isso, passou a constituir nome de uma das freguesias da cidade de LISBOA. E a IGREJA acabou por elevar o fradinho ao grau de "SANTO", já no século XVIII. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO BEATO [ III ] O BEATO ANTÓNIO ( 2 )»

RUA DO BEATO [ III ]

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«O BEATO ANTÓNIO ( 2 )»
 Rua do Beato - (2005) - Foto de APS  (Fachada da antiga Igreja do Convento do Beato António. Depois de 1836 foram adquiridas parte das instalações do CONVENTO em haste pública, pelo empresário JOÃO DE BRITO. Em 1876 foram apeadas as suas torres sineiras)  in  ARQUIVO/APS 
 Rua do Beato - (2014) - (A "RUA DO BEATO" ao fundo as instalações de A NACIONAL com sua ponte metálica, estabelecendo ligação entre o SUL e o NORTE da antiga Moagem de JOÃO DE BRITO) in GOOGLE EARTH 
 Rua do Beato - (2014) - (As instalações de "A NACIONAL" na RUA DO BEATO) inGOOGLE EARTH
 Rua do Beato - (século XXI) (Placa Toponímica tipo II que assinala o início da "RUA DO BEATO" há muitos anos,  quem vem do Poço do Bispo) in TOPONÍMIA DE LISBOA
Rua do Beato - (1970) Foto de João H. Goulart (Início da "RUA DO BEATO" e final da "RUA DO AÇUCAR") (Abre em tamanho grande)  in   AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO BEATO [ III ]

«O BEATO ANTÓNIO ( 2 )»

"FREI ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO" ficou obviamente sepultado no seu CONVENTO. Mas em 1834, por força das leis liberais, foram encerrados todos os CONVENTOS.
Ora os restos mortais do "BEATO" não ficariam bem no edifício que, profanado, passou vicissitudes várias (de HOSPITAL MILITAR a ARMAZÉM DE VINHOS até se transformar em secção de uma importante MOAGEM). Assim, as ossadas foram trasladadas  para a vizinha IGREJA que pertencera ao também extinto «CONVENTO DOS AGOSTINHO DO GRILO» (os frades "GRILOS", como LISBOA lhes chamou) localizado na "RUA DO GRILO" e que passou a constituir a sede da actual paróquia de "SÃO BARTOLOMEU".
Por falar em sepulturas, virá a propósito contar uma bizarra história acerca de um túmulo que existiu na velha "IGREJA DO CONVENTO DO BEATO"

A figura que ali teve a sua última morada, (ou penúltima, uma vez que, como se sabe, o templo deixou de o ser), foi homem de grande poder no seu tempo. Tratava-se de «PEDROSALGADO», cujo nome dirá pouco ou nada aos contemporâneos. Para o identificar, diga-se pois que ele foi o "CHANCELER-MOR", no tempo de D. DINIS. Entre outros afazeres, exercia as funções de TESOUREIRO DO REINO, pelo que o monarca não mandava executar qualquer obra sem o consultar. Curiosamente, ficou em sua memória o "BECO DO CHANCELER" e o"LARGO DO CHANCELER", em ALFAMA, junto à"RUA DOVIGÁRIO", designação que a Toponímia lisboeta conserva desde os séculos XIII ou XIV.
«PEDRO SALGADO» tinha instituído capela própria, para si e sua família, na IGREJA DESANTA MARINHA, que ficava para os lados da "GRAÇA". O LARGO subsiste, mas o templo não. Quando foi extinto, os altares, imagens e demais obras foram distribuídas por várias paróquias de LISBOA.
Dois túmulos, o da CASA DE PANCAS e o do CHANCELER-MOR, foram para o BEATO, constando que o segundo foi arrastado "a pau e corda" até ao seu destino. Chegada ao BEATO, a sepultura foi aberta. Para espanto de quem a abriu, descobriu que lá restavam, de facto, alguns ossos humanos, mas, em contra partida, estavam intactas as solas das botas do falecido. Ao cabo de alguns séculos, o corpo do poderoso senhor tinha quase desaparecido. De todo o seu poder, tinham ficado (meias solas).

Como já nos referimos, deve-se todo o empenho de "FREI ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO" a construção do CONVENTO e respectiva IGREJA, aproveitando embora, no possível, a estrutura que já existia desde o século XV. Ao que parece, quando o frade ali chegou, encontrou a casa tão decadente que o dormitório, por exemplo,"Se sustentava a benefícios de pontões".
Segundo a tradição o "BEATO" meteu-se à obra sem possuir recursos que lho permitissem. Todo o pecúlio que amealhara provinha das esmolas e era escasso. No entanto os trabalhos decorreram sempre sem dificuldades, apesar da majestade do edifício do CONVENTO e da IGREJA.
Estes factos muito contribuíram para aumentar a fama de milagroso que já era atribuída ao frade.
Crê-se que alguma construção já estaria pronta quando o (Rei Castelhano FILIPE II - de Espanha) se instalou também no trono português, por consequência do DUQUE DEALBA(1507-1582),   se recolher ao CONVENTO a que chamamos de "BEATO" e lá morreu em  11 de Dezembro de 1582, sendo depois transladado para Espanha.

Por força da fama de FREI ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO, BEATO por vontade do povo ainda em vida, acabou por ser esquecida a antiga designação de "SÃO BENTO": O CONVENTO, A IGREJA, O SÍTIO, A FREGUESIA, passaram a ser do«BEATO». O mesmo se diga da "ALAMEDA", ainda existente, onde foi moda ir passear nas tardes e noites de Verão no século XIX; as sombras e os frescos das árvores eram convidativas.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO BEATO [ IV ] - O CONVENTO DO BEATO ( 1 )»

RUA DO BEATO [ IV ]

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«O CONVENTO DO BEATO ( 1 )»
 Rua do Beato - (Década de cinquenta do século vinte)(Panorâmica do conjunto monumental fabril da "COMPANHIA INDUSTRIAL DE PORTUGAL E COLÓNIAS", o conjunto representa essencialmente a parte mais antiga, as velhas instalações do «CONVENTO DO BEATO», embora para nascente se possa ainda observar alguns edifícios e silos) inARQUIVO DE A NACIONAL
 Rua do Beato - (2014) (Um troço da Alameda do Beato" junto do antigo "CONVENTO DO BEATO" in GOOGLE EARTH
 Rua do Beato - (2014) (Início da "RUA DO BEATO", final da "RUA DO AÇÚCAR" conforme no indicam as placas toponímicas tipo II)  in  GOOGLE EARTH
 Rua do Beato - (2005) Foto de APS (Mais uma foto da antiga IGREJA DO BEATO ANTÓNIO, na ALAMEDA DO BEATO)  in  ARQUIVO/APS
Rua do Beato - (1967) Foto de João H. Goulart (A "RUA DO BEATO" na década de setenta do século passado, ao fundo a RUA DO AÇÚCAR) (Abre em tamanho grande )  inAML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO BEATO [ IV ]

«O CONVENTO DO BEATO ( 1 )»

O «CONVENTO DOS CÓNEGOS DE SÃO JOÃO EVANGELISTA», ditos os "LÓIOS", terá sido uma das maiores casas conventuais de LISBOA, embora, tenha variado de designação consoante a evolução da sua própria história


Foi construído no século XV no local de uma pequena ERMIDA de invocação a SÃOBENTO, SÃO BENTO além de XABREGAS ou, mais vulgarmente "SÃO BENTO DEXABREGAS".  A Rainha D. ISABEL, mulher de D. AFONSO V, obteve autorização do Abade de ALCOBAÇA para implantar um hospício e que se entregasse aos "BONS HOMENS DE VILAR" da consagração dos FRADES AZUIS ou LÓIOS, ordem introduzida em PORTUGAL por D. JOÃO I.
Segundo os variados testemunhos, era uma casa modesta, resultante de um amontoado de sucessivos acrescentos, entre os quais merecem destaque as casas de aposento que D.MANUEL mandou dispor para as suas frequentes deslocações, situadas, pelo que as informações permitem conjecturar, onde hoje se ergue o grande corpo dos dormitórios, sobre a "RUA DO BEATO".
Obras recentes levadas a cabo no actual claustro  (no quarto quartel do século vinte) levaram à descoberta, embebidos na grossura das paredes, de vários restos da primitiva construção, possivelmente da IGREJA. Destaca-se parte de uma bela arca gótica ainda do século XV, no templo eventualmente erguido com dádivas feitas à consagração pelo Condestável D. PEDRO, irmão da rainha fundadora. Com efeito, a sua orientação a Poente, aliás canonicamente correcta, permite-nos perceber que o acesso à construção original se fazia a partir da ESTRADA DE MARVILA, através de uma azinhaga de que o troço inicial da CALÇADA DO DUQUE DE LAFÕES poderá eventualmente ser uma reminiscência. Não nos podemos esquecer que toda esta área foi profundamente alterada para a implantação da NOVA IGREJA, nos primeiros anos do século XVII, no local " onde se levantava uma montanha de 7 braças de altura em muitas partes, e em outras de menos, mas em todas de rochedo duríssimo (...)". Cujo corte abrupto é hoje bem visível no lado esquerdo de quem olha a fachada da actual "IGREJA". Note-se que no cimo dessa ravina se abre ainda um pequeno LARGO no cotovelo da CALÇADA DO OLIVAL, em cujo topo fechado se poderá conjecturar que nasceria então a via de acesso ao CONVENTO, descendo daí pela encosta em declive, mais tarde, como vimos, cortada a pique.
Com a abertura definitiva do CAMINHO DO ORIENTE, a nova via ribeirinha, que várias referências dispersas nos permitem fixar como um processo que se arrastou ao longo do século XVI, com especial incidência na sua segunda metade, veio com certeza colocar aos LÓIOS o desafio de conformar a sua casa com a nova disposição da rede viária, virando-a à RUA que a pouco e pouco se tornava o eixo principal de toda a ZONA ORIENTAL, vindo a nova realidade a justificar a mudança de nome pelo qual passou a ser conhecido - O BEATO.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO BEATO [ V ] - O CONVENTO DO BEATO ( 2 )»

RUA DO BEATO [ V ]

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«CONVENTO DO BEATO ( 2 )»
 Rua do Beato - (2005) Foto de APS (Porta do edifício principal da Administração, encimada por medalhas obtidas em exposições Internacionais, no número 44 da RUA DO BEATO) inARQUIVO/APS
 Rua do Beato - (2014) (A "ALAMEDA DO BEATO" ao fundo a antiga IGREJA DO BEATO ANTÓNIO, que depois de 1836 foi vendida, conjuntamente com as casas que compunham o CONVENTO DO BEATO, ao Industrial JOÃO DE BRITO)  in  GOOGLE EARTH
 Rua do Beato - (1993) Foto de António Sacchetti ( O interior do antigo CONVENTO DO BEATO, num pormenor da escadaria de mármore rosa) in  LISBOA, UM PASSEIO A ORIENTE
 Rua do Beato - (Anos 80 do século passado) (A Abside da antiga IGREJA DO CONVENTO DO BEATO, com as duas chaminés dos fornos de Malte e Bolachas)  in CAMINHO DO ORIENTE
Rua do Beato - (1927) ( A "ALAMEDA DO BEATO" e a IGREJA DO CONVENTO DO BEATO, segundo o desenho publicado no livro MONUMENTOS SACROS DE LISBOA de Luís Gonzaga Pereira e Augusto Vieira da Silva)  inMONUMENTOS SACROS DE LISBOA

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO BEATO [ V ]

«O CONVENTO DO BEATO ( 2 )»

A tarefa desta iniciativa do «PADRE ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO» conhecido pelo "BEATOANTÓNIO". " (...) se animou a esta grande obra, com sete tostões, que lhe haviam dado de esmola para umas missas (...). à vista de uma resolução tão heróica, começou a correr a fama e juntamente a concorrer a piedade e grandeza de muitas pessoas ricas, que deram para o novo edifício largas esmolas". ( 1 ).
A principal mudança levada a cabo em toda essa obra, portanto, a alteração da orientação de todo o conjunto, bem como o natural engrandecimento das dependências, tudo construído com uma escala pouco habitual entre nós. Tal facto não poderá desligar-se do patrocínio do VICE-REI D. CRISTÓVÃO DE MOURA, MARQUÊS DE CASTELO RODRIGO (1538-1613), cuja intervenção em LISBOA parece sobressair pela escala gigantesca que deliberadamente cultivou; lembre-se o seu próprio PALÁCIO DO CORTE-REAL NA RIBEIRA, o MOSTEIRO DE SÃO BENTO, destinado a PANTEÃO familiar, e, sobretudo, o projecto inicial do "MOSTEIRO DE SANTOS-O-NOVO (Junto à actual AVENIDA MOUZINHO DE ALBUQUERQUE E À  CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA). Se a este juntarmos as obras régias, que ele próprio acompanhou - O TORREÃODA RIBEIRA e SÃO VICENTE DE FORA - parece estarmos perante um dos mais activos e significativos períodos arquitectónicos de LISBOA, dificilmente conciliável aliás com ideia difundida após a RESTAURAÇÃO de um país espezinhado pela tirania estrangeira. Pelo menos vistas largas, vontade e dinheiro não faltavam. Além de CRISTÓVÃO DE MOURA, cumpre realçar a figura de "D. JOANA DE NORONHA", que teve a ideia de mandar construir a magnifica CAPELA-MOR, destinada a PANTEÃO de sua família, os CONDES DE LINHARES. 
O modelo seguido na construção da NOVA IGREJA, parece ter sido as características de SÃO VICENTE DE FORA. Tal facto é sobretudo evidenciado pelo alçado esguio da fachada, com duas torres com pináculos e coruchéus - pelo menos assim surgem desenhadas na informação gráfica disponível  (infelizmente apeadas em 1878),  numa escolha estética ao tempo carregada de sentido, já que contrariava a prática jesuítica em voga de recuar a Torre sineira para a cabeceira do Templo, como ainda podemos ver no antigo COLÉGIO DE SÃO ROQUE, da COMPANHIA DE JESUS
O interior da IGREJA era de dimensões pouco habituais, marcada sobretudo por algum desequilíbrio maneirista nas proporções entre o comprimento, a largura e a altura excessiva a que foi lançada a abóbada de caixotões, resultando um espaço em que a majestade das proporções deveria causar ao visitante e a estranha sensação de entrar numa imensa caverna sem fim. Dizemos devia porque a recente divisão horizontal do templo foi aproveitado em três pisos, por placas de cimento armado, não nos permite desfrutar o global espaço que, curiosamente, essa inesperada intervenção fez ganhar uma nova aura perturbante: ao desequilíbrio inicial de laivos maneiristas substitui-se um toque surrealista, acentuado pelo forno de Malte instalado no centro da magnifica CAPELA-MOR, envolto pelos mármores cuidados do Panteão dos CONDES DE LINHARES.

( 1 ) - "O CÉU ABERTO NA TERRA", do Padre Francisco de Santa Maria, pág. 481, 1697-Lisboa.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO BEATO [ VI ]-O CONVENTO DO BEATO ( 3 )». 

RUA DO BEATO [ VI ]

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«O CONVENTO DO BEATO ( 3 )»
 Rua do Beato - (2005) -Foto de APS ("ALAMEDA DO BEATO" edifício da nossa esquerda - pertença de A NACIONAL - onde podemos ver uns paus de bandeira, nos anos 40 e 50 do século passado, era uma esquadra da PSP do BEATO, há muitos anos desactivada. inARQUIVO/APS
 Rua do Beato - (2005) Foto de APS - (Pormenor da porta do edifício nobre de grande significado na arquitectura industrial, encimado com as medalhas) in ARQUIVO/APS
 Rua do Beato - (2003) Desenho aguarelado de Vasco d'Orey Bobone (Edifício dos serviços administrativos de A NACIONAL. Esta fábrica erigida no meio de densa construção fabril, em meados do século XIX. Neste espaço esteve inicialmente instalado o antigo CONVENTO DO BEATO e posteriomente, a Moagem a Vapor de João de Brito) inSAUDADES DE LISBOA 
 Rua do Beato (1993) Foto de António Sacchetti (Pormenor de outra escadaria existente no antigo CONVENTO DO BEATO) inLISBOA, UM PASSEIO A ORIENTE 
Rua do Beato - (1993) - Foto de António Sacchetti (Um ângulo da escadaria no CONVENTO DO BEATO) inLISBOA, UM PASSEIO A ORIENTE

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO BEATO [ VI ]

«O CONVENTO DO BEATO ( 3 )»

A IGREJA DO BEATO ANTÓNIO, de momento ainda em riscos de sobrevivência, é assim ao presente um dos espaços mais estranhos e extraordinários de LISBOA, misturando sensibilidades e funcionalidades num resultado que parece merecer rapidamente uma intervenção salvadora, isto em 1998.
Quanto às restantes dependências sobressaem aquelas que têm sido alvo de um meritório processo de restauro processo de restauro pela NACIONAL, sua anterior proprietária: o claustro, o corpo do refeitório e da biblioteca, duas magníficas salas sobrepostas ligadas pela escadaria, para a qual o adjectivo mais apropriado é espampanante, aliás de acordo com o gosto cenográfico barroco vigente no tempo em que foi construída, ou seja, após 1697.
Quanto ao claustro, também ainda inexistente nessa data em que escreve o cronista, é bastante mais sóbrio nas linhas da arcaria de pilastras, podendo talvez aventar-se a explicação de se tratar de projecto mais antigo que as dificuldades financeiras atrasaram na execução.

CAPELA-MOR DO BEATO
A peça mais celebrada ao longo dos tempos na IGREJA DO BEATO foi a magnífica CAPELA-MOR, toda de"mármores brancos e jaspes vermelhos", terminada em 1622 e erguida por iniciativa de D. JOANA DE NORONHA, filha dos CONDES DE LINHARES, família então proprietária da grande Quinta ali perto ao POÇO DO BISPO, depois dos "CONDES DE VALADARES".
A sua dimensão, ajustada às proporções da própria IGREJA, fazia dela um espaço majestoso, embora de grande sobriedade, enobrecido somente pelo jogo subtil das pilastras e molduras arquitectónicas ao "moderno", realçada pela variedade suave das tonalidades do mármore. Não se conhece qualquer informação sobre o retábulo do "altar-mor".
Destinou-a "D. JOANA DE NORONHA" este espaço a panteão de sua família, dispondo em redor embebidos na grossura das paredes as lápides dos sucessivos túmulos, desde seu Avô "D. ANTÓNIO DE NORONHA" - 1.º CONDE DE LINHARES (1464-1551), aos pais e irmãos. Entre eles destaca-se o de D. ANTÓNIO DE NORONHA, o irmão primogénito, morto em CEUTA aos 17 anos (29.04.1553), em cuja lápide D. JOANA deixou bem explicita a sua vontade de reunir no sono derradeiro, uma família que morrera repartida pelos vários cantos do MUNDO. Esta heróica morte do herdeiro de uma das maiores "CASAS" da alta nobreza de PORTUGAL, mereceu ser cantada por CAMÕES num soneto.
A CAPELA-MOR albergava os quatro majestosos túmulos dos «LINHARES», sustentados por elefantes de mármore. Tinha um excelente retábulo e um perfeito Sacrário com seu cofre riquíssimo, ornado de várias pedras com muitos engastes de ouro, jóia de grande preço e feitio. 
Na EPÍSTOLA pode ler-se: D. JOANA DE NORONHA, que nunca casou, filha do Conde D. FRANCISCO DE NORONHA, e da Condessa D. VIOLANTE DE ANDRADE, fez esta CAPELAà sua custa e lhe dotou uma missa quotidiana além da que já tinha. E no lado do EVANGELHO: não tomou D. JOANA para si sepultura nesta CAPELA, por ter já lugar no MOSTEIRO DE NOSSA SENHORA DA ANUNCIADA, a que sempre teve muita devoção e afeição, onde tem quatro irmãs freiras; acabou-se esta CAPELA no ano de 1622. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO BEATO [ VII ]-O CONVENTO DO BEATO ( 4 )» 

RUA DO BEATO [ VII ]

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«O CONVENTO DO BEATO ( 4 )»
 Rua do Beato - (2012) (Fachada do edifício dos Serviços Administrativos de A NACIONAL, com entrada principal pela RUA DO BEATO, 44) inHISTÓRIA DE PORTUGAL 
 Rua do Beato - (2005) Foto de APS (Aspecto da Porta principal encimada com as medalhas obtidas por esta empresa em exposições Internacionais, na RUA DO BEATO) inARQUIVO/APS
 Rua do Beato (2014) (A RUA DO BEATO no lado esquerdo os silos da antiga Companhia Industrial de Portugal e Colónias, S.A.R.L.) in GOOGLE EARTH
 Rua do Beato - (2014) ( A Rua do Beato no sentido para Oriente, ladeado pelas construções da fábrica de moagem e novas instalações)  in GOOGLE EARTH
Rua do Beato - (1970) Foto de João H. Goulart (Em primeiro plano o portão de acesso à rampa do pátio da "QUINTA DAS MURTAS" na RUA DO BEATO) (Abre em tamanho grande)  in AML

CONTINUAÇÃO) RUA DO BEATO [ VII ]

«O CONVENTO DO BEATO ( 4 )»

Diz-nos o PADRE FRANCISCO DE SANTA MARIA, no seu livro "O CÉU ABERTO NA TERRA", que a "CAPELA-MOR"do"CONVENTO DO BEATO, tinha quatro sepulturas dos LINHARES: a primeira era dos avós de D. JOANA DE NORONHA o 1º. CONDE DELINHARES; a segunda dos pais (2º. CONDE DE LINHARES) ( 1 ) ; a terceira, do irmão, D.FERNANDO DE NORONHA (3º. CONDE DE LINHARES) e suas duas filhas, D. MARIA e D. VIOLANTE DE NORONHA"(...) que (...) faleceram moças, sem casar; e por não terem descendentes que herdassem a sua casa, lhe fez mercê a Majestade del-Rei FILIPE III por seus muitos serviços e merecimentos, de a poder nomear, o que ele fez nos CONDES D. MIGUEL DE NORONHA, e D. INÁCIA seus sobrinhos, que ao presente a possuem; e a quarta do outro irmão, diz textualmente; "SEPULTURA DE D. ANTÓNIO DE NORONHA, PRIMEIRO FILHO DO SEGUNDO CONDE DE LINHARES D. FRANCISCO, E DA CONDESSA D. VIOLANTE, QUE OS MOUROS MATARAM EM CEUTA A 29 DE ABRIL DE 1553 ANOS, SENDO ELE DE 17. D. JOANA DE NORONHA, SUA IRMÃ, QUE NUNCA CASOU E FEZ ESTA CAPELA À SUA CUSTA, QUANDO A ACABOU, QUE FOI NO ANO DE 1622, TRANSLADOU SEUS OSSOS DA SÉ DE CEUTA A ESTA SEPULTURA, E NÃO A DEU AOS MAIS IRMÃOS SEUS, PORQUE DOIS DELES MORRERAM EM ÁFRICA COM EL-REI D. SEBASTIÃO, E OS OUTROS DOIS NAS PARTES DA ÍNDIA, E DOIS SÃO RELIGIOSOS DA ORDEM DE SANTO AGOSTINHO" .

São comoventes estas inscrições. D. JOANA DE NORONHA (que nunca casou), levou certamente uma vida inteira de oração e penitência, ter-se-à resumido em acomodar piedosamente e condignamente os seus defuntos, enquanto ela própria esperava com imperturbável resignação a sua vez de partir.

O surgir de novos tempos, não encontrou eco nestes "Epitáfios", e a ampla CAPELA-MOR que "D. JOANA" amorosamente ornara para a destinar a jazigos dos seus, foi profanada, os túmulos abertos, e as cinzas dos NORONHAS, miseravelmente "despejados" dentro de um CARNEIRO( A ) ou subterrâneo( 2 ). Conservam-se todavia as inscrições tumulares metidas nas paredes da CAPELA-MOR, onde aliás, sempre terão estado ( 3 ). E vamos lá saber até quando...

O Terramoto de 1755 pôs à prova a boa construção do CONVENTO, que não foi abalada.
Depois do sismo, as cinzas da Infanta D. CATARINA (1391-1438), filha Del-Rei D.DUARTE, depositadas no CONVENTO DE SANTO ELÓI, no "LARGO DOS LÓIOS", da mesma congregação, foram para este CONVENTO DO BEATO transladadas e depositadas na CAPELA-MOR, devido ao estado de completa ruína em que aquilo ficou.
Data também dessa época a transferência da paróquia de SÃO BARTOLOMEU para a IGREJA DO CONVENTO, (conforme já nos referimos), passando então a mesma a designar-se de nova PAROQUIA DE S. BARTOLOMEU DE LISBOA.
o erudito e incansável INÁCIO VILHENA BARBOSA (1811-1890), que foi noviço do CONVENTO DO BEATO, diz-nos; "Duas coisas havia neste CONVENTO dignas de menção: a livraria, que contava com os seus dez mil volumes, pela grandeza e alegria da casa; e a escada conventual pela sua beleza e magnificência. Construída de mármore branco e cor de rosa, era guarnecida de balaustrada com estátuas".

( A ) - CARNEIRO - (...) Ossário, Jazigo; Sepulcro ou Cemitério.
( 1 ) - O CORPO DE D. FERNANDO DE NORONHA, diz-nos o cronista, não jazia ali, porque tendo morrido "com cheiro a santidade", foi achado incorrupto, e arranjaram-lhe nova sepultura no vão do altar-mor.
( 2 ) - "COLECTÂNEA OLISIPONENSE", vol. I, pag. 84, LISBOA, 1982.
( 3 ) - "ARQUIVO PITORESCO", de VILHENA BARBOSA, 1864, pag. 214.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO BEATO [ VIII ]-A NACIONAL ( 1  )».

RUA DO BEATO [ VIII ]

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«A NACIONAL ( 1 )»
 Rua do Beato - (1855) (Retrato a Óleo do fundador de "A NACIONAL" JOÃO DE BRITO com a seguinte inscrição: foi inaugurado este retracto em 1855. inRESTOS DE COLECÇÃO 
 Rua do Beato - (1987) (Planta Aerofotogramética 5/8- 1:2000 das instalações de "A NACIONAL"-Companhia de Transformação de Cereais, S.A.) in CAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Beato - (depois de 1843) (O Cais privado de embarque dos armazéns de JOÃO DE BRITO no BEATO) in  ARQUIVO DE A NACIONAL
 Rua do Beato - (Depois de 1849) (O antigo complexo no pátio do ex-Convento do Beato, onde se instalaram as casas das caldeiras e das máquinas a vapor) in RESTOS DE COLECÇÃO
Rua do Beato - (Depois de 1849) (Massas com a marca "NACIONAL" produzidas na fábrica de "JOÃO DE BRITO" no BEATO) in RESTOS DE COLECÇÃO

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO BEATO [ VIII ]

«A NACIONAL ( 1 )»

O "CONVENTO DO BEATO" pouco sofreu com o terramoto de 1755, mas com a extinção das ORDENS RELIGIOSAS em 1834, o Templo foi convertido em "REAL HOSPITALMILITAR", embora tenha sofrido um incêndio poucos anos depois. 
O Edifício manteve-se em ruínas durante alguns anos, até que  toda a propriedade, depois de lotada, foi vendida em haste pública para COMÉRCIO e INDUSTRIA.
Em 1836 o CONVENTO DO BEATO ANTÓNIOé parcialmente adquirido pelo industrial e comerciante JOÃO DE BRITO, que aí montou um ARMAZÉM DE VINHOS, uma oficina de CARPINTARIA e TANOARIA e ainda uma fábrica de MOAGENS A VAPOR, que a partir de 1849 a Rainha D. MARIA II autorizou que usasse a marca  « NACIONAL».
A mais antiga fábrica de moagem que entre nós deixou evidente rasto, foi sem dúvida a «FABRICA DO BEATO», instalada por "JOÃO DE BRITO"( 1 ), na antiga freguesia dos OLIVAIS, afastada cinco quilómetros do limite de LISBOA naquela época.
Entre 1836 e 1840 adquiriu, por arrematação em haste pública, os terrenos envolventes, o CONVENTO, a IGREJA DO BEATO, que começou a ser edificada no tempo de D. HENRIQUE.
Vivíamos tempos de ardor profano e o "ICONOCLASTA"( 2 ) empresário, não teve qualquer pelo em instalar no chão sagrado do Templo quinhentista, paredes meias com velhos túmulos de gente nobre, os maquinismos geradores da nova força motriz; "O VAPOR".
Entre 1845 e 1846 aparece registada uma fábrica de farinhas em nome de "JOÃO DEBRITO", cujo estado é dado como progressivo, empregando muitos operários (contados apenas os que trabalhavam na moagem), movida a vapor, que fora estabelecida em 1841.
Passados alguns anos, em 5 de Março de 1849, "JOÃO DE BRITO" recebeu de D. MARIA II, com a assinatura do MARECHAL SALDANHA, a autorização para que a sua Industria adoptasse a marca "NACIONAL"( 3 ), designação que, em nosso entender, derivaria do nacionalismo económico que, em sucessivos surtos, se foi manifestando na nossa sociedade; haveria de aparecer noutros ramos e produtos industriais e comerciais, mas no domínio da moagem e seus derivados é inequívoco que surgiu pela primeira vez na firma de "JOÃO DE BRITO", posicionando-se na base da "marca" que ainda hoje, passados cento e sessenta e seis anos, depois de muitas transformações sociais, ainda existe.

( 1 ) - JOÃO DE BRITO nasceu em 27 de Outubro de 1796 em ALCOBAÇA e faleceu em 8 de Dezembro de 1863. Negociante de Vinhos em 1936 arrematou em haste pública o Convento e suas pertenças casas do BEATO ANTÓNIO dos Cónegos de São João Evangelista, Arquivo do Ministério das Finanças carta Nº 541-A e 546. Em 1840 arrematou mais uma porção de terreno, cita no mesmo local e foi a partir desta aquisição que criou a Fábrica onde instalou a moagem.

( 2 ) ICONOCLASTA-(do Gr. eikomodastes) - adjectivo e s. m. - destruidor de imagens; aquele que condena o culto das imagens ou dos ídolos; (fig.) aquele que tenta destruir ideias religiosas, opiniões estabelecidas, tradições.

( 3 ) - Documento pertencente ao arquivo de A NACIONAL, nas instalações do BEATO.

(CONTINUAÇÃO)-(PRÓXIMO)«RUA DO BEATO [ IX ] A NACIONAL ( 2 )» 

RUA DO BEATO [ IX ]

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«A NACIONAL ( 2 )»
 Rua do Beato - (2005) - Foto de APS (A parte Sul da ALAMEDA DO BEATO, à direita os novos edifícios projecto de PARDAL MONTEIRO. Ao fundo ainda se distingue a ponte metálica que estabelecia a ligação portuária com a Moagem, sendo a sua construção do ano de 1907) inARQUIVO/APS
 Rua do Beato (1907) (Arquivo A Nacional) (Edifício da Moagem Austro-Húngara na RUA DO BEATO na primeira década do século XX e sua ponte metálica dessa época) inARQUIVO  DE A NACIONAL 
 Rua do Beato (Finais do século XIX) (O forno da cozedura das BOLACHAS, na Fábrica de JOÃO DE BRITO no BEATO)  inRESTOS DE COLECÇÃO
 Rua do Beato ( 1886 ) - (Anúncio da firma de "JOÃO DE BRITO" no BEATO, uma panorâmica desenhada, com vista do Rio Tejo) inRESTOS DE COLECÇÃO
Rua do Beato - (1895) (Um anúncio publicitário da Moagem de Cereais de JOÃO DE BRITO na revista AGRICULTURA NACIONAL, Ano II, Nº 1, Lisboa, 8 de Maio de 1895) inFARINHAS, MOINHOS E MOAGENS

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO BEATO [ IX ]

«A NACIONAL ( 2 )»

No "Inquérito Industrial de 1865", a moagem deJOÃO DE BRITOé referida nos seguintes termos: "(...) MOINHOS: um de quatro pares de nós, sistema francês, com motor de força de 18 cavalos, podendo efectuar 250 "MOIOS"( 1 ) mensalmente. Tudo indica pois, passados 25 anos, os mecanismos principais ainda eram os da altura da instalação da fábrica.
Todavia, o estabelecimento crescera e, em 1873, a moagem já fazia parte de um autentico complexo manufactureiro-industrial: englobava  a moagem de cereais, o fabrico de pão e bolachas, tinha armazéns e depósitos de vinhos, amplas oficinas de tanoaria, serralharia, latoaria de folha branca e carpintaria. Quanto às suas instalações, estava então a construir um novo edifício de quatro pavimentos e, para além; "dos amplos armazéns e arrecadações necessárias aos diferentes ramos da sua industria",bonitas e cómodas casas para habitação dos seus empregados e operários. E acrescentava-se, "à força do trabalho e enormes despesas", ampliara em grande parte,"estes terrenos do lado Sul que formavam os lodaçais arenosos e infectos da margem do TEJO, em belas casas residenciais e úteis armazéns. Pelo Norte reduziu também a bons prédios, terrenos incultos e improdutivos"( 2 ).
Não admira, pois, que este complexo fosse considerado um dos mais importantes estabelecimentos industriais dos arrabaldes de LISBOA. Pensamos que foi a consciência desta importância que explica a atitude dos seus proprietários perante o inquérito, que o MINISTÉRIO DA FAZENDA mandou fazer, às FÁBRICAS DE MOAGEM, em 1890. A Moagem do BEATO, polidamente, escusou-se a responder com pormenores que lhe eram solicitados e restringiu ao máximo as informações acerca de sua dimensão e actividade.
Em 1895 a firma tinha escritórios na RUA IVENS, 13 e depósitos na RUA DA PRATA, 82 a 86, na RUA DOS REMOLARES, 14, no LARGO DE SÃO JULIÃO, 8 e 9 e na RUA DO TERREIRO DO TRIGO, 46 e 48. Nesta altura a "CASA JOÃO DE BRITO", que continuava a ocupar-se da venda de vinhos por grosso, da moagem de Cereais e do fabrico de biscoitos, já era gerida pelo genro do fundador, "CARLOS DUARTE LUZ". 
As suas instalações e equipamentos cresciam e eram melhorados. A superfície total era nessa altura,  cerca de 20 000 metros quadrados, aos quais convém juntar uma largura de cem metros ao longo do RIO que marginava o seu domínio e umas casas que acabou por comprar ao Governo.
Em finais de oitocentos, a empresa JOÃO DE BRITO afirmava-se no mercado como um depósito de vinhos e cereais. No entanto, a vertente da industria de transformação de cereais era cada vez mais visível e importante. A laborar encontrava-se já uma moagem de cereais sistema Austro-Húngaro e uma fábrica de moagem movida a vapor. A qualidade dos seus produtos era evidente. Em todas as exposições que participou obtiveram sempre medalhas de ouro - Industrial Portuense de 1861; Agricultura em LISBOA 1861; Internacional do PORTO em 1865; Universal de Paris em 1867; Universal de Viena em 1873; Internacional de Filandelfia em 1876; Universal de Paris em 1878; Internacional de Bordéus em 1882 e na de Antuérpia em 1894.
As medalhas colocadas por cima da porta principal no edifício nobre do conjunto industrial é apelativa e afirma a qualidade dos produtos ali fabricados, funcionando como uma publicidade empresarial.(Ver fotos de "RUA DO BEATO [ V ]" de 04.02.2015).
A construção do Edifício Nobre, é das mais significativas do ponto de vista da arquitectura industrial da época. Caracteriza-se pela racionalidade, marcada pelo ritmo da "fenestração "e pela mansarda (acrescentada em 1908), na qual se instalara uma estrutura funcional de transporte de cereal em parafuso sem-fim.
Mais de trezentos operários trabalhavam neste grande e notável estabelecimento industrial; e estes números poderiam subir por vezes até aos 500, em períodos de urgências.
O apetrechamento da fábrica não deixa nada a dever sobre qualquer ponto de vista; toda a fábrica de biscoitos é automática, e o mesmo sucede com a moagem de tipo Austro-Húngara, composta principalmente de três jogos completos de 14 "plansicheters" e 25 moinhos de cilindros. A caldeira da máquina a vapor tem 300 cavalos/força, tripla expansão, o dínamo eléctrico de "ORLIKEM" tem 200 cavalos e 12 fornos para cozer, completam esta vasta e fábrica.

- ( 1 ) - MOIO- (do Lat. modiu )s.m. medida de capacidade correspondente a 60 alqueires - ALQUEIRE (do Árb. alkail), medida para cereais- s.m. antiga medida de capacidade variável, para cereais, que corresponde, mais ou menos a 13 litros.
- ( 2 ) - Ver Portugal Antigo e Moderno - Dic. Geográphico, Estatístico Chronográphico, Heráldico, Archeológico, Histórico, Biográphico e Etynológico de todas as cidades, vilas e freguesias de Portugal e de grande número de aldeias..., LISBOA - LIV. EDITORA de MATOS MOREIRA e COMPª. - 1873.

(CONTINUA)-(PRÓXIMA)«RUA DO BEATO [ X ] A NACIONAL ( 3 )». 

RUA DO BEATO [ X ]

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«A NACIONAL ( 3 )»
 Rua do Beato - (Década de 50 do século XX) (Maqueta dos novos edifícios para a Companhia Industrial de Portugal e Colónias, S.A.R.L. .Cais Armazéns e Silos)  inRESTOS DE COLECÇÃO
 Rua do Beato - (1991) - (Planta topográfica da Fábrica do BEATO de 1972, actualizada em 1991) inARQUIVO DE A NACIONAL
 Rua do Beato - (Década de cinquenta do século XX) (Construção do Edifício na parte Sul da "RUA DO BEATO", projecto do Arquitecto Pardal Monteiro. Álbum da construção da nova moagem) inARQUIVO DE A NACIONAL.
 Rua do Beato - (1907) ( A "COMPANHIA NACIONAL DE MOAGEM" uma firma que mais tarde viria a fazer parte do bloco das grandes Fábricas a Vapor de Moagem de Trigo,  descasque de arroz e massas) in RESTOS DE COLECÇÃO.
Rua do Beato - ( 1910 ) - ( A Empresa de "João de Brito, Limitada" viria a ser integrada no bloco da "NOVA COMPANHIA NACIONAL DE MOAGEM, S.A.R.L., em 27 de Agosto de 1917) in RESTOS DE COLECÇÃO

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO BEATO [ X ]

«A NACIONAL ( 3 )»

É evidente que a fábrica não passará ao lado do progresso técnico que, em fins do século XIX, revolucionou a Industria Moageira; acompanhando-a e desenvolvendo-a. 
Em 1900 a firma registou a sua nova simbologia que, consistia  num rótulo circular cingido por circunferências concêntricas muito próximas, sendo a exterior mais grossa do que a interior, incluindo os seguintes dizeres:"FÁBRICA DE JOÃO DE BRITO", em caracteres iguais, e LISBOA em caracteres maiores. Estas palavras estão dispostas circularmente em contorno do rótulo. Em dois arcos arcos concêntricos, e seguindo o sector oposto aquele em que está a palavra LISBOA, lê-se "FARINHA SUPERFINA". Abaixo destes dizeres estão os desenhos representando os versos e anteversos de diversas medalhas, obtidas em diferentes exposições.
São oito as medalhas, dispostas na seguinte ordem: três abaixo da palavra "superfina" e da exposição de VIANNA D´ÁUSTRIA, a da FRANÇA em 1889 e a de FRANÇA em 1867; segue-se ao meio a da exposição do PORTO em 1861, e depois duas da ASSOCIAÇÃO CENTRAL DA AGRICULTURA PORTUGUESA, a da Exposição do PORTO em 1865 e PHILADELPHIA em 1874. Entre as três primeiras e a central estão escritas as palavras "NO BEATO ANTÓNIO". Atravessando obliquamente, seguindo no diâmetro, há uma fita passando por cima da quarta medalha, com os seguintes dizeres: " SYSTEMA ÁUSTRO-HUNGARO destinado a farinhas"( 1 ).
Em 30 de Julho de 1900 tinha a seguinte ficha técnica: "natureza do motor, vapor; trituração e conversão, 8 mós e cilindro; força produtiva anual, 31 200 000Kg/trigo; laboração efectiva anual, 15 362 000Kg/trigo"( 2 ).
Depois da sua morte foram os herdeiros que assumiram os destinos de uma das Industrias Alimentares mais florescente do país, sob a designação social de "JOÃO DE BRITO, LDA.".
Em 1898, a empresa era dirigida (como já nos referimos) pelo seu genro, e também pelos seus netos, ANTÓNIO, EDUARDO e ARTUR MACIEIRA.
Em termos organizacionais, referentes à alteração do capital social, ao crescimento da produção, à fusão com outras firmas do mesmo ramo (para um melhor controlo de mercado) e às novas designações comerciais, podemos referir os seguintes momentos: - Em 27 de Agosto de 1917 ( 3 ), a empresa JOÃO DE BRITO, LDA, foi integrada no bloco da "NOVA COMPANHIA NACIONAL DE MOAGEM"; - em 17 de Dezembro de 1919, constituiu-se a "COMPANHIA INDUSTRIAL DE PORTUGAL E COLÓNIAS, S.A.R.L.", através da fusão da NOVA COMPANHIA NACIONAL DE MOAGEM e da COMPANHIANACIONAL DE ALIMENTAÇÃO; - no início dos anos 80 é transformada em Sociedade Anónima, mantendo a mesma designação de C.I.P.C.; - em 23 de Dezembro de 1986, a sua designação passa a ser "A NACIONAL - COMPANHIA INDUSTRIAL DE TRANSFORMAÇÃO DE CEREAIS, S.A.. 

( 1 ) - «REGISTOS DE MARCAS AVISOS E PEDIDOS». Para conhecimento de quem interessar se faz público que nos dias indicados foram pedidos as seguintes marcas que se referem: Em 4 de Janeiro de 1900, Nº 4: 197- classe 1.ª. A firma "JOÃO DE BRITO", com sede em LISBOA, RUA IVENS. D.G., N.º 23, de 30 de Janeiro de 1900, p. 262.

( 2 ) - Informação sobre os seus motores in BOLETIM DO TRABALHO INDUSTRIAL, Nº 48, de 1908, Nº. 80 de 1911.

( 3 ) - Diário do Governo, Nº. 245, II série, 17 de Outubro de 1917.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO BEATO [ XI ] A NACIONAL ( 4 )»
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