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Channel: RUAS DE LISBOA COM ALGUMA HISTÓRIA
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RUA DO AÇÚCAR [ XXI ]

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 Rua do Açúcar - (2013) (Foto gentilmente cedida por Ricardo Moreira) (A "VILA PEREIRA" na "Rua do Açúcar" conhecida noutros tempos como: "Vila directamente ligada à produção", é constituída por 42 fogos) in ARQUIVO/APS
 Rua do Açúcar - (2013) (Foto gentilmente cedida por Ricardo Moreira) (A parte final da "Vila Pereira" na "Rua do Açúcar") inARQUIVO/APS
 Rua do Açúcar - (2010) Foto de Barragon (A "Vila Pereira" na "Rua do Açúcar) inPANORAMIO
 Rua do Açúcar - (1887) (Planta do primeiro andar da "Vila Pereira" na "Rua do Açúcar", no Arquivo de Obras da C.M.L. - Processo de Obras nº 3339-Vila Pereira) in CAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Açúcar (2012) - (A "Vila Pereira" localizada na "Rua do Açúcar", o seu piso térreo era ocupado por oficinas de Tanoaria e armazéns de vinhos. As habitações ficavam no primeiro andar e águas-furtadas) in GOOGLE EARTH
 Rua do Açúcar - (ant. 1998) Foto de António Sacchetti (Com uma ostentação arquitectónica a "Vila Pereira" na "Rua do Açúcar", destaca-se pelas suas enormes e inúmeras chaminés) in CAMINHO DO ORIENTE
Rua do Açúcar - (ant. 1998) (Foto de António Sacchetti) (Pormenor das chaminés da "Vila Pereira" na "Rua do Açúcar", números 24 a 50) in CAMINHO DO ORIENTE

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO AÇÚCAR [ XXI ]

«A VILA PEREIRA»

A«VILA PEREIRA» fica na «RUA DO AÇÚCAR» dos números 24 a 50, com esquina para a «RUA PEREIRA HENRIQUES».
Esta vila apresenta uma tipologia muito especial no género das habitações lisboetas que, numa determinada época, eram classificadas por "Vila directamente ligada à produção".
Destaca-se por ser um edifício implantado ao longo da "RUA DO AÇÚCAR" e pelo facto das habitações se localizarem sobre os próprios armazéns de actividade. Neste caso concreto, o próprio local de trabalho agrega as habitações dos seus operários.
A par destas características, a «VILA PEREIRA» faz parte integrante da fisionomia da zona do "POÇO DO BISPO", sendo um edifício que se distingue pela distribuição ritmada das grandes portas no rés-do-chão, das janelas do primeiro andar e pelas suas imponentes chaminés, que marcam todo o comprimento habitacional, conferindo-lhe uma leitura cadenciada.
Foi mandado construir no ano de 1887 pela "SOCIEDADE SANTOS LIMA & Cª.", este edifício que reúne duas funções ( o trabalho e a habitação).
Num estudo que o arquitecto "TEOTÓNIO PEREIRA" em "PRÉDIOS E VILAS DE LISBOA" definiu este grupo  específico de "VILAS", no qual se insere a "VILA PEREIRA". Trata-se de uma modalidade associada a empresas de menor dimensão, em sectores específicos da actividade industrial, sendo as habitações integradas no próprio edifício das instalações fabris.
Aliás toda esta zona do "POÇO DO BISPO" era marcada pela abundância deste tipo de construção, como por exemplo o complexo armazém, escritórios e habitação para os empregados administrativos, mandado construir pela empresa de "JOSÉ DOMINGOS BARREIROS"
No que diz respeito à "VILA PEREIRA", a sua ostentação arquitectónica não é tão sumptuosa como no exemplo anterior, destacando-se antes pela conjugação de alguns dos seus elementos funcionais. Assim, a fachada principal deste prédio de dois pisos, organiza-se por módulos compostos: 1º.) no piso térreo, por três vãos com uma porta e duas janelas de arco de volta inteira, com bandeira preenchida por gradeamento de ferro fundido, onde se inseriram as siglas do proprietário (FSL) e datação do imóvel (conforme a época); 2º.) no primeiro andar, por quatro janelas, dispostas simetricamente.
O prédio compõe-se ainda por mansardas discretamente implantadas e disfarçadas pelas chaminés, distribuindo-se duas por cada modulo.
Este efeito repete-se integralmente cinco vezes e podia ser acrescentado até ao infinito, mantendo a mesma harmonia e equilibro.
No piso térreo necessitava de áreas muito amplas para o desenrolar das actividades da firma. Ali se instalaram oficinas de tanoaria ou espaços de armazenagem.
Entre o primeiro andar e o sótão desenvolviam-se as habitações, comportando um elevado índice populacional, para um espaço tão pequeno. As habitações distribuem-se ao longo de um corredor, para ambos os lados, (conforme figura quatro), criando um curioso sistema de relações de vizinhança, no seu próprio âmago. As dimensões e área de cada divisão são exíguas.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO)«RUA DO AÇÚCAR [ XXII ]-CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE MARVILA ( 1 )»


RUA DO AÇÚCAR [ XXII ]

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 Rua do Açúcar - (2010) Foto de Barragon ("Igreja e Convento de Marvila", na "Rua Direita de Marvila" e antiga "Quinta de Marvila") in SKYSCRAPERCITY
 Rua do Açúcar - (1833) (Desenho de Gonzaga Pereira) (O "Convento de Marvila" desenho inserto in "Monumentos Sacros de Lisboa" em 1833. Podemos notar a arcada que inicialmente fechava o pátio de entrada, dando acesso directo ao claustro) inCAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Açúcar - (1998) Foto de António Sacchetti (O Pórtico da Igreja do "Mosteiro de Marvila" datado de 1725 é atribuído a "João Vicente dos Santos", pai da Ordem religiosa) inCAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Açúcar - (depois de 1666) Foto de Antº Sacchetti (A Pedra de Armas do arcebispo "Fernão Cabral", um dos patronos do "Mosteiro de Marvila", colocada no exterior da porta lateral do Mosteiro ) inCAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Açúcar - (1998) Foto de Antº Sacchetti (Aspecto do claustro do Convento de Marvila, construção dos últimos anos do século XVII e início do seguinte) inCAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Açúcar - (1998) Foto de Antº. Sacchetti (Coroamento com frontão de um dos corpos simétricos que fecham o pátio do "Mosteiro de Marvila", com decoração de azulejos) in CAMINHO DO ORIENTE
Rua do Açúcar - (1998) Foto de Antº Sacchetti (Um pormenor da decoração em talha e painel de azulejo, na "Igreja do Mosteiro de Marvila", salientando o púlpito no corpo do templo) in CAMINHO DO ORIENTE

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO AÇÚCAR [ XXII ]

«O CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE MARVILA ( 1 )»

Este Convento foi erguido numa parcela do terreno foreiro ao Morgado do "ESPORÃO", correspondendo à extremidade nascente da grande «QUINTA DE MARVILA», dos CONDES de "FIGUEIRÓ", assim era designada no século XVI, por a "CABEÇA". Vendida por "PAULODE TOVAR" ao cónego "MANUEL PIMENTEL" em 1611 ( 1 ), foi herdada por a família "TINOCO" em (1623). Foi adquirida mais tarde por "SANCHO DE FARIA E SILVA" a que deram o nome de "QUINTA DO SANCHO DE FARIA AO POÇO DO BISPO"( 2 ).
Em 1648 comprava em haste-pública esta QUINTA, o Arcediago "FERNÃO CABRAL" que, por sua vez, a doou para a construção do CONVENTO.
Existe na zona de LISBOA dois antigos CONVENTOS DE FREIRAS, um na zona OCIDENTAL e outro nesta zona ORIENTAL, dedicados ao mesmo orago «NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO». O primeiro é o "CONVENTO DE Nª. SENHORA DACONCEIÇÃO DOS CARDAIS" na "RUA DO SÉCULO" (ver mais aqui), o outro é este de MARVILA, das «FREIRAS DE SANTA BRÍGIDA" ou "BRÍGIDAS".
Esta Ordem tem história acidentada, que retrata as atribulações por que a EUROPA passou com os desentendimentos religiosos do século XVI.
"SANTA BRÍGIDA" era sueca e instituiu uma ordem nas friezas da sua pátria. 
"HENRIQUE V" de Inglaterra tomou de afecto as freiras escandinavas, fundando-lhes um Convento. Foi a "CASA DO MONTE SION".
Mais tarde, os distúrbios de "HENRIQUE VIII" levaram à expulsão das freiras, andando desde então as pobres em bolandas. Foram para a "FLANDRES", de onde fugiram à frente das tropas heréticas de "GUILHERME DE ORANGE". Seguiram para "ROUEN", onde as atingiram as fúrias dos huguenotes. Finalmente, em desespero de causa, meteram-se num barco com destino à Península Ibérica.
Reparem os termos como se descreve a viagem que as trouxe até LISBOA. Escreve o autor: "Como o seu desígnio se dirigia a ESPANHA, forcejou muito a sua embarcação por tomar nela algum porto: porém como DEUS NOSSO SENHOR as tinha destinado para PORTUGAL, a fúria dos temporais e o medo de outro qualquer encontro, as meteu como por força, na BARRA DE LISBOA"(...).
Estes acontecimentos passaram-se em 1594, sendo as errantes religiosas recebidas em LISBOA com júbilo de quem ganha uma batalha. Foi-lhes dada casa ao antigo MOCAMBO, onde fundaram o seu mosteiro em LISBOA conhecido por "CONVENTO DO QUELHAS", ou das "INGLESINHAS". Aí professou "D. LEONOR DE MENDANHA", rica herdeira, que se escondeu sob o nome de Madre BRÍGIDA DE SANTO ANTÓNIO. Em 1655, a reverenda MADRE conseguiu os seus intentos de fundar nova casa. Não o fez sem reticências de "D.JOÃO IV", que julgava que LISBOA já tinha CONVENTOS a mais. Mas a MADRE teimou na sua e, a meias com o arcediago "FERNÃO CABRAL", dono de uma Quinta em Marvila, que se prestou oferecer para os pios propósitos,  lá conseguiram arrancar ao rei a tão pretendida autorização, com o alto patrocínio da rainha "D. LUÍSA DE GUSMÃO".
Assim, nascia o «CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE MARVILA», dedicado, certamente para agradar ao rei indeciso, à recentemente declarada "PADROEIRADO REINO".
Não foi fácil de início a vida do Convento. O dinheiro era pouco e as obras arrastavam-se... O arcediago "FERNÃO CABRAL" ainda viu erguida a nova Igreja, completada com a dádiva de "D. ISABEL HENRIQUES", ainda lembrada em lápide na parede lateral da capela-mor.
É no período entre 1660 e 1690, do chamado barroco de sensibilidade portuguesa, que se ergue e decora este Mosteiro. Alguns pormenores são posteriores, como os azulejos, mas o essencial desta casa religiosa estava então construída. Este facto concede a esta igreja a indispensável importância de ser um exemplar completo de um gosto específico, perfeito de harmonia dos diversos elementos, seja arquitectónicos, seja decorativos.

( 1 ) - DELGADO, RALPH - O Mosteiro de Marvila, in Olisipo - Nº110, p.113-1965-LISBOA

( 2 ) - Instituto de Arquivos Nacionais/Torre do Tombo-Registos Paroquiais, Nª Srª. dos Olivais, Baptismos, Cx. I, Lº. 4, fl. 6.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO AÇÚCAR [ XXIII ] O CONVENTO DE Nª. Srª. DA CONCEIÇÃO DE MARVILA ( 2 )»

RUA DO AÇÚCAR [ XXIII ]

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 Rua do Açúcar - (1969) Autor da fotografia não identificado (Frontaria do Convento de Nª. Senhora da Conceição de Marvila", depois "Asilo de Velhos de Marvila" inAFML 
 Rua do Açúcar - (1969) Foto de autor não identificado (Capela do antigo "Mosteiro de Marvila" vista da parte Norte) in AFML 
Rua do Açúcar - (1998) Foto de António Sacchetti (Interior da Igreja do "Mosteiro de Marvila", iniciada pelo "Fr. Pedro de Santo Agostinho", do "Convento de São Francisco de Xabregas" e só ficou concluída no ano de 1680) inCAMINHO DO ORIENTE 
 Rua do Açúcar - (Colocado em 1911) Foto de António Sacchetti (Busto de mármore branco, assinado por "G. DUPRE-F.1852, FIRENZE, de "MANUEL PINTO DA FONSECA", benemérito fundador do "ASILO D. LUÍS I" no "Convento de Marvila") in CAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Açúcar - (1998) Foto de António Sacchetti (Um painel de azulejos revestindo uma parte do coro baixo, no interior da Igreja do Mosteiro de Marvila) inCAMINHO DO ORIENTE
Rua do Açúcar - (14 de Janeiro de 1961) (Programa das comemorações do 50º Aniversário do "ASILO DE VELHOS DE MARVILA", com a  realização de um espectáculo musical pela F.N.A.T., no salão de festas desta instituição) inARQUIVO/APS

(CONTINUAÇÃO) RUA DO AÇÚCAR [ XXIII ]

«O CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE MARVILA ( 2 )»

O conjunto é de planta muito simples. Um quadrado em torno do claustro, reunia as dependências conventuais.  Desse quadrilátero saíam dois corpos laterais, formando  um  "U", que envolvia o pátio. O corpo lateral poente albergava a Igreja. O templo, como era habitual nos Conventos de freiras, destinava o seu eixo principal ao altar-mor e ao coro, dividido este em dois andares. Abria lateralmente a sua porta principal, dando sobre o pátio de entrada.
O traçado do edifício é de extrema modéstia, formando um simples rectângulo a que se adossava um outro mais pequeno, destinado à capela-mor. No corpo da Igreja abriam-se um número variável de capelas, pouco profundas, albergando cada uma o seu altar. No topo  sul, abria-se o duplo coro das freiras, separado da Igreja por fortes grades.
Sobre esta austera receita sobrepunha-se a exuberância decorativa. Talhas douradas nos altares, azulejos historiados até meia altura e, depois grandes telas entalhadas, que lembravam a devoção própria da casa religiosa. Por vezes surgiam, por doação mais farta, os mármores embrechados, com desenho miúdo.
Nesta Igreja temos exemplos de tudo. Existem mármores coloridos na Capela-mor, na parte concluída pela referida "D. ISABEL HENRIQUES". São completados pelos degraus, também em mármore, de um forte tom rosa, sem dúvida de belo efeito.
Os altares são de boa talha, desenhados com colunas torsas, enleadas de parras e anjos, que se prolongam em arquivolta, ao jeito de reminiscência dos antigos portais românicos.
Os azulejos, atribuídos por "JOSÉ MECO" ao monogramista "P.M.P.", são de boa qualidade, compondo um conjunto que se impõe pelo colorido forte e o excelente estado de  conservação. No coro baixo, os painéis de azulejos são de grande beleza, tendo sido atribuídos por "SANTOS SIMÕES" a "ANTÓNIO DE OLIVEIRA BERNARDES", o mais notável pintor de azulejos deste período.
A pintura é, talvez, neste conjunto tão harmónico, o detalhe mais importante. É da autoria de "BENTO COELHO DA SILVEIRA", um dos pintores mais interessantes dessa época pictoricamente tão fraca.
É composta, entre outros, por uma série sobre a vida de "SANTO AGOSTINHO".
Quanto à parte conventual, só o claustro mantém a sua forma primitiva. É simples e de boa dimensões, com arcaria sustentada em pilares sólidos, despidos de qualquer enfeite. Ao centro, um pequeno tanque com chafariz põe nota bucólica na agradável austeridade desta simples quadra.
O «MOSTEIRO DE MARVILA» foi suprimido por decreto de 11 de Abril de 1872. Depois da carta de lei de 10 de Abril de 1874, o Governo ofereceu as instalações para o "ASILO D.LUÍS I", fundado em 1861, com um legado testado pelo comendador "MANUEL PINTO DA FONSECA".
Depois da implantação da República, logo em 1911, o nome do ASILO, foi substituído por "ASILO MANUEL PINTO DA FONSECA". E, em 1928, vagando esta casa, por o ASILO se ter transferido para o "PORTO BRANDÃO", nela foi instalado o "ASILO DOS VELHOS DECAMPOLIDE", com secção para cegos de ambos os sexos. O edifício tem capacidade para albergar cerca de 500 internos. Actualmente, no portão do corpo central do pátio de entrada, vê-se a legenda de «ASILO DE VELHOS DE MARVILA».

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO AÇÚCAR [ XXIV ]A QUINTA E PALÁCIO DO MARQUÊS DE ABRANTES ( 1 )»

RUA DO AÇÚCAR [ XXIV ]

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 Rua do Açúcar - (1992/3) - Foto de Filipe Jorge (Panorama da antiga "QUINTA DE MARVILA". Se alinharmos em linha recta de "X" a "X", vamos encontrar, sensivelmente, as grandes dimensões desta Quinta) inLISBOA VISTA DO CÉU
 Rua do Açúcar - ( 1998) Foto de António Sacchetti (Vista do conjunto do Palácio dos "MARQUESES DE ABRANTES". No lado esquerdo o edifício onde esteve instalado de 1862 a 1930 a "Escola Normal Primaria de Lisboa", para o ensino de professores. O grande portal central de acesso ao pátio é o elemento central enobrecedor do conjunto, sendo as duas janelas que o acompanham possivelmente mais tardias) inCAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Açúcar - (anos 50 do século XX) Foto de autor não identificado (No chamado pátio do Palácio, a sede de um clube recreativo, dominada por um pequeno campanário, da antiga Capela dos "Marqueses de Abrantes") in ANTIGA FREGUESIA DOS OLIVAIS 
Rua do Açúcar - (2011) (Pátio do antigo "PALÁCIO DOS MARQUESES DE ABRANTES", virado para a "Rua de Marvila") inMARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS

(CONTINUAÇÃO) RUA DO AÇÚCAR [ XXIV]

«A QUINTA E PALÁCIO DOS MARQUESES DE ABRANTES ( 1 )»

"DOM AFONSO HENRIQUES" após a tomada de LISBOA, doou à "MITRA DE LISBOA" (1149) "três dezenas de casas e todas as rendas e terras de MARVILA que pertenciam às Mesquitas dos MOUROS ( 1 ). Por sua vez, o 1º Bispo lisboeta, «D. GILBERTO», ao organizar o CABIDO (1150) concedeu-lhe metade de Marvila.
A parte adstrita à Mesa Pontifical - a QUINTA DA MITRA - constituía um terreno vastíssimo indo do BEATO ao POÇO DO BISPO, e do rio até à estrada para o ALFUNDÃO. Veio a "QUINTA DE MARVILA" a cair na família dos "COSTAS", parente do cardeal ALPEDRINHA, "D. JORGE DA COSTA" com o domínio útil a título perpetuo. Integrada depois no «MORGADO DO ESPORÃO», transitou por herança para os "CONDES DE FIGUEIRÓ", depois de "VILA NOVA DE PORTIMÃO" e "MARQUESES DE ABRANTES".
A parcela maior da "HERDADE" - assim referida no século XVII - a chamada da "QUINTAGRANDE", reservaram os senhores para si, com vinhas, pomares, hortas e olivais, aí construindo casas nobres que, fruto de várias campanhas de obras, ganharam dimensões palacianas. Sabe-se que no século XV, entre os bens que pertenciam à sua "Mesa Pontifical", estava uma quinta " que se chama de MARVILA, que está além do Mosteiro de S. Bento". Em 30.04.1495 renovou o cardeal "ALPEDRINHA" o emprazamento em três vidas da (...) "Quinta de Marvila, além do Convento de S. João de Santo Elói, pelo foro de 3500 réis ( 2 ),a sua irmã, "D. CATARINA DE ALBUQUERQUE", terceira vida no prazo. Justificou-se a renovação, "por ela dita senhora ter feitas muitas benfeitorias e esperava ao diante mais fazer", na propriedade composta por casas, terras, vinhas e olivais. "D. CATARINA" nomeou na posse do prazo da quinta, em segunda vida, a sua sobrinha, "D. HELENA DA COSTA" ( 3 ), que o possuiu com isenção de foro na prelatura de "D.MARTINHO DA COSTA", seu tio.
Esta senhora, por sua vez, nomeou terceira vida, por testamento, ao irmão "JOÃO DACOSTA", senhor de "PANCAS", que em 1541 tomou posse (...) "da quinta de Marvila que está a par de S. Bento e das casas do Conde de Portalegre" ( 4 ).
Coube à mulher deste fidalgo, "D. INÊS DE NORONHA", a obtenção de novo plano de aforamento em (1573), e a duas de suas filhas um papel fundamental na história desta propriedade.
A primeira, "D. Jerónima de Noronha, sendo possuidora desta Quinta (...) suplicou à Sé Apostólica, lhe reduzisse este prazo que era em vidas, a enfatiota, em razão de haver feito nela grandes benfeitorias, e com efeito se lhe expediu BULA (...) ( 5 )
Concedido o pedido passou a «QUINTA DE MARVILA» a constituir um prazo perpétuo com o foro de 6000 réis anuais, por breve assinado pelo Cardeal "D. HENRIQUE" (1566), então ARCEBISPO DE LISBOA ( 6 ).
A segunda filha, herdeira da irmã, "D. HELENA DE NORONHA", senhora de "PANCAS", tomou posse da propriedade em 1575 ( 7 ),junto com seu primeiro marido "D. MANUEL DA CUNHA", Morgado de "TÁBUA".  "D. HELENA" casou em terceiras núpcias com "MANUEL DE VASCONCELOS", regedor da Justiça e Presidente da Câmara, Morgado "ESPORÃO", figura de relevo no período filipino, de quem não teve geração.
Sem herdeiros, foi obrigado a instituir por testamento (1602), aberto em Marvila  (1619), morgado de todos os seus bens livres, incluindo esta quinta.
Para primeiro administrador do vínculo, que anexou ao do "ESPORÃO", chamou o enteado "FRANCISCO DE VASCONCELOS" depois " 1º CONDE DE FIGUEIRÓ", primogénito do regedor.

- ( 1 ) -Cunha, D. Rodrigo da, História Eclesiástica da Igreja de Lisboa. Lisboa, 1642,pp69 e seg.
- ( 2 ) -IAN/TT,ACA - Morgado do Esporão, Mç. 188, doc. 3841.
- ( 3 ) -IAN/TT,ACA - Morgado do Esporão, Mç. 190, doc. 3904
- ( 4 ) -IAN/TT,ACA - Morgado do Esporão, Mç. 191, doc. 3927
- ( 5 ) -IAN/TT,ACA - Morgado do Esporão, Mç. 188, doc. 3840
- ( 6 ) -Delgado, Ralph - "O LUGAR DE MARVILA E A QUINTA DA MITRA", in Olisipo, Lisboa 1963, nº 103.
- ( 7 ) -IAN/TT,ACA - Morgado do Esporão, Mç. 190, doc. 3903

SIGLAS
- IAN/TT =Instituto de Arquivos Nacionais/Torre do Tombo.
- ACA = Arquivo da Casa de Abrantes   

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO AÇÚCAR [ XXV ]A QUINTA E PALÁCIO DOS MARQUESES DE ABRANTES ( 2 )»

RUA DO AÇÚCAR [ XXV ]

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 Rua do Açúcar - (anos 50 do século XX) Foto de autor não identificado (Palácio dos "Condes de Figueiró" depois "Vila Nova de Famalicão" e por último dos "Marqueses de Abrantes", virado para a "Rua de Marvila") inANTIGA FREGUESIA DOS OLIVAIS
 Rua do Açúcar - (1992/3) Foto de Filipe Jorge (Vista panorâmica de Lisboa na zona Oriental. É visível a "Doca do Poço do Bispo", muito próxima da nossa "RUA DO AÇÚCAR" em toda a sua extensão, mais para o lado de cima a linha ferroviária do Norte e cintura de Lisboa, que na sua primeira curva podemos ver um conjunto de casas abarracadas na (Quinta dos Marqueses de Abrantes), feitas pelos trabalhadores que representavam  a mão-de-obra, dos tempos áureos da Industrialização da Zona Oriental de Lisboa) inLISBOA VISTA DO CÉU
 Rua do Açúcar - (2009) Foto de Jmsbastos (Portal de acesso ao pátio da "Quinta e Palácio dos Marqueses de Abrantes" na "Rua de Marvila") in FLICKR
Rua do Açúcar - (anterior a 2009) Foto de Barragon (Portal de acesso ao pátio do Palácio e Quinta dos "Marqueses de Abrantes", com o reclame da Sociedade Filarmónica 3 de Agosto de 1885) in SKYSCRAPERCITY

(CONTINUAÇÃO) RUA DO AÇÚCAR [ XXV ]

«A QUINTA E PALÁCIO DOS MARQUESES DE ABRANTES ( 2 )»

«D. HELENA DE NORONHA» empreendeu grandes obras de beneficiação na Quinta, constando nos inventários feitos por sua morte as avaliações. "(...) no estado em que estão abatidas as malfeitorias que se fizeram nos desmanchos das casas para melhoramento da dita propriedade em 14 000 cruzados, em que entram todas as benfeitorias das vinhas e pomares e tudo o mais que está feito de pedra e cal e madeira, na dita Quinta (...) ( 1 ).  No testamento declarava "(...) tenho nela feito muitas benfeitorias e vou fazendo (...) ( 2 )
«FRANCISCO DE VASCONCELOS», casado com a herdeira da "CASA DE FIGUEIRÓ", de cujo senhorio foi o 1º Conde, em 1637 entrou na posse da «QUINTA DE MARVILA» "com outras pequenas, e diversos foros que se pagam de várias propriedades junto à dita quinta que tudo é a ela anexo (...) ( 3 ). Sucedeu-lhe o sobrinho«D. PEDRO DE LENCASTRE» e seu filho, «D. JOSÉ LUÍS DE LENCASTRE», moradores em SANTOS, que tiveram grande litígio ( 4 ) com a condessa viúva de "FIGUEIRÓ", que instituíra herdeira a Condessa de "CASTELO MELHOR": "pois minha sobrinha é a parente mais chegada que tenho dos VASCONCELOS e é herdeira de minha casa de "FIGUEIRÓ", que tenho de juro e herdade e fora da "Lei Mental", ela entra na 2ª. vida e eu na 1ª., que tenho alvará de duas vidas - e no prazo e quinta de Marvila, onde vivia, com todas suas pertenças - com todos os foros, jardins, quintas e cercas e pomares e tudo o que pertença a este prazo. Da qual tomou posse, e onde viveu, cobrando os foros de 1644-47 e 1654-1660, cobrados nos restantes anos pela Represália
«D. PEDRO DE LENCASTRE», comendador-mor de AVIS, herdara se seu tio o título de «CONDE» e o "MORGADO DO ESPORÃO", no qual a quinta fora integrada. O sucessor "D. JOSÉ", que trocou o título de "CONDE DE FIGUEIRÓ" pelo de "VILA NOVA DE PORTIMÃO", herdado de sua avó materna; "engrossando em rendas a sua grande casa por recaírem nela duas tão ilustres, veio a ser uma das mais ricas do Reino ( 5 ). Não deixou descendência, pelo que se lhe seguiu na titularidade seu irmão, «D. LUÍS», que em 1688 tomou posse. "(...) da quinta de Marvila e suas anexas, como também das benfeitorias que na dita quinta estão feitas, (...) tomou também posse de tudo aquilo em que a senhora Condessa tinha retenção, assim em louça como em tudo (...) ( 6 ), bem como da propriedade situada em XABREGAS chamada o "JARDIM", então nas mãos da Condessa de «CASTELO MELHOR», já falecida.
Por esta altura ter-se-á sugerido a «QUINTA DE MARVILA» como uma das hipóteses para instalação da rainha de Inglaterra, «D. CATARINA DE BRAGANÇA», regressada a LISBOA em 1693.
No ano de 1704, «D. PEDRO DE LENCASTRE», 5º CONDE DE VILA NOVA, sucedeu na Casa, cuja opulência se viu sobremaneira acrescida pela fusão mais tardia com a «CASADE ABRANTES», originada pelo seu casamento com «D. MARIA SOFIA DE LENCASTRE». Detentor do senhorio de inúmeras vilas, Morgados e Alcaidarias-mores. Porém no ano de 1745 hipoteca a "QUINTA" para pagamentos de várias dívidas.
Em 1752, pelo pai, seu administrador, "MANUEL RAFAEL DE TÁVORA", o CONDE DE VILA NOVA «D. JOSÉ MARIA DE LENCASTRE», então com 10 anos, neto de «D. PEDRO», tomou posse do seu Palácio e Quinta de Marvila e de todos os mais bens do dito MORGADO.
A partir de meados do século XVIII, a Quinta e o Palácio, passaram a estar geralmente arrendados, degradando-se progressivamente o seu estado de conservação.

( 1 ) - IAN/TT, ACA - Morgado do Esporão, Mç. 188, doc. 3843
( 2 ) - Idem   Mç. 194, doc. 4037                                  
( 3 ) -   "       Mç. 191, doc. 3930
( 4 ) -   "       Mç. 192, doc. 3935
( 5 ) - SOUSA, Antº Caetano de, História Genealógica da Casa Real Portuguesa, LºXI cap. XXI, p, 191
( 6 ) -IAN/TT, ACA - Morgado do Esporão, Mç. 191, doc. 3931.
SIGLAS 
IAN/TT =Instituto de Arquivos Nacionais/Torre do Tombo 
ACA = Arquivo da Casa de Abrantes.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO AÇÚCAR [XXVI]-A QUINTA E PALÁCIO DOS MARQUESES DE ABRANTES ( 3 )»

RUA DO AÇÚCAR [ XXVI ]

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 Rua do Açúcar - (1992/93) Foto de Filipe Jorge (BAIRRO CHINÊS- Com a implantação industrial, o abandono prematuro de muitas explorações agrícolas, a falta de habitação acessível e a progressiva degradação da paisagem e do ambiente, vão fornecendo a invasão por ocupação espontânea, sobretudo em terrenos públicos, mas também nalguns privados que originam "Bairros de Lata", de que o famoso "Bairro Chinês", na "Quinta dos Marqueses de Abrantes", constitui exemplo típico e duradouro, embora o seu fim se aproximasse no final da década de 80, início de noventa, motivado pela EXPO'98 que veio alterar radicalmente uma parte substancial desta zona Oriental de Lisboa) (Foto abre em tamanho grandein LISBOA VISTA DO CÉU
 Rua do Açúcar - (1998) Foto de António Sacchetti (Acesso por Portal com Brasão picado, pertencente ao antigo "Palácio dos Marqueses de Abrantes", na "Rua de Marvila, 34. Encontrando-se ali instalada a "Sociedade Musical 3 de Agosto de 1885", local onde se ensaia a marcha que representa a freguesia de  MARVILA)  in  CAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Açúcar - (anos 50 do século XX) -Foto de autor não identificado ("Palácio dos Marqueses de Abrantes" parte virada para o pátio) inANTIGA FREGUESIA DOS OLIVAIS
Rua do Açúcar - ( A Casa de "VILA NOVA DE PORTIMÃO/ABRANTES". Uma sucessão complexa de heranças transformou a "CASA DOS CONDES DE VILA NOVA DE PORTIMÃO", depois também herdeiros dos Marqueses de Abrantes e Fontes, numa das maiores propriedades na zona envolvente de Lisboa)  in CAMINHO DO ORIENTE

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO AÇÚCAR [ XXVI ]

«A QUINTA E PALÁCIO DOS MARQUESES DE ABRANTES ( 3 )»

Na década de sessenta, com um dos quartos térreos arrendados a "JOÃO LOURENÇO VELOSO"(1762-69), irmão de "VASCO LOURENÇO VELOSO" (de Santa Apolónia), as alusões à decadência das casas nobres são frequentes. Manteve-se a situação ao longo do século XIX, embora tivesse o cuidado por parte dos Marqueses de salvaguardarem nos arrendamentos a preservação da quinta - do bom amanho das vinhas, árvores e todas as terras cultiváveis, comprometendo-se os rendeiros, uma vez findos os arrendamentos, a deixar a quinta povoada e cheia de bacelos e cepas - casos de "ANTÓNIO JOAQUIM DOSREIS", mercador de lã e seda, pela renda anual de 400 000 réis e um pipa de vinho (1819-27) ( 1 ), em cuja renda eram abonados 60 000 réis para as obras do referido Palácio.
No ano de 1854, pela expropriação feita em parte do domínio útil do prazo da «QUINTA DE MARVILA» pelos Caminhos-de-ferro, o "Morgado do Esporão" foi compensado pela sub-rogação de 37 700 réis, e em parte do domínio directo pela quantia de 92 320 réis ( 2 ).
Em meados do século XIX foi ali instalada a «ESCOLA NORMAL DE MARVILA», estabelecimento de referência para a formação de professores do ensino primário. Em 1869, depois do Governo manifestar interesse em arrendar à "CASA DE ABRANTES" a "QUINTA DE MARVILA" ( 3 ), era anunciada a sublocação do terreno anexo à "ESCOLA NORMAL DE MARVILA" ( 4 ), constando então a quinta, arrendada em haste pública, de "12 hectares de terra lavradia e dez oficinas rústicas não incluídas nos logradouros reservados ao edifício da referida escola(...) ( 5 ). Depois de desactivada a escola o edifício foi sendo ocupado por várias famílias, e no pátio instalou-se uma uma Associação Desportiva, enquanto o extenso terreno da quinta se transformava em "ilha" habitacional o «BAIRRO CHINÊS». O antigo Palácio interiormente degradado e descaracterizado, mantém a sua traça exterior, acrescentada em mais um piso.
O "BAIRRO CHINÊS"
Nesta grande quinta dos "MARQUESES DE ABRANTES" anteriormente «QUINTA DEMARVILA», dominada pelas explorações agrícolas, este espaço esteve ocupado até finais dos anos 80 início de noventa. As actividades industriais ferroviárias e portuárias deram origem à formação de novas áreas residenciais, que se podem distinguir por uma imagem que hoje publicamos. Assim, coexistiam residências nobres, vilas operárias e habitações clandestinas. O chamado "Bairro Chinês", o maior bairro de barracas na ZONA ORIENTALDE LISBOA, ficava onde hoje podemos ver os bairros: "MARQUES DE ABRANTES", "ALFINETES", das "SALGADAS" e "QUINTA DO CHALÉ".

Com a entrada do século XIX, após a revolução liberal, houve diversas mudanças na zona Oriental de LISBOA, em que as antigas quintas e outras novas que surgiram, se tornaram propriedade de comerciantes e industriais em ascensão.
A antiguidade desta propriedade da «QUINTA DE MARVILA» e o relevo histórico dos seus proprietários bem assim, como a qualidade arquitectónica das construções ainda subsistentes, fazem dela uma das mais importantes quintas arrabaldinas de LISBOA.
Da sua história, que se confunde com a do sítio de MARVILA, de que constitui o verdadeiro centro, já se falou atrás e no texto genérico sobre Marvila, cabendo aqui tentar sobretudo uma análise estilista resumida do conjunto palaciano, inserindo-o no panorama lisboeta.  É claro que, como acontece com a generalidade destas Quintas, o edifício dos "Marqueses deAbrantes" resulta de várias campanhas de obras, devendo ainda ter-se em conta que a antiguidade quase imemorial da Quinta impôs por certo o aproveitamento de construções preexistentes, condicionantes sempre a ter em conta na leitura de qualquer destes conjuntos.   

( 1 ) -IAN/TT, ACA - Morgado do Esporão, Mç. 192, Doc. 3942
( 2 ) -     IDEM     Mç. 194, doc. 4037, fl. 4.
( 3 ) -        "         Mç. 194, doc. 4030.
( 4 ) -        "         Mç. 194, doc. 4046.
( 5 ) -        "         Mç. 194, doc. 4031.
SIGLAS
IAN/TT = Instituto de Arquivos Nacionais/Torre do Tombo
ACA = Arquivo da Casa de Abrantes

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO AÇÚCAR [ XXVII ]-A QUINTA E PALÁCIO DOS MARQUESES DE ABRANTES ( 4 )» 

RUA DO AÇÚCAR [ XXVII ]

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 Rua do Açúcar - (2009) Foto de autor não identificado (Palácio dos "Condes de Figueiró" mais tarde dos "Marqueses de Abrantes". O acesso é efectuado através do pátio, cuja fachada constitui uma atraente nota arquitectónica seiscentista, na "Rua de Marvila") inMARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS
 Rua do Açúcar - (1998) Foto de António Sacchetti (Coroamento do Janelão gradado do pátio, datável possivelmente dos finais do século XVII, na entrada do "Palácio dos Marqueses de Abrantes" na "Rua de Marvila") in CAMINHO DO ORIENTE
Rua do Açúcar - (2011) - (Foto de autor não identificado) ("Pátio do Colégio", acesso por portal com brasão picado ao antigo Palácio dos "Marqueses de Abrantes" na "Rua de Marvila") inMARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS


(CONTINUAÇÃO) - RUA DO AÇÚCAR [ XXVII ]

«A QUINTA E PALÁCIO DOS MARQUESES DE ABRANTES ( 4 )»

O edifício principal dos «MARQUESES DE ABRANTES» abre sobre o lado Sul de um pátio quadrangular, com portão de acesso para a "RUA DE MARVILA", a velha via estruturante de toda a zona.
O projecto inicial desenhou um edifício quadrado de dois pisos, um térreo e outro nobre, com torreão aos cantos - hoje prejudicados na sua leitura pelo acrescento de mais um andar - no respeito por um formulário muito em voga desde a segunda metade do século XVI, continuado ao longo do século XVII, com manifesta influência erudita dos tratados de arquitectura de matriz renascentista. 
No piso térreo, sobre o pátio, abrem-se três arcos sobre uma ampla galeria de entrada, de onde nasce a escadaria para o piso nobre, bastante sóbria no lançamento dos seus dois lanços. A peça mais interessante deste conjunto, a sua verdadeira fachada, é o grande portão de entrada do pátio, em cantaria rusticada, cujo desenho deverá ter sido recomposto quando das grandes obras levadas a cabo no início do século XVIII, de quando por certo deverão datar as janelas que abrem do referido pátio para a via pública.
Temos informação de duas principais campanhas de obras realizadas nesta quinta. A primeira, levada a cabo na época de «D. HELENA DE NORONHA», na transição do século XVI para o seguinte, de certo com a influência de seu terceiro marido, "Manuel de Vasconcelos", "Morgado do ESPORÃO" e regedor da justiça, figura de grande relevo público e social nesse período. Estamos em crer - por mera intuição decorrente do gosto sóbrio expresso e o evidente carácter de pavilhão quadrangular, de dimensões mais de recreio que propriamente palacianas - que é da responsabilidade deste casal a estrutura base do edifício existente, bem como o portal original, aliás cópia de modelos então vulgares nos tratados de arquitectura.
A segunda campanha, posterior a 1705, iniciativa do "5º Conde de VILA NOVA DEPORTIMÃO", limitou-se a alargar as dependências iniciais de um pavilhão de recreio, demasiado apertado para as novas exigências da vida de corte, e, sobretudo, renovou o muro de entrada no pátio, através da abertura de duas janelas sobre a entrada com acentuados frontões triangulares, e procedeu à transformação do portão existente, conformando-o necessariamente ao novo arranjo do muro, introduzindo-lhe uma dinâmica formal barroca, originariamente ausente no desenho de recorte mais clássico.
Apesar de a leitura deste conjunto ser naturalmente falível, julga-se indispensável inseri-la numa visão de conjunto que nos permita começar a definir os modelos palacianos cortesão - quer sejam urbanos, quer de recreio - cuja lenta aclimatação entre nós se inicia sobretudo no último quartel do século XVI.
A ZONA ORIENTAL DE LISBOA guarda assim, alguns dos primeiros exemplares, todos de nítido sabor erudito, como será o caso deste de MARVILA, ou a casa de "MANUEL QUARESMA" a "SANTA APOLÓNIA", ou sobretudo o "PAÇO DE XABREGAS", iniciativa umpouco anterior do próprio rei. Além de ganhar neste período um novo eixo viário principal, com a consolidação definitiva da via ribeirinha, o novo caminho para oriente, também se adorna com um novo visual, imposto pelas novas construções, fossem religiosas ou civis. A zona ORIENTAL torna-se, assim, território privilegiado para a explanação de um gosto novo, professado pela gente de corte que, a pouco e pouco, ganha características de verdadeira aristocracia. [ FINAL ]

BIBLIOGRAFIA
-ARAÚJO, Norberto de - Peregrinações em LISBOA-Livro XV- Ed. VEGA-1992-LISBOA
-CAEIRO, Baltazar Matos - OS CONVENTOS DE LISBOA-Ed. 1ª 1989 - LISBOA
-CASTILHO, Júlio de, -Lisboa Antiga O Bairro Alto-Volume III-CML-1956-LISBOA
-CUSTÓDIO, Jorge - "Reflexos da Industrialização na fisionomia e vida da cidade", in Livro de Lisboa, Lisboa, Livros Horizonte, 1994.
-DELGADO, Ralph - A antiga Freguesia dos Olivais-Ed. Grupo Amigos de Lisboa- 1969 - LISBOA.
-ESTATUTOS da Comp. Portuguesa de Phosphoros, Lisboa, Typografia de A.M.Pereira-1909
-FOLGADO, Deolinda e CUSTÓDIO, Jorge-Caminho do Oriente- Guia do Património Industrial - Livros Horizonte - 1999 - LISBOA.
-LISBOA - Revista Municipal Nº12-2º Trimestre de 1985 - CML - LISBOA
-LISBOA - Revista Municipal Nº13-3º Trimestre de 1985 - CML - LISBOA
-LISBOA - Revista Municipal Nº14-4º Trimestre de 1985 - CML - LISBOA
-LISBOA vista do céu - fotos de Filipe Jorge - ARGUMENTUM -1994 LISBOA
-MATOS, José Sarmento de - LISBOA, um passeio a Oriente-Ed. Parque EXPOR'98-1993-LISBOA.
-MATOS, José Sarmento de - e PAULO, Jorge Ferreira - Caminho do Oriente - Guia Histórico - Liv. Horizonte - 1999 - LISBOA.
-PELAS FREGUESIAS DE LISBOA - Lisboa Oriental - Pelouro da Educação-CML-1993.
-SILVA, Antº. Joaquim Ferreira da, -Acendalhas Phosphoricas, in Relatório da Exposição Industrial Portuguesa de 1891 no Palácio Crystal Portuense, Lisboa, in 1893.
-SOCIEDADE NACIONAL DE FÓSFOROS-Assistência ao pessoal, in Industria Portuguesa, Revista da Asso. Industrial Portuguesa, Número especial, Lisboa 1937.

INTERNET

(PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ I ]-A RUA DA JUNQUEIRA E SEU ENQUADRAMENTO ( 1 )»

RUA DA JUNQUEIRA [ I ]

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 Rua da Junqueira - (2013) (Desenho adaptado da "Rua da Junqueira" - Sem Escala - LEGENDA - 1)Rua da Junqueira - 2)Palácio dos Condes da Ribeira Grande - 3)Palácio Burnay ou dos Patriarcas - 4)Palácio dos Condes da Ponte/AGL - 5)Centro de Congressos de Lisboa - 6)FIL - 7)Palácio Pessanha/Valada - 8)Consulado Geral do Mónaco - 9)Instituto de Higiene e Medicina Tropical - 10)Hospital de Egas Moniz(antigo Hospital do Ultramar) - 11)Palácio da Ega/Palácio Saldanha - 12)Palácio e Quinta das Águias - 13)Chafariz da Junqueira ou da Cordoaria - 14)Cordoaria Nacional e Instituto Superior Naval de Guerra - 15)Palácio de Lázaro Leitão Aranha - 16)Universidade Lusíada - 17)Palácio do Marquês de Angeja/(antigo Forte de S. Pedro) actual Biblioteca Municipal de Belém - 18)Ferrador do Alvito - 19)Forte de S. João da Junqueira) in ARQUIVO/APS
 Rua da Junqueira - (1856-1858) Mapa de Filipe Folque (A "Rua da Junqueira", no lado esquerdo inferior podemos ver o "Palácio do Marquês de Angeja" no centro e direita a "Cordoaria Nacional" e o cano que completava a foz do "Rio Seco" que vinha da encosta) inATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA
 Rua da Junqueira - (1856-1858) Mapa de Filipe Folque (A "Rua da Junqueira" no século XIX, na parte inferior esquerda o resto da "Cordoaria Nacional", mais à frente o "antigo Forte de S. João da Junqueira" depois prisão do Estado. O espaço da FIL ainda se encontrava no domínio do Tejo) in ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA
 Rua da Junqueira- (1856-1858) Mapa de Filipe Folque (No lado direito vamos encontrar o início da "Rua Direita da Junqueira". Em frente da "Calçada de Santo Amaro" os jardins e terrenos na parte inferior, mais tarde seria CARRIS. No inicio da "Rua da Junqueira" a primeira artéria à esquerda representa a actual "Travessa do Conde da Ponte") in ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA
 Rua da Junqueira (1968) Foto de Armando Serôdio (A "RUA DA JUNQUEIRA" na direcção a Belém com edifícios de habitação de rendimento) inAFM
 Rua da Junqueira - (1967) Foto de Vasco Gouveia de Figueiredo (A "Travessa dos Algarves" na "Rua da Junqueira", deve o seu nome a um telheiro que aí existia, sob o qual se albergavam os remadores algarvios, vulgarmente conhecidos por "Algarves") inAFML
Rua da Junqueira - (1961) Foto de Artur Goulart (A "Travessa dos Algarves" que liga com a "Rua da Junqueira" por arco) inAFML

RUA DA JUNQUEIRA [ I ]

«A RUA DA JUNQUEIRA E SEU ENVOLVENTE ( 1 )»

A «RUA DA JUNQUEIRA» pertence a duas freguesias. À freguesia de «ALCÂNTARA» pertencem os números 1 a 65 e do 2 a 166. À freguesia de «BELÉM» pertence do número 65 em diante no lado Sul, e do 168 em diante do lado Norte.
A artéria começa no número 105 da "Rua Primeiro de Maio" e finaliza na "Praça Afonso de Albuquerque". Em consequência da "REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA(2013), a freguesia a que correspondia parte desta via, foi substituída por «BELÉM». Assim, a antiga freguesia de "Santa Maria de Belém" e "São Francisco Xavier" passam a designar-se; freguesia de «BELÉM».
São convergentes à "RUA DA JUNQUEIRA" os seguintes arruamentos: 
Na parte Norte de nascente para poente - "TRAVESSA CONDE DA RIBEIRA"; "CALÇADA DA BOA-HORA"; "RUA PINTO FERREIRA"; "RUA ALEXANDRE DE SÁ PINTO" e  "TRAVESSA DE SANTO ANTÓNIO".
Na parte Sul de nascente para poente - "TRAVESSA CONDE DA PONTE"; "TRAVESSA DA GALÉ"; "TRAVESSA DA PRAIA"; "TRAVESSA DO PINTO"; "TRAVESSA DA GUARDA"; "RUA MÉCIA MOUZINHO DE ANDRADE"; "TRAVESSA DAS GALEOTAS"; "TRAVESSA DOS ESCALERES"; "TRAVESSA DOS ALGARVES"; "LARGO MARQUÊS DE ANGEJA"; "TRAVESSA PIMENTA" e TRAVESSA CAIS DE ALFÂNDEGA VELHA".

O nome do topónimo «JUNQUEIRA» é bastante antigo, remonta pelo menos ao início do século XIII. É provável que a sua origem esteja ligada à grande quantidade de juncos que proliferavam no local, então pantanoso, se acumulavam no designado "Sítio da Junqueira", por aí existir a foz do "RIO SECO".
A denominação "JUNQUEIRA" já é mencionada num dos livros da "Chancelaria do Rei D. DINIS", no qual se encontra registada uma carta em que o monarca doa o "sítio da Junqueira" e vários outros do seu reguengo de "Algés de Ribamar" a "D.URRACA PAIS", abadessa do Mosteiro de "S. Dinis", de Odivelas, onde se encontra sepultada.
"AIRES DE SALDANHA", filho do 3º casamento de "DIOGO SALDANHA", fidalgo Castelhano que acompanhou como mordomo-mor e secretário a Princesa "D. JOANA DECASTELA", foi o fundador do "MORGADO DA JUNQUEIRA", que veio a terminar com o "CONDE DA EGA". "D. JOANA ALBUQUERQUE", casando com "AIRES DE SALDANHA", levou-lhe em dote a "QUINTA DAS CALDAS", que se estendia do início da "JUNQUEIRA" até "BELÉM" e se prolongava das praias do TEJO até ao "PÁTIO DO SALDANHA", sensivelmente a meio da "CALÇADA DA BOA-HORA".
À antiga estrada para "BELÉM" (que ligava o princípio da "Calçada de Santo Amaro" ao da "Calçada da Ajuda") foi dada a designação de «RUA DA JUNQUEIRA» no século XVIII.
Trata-se de um extenso percurso com características próprias em que a área residencial com carácter popular ocupa uma extensão limitada entre "SANTO AMARO" e o "ALTINHO".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ II ] A RUA DA JUNQUEIRA E SEU ENVOLVENTE ( 2 )»


RUA DA JUNQUEIRA [ II ]

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 Rua da Junqueira - (2013) Foto de APS (A "Travessa da Galé" vista da parte Sul, ao fundo a "RUA DA JUNQUEIRA". Esta "Travessa da Galé" é um arruamento muito antigo para o qual não existem registos de oficialização.) in ARQUIVO/APS
 Rua da Junqueira - (2013) -Foto de APS (A "Travessa da Galé" com vista para a "RUA DA JUNQUEIRA", muito embora actualmente seja interrompida por uma escadaria de 3 degraus, tendo perdido a sua ligação rodoviária à "Rua da Junqueira". O termo "GALÉ" refere-se a uma antiga embarcação de guerra de baixo bordo, movida essencialmente a remos) inARQUIVO/APS 
 Rua da Junqueira - (1967) Foto de Armando Serôdio (Panorama da "RUA DA JUNQUEIRA" vista para Poente, algumas casas apalaçadas que continuavam a resistir) in AFML
 Rua da Junqueira - (1966) Foto de Armando Serôdio (A "RUA DA JUNQUEIRA", esquina da "Travessa de Santo Amaro à Junqueira", ao fundo o sítio de "BELÉM") inAFML
 Rua da Junqueira - (1965) Foto de Armando Serôdio (A "RUA DA JUNQUEIRA" no seu lado par com seus palacetes antigos) inAFML
 Rua da Junqueira - (anos 50 do século XX) Foto de Armando Madureira (O edifício do "Ferrador do Alvito" na "Rua da Junqueira, 271) inAFML
Rua da Junqueira - (2013) (A antiga oficina do "Ferrador do Alvito", este edifício mais recuado que se apresenta fechado e em mau estado de conservação. Acabou o "ferrador", morreu mais uma memória de Lisboa) in GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO - RUA DA JUNQUEIRA [ II ]

«A RUA DA JUNQUEIRA E SEU ENVOLVENTE ( 2 )»

Toda a zona fazia parte no século XVI, da "QUINTA DO CALDAS", estando estas terras vinculadas à família «SALDANHA» até à extinção do vínculo, em 15.01.1701. Nesta data, "JOÃO DE SALDANHA ALBUQUERQUE COUTINHO MATOS e NORONHA" presidente do "SENADO DA CÂMARA DE LISBOA", obteve de «D. PEDRO II» um alvará pelo que lhe foi concedida licença para aforar umas tantas braças de terreno à face da estrada desde as "Escadinhas de Santo Amaro" até "Belém", para aumentar os rendimentos do "MORGADO", a fim de fazer face às elevadas despesas da ampliação do seu solar da "CALÇADA DABOA-HORA" e, também, para utilidade do público, obtendo efectivamente licença para esse aforamento. 
O "Morgado" guardou para si os terrenos do "GIESTAL" e do "ALTO DE SANTO AMARO" e transformou a casa em palácio.
Devido a este facto, a "JUNQUEIRA" passou a ser um sítio aprazível, onde se foram erguendo várias casas  nobres, do lado norte, com jardins ou terraços donde os proprietários podiam desfrutar das vistas e dos ares do TEJO.
Destes tempos remotos a "JUNQUEIRA" foi quinta de veraneio, com boas casas e excelentes hortas e pomares. Os palácios ou casas da Burguesia, que a esta zona se deslocavam para usufruir os seus tempos de lazer, são hoje testemunho indiscutíveis dessa época.
A «JUNQUEIRA» começou a perder o seu cunho de  paraíso junto do rio quando se iniciaram as construções do lado Sul, como a "CORDOARIA NACIONAL". Também ajudaram a afastar os palácios da zona ribeirinha os aterros da praia feitos pelo empreiteiro "HERSENT", no século XIX, aquando da construção do "PORTO DE LISBOA" e do alinhamento das margens do Rio.
Entretanto, o tempo e a ruína em que caíram muitas famílias fidalgas, fizeram degradar  os seus palácios. Por esse motivo, alguns entraram na posse do Estado, para Jardins e terrenos foram construídos edifícios necessários ao bem-estar da população, como o «HOSPITAL DE EGAS MONIZ» e o«INSTITUTO DE HIGIENE E MEDICINA TROPICAL».
Em 1912, o vereador "MANUEL EUGÉNIO PETRONILA" propôs a alteração do nome da "RUA DA JUNQUEIRA" para a do dramaturgo e poeta "D. JOÃO DA CÂMARA". imediatamente, os junqueirenses fizeram uma exposição à CÂMARA dizendo que não eram contra a homenagem que a CML pretendia fazer ao escritor, mas que a fizessem numa larga e ajardinada Avenida de Lisboa e que conservassem o nome da "JUNQUEIRA", que já vinha do século XIII. E o que é certo, é que a "RUA DA JUNQUEIRA" manteve o nome.
Um breve apontamento para «MÁRIO FERRADOR» ou o "FERRADOR DO ALVITO" como era mais conhecido. Durante longas décadas ferrou cavalos e praticou a actividade de "endireita" na "RUA DA JUNQUEIRA número 271. Hoje as instalações encontram-se degradadas num edifício nesta rua, embora o prédio um pouco mais recuado, e que paralelamente dava para o "LARGO MARQUÊS DE ANGEJA". Um dia, nos anos 80 do século passado "MÁRIO FERRADOR" foi atropelado, falecendo tempos depois.
E assim acabou mais uma figura típica de LISBOA.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ III ]-O PALÁCIO DOS CONDES DA RIBEIRA GRANDE ( 1 )»

RUA DA JUNQUEIRA [ III ]

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 Rua da Junqueira - (2013) - Foto de APS (Fachada do "PALÁCIO DOS CONDES DA RIBEIRA GRANDE" na "Rua da Junqueira", já um pouco degradado) inARQUIVO/APS
 Rua da Junqueira - (2011) Foto de autor não identificado (Fachada do "Palácio dos Condes da Ribeira Grande" na "Rua da Junqueira,66) in VALE DA TERRUGEM
 Rua da Junqueira - (2011) - Foto de autor não identificado (Pedra de Armas com Brasão dos "Câmaras" no "Palácio dos Condes da Ribeira Grande" in VALE DA TERRUGEM
 Rua da Junqueira - (2008) Foto de Dias dos Reis (Palácio dos Condes da Ribeira Grande" do século XVIII) in DIAS DOS REIS
 Rua da Junqueira - (1953) Foto de Fernando Martins Pozal (Pormenor dos "Frades de Pedra" junto das cocheiras do "Palácio dos Condes da Ribeira Grande" inAFML 
Rua da Junqueira - (1935) ? Foto de Eduardo Portugal ("Palácio dos Condes de Ribeira Grande" fachada principal na "Rua da Junqueira, 66) in AFML


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA JUNQUEIRA [ III ]

«O PALÁCIO DOS CONDES DA RIBEIRA GRANDE ( 1 )»

O «PALÁCIO DOS CONDES DA RIBEIRA GRANDE» resultou de transformações feitas nas casas nobres do século XVIII, pertencentes ao «MARQUÊS DE NISA».
O primeiro proprietário foi o 1º Marquês (e único) da RIBEIRA GRANDE "D. FRANCISCO DE SALESGONÇALVES ZARCO DA CÂMARA", 8º Conde da Ribeira Grande (1819-1872), casado em terceiras núpcias com "D. LUÍSA CUNHA E MENESES", da "CASA LUMIARES". O filho único do 3º casamento, "D FRANCISCO DA CÂMARA", nasceu, viveu e morreu neste "PALÁCIO DA JUNQUEIRA".
A fachada é extensa e imponente, de dois andares e quinze tramos separados por frades de cantaria no andar térreo. O corpo Central é avançado em relação aos laterais, criando espaços de protecção às janelas do andar térreo por meio de gradeamentos implantados em murete e ritmados por  pilares de pedra. 
Ao centro rasga-se o largo portão, ladeado por dois mais estreitos. Abrange as três portas a varanda nobre, que é encimada por um frontão triangular com as armas dos «CÂMARAS»; com uma torre coberta de prata, rematada por uma cruzeta de ouro e sustido por dois lobos rampantes afrontados. Divisa: «Pela Fé, pelo Príncipe, pela Pátria». Remata o conjunto uma platibanda arrendada adornada de acrotérios aos lados e fogaréu ao centro.
As janelas do andar nobre são de sacada coroadas de sobreverga angular. De cada lado, o corpo principal tem dois corpos dum só piso e três vãos cobertos por terraço e coroados por platibanda de balaústre. Por baixo dos terraços existem dois portais com as molduras trabalhadas que dão para grandes espaços cobertos de tecto de abóbada de aresta  e arcaria.
Ao nível do primeiro andar encontra-se uma lápide mandada colocar, em 1922 pela CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA para recordar o nascimento, vida e morte no palácio,  do poeta e dramaturgo «D. JOÃO DA CÂMARA» (1852-1908). 
O exterior esconde por completo a arquitectura interior do edifício, que foi remodelado e adaptado às funções da escola. Perto da antiga entrada das carruagem situa-se a escada nobre, que se desenvolve em dois ramos inscritos num cilindro de base elíptica coberto por uma cúpula com óculos iluminantes e uma clarabóia.
A fachada Norte do Palácio dá para os antigos jardins e remata, no corpo central, por um frontão triangular com as armas dos "Câmaras".
CURIOSIDADE - Foi neste palácio que em 4 de Novembro de 1836, se reuniram o "MARECHAL SALDANHA" e o "VISCONDE DE SÁ DA BANDEIRA", pondo termo ao movimento político conhecido por «BELENZADA» ( 1 ).

( 1 ) - BELENZADA - Nome por que ficou conhecido, na história portuguesa, a conspiração palaciana e tentativa de golpe de Estado de Novembro de 1836, para destruir a obra da Revolução de Setembro que, restabelecera a «CONSTITUIÇÃO DE 1822»; conspiração e tentativa que o povo e a "Guarda Nacional", tendo à sua frente "PASSOS MANUEL" e "SÁDA BANDEIRA" fizeram malograr.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ IV ] -O PALÁCIO DOS CONDES DA RIBEIRA GRANDE ( 2 )».

RUA DA JUNQUEIRA [ IV ]

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 Rua da Junqueira - (1965) - Foto de Armando Serôdio ( Fachada Sul do "PALÁCIO DOS CONDES DA RIBEIRA GRANDE", palácio fundado no século XVIII e reedificado em meados do século XIX. Nele viveram os "Condes da Ribeira Grande" e nasceu e morreu "D. JOÃO DA CÂMARA», escritor e dramaturgo. Em 1939 foi ocupado pelo "Liceu João de Castro", chegando a funcionar também o "Liceu Rainha D. Amélia")(Abre em tamanho grande) in AFML 
 Rua da Junqueira - (1959) Foto de Armando Serôdio (Pormenor do BRASÃO encimado pelo coroado, rodeada de faixa onde se lê -  Pela Fé pelo Príncipe, pela Pátria - pertencente ao "Palácio dos Condes da Ribeira Grande", na "Rua da Junqueira") inAFML 
 Rua da Junqueira - (1935) - Foto de Eduardo Portugal ("Palácio dos Condes da Ribeira Grande" na "Rua da Junqueira") inAFML 
 Rua da Junqueira - (Século XVII) (Armas dos Câmaras referente aos "Condes da Ribeira Grande" inWIKIPÉDIA
Rua da Junqueira - (2008) Foto de autor não identificado (Ligada ao "Palácio dos Condes da Ribeira Grande" está a CAPELA de grandes dimensões, dedicada a "Nossa Senhora do Monte do Carmo") in MARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA JUNQUEIRA [ IV ]

«O PALÁCIO DOS CONDES DA RIBEIRA GRANDE ( 2 )»

No lado poente do "PALÁCIO DOS CONDES DA RIBEIRA GRANDE", adossado a este, surge a «CAPELA DE Nª. SENHORA DO MONTE DO CARMO", desproporcionada para uma capela de palácio. A fachada tem três corpos correspondentes à nave e capelas laterais. O corpo central é coroado por um frontão triangular. O interior da capela é original. A nave é quase quadrada e tem no tecto uma abertura circular com varandim de balaústre.
A Capela-mor tem abóbada de canhão. O Retábulo, de duas colunas, tem uma pintura de "NOSSA SENHORA DO CARMO", de "MÁXIMO PAULINO DOS REIS"(1781-1866).
Lateralmente existe um quadro que representa "NOSSA SENHORA" sentada com o "MENINO", trabalho iniciado pelo pintor açoriano "MARCIANO HENRIQUES DA SILVA"(1833-1867) e, após a sua morte, acabado por "MANUEL MARIA BORDALO PINHEIRO"(1815-1880) e datado de 1875.
Os tectos da capela-mor e da nave estão cobertos de ornatos de estuque e pinturas a têmpera representativos da invocação da capela. 

Neste palácio instalaram-se durante o século XX, diferentes ocupações relacionadas com o ensino. Na parte principal do edifício foi instalado nos anos vinte o «COLÉGIO ARRIAGA», muito frequentado por alunos vindos do Ultramar e, depois, em 1936 o «COLÉGIO NOVO DE PORTUGAL», noutra parte do edifício. Em 1940, o «LICEU D. JOÃO DE CASTRO» transferido depois para BELÉM. Seguiu-se o«LICEU RAINHA D. LEONOR» e«LICEU RAINHA D. AMÉLIA», depois de 1974 rebaptizada como "ESCOLA SECUNDÁRIA", foitransferida em 2002 para a "RUA JAU", ao (Alto de Santo Amaro).
O edifício foi profundamente alterado interiormente para albergar os vários estabelecimentos de ensino, felizmente e apesar disso, ainda conserva muitos elementos originais do primitivo Palácio, como seja a fachada monumental, os jardins e a Capela, embora todo este edifício se encontra num estado de degradação.
O «PALÁCIO DOS CONDES DA RIBEIRA GRANDE» construído no início do século XVIII, está em vias de classificação pelo "INSTITUTO DE GESTÃO DO PATRIMÓNIOARQUITECTÓNICO", vai converter-se num hotel de cinco estrelas e num Museu de Arte Contemporânea. Trata-se de uma oportunidade única  para recuperar um edifício de elevado valor patrimonial, altamente degradado.
COMO CURIOSIDADE
A "FILIPA" foi estudante no "LICEU RAINHA D. AMÉLIA" neste palácio, na sequência de tudo que me referi, era bom visitar o seu blogue; «A ALFACINHA» que lá encontrará muitas fotos do interior deste palácio, além de um agradável texto.


(CONTINUA)-(PRÓXIMA)«RUA DA JUNQUEIRA [ V ]-O PALÁCIO BURNAY OU PALÁCIO DOS PATRIARCAS ( 1 )» 

RUA DA JUNQUEIRA [ V ]

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 Rua da Junqueira - (2013) Foto de APS (O antigo "Palácio Burnay" na "Rua da Junqueira" actualmente) inARQUIVO/APS
 Rua da Junqueira - (século XIX) Autor da foto não identificado (O "Palácio Burnay" com a frente virada para a "Rua da Junqueira" no final do século XIX) (Abre em tamanho grandein  AFML
 Rua da Junqueira - (1945) Foto de André Salgado ( O "Palácio Burnay" fachada Sul na "Rua da Junqueira" número 86, nos anos quarenta do século XX) inAFML
 Rua da Junqueira- (c. de 1907) Foto de Joshua Benoliel (O "Palácio Burnay" decorado com bandeiras e colchas  na "Rua da Junqueira")(Abre em tamanho grande) in AFML
 Rua da Junqueira - (c. de 1907) Foto de Joshua Benoliel (Pormenor da fachada central do "Palácio Burnay" na "Rua da Junqueira" ) (A foto abre em tamanho grande) inAFML
Rua da Junqueira - (finais do séc. XIX) (A chegada da palmeira ao "Palácio do Conde Burnay" na "Rua da Junqueira", foram necessárias oito juntas de bois e uns quantos homens, que ordenados entre si, fizeram deslocar a palmeira sobre um carro improvisado. Um sistema complexo, mantendo-a na vertical durante a viagem) inPROVAS ORIGINAIS (1858-1910) - CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA JUNQUEIRA [ V ]

«O PALÁCIO BURNAY OU PALÁCIO DOS PATRIARCAS ( 1 )»

O «PALÁCIO BURNAY" no número 86 da "RUA DA JUNQUEIRA" que depois de 1940 albergou diversos organismos. Uma parte dos seus jardins está ocupada por modernos edifícios que pertencem ao "INSTITUTO DE HIGIENE E MEDICINA TROPICAL".
Esta Palácio no século XVIII, foi também conhecido pelo "Palácio dos Patriarcas".
O Palácio teve o seu fundamento nas casas nobres que "D. JOSÉ CÉSAR DE MENESES", irmão do primeiro "CONDE DE SABUGOSA", "PRINCIPAL DE LISBOA", ali fez erguer depois de 1701 em terrenos aforados por "D. JOÃO SALDANHA E ALBUQUERQUE". Em 1734, o palácio encontrava-se rodeado de lindos jardins. Depois do terramoto de 1755, foi vendido ao PATRIARCADO DE LISBOA para residência de Verão dos prelados e a ele ligaram o seu nome "D. FRANCISCO DE SALDANHA", "D. FERNANDO DE SOUSA E SILVA" e "D. JOSÉ FRANCISCO DE MENDONÇA"Em 1818 funcionou no palácio o seminário de "S. JOÃO BAPTISTA".
Na primeira metade do século XIX, um capitalista apelidado de (MONTE CRISTO) "MANUEL ANTÓNIO DA FONSECA" homem muito rico e excêntrico - que chegava a beber chá por taças de ouro - tornou-se dono do palácio e fez-lhe inúmeras alterações, quer externas como interiormente.
A partir de 1865, o edifício voltou a mudar de proprietário, tendo sido comprado por "D. SEBASTIÃO DE BOURBOM", filho da princesa da BEIRA, "D. MARIA TERESA DE BRAGANÇA" e do INFANTE DE ESPANHA, "D. PEDRO CARLOS DE BOURBOM". Morou nele, também, o EMBAIXADOR DE ESPANHA, "D. ALEJANDRO DE CASTRO". 
No último quartel do mesmo século foi vendido a «HENRIQUE DE BURNAY», uma figura distinta da sociedade financeira portuguesa. Filho do médico "DR. HENRIQUE BRUNAY", de origem BELGA, e irmão do professor, médico também, "EDUARDO BURNAY", académico e jornalista.
O banqueiro «HENRIQUE BURNAY", que o enriqueceu com belas decorações e mobiliário. A partir de 1895 dois italianos "CARLO GROSSI" pintor e "PAOLO SOZZI" escultor, trabalharam na decoração dos interiores. Ambos residentes em MILÃO, foram contratados pelo "CONDE DE BURNAY" para trabalharem na reconstrução deste palácio, onde se deram grandes festas famosas. Em 1936, ficando viúva a Condessa de BURNAY, "D AMÉLIA KRUS", devido a partilhas foi o palácio vendido e o recheio leiloado, tendo os seus interiores ficado destroçados. 
Em 1940 o palácio foi adquirido pelo ESTADO, para o "MINISTÉRIO DAS COLÓNIAS", sujeitando-o a obras sob a orientação da "DIRECÇÃO GERAL DOS EDIFÍCIOS E MONUMENTOS NACIONAIS".
Após a conclusão em 1942 das principais obras de restauro das salas, o edifício serviu de residência do general "CONDE DE JORDANA", então "MINISTRO DOS ESTRANGEIROSDO GOVERNO ESPANHOL" e sua comitiva.
Em 1944 estiveram ali instalados o "CONSELHO SUPERIOR DO IMPÉRIO COLONIAL", o "CONSELHO TÉCNICO DE FOMENTO COLONIAL", a "JUNTA DAS MISSÕES GEOGRÁFICAS" e a "INSPECÇÃO SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO COLONIAL".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ VI ]-O PALÁCIO BURNAY OU PALÁCIO DOS PATRIARCAS ( 2 )»

RUA DA JUNQUEIRA [ VI ]

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 Rua da Junqueira - (2007) - Foto de autor não identificado ( O "Palácio Burnay" na "Rua da Junqueira" visto do lado Nascente inSABER TROPICAL 
 Rua da Junqueira - (2007) - Foto de autor não identificado (O "Palácio Burnay" na "Rua da Junqueira" onde funciona o "Instituto de Investigação Cientifica Tropical-IICT) inSABER TROPICAL 
 Rua da Junqueira - (finais do séc. XIX) Foto de Francesco Rochini (Jardins e Palácio do Conde Burnay visto do lado Norte, com o rio Tejo em fundo)(Abre em tamanho grandeinAFML 
 Rua da Junqueira - (1930) Foto de Eduardo Portugal ( O "Palácio Burnay" na "Rua da Junqueira" no segundo quartel do século XX) in  AFML 
 Rua da Junqueira - (1965) Foto de Armando Serôdio ("Palácio Burnay" na "Rua da Junqueira" visto de Nascente) inAFML
Rua da Junqueira - (2007) Foto de autor não identificado (O antigo Salão de baile do "Palácio Burnay", o tecto de estuque de "Rodrigues Pita", tem medalhões alusivos à música" inSABER TROPICAL

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA JUNQUEIRA [ VI ]

«O PALÁCIO BURNAY  OU  PALÁCIO DOS PATRIARCAS ( 2 )»

Após 1974, e depois de muitas vicissitudes, ficou no pavimento térreo o «INSTITUTOSUPERIOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS E POLÍTICAS-ISCSP». No andar nobre e num pavilhão ao fundo do jardim estão os serviços do «INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO CIENTIFICA TROPICAL-IICT».
O palácio é um grande imóvel com varanda corrida avançada no andar nobre e uma frente com três janelas de peitoril sobre o portal de entrada. Os corpos laterais, de duas janelas cada, são coroados por torreões.
No centro do edifício, pelo lado de dentro, sobressai um zimbório ( 1 ) a nível superior ao dos torreões, com lanternim de quatro faces e quatro janelas. A construção deste zimbório é posterior à do edifício. 
De cada lado, nascem dois corpos com platibanda de balaústres ornada de estátuas de mármore, vasos e urnas.
O andar térreo deste corpo tem seis janelas e duas portas largas que dão para o espaço onde talvez tivessem sido as cocheiras. O interior dá para um átrio com escadaria de dois ramos, de tecto de abóbada de aresta, e em cada lado existe uma porta que dá acesso aos corpos térreos. A escadaria é de um só lanço, em curva, tem corrimão e grades de ferro do século XVIII.
As paredes são pintadas a claro-escuro, trabalho do último quartel do século XIX. A abóbada é de aresta oitavada. As salas foram beneficiadas em 1942 com restauros das pinturas dos tectos e das paredes, de "CONCEIÇÃO E SILVA".
O átrio superior, de talha escura, abre-se sobre uma galeria envidraçada que dá para os jardins, e tem cinco portas para as várias salas. As sobrepostas estão decoradas com um castelo ou com um leão. 
O antigo salão de baile, com tecto de estuque de  "RODRIGUES PITÁ", tem medalhões alusivos à música. A antiga sala de jantar, de forma elíptica, tem o tecto pintado por "JOSÉ MALHOA" (1886), representando um céu com meninos alados conduzindo flores e frutos. A antiga sala das colunas tem quatro colunas de madeira, caneladas, de capitéis dourados e tecto de estuque com ornatos. "ORDÑES" foi o artista que se ocupou da decoração pictórica do teatro anexo ao palácio. Outras salas, por terem sofrido muitas alterações são destituídas de interesse.
No JARDIM, com acesso para as esplanadas, existem duas estufas, e na do lado poente via-se uma porta de mármore com colunas salomónicas e pedra de armas do século XVIII. Existe também do mesmo lado, um teatro muito danificado. Os Jardins, completamente deteriorados, ainda têm algumas estátuas e nelas se encontram os edifícios modernos do "INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO CIENTIFICA TROPICAL-IICT".
CURIOSIDADE
Uma grande reportagem fotográfica feita em 23 de Novembro de 2008 pelo blogue «LISBOA S.O.S.» sobre este palácio, durante o período que era permitida a sua visita.
O documento fotográfico mostra bem como o nosso património é tratado.

( 1 ) - ZIMBÓRIO - A parte mais alta que exteriormente remata ou cobre a cúpula das grandes Igrejas ou dos edifícios monumentais.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ VII ] - O PALACETE DOS CONDES DA PONTE»  

RUA DA JUNQUEIRA [ VII ]

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 Rua da Junqueira - (2008) Foto de Dias dos Reis (Antigo "Palacete dos Condes da Ponte", hoje edifício da "Administração do Porto de Lisboa") in DIAS DOS REIS 
 Rua da Junqueira - (2011) Foto de João Carvalho (Antigo "Palacete dos Condes da Ponte" na "Rua da Junqueira, 94-96, hoje instalações da "Administração do Porto de Lisboa")(Abre em tamanhograndein  WIKIPÉDIA COMMONS
Rua da Junqueira - (2011) - Foto de autor não identificado (Pormenor do antigo "Palacete dos Condes da Ponte" hoje na posse da "APL", na "Rua da Junqueira") in    MARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS
Rua da Junqueira- (2011) Foto de autor não identificado ("Palacete dos Condes da Ponte" hoje instalações da "Administração do Porto de Lisboa")   in  MARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS
Rua da Junqueira - (1950) - Foto de autor não identificado (Antigo "Palácio dos Condes da Ponte", fachada principal, antes da subida dos andares laterais) in AFML
Rua da Junqueira - (1966) Foto de Armando Serôdio (Edifício onde funciona a "Administração do Porto de Lisboa", antigo "Palácio dos Condes da Ponte", na "Rua da Junqueira, 94-96, antes de ser aumentado mais um andar lateralmente)  in   AFML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA JUNQUEIRA [ VII ]

«O PALACETE DOS CONDES DA PONTE»

Na "RUA DA JUNQUEIRA" dos actuais números  94 a 96 está instalada desde meados do século XX a "ADMINISTRAÇÃO DO PORTO DE LISBOA". 
Este "Palacete" foi mandado construir pelos "CONDES DA PONTE", que o habitaram até finais do segundo quartel do século XVIII. 
O membro mais proeminente desta família foi, sem dúvida o 8º Conde, «D. JOÃO DE SALDANHA DA GAMA MELO TORRES GUEDES DE BRITO»,  nascido no Brasil em 1816 veio a falecer em LISBOA no ano de 1874.
Era gentil-homem e Administrador da Casa Real, quando em 06.11.1861, faleceu no "PALÁCIO DAS NECESSIDADES" o "INFANTE D. FERNANDO" e cinco dias depois, a 11 de Novembro, o próprio Rei "D. PEDRO V" e, depois, em 27 de Dezembro do mesmo ano, o "INFANTE D. JOÃO", "DUQUE DE BEJA", no "PALÁCIO DE BELÉM".
O "CONDE DA PONTE" foi vítima de fortes suspeitas de os ter envenenado.
Neste palácio funcionou o "COLÉGIO DA IMACULADA CONCEIÇÃO" e nele esteve instalada a representação da NORUEGA.
Foi também propriedade (em 1762) de um membro da família "POSSER DE ANDRADE". Dois irmãos "POSSER" casaram com duas irmãs "SCARLATTI", sendo uma delas "MARIAJUSTINA SCARLATTI", que cantou nesta casa um serão dedicado a "BECKFORD", em 26.06.1787. Igualmente esteve neste palácio  hospedado o Núncio  Apostólico "ACCIAIOLI", que se presume ter sido expulso de Portugal, no tempo do Marquês de Pombal.

O Palácio sofreu ao longo destes anos várias transformações e viu o seu vasto jardim e a cerca amputados, para ser construído o "INSTITUTO DE HIGIENE E MEDICINA TROPICAL" ealguns pavilhões do "HOSPITAL DE EGAS MONIZ".
Foi acrescentado ao edifício mais um piso lateralmente, pois só existia no corpo central do prédio. A fachada principal apresenta três corpos articulados por pilastras. As janelas são semelhantes às laterais. O portão tem arco contracurvado cuja parte superior se situa entre duas varandas do andar nobre.
As janelas térreas são defendidas por gradeamento de varões. Existe uma platibanda de círculos intersectados por cima do andar nobre, que se prolonga pelas fachadas laterais e serve de friso. Um frontão triangular adornado de acrotérios e urna, remata a cimalha. O interior foi muito alterado e, como nota curiosa, na entrada tem dois painéis de azulejos, a sépia representando uma caçada ao javali, encimados por medalhões a cores, um com efígie de "D. DINIS" e o outro com a da "RAINHA SANTA", assinado por "JORGE COLAÇO" sem data. De cada lado destes painéis, outros complementam o tema daqueles, igualmente a sépia, da "FÁBRICA VIÚVA LAMEGO". Ao fundo, entre o início dos lanços de escada, vê-se um vitral "NEO-ARTE NOVA" com motivos de flores. No primeiro andar, ao topo da escada, existe outro com alegoria ao "PORTO DE LISBOA", ambos têm a data de 1991. No topo da escada encontramos ainda telas pintadas por "R. ORDONAR" do final do século XIX.
No ano de 1945, o PALÁCIO foi adquirido pela A.G.P.L., pela quantia de dois milhões e duzentos e trinta e oito mil escudos.
Ainda no interior do palácio, também no primeiro piso, podemos apreciar 8 peças de mobiliário gótico de raro valor histórico, recentemente restaurados, e que foram adquiridas pela "APL" em 1956 ao "DR. MANUEL RICARDO ESPÍRITO SANTO" para guarnecer a "Torre de Belém". Estas peças são originais de proveniência inglesa (final do século XV, princípio do século XVI), da casa "W.WOLSEY", de Londres; "que no seu conjunto representa a forma elucidativa e exemplar a recreação de modelos e técnicas quinhentistas, bem como do espírito da época que a ditou", como escreveu o "DR. BAIRRÃO OLEIRO". 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ VIII ]-O 1º CONDE DA PONTE - MARQUÊS DE SANDE»

RUA DA JUNQUEIRA [ VIII ]

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 Rua da Junqueira - (2013) Foto de APS (Uma perspectiva do "Hotel Vila Galé Ópera" na "Travessa do Conde da Ponte" que liga à "Rua da Junqueira") in ARQUIVO/APS  
 Rua da Junqueira - (2013) Foto de APS (O "Hotel Vila Galé Ópera" na Travessa do Conde da Ponte" in ARQUIVO/APS
 Rua da Junqueira(século XVII) (Gravura a buril formato 58x63) (Ex-Libris do "MARQUÊS DE SANDE""D. Francisco de Melo e Torres", 1º Conde da Ponte e 1º Marquês de Sande) inA ARTE DO EX-LIBRIS 
 Rua da Junqueira - (Depois de 1966) Foto de autor não identificado ("Palacete dos Condes da Ponte" seguindo-se o "Palácio Burnay" e ao longe podemos ver a ponte sobre o Tejo) inDICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA 
Rua da Junqueira - (2011) Foto de autor não identificado (Fachada engalanada do "Palacete dos Condes da Ponte" hoje instalações da "Administração do Porto de Lisboa", na "Rua da Junqueira) inMARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS


(CONTINUAÇÃO)-RUA DA JUNQUEIRA [ VIII ]

«O 1º CONDE DA PONTE - MARQUÊS DE SANDE»

Foi o "1º CONDE DA PONTE""D. FRANCISCO DE MELO E TORRES", depois "MARQUÊS DE SANDE". Sendo o único "MARQUES DE SANDE", este fidalgo que nasceu em LISBOA, cidade onde também morreu, assassinado em condições misteriosas, na noite de 07.12.1667.
Educado pelos JESUÍTAS, cursou LATIM, HUMANIDADES e MATEMÁTICA. Neste último ramo do saber foi tão forte que escreveu sobre ASTROLOGIA e COSMOGRAFIA. Tinha uma educação excepcionalmente elevada para um fidalgo do seu tempo. Os patriotas de 1640 encontraram-no imediatamente nas suas fileiras e na "GUERRA DA RESTAURAÇÃO" comandou como mestre-de-campo, na batalha do MONTIJO de onde saíra vitorioso. Foi governador de OLIVENÇA e general de Artilharia entre 1648 e 1656.
Após a morte do rei "D. JOÃO IV", ficou na regência do reino, a RAINHA "D. LUÍSA DE GUSMÃO", que o chamou para a carreira diplomática.
A situação com o governo inglês era bastante difícil depois que "OLIVER CROMWELL" mandara executar "Pantaleão de Sá", irmão do "3º Conde de Panaguião", e por outro lado era necessário o apoio da Inglaterra à nossa independência tão recente e ameaçada pela ESPANHA, tanto no terreno da força como na intriga diplomática.  Tudo indicava que em breve retomaria o trono, "CARLOS II". "FRANCISCO DE MELO E TORRES" aplanou todas as dificuldades com o governo republicano de maneira tão hábil que a regente "D. LUÍSA DE GUSMÃO" o terá galardoado por esses serviços com o título de «CONDE DA PONTE».
Ao subir ao trono "CARLOS II", foi ainda o mesmo embaixador encarregado de o cumprimentar e felicitar em nome do REI DE PORTUGAL. Convinha muito à política portuguesa estreitar os laços de amizade com a GRÃ-BRETANHA e, quando se apresentou o problema da escolha de noiva para o soberano inglês, teve o "CONDE DA PONTE" a incumbência de ir a LONDRES propor-lhe a mão da "INFANTA D. CATARINA DE BRAGANÇA". As negociações foram cheias de dificuldades, sendo uma das maiores o CATOLICISMO da princesa portuguesa mas, ante o dote, o soberano inglês comprometeu-se a dar a mão de esposo a «D. CATARINA DE BRAGANÇA» e a enviar socorros a PORTUGAL, embora negando-se a declarar guerra à ESPANHA, como era nosso desejo. Perante estes primeiros resultados, o apreço da "RAINHA D. LUÍSA DE GUSMÃO" manifestou-se pela concessão ao embaixador o título de «MARQUÊS DE SANDE».
Apesar deste êxito diplomático, as intrigas do embaixador espanhol em LONDRES conseguiram que no regresso do "Marquês de Sande" a LONDRES, encontrasse o rei e o governo inglês com as ideias bastante mudadas sobre os acordos anteriormente estabelecidos. 
A base das intrigas espanholas consistia em afirmar que PORTUGAL nunca poderia pagar o elevado dote da INFANTA, nem  abdicaria de TÂNGER, ao mesmo tempo que várias outras noivas eram sugeridas a "CARLOS II", as quais a ESPANHA recomendava como dando maiores garantias.
O "MARQUÊS DE SANDE" e "CONDE DA PONTE", só à custa dos mais inteligentes e devotados esforços conseguiu fazer voltar a situação ao ponto favorável em que a tinha deixado. Felizmente para nós os interesses de "LUÍS XIV" coincidiam com os nossos e assim pôde habilmente o nosso embaixador apoiar-se na diplomacia francesa que tinha grande influência a ao mesmo tempo fazer ver aos INGLESES que PORTUGAL estava mobilizando activamente o dinheiro prometido.
O "CONDE DA PONTE" foi considerado o primeiro diplomata português do seu tempo, coube-lhe ainda o honroso encargo de ser escolhido pelo "CONDE DE CASTELOMELHOR", o então omnipotente ministro de «D. AFONSO VI", de ir negociar a PARIS o casamento deste rei com uma Princesa de França. Após diversas peripécias, recaiu a escolha em «D. MARIA FRANCISCA ISABEL DE SABÓIA».
O "CONDE DA PONTE" teve um fim trágico: ao regressar da CAPELA REALà sua residência, na noite de 07.12.1667, foi cruelmente assassinado por sicários( 1 ) que lhe fizeram uma espera. O caso nunca foi inteiramente esclarecido.
Deixou vários inéditos, entre os quais 8 tomos das "Negociações das suas Embaixadas", de que se publicaram as cartas trocadas sobre o casamento de "D. CATARINA DEBRAGANÇA"com"CARLOS II".
Existe em LISBOA na freguesia de ALCÂNTARA em sua homenagem: a «TRAVESSA DO CONDE DA PONTE» (que liga a "Rua da Junqueira"à "Avenida da Índia") e o «PÁTIO DOCONDE DA PONTE» na (Travessa do Conde da Ponte número 43), ambos os arruamentos, muito próximos da nossa "RUA DA JUNQUEIRA".  

( 1 ) - SICÁRIO - (do Lat. SICARIU"SICA, punhal dos antigos Romanos") s.m. Aquele que mata com SICA; Assassino; Bandido; Cruel; Desumano; Facínora; Facinoroso; Faquista;Malfeitor; Matador e Sanguinário.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ IX ] O PALÁCIO DO PÁTIO DO SALDANHA OU PALÁCIO DA EGA ( 1 )»

RUA DA JUNQUEIRA [ IX ]

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 Rua da Junqueira - (2010) Foto de autor não identificado ("Palácio da Ega" vulgarmente chamado de "Palácio do Pátio do Saldanha", na "Calçada da Boa-Hora, hoje as instalações do "Arquivo Histórico Ultramarino" (Abre em tamanho grande) in MARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS
 Rua da Junqueira - (ant. 1931) Foto de José Bárcia (O "Palácio da Ega" ou "Palácio do Pátio do Saldanha", com entrada pela "Calçada da Boa-Hora", remonta no seu núcleo primitivo ao século XVII. Em 1758 "Manuel Saldanha e Albuquerque"  Vice-REI da Índia, recebeu o título de "Conde da Ega" que passou a constituir a designação do edifício) (Abre em tamanho grande) in AFML
 Rua da Junqueira - (início do séc. XX) Foto Joshua Benoliel ( Gradeamento da "Quinta do Saldanha" "Palácio da Ega" que chegavam até à "Rua da Junqueira". Nos extremos da antiga cerca do Palácio, encontram-se (podemos ver na entrada principal  do actual Hospital Egas Moniz)  dois pavilhões Neogótico de construção igual e simétrica, de calcário branco e planta quadrada) (Abre em tamanhogrande) in AFML 
Rua da Junqueira - (anos 30 do séc. XX) Foto de Eduardo Portugal ("Palácio da Ega" e Jardim; o torreão mais elevado que o corpo do edifício é constituído por três vãos, com um falso andar de mezanino coberto por telhado barroco de quatro águas, com robustos acrotérios(1) nos cantos terminando por uma torre-mirante de planta rectangular. Este torreão deve pertencer à ampliação dos finais de seiscentos e princípios do século XVIII. In Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Vol. V (Lisboa) 3º tomo pág. 129. Assembleia Distrital de Lisboa - 1988.) (Abre em tamanho grande)in  AFML 


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA JUNQUEIRA [ IX ]

«O PALÁCIO DO PÁTIO DO SALDANHA OU PALÁCIO DA EGA ( 1 )»

O «PALÁCIO DA EGA» à Junqueira, tem a sua história ligada à família "SALDANHA", que se notabilizou ao serviço de PORTUGAL durante três séculos.
Os "SALDANHAS" estabeleceram-se em Portugal cerca do ano de 1475, quando "DIOGODE SALDANHA" acompanhou como mordomo-mor e secretário a princesa «D. JOANA DE CASTELA», noiva de «D. AFONSO V». "AIRES DE SALDANHA", neto deste "DIOGO DE SALDANHA", foi quem introduziu, com sua mulher, "D. JOANA DE ALBUQUERQUE", o«MORGADO DA JUNQUEIRA» por escritura de 24 de Março de 1600.
Este Morgado foi administrado pelos seus descendentes até ao 4º e último - "CONDE DA EGA", "ANTÃO JOSÉ JOAQUIM SALDANHA ALBUQUERQUE COUTINHO MATOS E NORONHA", que faleceu em 1855 e com quem se extinguiu o título.

Anteriormente um dos descendentes dos "SALDANHAS", administrador do MORGADO, era também (na altura) presidente do SENADO DE LISBOA, "JOÃO DE SALDANHA ALBUQUERQUE COUTINHO MATOS DE NORONHA" que, em 1701 conseguiu de «D.PEDRO II" licença para doar terras e ainda fazer aforamentos "para nelas edificarem casas".
E assim começou a nascer a JUNQUEIRA urbana que, de sítio passa a bairro.
Vendeu terrenos, ficou com outros para ele - MORGADO - construindo casas para arrendar; um seu irmão "JOSÉ DE SALDANHA" adquire também uns terrenos, assim como alguns nobres da altura; "D. JOSÉ CÉSAR" e o "MARQUÊS DE NISA".

Grandes factos históricos de exteriorização militar, se desenrolaram na JUNQUEIRA no século XVIII; festas, cavalhadas e até uma célebre tourada que durou três dias ( 29 a 31 de Março de 1738), quando do vigésimo terceiro aniversário de «D. MARIANA VITÓRIA», já esposa do príncipe herdeiro, futuro REI «D. JOSÉ». A tourada foi organizada pelo "DUQUE DO CADAVAL", "D. JAIME DE MELO" tendo mandado construir para o efeito uma deslumbrante "PRAÇA" já de arena circular.
O Governo pombalino, mostrou-se-lhe no início favorável e foi, em 1754, nomeado governador da «MADEIRA», onde permaneceu com sua família até 1758, data que foi mandado regressar ao Reino para receber uma nova comissão. Foi de grande vulto e honra que «MANUEL DE SALDANHA E ALBUQUERQUE», foi nomeado VICE-REI DA ÍNDIA, recebeu o título de "1º CONDE DA EGA"(1758) (que passou a constituir a designação vulgar do edifício da JUNQUEIRA.
Existia guerra naquele domínio da Coroa, que o novo VICE-REI conduziu com perfeição, fazendo uma paz vantajosa com os "MARATAS"( 2 )
As sua divergências com o "MARQUÊS DE POMBAL" devem-se ao facto da expulsão dos PADRES JESUÍTAS, e o regresso à METRÓPOLE de 221 padres que viviam no "ESTADO DA ÍNDIA", bem como seu irmão o "CARDEAL SALDANHA".
"MANUEL SALDANHA" "VICE-REI daÍNDIA foi demitido abandonando "GOA" em 25.12.1765 a bordo do navio "Nossa Senhora de Brotas" que o trouxe a LISBOA, onde logo à chegada, foi preso e encarcerado na "TORRE DO OUTÃO".
O "CONDE DA EGA" esteve preso dois anos e dezassete dias dos quais vinte meses no segredo. Atacado duma grave doença de olhos, pediu com esse fundamento para ser libertado, o que lhe veio a ser concedido a 27.12.1768. Tinha cegado, faleceu anos depois na sua "CASA DA JUNQUEIRA".

( 1 ) - ACROTÉRIO - Pequeno soco ou pedestal liso, colocado sobre uma cornija, em especial nas extremidades e no cimo dos frontões clássicos; também é utilizado nas balaustradas para as dividir em secções.

( 2 ) - MARATAS - Povos guerreiros do Indostão (DECÃO). Os seus últimos independentes foram dominados por "WELLINGTON" em (1803).

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ X ] O PALÁCIO DO PÁTIO DO SALDANHA OU PALÁCIO DA EGA ( 2 )».   

RUA DA JUNQUEIRA [ X ]

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 Rua da Junqueira - (2008) Foto de autor não identificado ("PALÁCIO DA EGA" na "Calçada da Boa-Hora", hoje "Arquivo Histórico Ultramarino") in INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO CIENTIFICA TROPICAL
 Rua da Junqueira - (2008) ("Palácio da Ega" interior do Salão Pompeia", representando as vistas das cidades portuárias da Europa do século XVIII. Esta salão este aberto ao público no ano de 2008) in  INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO CIENTIFICA TROPICAL
 Rua da Junqueira - (anos 30 do séc. XX) Foto de Eduardo Portugal ( O "Palácio da Ega" também conhecido pelo "Palácio do Pátio Saldanha" e seus jardins) (Abre em tamanho grande) inAFML
Rua da Junqueira - (1946)? Foto de Horácio Novais (O "Palácio da Ega" com entrada pela "Calçada da Boa-Hora". Este palácio foi vendido em 1843 a um capitalista o "Barão Folgosa", que promoveu obras fundamentais, dando-lhe um aspecto exterior semelhante ao que apresenta actualmente. A partir de 1919, foi vendido ao "Ministério das Colónias" para instalação da Escola de Medicina Tropical e construção do "Hospital Colonial" sobre a "Rua da Junqueira") (Abre em tamanho grande) in AFML

(CONTINUAÇÃO) RUA DA JUNQUEIRA [ X ]

«O PALÁCIO DO PÁTIO DO SALDANHA OU PALÁCIO DA EGA ( 2 )»

O "PALÁCIO DO PÁTIO DO SALDANHA", vulgarmente conhecido pelo «PALÁCIO DAEGA", constitui um edifício de reconhecido valor artístico e histórico.
O seu núcleo primitivo deve remontar ao século XVI, pois sabe-se que em  1582 já existia a "CASA NOBRE", podendo ler-se esta data na curiosa fonte de "embrechados" à entrada do palácio.
O edifício apresenta-se dividido em três corpos principais: o da entrada, cuja fachada dava para o pátio, actualmente um bonito jardim; o do lado Sul, de dois pisos, com uma grande fonte para o TEJO, dando igualmente para um jardim embelezado por um grande lago; e o "SALÃO POMPEIA", a nascente, continuação do corpo anterior e ligando também com um jardim superior.
A fachada apresenta três grandes portões, ostentando o portão central o brasão dos "COUTINHO, ALBUQUERQUE e SALDANHA".
De cada lado do corpo central existem duas enormes varandas. Do átrio sobe-se ao piso superior por duas amplas escadarias, que apresentam lambris de azulejos do século XVII. As salas térreas viradas a sul apresentam também vestígios de azulejos da mesma época. No andar superior, embora as transformações fossem profundas, existe ainda uma grande sala totalmente decorada com painéis de azulejos portugueses de meados do século XVIII, em azul, com motivos campestres e de caça.
Nos princípios do século XVIII acrescentou-se ao Palácio  um enorme salão, designado como sala da música, sala das colunas, sala dos marechais e "SALÃO POMPEIA".
É sobretudo neste magnifico salão que reside o interesse artístico deste edifício. Nele podem admirar-se oito painéis de azulejos holandeses do início do século XVIII, representando vistas das cidades portuárias de Antuérpia, Roterdão, Midelburgo, Colónia, Hamburgo, Veneza, Londres e Constantinopla, e que segundo a opinião de "SANTOS SIMÕES" serão da autoria do artista holandês "BOOMEESTER". 
Este salão foi totalmente transformado nos princípios do século XIX. Foi arrancado o tecto primitivo de madeira, tapadas as janelas superiores e construída a falsa cúpula, cujo bordo assenta em oito colunas de madeira oca. No local das janelas foram pintadas painéis ao gosto da época; conservaram-se os painéis de azulejos, mas sacrificaram-se as fiadas extremas para acomodar a caixilharia de madeira.
Este salão foi classificado como imóvel de interesse público em 1950.

Durante as INVASÕES FRANCESAS conheceu este Palácio um grande esplendor. O "2º CONDE DA EGA", "AIRES JOSÉ MARIA DE SALDANHA", regressado de ESPANHA,  ondeestivera como "EMBAIXADOR DE PORTUGAL", mandara fazer importantes obras de embelezamento.
O general "JUNOT", (amigo da família "SALDANHA"), esteve instalado neste PALÁCIO, onde aí se realizaram faustosas festas mundanas. Como consequência dessa "permanência", após a expulsão das tropas francesas, o "CONDE DA EGA" vê-se obrigado a abandonar Portugal e parte com a família para o exílio.
Com o Palácio abandonado, vai servir como HOSPITALàs tropas anglo-lusas  e mais tarde de quartel-general do "MARECHAL WILLIAM CARR BERESFORD"(1768-1854), a quem acaba por ser doado em 1820 por "D. JOÃO VI". Em 1823 a família "SALDANHA"é reabilitada e requer a posse da sua casa senhorial. Depois de longa demanda em tribunal, é-lhe finalmente entregue o Palácio em 1839, mas a situação financeira desta família já não lhe permitia a sua manutenção.
No ano de 1843 o edifício foi vendido a um capitalista o "BARÃO DE FORGOSA" que promove obras fundamentais, dando-lhe um aspecto exterior semelhante ao que apresenta na actualidade.
A partir de 1919, foi vendido ao "MINISTÉRIO DAS COLÓNIAS", para ali instalar a "ESCOLA DE MEDICINA TROPICAL" e a construção de um "HOSPITAL COLONIAL", (para doenças dos países quentes), sobre a "JUNQUEIRA". Porém são levadas a efeito grandes obras de vulto no PALÁCIO em 1931 para poder alojar condignamente o «ARQUIVO HISTÓRICO COLONIAL» hoje«ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO».
CURIOSIDADE
Na "GAZETA DE LISBOA" em 11 de Janeiro de 1806 era publicado o  seguinte: O "CONDEDA EGA" aluga o "PALÁCIO DO SALDANHA". Quem quiser arrendar o "PALÁCIO" do Exmo. "CONDE DA EGA", à "JUNQUEIRA", por um ou mais anos, pode dirigir-se a "Francisco Caetano Tavares", morador no pátio do mesmo Palácio, denominado do "SALDANHA".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ XI ]O PALACETE PESSANHA-VALADA»

RUA DA JUNQUEIRA [ XI ]

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 Rua da Junqueira - (2008) Foto de Dias dos Reis (O "Palácio Pessanha" na "Rua da Junqueira" construção do final do século XVIII) in DIAS DOS REIS
 Rua da Junqueira - (2013) Foto de Manoliveira (O "Palácio Pessanha" e seu frontão triangular com rosetão central) inBOCAS FOLEIRAS
 Rua da Junqueira - (2013) Foto de Manoliveira ("Palácio Pessanha" desenho do levantamento do edifício) inBOCAS FOLEIRAS
 Rua da Junqueira - (2013) Foto de Manoliveira ("Fontanário" de bacia redonda e uma concha de mármore, no interior do "Palácio Pessanha", hoje "Departamento de Relações Internacionais e Convenções de Segurança Social" na Rua da Junqueira) inBOCAS FOLEIRAS
 Rua da Junqueira - (1965) Foto de Armando Serôdio ("Palácio Pessanha", datado do 3º quartel do séc. XVIII, na "Rua da Junqueira") inAFML 
 Rua da Junqueira - ( 1967) Foto de Augusto de Jesus Fernandes ("Palácio Pessanha/Valadas" na "Rua da Junqueira, 112)  in AFML 
Rua da Junqueira- (1968) Foto de Armando Serôdio (O "Palacete PESSANHA/VALADA" na "Rua da Junqueira", 112 uma construção do século XVIII)  in  AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA JUNQUEIRA [ XI ]

«O PALACETE  PESSANHA/VALADA»

O "PALACETE PESSANHA" na "Rua da Junqueira no número cento e doze, onde hoje está instalado o "Departamento de Relações Internacionais e Convenções de Segurança Social-DRISS", Foi mandado construir depois do terramoto de 1755 por, "D. JOÃO DA SILVAPESSANHA"(1794-1864) administrador dos Morgados de Fontalva, Fonte Boa e Brino, casado com "D. FRANCISCA DE NORONHA", filha dos CONDES DE PENICHE.
Uma sua neta "D. FRANCISCA BERNARDA DA SILVA PESSANHA" filha de "D. ANTÓNIO DA SILVA PESSANHA", veio a casar com "D. ANTÓNIO TORRES DE LUSIGNAN",CONDE DE SÃO PAYO" na Capela da "Quinta dos Ciprestes", na freguesia da AJUDA, a 29 de Junho de 1868. (Seria esta propriedade que se chamava "Quinta dos Ciprestes"?).
Veio depois a comprar este Palacete o "2º MARQUÊS DE VALADA"; "D. JOSÉ DE MENESES DA SILVEIRA E CASTRO" (1826-1895). Par do Reino do Conselho de S.M. el-Rei "D. Luís", oficial-mor da Casa Real. Comendador da Ordem de Cristo e da Ordem de Santiago, bailio da Ordem de S. João de Jerusalém(Malta), membro da Academia das Ciências Britânicas e senhor dos Morgados da CAPARICA e da PATAMEIRA. Foi um homem notável, inteligentissimo e duma erudição espantosa.
Este Palacete foi também propriedade da CONDESSA DE "PORTO BRANDÃO".

O Palacete apresenta planta rectangular simples, desenvolvida em torno de um pequeno pátio central, com acesso por vestíbulos parcialmente abertos, com túnel de ligação ao pátio posterior, tendo capela adossada à fachada posterior.
O edifício tem três fachadas, a principal voltada a Sul e as laterais a Este e Oeste, tratadas todas com esmero. A fachada principal, de corpos separados por pilastras, tem no meio um frontão triangular cujo tímpano surge profundamente decorado com elementos fitomórficos e rosetão central.
As janelas do andar nobre são três, de sacada, seguindo-se uma varanda comum para as três janelas, e a terminar, outras janelas de sacada.
A varanda assenta sobre duas consolas que nascem da moldura do portão principal.
As varandas têm grades de ferro forjado com desenho do século XVIII. O portão de entrada abre sobre um pátio, tendo nas paredes laterais medalhões de azulejos de cenas campestres, um de merenda e outro de vindima, datados de 1920 e ambos assinados por "A. QUARESMA".
O tecto desse pátio é de estuque, com medalhão, seguindo-se outro pátio descoberto que dá para o que deveria ter sido o jardim e na casa que se encontra ao fundo um interessante fontanário de bacia redonda e uma concha de mármore, decora o pátio posterior que integrava o primitivo jardim, de cariz tardo-barroco.
No século XX, o prolongamento do edifício para o lado Oeste, através da criação de uma segunda ala, não alterou do ponto de vista formal ou visual. O interior evidencia uma linguagem neo-barroca na decoração de uma imponente escadaria de dois lanços.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ XII ] - O HOSPITAL EGAS MONIZ»

RUA DA JUNQUEIRA [ XII ]

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 Rua da Junqueira - (2008) Foto de Dias dos Reis ( A entrada do "Hospital Egas Moniz" na "Rua da Junqueira, Lisboa) in DIAS DOS REIS
 Rua da Junqueira - (2013) (Panorâmica do "Hospital Egas Moniz", na "Rua da Junqueira" no número 126  antiga "Quinta do Saldanha") inGOOGLE EARTH
 Rua da Junqueira - (1961) Foto de Arnaldo Madureira (Antigo "Hospital do Ultramar", antes de lhe terem acrescentado o novo edifício de 8 pisos) inAFML 
Rua da Junqueira - (1961) Foto de Arnaldo Madureira (A "Capela" do antigo "Hospital do Ultramar", hoje "Hospital Egas Moniz", com  entrada pela  "Rua da Junqueira") inAFML


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA JUNQUEIRA [ XII ]

«O HOSPITAL EGAS MONIZ»

O "HOSPITAL COLONIAL" foi criado por carta de Lei de 24 de Abril de 1902, ficando inicialmente instalado na ala nascente da "CORDOARIA NACIONAL", onde também funcionava o "INSTITUTO DE MEDICINA TROPICAL".

O objectivo principal era dar assistência médica a funcionários civis e militares, que eventualmente regressassem do ULTRAMAR em condições físicas lastimáveis com doenças infecciosas.

O ESTADO no ano de 1919 adquire a «QUINTA DO SALDANHA» na "JUNQUEIRA" para aí poder construir um "PAVILHÃO DE INTERNAMENTOS". Este foi inaugurado no ano de 1925, construído a expensas de MACAU, tendo recebido o seu nome. Noutros edifícios espalhados pela QUINTA funcionava a enfermaria tropical que se destinava a tratar indigentes vindos do ULTRAMAR.
No ano de 1948, por despacho do "MINISTRO DO ULTRAMAR" o Hospital passa a designar-se "HOSPITAL DO ULTRAMAR", ficando também decidido aumentar os serviços com cirurgia, um pavilhão de doenças infecto-contagiosas, sistemas de radiologia e análises clínicas.
O Pavilhão de Doenças Infecto-Contagiosas, concluído em 1953 ficou separado do edifício principal. Actualmente está ligado ao restante hospital por um corredor de acesso designado por "manga".
Em 1957, é inaugurado o "HOSPITAL DO ULTRAMAR" com a conclusão das obras do edifício de "MEDICINA" e "CIRURGIA" e restantes serviços. A sua construção aproveitou o então "PAVILHÃO DE MACAU" que actualmente não é visível.
Em finais da década de 60 o "HOSPITAL DO ULTRAMAR" já não conseguia corresponder às muitas solicitações, pelo que se decidiu construir um novo edifício de 8 pisos, que lidado ao edifício velho faz desaparecer a sua entrada.
Este edifício entrou em actividade em 6 de Março de 1975 e por força da extinção do "MINISTÉRIO DO ULTRAMAR", passou para a dependência do "MINISTÉRIO DOSASSUNTOS SOCIAIS", passando a designar-se por «HOSPITAL EGAS MONIZ» uma vez que, nesse ano, corria o centenário do Professor Dr. "EGAS MONIZ".
Em 2002 através do decreto-Lei Nº 278/2002 de 9 de Dezembro, o Hospital é transformado em Sociedade Anónima de Capitais exclusivamente públicos.
Em 29 de Dezembro de 2005 o Hospital foi integrado no "CENTRO HOSPITALAR DELISBOA OCIDENTAL E.P., juntamente com os Hospitais de "SANTA CRUZ" e de "SÃO FRANCISCO XAVIER". 
O «HOSPITAL EGAS MONIZ» está situado na "RUA DA JUNQUEIRA", 126.

PAVILHÕES NEOGÓTICOS
Nos terrenos do «HOSPITAL EGAS MONIZ», na extremidade de cada canto do terreno ajardinado, encontram-se dois pequenos pavilhões mal enquadrados no conjunto moderno. São duas construções iguais e simétricas, de calcário e de planta quadrada, com janelas neogóticas sobre a rua e porta do mesmo estilo dando para o restante HOSPITAL.
As janelas com arco quebrado, de perfil lanceolado, são amaineladas com tímpanos rendilhados, igual ao das portas. O conjunto encontra-se enquadrado por pilastras construídas por três colunelos terminados por capitéis estriados. A "QUINTA DA EGA" era muito vasta e ia até à "RUA DA JUNQUEIRA" e ao "ALTO DE SANTO AMARO", pelo que é perfeitamente natural terem os seus proprietários mandado executar na cerca da sua quinta, sobre a rua, aqueles mirantes.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ XIII ]-O CHAFARIZ DA JUNQUEIRA OU DA CORDOARIA»

RUA DA JUNQUEIRA [ XIII ]

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 Rua da Junqueira - (2008) Foto de autor não identificado (O "Chafariz da Junqueira" com o traço do arquitecto "Honorato José Correia de Macedo e Sá". No século XX teve uma intervenção urbanística da autoria do Arquitecto "Raul Lino") inMARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS
 Rua da Junqueira - (2008) Foto de autor não identificado (O "Chafariz da Junqueira" vista tirada no passeio da "Cordoaria Nacional" in MARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS
 Rua da Junqueira - (2011) Foto de autor não identificado (Uma panorâmica do "Chafariz da Junqueira" no seu aspecto actual) inHISTÓRIA DE PORTUGAL
Rua da Junqueira - (2013) (O "Chafariz da Junqueira" implantado num Largo, junto da "Rua da Junqueira") inGOOGLE EARTH 
 Rua da Junqueira - (2011) Foto de autor não identificado (Pormenor da assinatura da "Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego Limitada" construtora dos azulejos decorativos para o "Chafariz da Junqueira") in HISTÓRIA DE PORTUGAL
 Rua da Junqueira - (1959) Foto de Armando Serôdio (Panorama do "Chafariz da Junqueira" ou da "Cordoaria", depois do arranjo da autoria do Arqº. "Raul Lino", em que se procedeu à colocação de azulejos policromáticos da "Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego") inAFML
 Rua da Junqueira - (1944) Foto de António Passaporte (Pormenor do frontão do "Chafariz da Junqueira", onde se observa a esfera armilar carregada e coroada com o escudo Nacional, representativo das armas do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve, com uma inscrição no corpo principal, onde se pode ler: AGOAS LIVRES ANNO DE 1821. Podemos ainda referir, que a decoração do muro envolvente com azulejos de tapete, foi posteriormente alterada) in  AFML 
 Rua da Junqueira - (Início do séc.XX)? Foto de Chaves Cruz (O "Chafariz da Junqueira" ou da "Cordoaria". Apreciável pelo seu traçado em Arco aberto, balizado por fortes pilares de secção quadrada nas suas extremidades, pormenores da responsabilidade de "Honorato José Correia de Macedo e Sá, autor da traça original) inAFML
Rua da Junqueira- (Início do séc.XX)? Foto de autor não identificado (O "Chafariz da Junqueira" também conhecido como "Chafariz da Cordoaria". Possivelmente construído entre 1821 e 1828 de arquitectura estrutural tardo-barroco, está implantado num Largo fronteiro à Cordoaria Nacional) inAFML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA JUNQUEIRA [ XIII ]

«O CHAFARIZ DA JUNQUEIRA OU DA CORDOARIA»

O «CHAFARIZ DA JUNQUEIRA», também conhecido por«CHAFARIZ DA CORDOARIA» foi construído entre 1821 e 1828 tendo sido projectado pelo arquitecto da "JUNTA DAS ÁGUAS LIVRES" «HONORATO JOSÉ CORREIA DE MACEDO E SÁ».
Localiza-se na "RUA DA JUNQUEIRA" entre os números 154 e 156, fronteiro ao edifício da "CORDOARIANACIONAL", ligado à distribuição de água de LISBOA, pelas "ÁGUAS LIVRES", do tipo caixa de água, com a face frontal em forma de espaldar rectangular, franqueado por pilares toscanos, de fuste almofadado, rematando com elementos de curva e contracurva, onde domina a decoração de acantos, concheados e enrolamentos. No espaldar inscrevem-se duas bicas boleadas, o esquema mais comum nos chafarizes de LISBOA, que vertem para tanques de planta contracurva e muro, com  bordo boleado, onde surgem dois pilares e réguas metálicas para apoio do vasilhame.
A estrutura remata em elemento curvo, flanqueado por enrolamentos e encimado por esfera armilar, contendo as armas do "REINO UNIDO DE PORTUGAL, BRASIL e ALGARVE", num esquema semelhante ao "CHAFARIZ DO INTENDENTE", estrutura na qual se filia, uma vez que possuem estruturas semelhantes, sendo o do INTENDENTE mais elaborado.
Inicialmente abastecido por águas das minas do ALTO DE SANTO AMARO em 24.06.1822 em pequena quantidade, fizeram-se novas minas nas imediações do RIO SECO em 18.08.1838, para obter mais abundância. No século XX, a envolvente foi objecto de um arranjo urbanístico, segundo um projecto do arquitecto "RAUL LINO", integrando dois panos de muro curvos, formando uma elipse aberta frontalmente, decorados com silhares de azulejos da "FÁBRICA DE CERÂMICA VIÚVA LAMEGO", executados por "MÁRIO REIS", (com atelier na "RUA DA BEMPOSTINHA", 23 em LISBOA), de expressão  neo-rococó, coadunando-se com os elementos do chafariz, onde surgem azulejos em monocromia, representando aves, rodeado por apainelado de acantos e enrolamentos, sobre fundo de azulejo de "pedra torta", aos panos estão adossados bancos de cantaria, porta de verga recta e dupla moldura, rematada por frontões de lanços, com amplos balaústres de acesso à parte posterior, onde se encontra a arca da água.

Com enquadramento urbano, endossado a edifícios plurifamiliares, inserido no contexto urbano da "RUA DA JUNQUEIRA" integrado num conjunto de um quarteirão descaracterizado ao nível urbano, cujos limites são definidos apenas na zona em que faz fronteira com a rua. Está implantado junto à via pública, pavimentada a alcatrão, separado por passeio público pavimentado a calçada de calcário. Encontra-se situado em frente ao edifício da "CORDOARIA NACIONAL", nas imediações da "QUINTA DAS ÁGUIAS" que se desenvolve para o lado direito e a "CASA NOBRE DE LÁZARO LEITÃO ARANHA"/"UNIVERSIDADE LUSÍADA", desenvolvida no lado esquerdo.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ XIV ] A CORDOARIA NACIONAL (1)» 
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