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Channel: RUAS DE LISBOA COM ALGUMA HISTÓRIA
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RUA DO BENFORMOSO [ III ]

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«A RUA DO BENFORMOSO ( 3 )»
 
Rua do Benformoso - (2011) Foto de Luís Pavão (A "RUA DO BENFORMOSO" na bifurcação com  a  "RUA DO TERREIRINHO" e seu fontanário , 61 anos depois)  (Abre em tamanho grande)  in  AML
 Rua do Benformoso - (1950-10) Foto de Eduardo Portugal ( A RUA DO BENFORMOSO" na bifurcação com a "RUA DO TERREIRINHO" na nossa esquerda ao fundo o seu chafariz) (Abre em tamanho grande) in AML
 Rua do Benformoso - (2011-09-16) Foto de Luís Pavão (Exposição todos 2011 nas varandas" da "RUA DO BENFORMOSO", uma iniciativa da C.M.L.)  (Abre em tamanho grande)  in  AML
 Rua do Benformoso - (Edifício de meados do século XIX) [Prédio da "RUA DO BENFORMOSO" número 244. Fachada principal com janela de sacada, no primeiro andar sede do (GRUPO EXCURSIONISTA E RECREATIVO "OS AMIGOS DO MINHO")]  inPATRIMÓNIO CULTURAL
 Rua do Benformoso - (Edifício de meados do século XIX)  (Prédio da "RUA DO BENFORMOSO" Número 244 - fachada pincipal registos superiores. Varanda suportada por mísuras de pedra)   in PATRIMÓNIO CULTURAL
 Rua do Benformoso - Edifício de meados do século XIX) Foto de DIAS DOS REIS (Porta com brasão na "RUA DO BENFORMOSO" número 244, e a placa do "Grupo Excursionista e Recreativo OS AMIGOS DO MINHO" in  DIAS DOS REIS
Rua do Benformoso - Edifício de meados do século XIX) (Prédio da "RUA DO BENFORMOSO" Nº 244, fachada principal, observa-se cinco janelas superiores com vão de volta perfeita e guardas de ferro)  in  PATRIMÓNIO CULTURAL

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO BENFORMOSO  [ III ]

«A RUA DO BENFORMOSO ( 3 )»

Com a abertura da "RUA (NOVA) DA PALMA" em (1862) remeteu para segundo plano a "RUA DO BENFORMOSO", tendo perdido esta grande agitação, mas mantém algumas características pitorescas da "LISBOA ANTIGA".
A "RUA DO BENFORMOSO" ainda no início do século XX mostrava as suas pitorescas casas (conforma aqui se documenta, graças às fotos cedidas gentilmente pelo ARQUIVO FOTOGRÁFICO DA C.M.L., casas seiscentistas, algumas de andares de ressalto, um conjunto bem alfacinha velho e puro, lembrando pedaços de ALFAMA, no BENFORMOSO, paredes meias com a "MOURARIA". Algumas desapareceram, outras foram transformadas no decorrer dos anos.
Na extrema deste primeiro troço quase a fazer topo entre esta artéria e a "RUA DO TERREIRINHO", existia um prédio e (documentado hoje em foto) com umas casas encostadas que, de certo modo, bem representativa do tempo antigo, com duplo andar de ressalto e empena de bico. Está hoje modificada, a parte superior do bico passou a telhado horizontal (de uma só água) adquirindo assim mais espaço superior para o edifício, tirando-lhe a beleza pitoresca que tanto a prestigiava. (No próximo episódio, daremos mais detalhes destas casas seiscentistas).

Este edifício romântico da "RUA DO BENFORMOSO" com o número de polícia 244,  é um prédio construído em meados do século XIX e constituído por três andares com cinco vãos emoldurados com cantaria.
No andar térreo encontramos, no eixo da composição, uma porta decorada superiormente com uma bandeira de leque na qual se encontra inscrito um brasão; e quatro janelas de arco pleno decorados com cantaria.
No andar seguinte (andar nobre) observamos, nos extremos, duas janelas com guardas de ferro; e ao centro, suportadas por mísuras, três janelas de sacada cujo movimento ondulante lhe confere ritmo ao conjunto. O último piso - com cinco vãos de volta perfeita e guardas de ferro - é rematada por uma cornija decorada por balaustrada e coroamento de pinhas.  O edifício é decorado no exterior por azulejos policromados. A cobertura do edifício é constituída por telhado a duas águas rasgado por duas clarabóias. Tem como categoria de tipologia de Arquitectura civil é classificado como - IIP - Imóvel de Interesse Público, pelo Decreto Nº. 8/83, DR, I Série, Nº. 19, de 24.01.1983.
Na parte de cima da porta central entre as mísulas que suportam a varanda, encontra-se um reclame que nos diz: GRUPO EXCURSIONISTA E RECREATIVO "OS AMIGOS DO MINHO", Associação instalada no 1º. andar deste prédio com magnificas instalações, tendo a sua fundação datada de 8 de Dezembro de 1950. Dedicada inicialmente a excursões ao MINHO na segunda metade do século XX, hoje visa sobretudo um meio de convívio a minhotos e outros associados. Foi durante muito tempo bastante conhecida pelos seus bailaricos de fim de semana. Promove ainda acções de beneficência, nomeadamente a crianças mais carenciadas. 
COMO CURIOSIDADE - Podemos acrescentar que foi JOÃO FREIRE CORREIA o grande fotógrafo e fundador da "PORTUGALIA FILMES" nos seus estúdios improvisados na "RUADO BENFORMOSO", que se rodou o nosso primeiro filme de entrecho e que tem LISBOA como cenário: «OS CRIMES DE DIOGO ALVES». Foi realizado por "JOÃO TAVARES" e estreado em Abril de 1911, com exteriores filmados também aqui bem perto, no "BECO DA BARBADELA".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO BENFORMOSO [ IV ] A RUA DO BENFORMOSO (4)».

RUA DO BENFORMOSO [ IV ]

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«A RUA DO BENFORMOSO ( 4 )»
 Rua do Benformoso - (Início do século XX) Desenho colorido de ROQUE GAMEIRO - (Desenho de ROQUE GAMEIRO Nº. 21. Um conjunto de prédios actualmente alterados e onde era a "Tendinha do Benformoso"-Chás e Cafés.  Encontra-se neste neste blogue uma foto de BÁRCIA do princípio do século e a foto actual (2012) do amigo MÁRIO MARZAGÃO para comparar) in MÁRIO MARZAGÃO
 Rua do Benformoso - (2012) Foto de Mário Marzagão (Comparação com o desenho aguarelado Nº 21 de ROQUE GAMEIRO, situado na Rua do Benformoso. Foi alterado dois edifícios ficando apenas um mais a Norte. O edifício de cor rosa subiu mais um andar e deixou de ter o ressalto). inMÁRIO MARZAGÃO
 Rua do Benformoso - (Início do Século XX) Desenho de ROQUE GAMEIRO (Desenho a lápis carvão de ROQUE GAMEIRO Nº. 6, conjunto do prédio na "RUA DO BENFORMOSO". Podemos comparar o edifício de duas águas e saliente ou ressalto do primeiro andar até ao telhado, desta casa tipo seiscentista)  in MÁRIO MARZAGÃO
 Rua do Benformoso - (2012) Foto de Mário Marzagão (Na comparação com o desenho P&B Nº 6 de Roque Gameiro, situado na "RUA DO BENFORMOSO, representa a alteração Um dos edifícios  a altura mantém, varandas e moldura das janelas do 1º andar em curva, uma porta transformada em montra. O segundo (depois da sinal de transito de "30") foi bastante alterado, deixando assim de simbolizar um edifício seiscentista para um vulgar prédio de rendimento)  inMÁRIO MARZAGÃO 
 Rua do Benformoso - (Entre 1898 e 1908) Foto de autor não identificado (A "RUA DO BENFORMOSO" com seus prédios forrados de azulejos, com cinco pisos e águas furtadas, notando-se particular tendência para cobrir de azulejos as suas fachadas)  (Abre em Tamanho grande) in AML
 Rua do Benformoso - (Entre 1900-1945) Foto de José Artur Leitão Bárcia (O conjunto de edifícios na "RUA DO BENFORMOSO" que mais tarde dois deles foram alterados com mais um piso e suprimido o ressalto. Podemos ler facilmente na sua fachada "Tendinha do Bemformoso" chá e café) (Abre em tamanho grande)  in AML
 Rua do Benformoso - (190-) Foto de José Artur Leitão Bárcia - (O prédio seiscentista da "RUA DO BENFORMOSO" também depois alterado na sua configuração típica, passando a um mero edifício de rendimento) (Abre em tamanho grande)  in AML 
 Rua do Benformoso - (1951) Foto de Eduardo Portugal  (A "RUA DO BENFORMOSO" com um vendedor a atravessar o seu basalto, no lado direito o famoso conjunto já aqui muito badalado) (Abre em tamanho grande) inAML 
Rua do Benformoso - (2015) (Um troço da "RUA DO BENFORMOSO" de Sul para Norte, podemos observar alguns prédios com azulejos nas fachadas)  in  GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO BENFORMOSO [ IV ]

«A RUA DO BENFORMOSO ( 4 )»

AZULEJARIA
Esta RUAé particularmente composta de vários edifícios de arquitectura popular lisboeta de relevante interesse. Edifícios possivelmente alguns anteriores ao Terramoto de 1755 e existindo uma azulejaria absolutamente fantástica e invulgar. Não devemos no entanto esquecer que neste sítio existiram várias fábricas de azulejos e cerâmica, de padrões muito variados, que produziam bastante no século XIX.

Dizem que a "RUA DO BENFORMOSO"é um sítio "intrincado" difícil de compreender. Dá, porém, um certo receio a quem dele se aproxima pela primeira vez. De há uns anos para cá, tem vindo a melhorar, no entanto, não deixa de ser uma zona onde em cada loja existe uma nacionalidade diferente. Casas lojas ocupadas por CHINESES, INDIANOS, NEPALESES, SENEGALESES e alguns oriundos do BANGLADESH. Existe até uma "DELEGAÇÃO"da"MESQUITA CENTRAL DE LISBOA"Praça de Espanha), nesta "RUA DO BENFORMOSO" no número 119-1º,2º e 3º.
Sintetizando, a história terá possivelmente voltado a repetir-se; a «MOURARIA» regressa aos seus antigos hábitos, ocupando lentamente esta RUA e o sítio que em tempos lhes "pertenceram". 
A nossa maior estranheza prende-se com a maneira de vestir deste emaranhado de povos que por ali circulam. 
Podemos mesmo observar muitas mulheres inteiramente cobertas com véu, como nos países de origem; muçulmanos ou indianos mais conservadores e aqueles "panejamentos" até são particularmente garbosos.

 ROQUE GAMEIRO
Desenhou dois quadros da velha LISBOA e em particular um troço da RUA DO BENFORMOSO o número 21 a cores e o Nº. 6 a preto e branco. Representam uma imagem que é completada pela outra.
Temos ainda duas fotos cedidas gentilmente pelo amigo MÁRIO MARZAGÃO, que correspondem às alterações verificadas nos prédios em (2012). Da foto (Nº. 21 de ROQUEGAMEIRO) a casa de ressalte é a mesma a as reixas nas varandas ainda se mantém, mas resta apenas o último dos três edifícios ligados.
O prédio cor rosa tomou o lugar dos outros dois, sendo suprimido o ressalte, e levantado mais um piso. No prédio seguinte junto ao sinal de transito "30", desapareceram duas portas, para dar lugar a montras de um estabelecimento de comércio, tudo o mais se mantém neste edifício incluindo as ferragens das varandas e um esboço da original moldura das janelas curvas.
O prédio que se segue (Nº. 6 de ROQUE GAMEIRO) - é o mesmo de duas águas só com uma janela no último piso -, foi convertido em 2º  andar, 2 janelas e telhado de uma só água para a frente, tendo desaparecido o ressalte e o telhado de bico, (que lhe dava uma graciosidade seiscentista). No prédio seguinte ainda se mantém a janela das águas furtadas que ROQUE GAMEIRO desenhou no início do século XX. 

(PRÓXIMO)«LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ I ] -O LARGO DO INTENDENTE E SEU ENQUADRAMENTO»

LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ I ]

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«O LARGO DO INTENDENTE E SEU ENQUADRAMENTO»
 Largo do Intendente - (2012) Foto de Teresa Diniz - (O "LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE" de "cara lavada") in OS MEUS ÓCULOS DO MUNDO
 Largo do Intendente - (2007) - (Panorama do "LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE" com obras a decorrer na época)  in  GOOGLE  EARTH 
 Largo do Intendente - (2007) - Aspecto do "LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE" visto de outro ângulo)  in GOOGLE EARTH
 Largo do Intendente - (1960) Foto de João H. Goulart  (Antiga entrada para o "LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE", quem venha da "RUA DA PALMA") ( Abre em tamanhogrande)   in AML
Largo do Intendente - (entre 1940 e 1959) Foto de António Passaporte (1901-1983)  Fachada do Edifício entre a "RUA DA PALMA" e o "LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE",Prémio VALMOR 1908, Arquitecto da obra premiada ARNALDO REDONDO ADÃES BERMUDES)  (Abre em tamanho grande)  in AML 

LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ I ]

«O LARGO DO INTENDENTE E SEU ENQUADRAMENTO»


O «LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE» pertence à antiga freguesia dos "ANJOS", hoje pela REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012 pertence à freguesia de «ARROIOS». (A freguesia dos ANJOS, PENA e S. JORGE DE ARROIOS, foram integradas, passando a formar uma só freguesia - ARROIOS).
Este LARGO fica entre a "RUA DA PALMA", "RUA DO BENFORMOSO", "RUA DOSANJOS", "TRAVESSA DO CIDADÃO JOÃO GONÇALVES", "TRAVESSA DA CRUZ AOS ANJOS" e"TRAVESSA DO MALDONADO".
O "LARGO" era há muito conhecido pelo "LARGO DO INTENDENTE" em virtude de o "INTENDENTE-GERAL DA POLÍCIA""DIOGO INÁCIO PINA MANIQUE" (1733-1805), ali ter o seu Palácio. Só em 30 de Junho de 1955, por EDITAL MUNICIPAL, passou a chamar-se "LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE".
O Largo onde o  INTENDENTE mandou fazer a sua casa era, até então, ponto de passagem sem história especial, a não ser o facto de lá terem existido umas estalagens mencionadas em registos da freguesia dos ANJOS, do século XVI.
O facto de PINA MANIQUE para ali ter ido morar deu pois, azo ao nascimento de uma importante via que, como já se frisou (na RUA DO BENFORMOSO), era serventia obrigatória para quem quisesse dirigir-se ao Norte.
Se andarmos uns passos em redor do LARGO DO INTENDENTE encontramos o que resta do prédio apalaçado mandado edificar por DIOGO INÁCIO DE PINA MANIQUE.
Outro Palácio deste Largo, e que teve significado local revestido de certas tradições, pertenceu ao VISCONDE DA GRAÇA "JORGE CROFT"nascido em MANCHESTER no ano de 1808 e faleceu em LISBOA no ano de 1874. Grande proprietário em LISBOA e INDUSTRIAL, foi fundador de uma importante fábrica de Vidros na MARINHA GRANDE. O Palácio situava-se entre os números 31 a 39, junto da "TRAVESSA DO MALDONADO". Por morte do VISCONDE no século XIX, herdaram o prédio uns sobrinhos, que em 1908 o venderam à COOPERATIVA DE VIVERES A RETALHO. Com o fecho da COOPERATIVA em 1913, o extinto palácio, já como casa de rendimento, onde passaram vários retalhistas e inquilinos, esteve em muito mau estado de conservação, estando nesta altura recuperado.
Nesta LARGO existiu o "CHAFARIZ DO INTENDENTE" mandado erguer por influência do "INTENDENTE-GERAL DA POLÍCIA" entre os anos de 1823 e 1824, sendo em 1917 transferido para outro local.
Existe ainda um prédio de gaveto formado pela AVENIDA ALMIRANTE REIS, 2 a 2k, e o LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE, 1 a 6. Uma obra do Arquitecto "ADÃES BERMUDES" que lhe valeu o PRÉMIO VALMOR EM 1908. Imóvel classificado pelo IIP- Imóvel de Interesse Público - Decreto Lei nº 28/82, DR, I Série, nº 47, pág. 426, de 26.02.1982 (LINK:)
Nota histórica - Artística - Obra do arquitecto revivalista Adãe Bermudes, a sua construção remonta a 1908. Trata-se de um edifício que congrega em si diversos elementos estilísticos, resultando o todo num ecletismo arquitectónico ao qual foi, por isso, atribuído o PRÉMIO VALMOR no mesmo ano da sua edificação.
Esta construção de quatro pisos, estrutura-se em planta longitudinal, que termina num corpo semicircular, coroado por uma cúpula. Em ambas as fachadas do edifício encontramos um revestimento azulejar policromo, preenchido por pavões e motivos florais, ao nível do tímpano dos frontões . À procura de uma linguagem decorativa ARTE NOVA nos azulejos e na malha sinuosa do ferro forjado, alia-se um sabor neo-barroco, patente na cúpula do edifício e nos seus ornatos.
Sabe-se que estes sítios na encosta dos Montes da GRAÇA e de S. GENS era uma zona fértil em argila, o que levou muitos oleiros à fixação de suas explorações e Olarias. O topónimo anda perto deste LARGO com os nomes de RUA DAS OLARIAS, LARGO DAS OLARIAS, ESCADINHAS DAS OLAIAS e BECO DAS OLARIAS", e assim sendo não podíamos deixar de nos referirmos à olaria mais importante na nossa época, que se instalou em 1849 no LARGO DO INTENDENTE ainda, por"ANTÓNIO COSTA LAMEGO", embora seja mais conhecida pela"CERÂMICA DA VIÚVA LAMEGO".  

O arranjo artístico do "LARGO DO INTENDENTE" esteve sujeito a um concurso de votação pública, subordinado às "Melhores  Ideias para o LARGO DO INTENDENTE". O projecto "URBAN UMBRELLA", de PIERRE PERISSINOTTO, foi o vencedor. Existe um pequeno vídeo a circular no Facebook, de onde retiramos este apontamento. (no âmbito da iniciativa "FabLab in The City".)

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ II ] O PALÁCIO DO INTENDENTE PINA MANIQUE»

LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ II ]

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«O PALÁCIO DO INTENDENTE PINA MANIQUE»
 Largo do Intendente Pina Manique - (2014) (Fachada principal seiscentista do PALÁCIO DE PINA MANIQUE, no Largo do Intendente) (Abre em tamanho grande)  inCIDADANIA-LX 
 Largo do Intendente Pina Manique - (2014) (Placa a lembrar que aqui viveu e morreu DIOGO INÁCIO DE PINA MANIQUE. Provavelmente é o único elemento a lembrar que se trata de um lugar histórico, placa mandada colocar pela CASA PIA DE LISBOA em 1949) inCIDADANIA-LX
 Largo do Intendente Pina Manique - (2009) Foto de Maria Lisboa (Fachada do "PALÁCIO DE PINA MANIQUE" no LARGO DO INTENDENTE) (Abre em tamanho grande) in  LISBOA
 Largo do  Intendente Pina Manique - (2015-03) (Ante-projecto do "PALÁCIO DO INTENDENTE PINA MANIQUE" neste LARGO, encontrando actualmente à venda)  inTROVIT
Largo do Intendente Pina Manique - (2015-03) (Planta de alterações e Planta de Implantação do "PALÁCIO DO INTENDENTE PINA MANIQUE" a realizar no LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE) in  TROVIT

(CONTINUAÇÃO) - LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ II ]

«O PALÁCIO DO INTENDENTE PINA MANIQUE»

O «PALÁCIO DO INTENDENTE PINA MANIQUE» cuja fachada principal dá para o "LARGO DO INTENDENTE", ocupa os números 48 a 54 deste Largo, nele habitou "DIOGOINÁCIO DE PINA MANIQUE", homem de confiança do "MARQUÊS DE POMBAL" e famoso INTENDENTE-GERAL DA POLÍCIA no tempo de D. MARIA I( 1 ).
Esta casa setecentista terá pertencido à família "NOGUEIRA DE MATOS DE ANDRADE" que pelo casamento de "D. INÁCIA MARGARIDA U. de BRITO NOGUEIRA DE MATOS" em 1773, a trouxe como dote, passando o imóvel a pertencer também a "PINA MANIQUE".

A fachada do edifício de 4 pisos com águas furtadas era rematado por uma cornija decorada por balaustrada. Composto de nove janelas de cantaria, o andar nobre com nove portas de bandeira alpendradas com varandas de ferro, dando a noção de andar nobre. A sobre-loja com igual número de janelas de cantaria, idênticas ao último piso e nove portas de arco abatido no piso térreo.
Numa das portas a seguir ao Nº. 52 na parte de cima existe uma placa, único indicador que aqui possivelmente viveu e morreu "DIOGO INÁCIO PINA MANIQUE". Um elemento a lembrar que se trata de um lugar histórico.
Refere assim a placa: "NESTE PALÁCIO VIVEU E MORREU EM 30.VI.1805 DIOGO INÁCIO DE PINA MANIQUE INTENDENTE-GERAL DA POLÍCIA DA CORTE E REINO QUE PRESTOU RELEVANTES SERVIÇOS A ESTA CIDADE E AO PAÍS, AO DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS, DAS LETRAS, DAS ARTES E DAS INDUSTRIAS, E FUNDOU "A CASA PIA DE LISBOA" QUE, RECONHECIDA, MANDOU COLOCAR ESTA LÁPIDA NO DIA DO 169º. ANIVERSÁRIO DE SUA FUNDAÇÃO EM 3-VII-1949.

Neste Palácio ainda se encontra sediado o SPORT CLUBE DO INTENDENTE, fundado em 1 de Julho de 1933, sendo uma das Colectividades mais antigas da FREGUESIA dos EX-ANJOS. As actividades desta Colectividade vão desde o jogo das setas, passando pelo FUTEBOL DE SALÃO e TÉNIS DE MESA, até à realização de convívios entre os associados. Num estado muito degradado este "LARGO DO INTENDENTE" em finais do século XX, local outrora bem pitoresco e de grande animação comercial, passagem obrigatória, de tráfego intenso, para quem se dirigia aos arrabaldes, até à abertura da AVENIDA DONA AMÉLIA (hoje AVENIDA ALMIRANTE REIS).
Diz-nos "NORBERTO DE ARAÚJO" em 1937: "que o famoso Palácio de PINA MANIQUE hoje reduzido a este prédio de rendimento, número 52, e que pertenceu ao "VISCONDE DE SACAVÉM", que há sete anos o adquiriu a um descendente da família do famoso Intendente das Polícias". O VISCONDE DE SANTARÉM "JOSÉ JOAQUIMPINTO DA SILVA" natural do Porto, filho de um negociante portuense com o mesmo nome. Foi comerciante de grosso trato, e proprietário do PALÁCIO DE LISBOA, o inexpressivo Palácio.
Num site da INTERNET fomos encontrar que este palácio e seus jardins anexos na parte de trás estavam à venda por 3.500.000,00€. Assim como fui encontrada uma recomendação da Assembleia Municipal de Lisboa que alertava a C.M.L., a propósito da "demolição do Palácio do Intendente Pina Manique e a construção de um edifício com volume desmesurado". Listadas algumas considerações, tendo a Assembleia Municipal de Lisboa reunido em Sessão Ordinária em 25 de Junho de 2013, delibera proceder à seguinte recomendação à C.M.L. - 1) Que não permita a demolição do Palácio do Intendente nem a impermeabilização do seu jardim e antes proceda à sua recuperação e adaptação para fins sociais ou culturais da cidade. - 2) Que se abstenha de continuar a admitir a demolição de outros edifícios emblemáticos ou significantes da cidade, [o deputado Municipal "JOÃO DE MAGALHÃES PEREIRA] (Nota de roda-pé - Esta proposta foi aprovada por maioria com os votos contra do PS e abstenção de 5 deputados independentes (cidadãos por Lisboa) e PCP).

( 1 )- O cargo de Intendente-Geral da Polícia foi criado pelo Alvará com força de lei de 25.06.1760. Em 1780 a rainha D. Maria I nomeou "PINA MANIQUE" como Intendente Geral da Polícia da Corte e do Reino, que se manteve em funções até 1803. Em  8 de Novembro de 1833, foi abolida a Intendência Geral da Polícia da Corte e do Reino [Nota do Arquivo Nacional da Torre do Tombo].

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE[ III ]-DIOGO INÁCIO DE PINA MANIQUE ( 1 )»

LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ III ]

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«DIOGO INÁCIO DE PINA MANIQUE ( 1 )»
 Largo do Intendente Pina Manique - (1983) (Retrato a Óleo pintado por Ovídio Carneiro) - (Retrato de DIOGO INÁCIO PINA MANIQUE, pintado por Ovídio Carneiro em 1983, colecção Casa Pia-Biblioteca Museu Luz Soriano) (Abre em tamanho grande) inREVISTA LIMIANA
 Largo do Intendente Pina Manique - (1968) Foto de João Brito Geraldes (Lápide de homenagem a "DIOGO INÁCIO DE PINA MANIQUE-1733-1805", colocada no antigo Palácio do Intendente) inAML
 Largo do Intendente Pina Manique (1944) Foto de Eduardo Portugal (Um aspecto do "Largo do Intendente" na década de quarenta do século XX) (Abre em tamanho grande)  in AML
 Largo do Intendente Pina Manique (2011) Foto de Luís Pavão (A Reabilitação do Largo do Intendente Pina Manique) (Abre em tamanho grande) in  AML
Largo do Intendente Pina Manique (Século XVIII) (Retrato existente na Casa Pia de LISBOA) (Diogo Inácio de Pina Manique, fundador da CASA PIA DE LISBOA, na capa do livro do amigo JOSÉ NORTON dedicado a PINA MANIQUE) in BULHOSA

(CONTINUAÇÃO)- LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ III ]

«DIOGO INÁCIO DE PINA MANIQUE ( 1 )»

«DIOGO INÁCIO DE PINA MANIQUE», nasceu em LISBOA, em 3 de Outubro de 1733  no "BECO DO CARRASCO"à "RUA DO POÇO DA DOS NEGROS" na antiga freguesia de "SANTA CATARINA" actual freguesia da «MISERICÓRDIA», tendo sido baptizado a 13 de Novembro do mesmo ano, na IGREJA DE SANTA CATARINA DO MONTE OLIVETE (desaparecida com o terramoto de 1755).
Senhor do Morgado de "S. JOAQUIM em COINA" (na outra margem do rio Tejo), bacharel em Leis pela UNIVERSIDADE  DE COIMBRA, em 1758, com 25 anos, já era juiz do crime do BAIRRO DO CASTELO em LISBOA.
Por alvará de 29 de Setembro de 1759 foi feito escudeiro-fidalgo e, posteriormente, cavaleiro-fidalgo da CASA REAL. Em 1762, foi nomeado Superintendente-Geral do transporte de tropas e mantimentos por motivos do envolvimento de PORTUGAL na guerra dos SETE ANOS e, em 1765, assumiu o cargo de Corregedor  do crime do bairro de ALFAMA, que em 1768 acumulou com o de Desembargador da Relação e Casa do Porto.
Em 1771 ascende a Desembargador extravagante da CASA DA SUPLICAÇÃO e a Desembargador dos Agravos do mesmo tribunal, tendo passado a exercer desde 1772 funções no Desembargo do PAÇO e de SUPERINTENDENTE GERAL DOS CONTRABANDOS E DESCAMINHOS, cargo que, com destemor, reprimiu abusos e enfrentou poderosos infractores. Foi ainda CONSELHEIRO DA FAZENDA, Administrador da COMPANHIA DE PARAÍBA e PERNAMBUCO, Administrador-Geral da ALFANDEGAGRANDE DE LISBOA e feitor-mor de todas as ALFANDEGAS DO REINO, desenvolvendo sempre meritória acção e promovendo medidas de grande interesse como foram o recenseamento geral da população de (1776) e a obrigatoriedade do registo de correspondência oficial (1780).
Considerado alto funcionário. foi porém, como "INTENDENTE-GERAL DA POLÍCIA"da CORTE e REINO que se celebrizou.
Defensor acérrimo da monarquia tradicional, combateu também, vigorosamente, a criminalidade que trazia LISBOA em constante sobressalto, tratando ao mesmo tempo da recuperação e reinserção social de delinquentes, mendigos, prostitutas e órfãos, politica que traduziu na criação, em 3 de Julho de 1780, da «REAL CASA PIA», instalando-a no que restava do velho "PAÇO DA ALCÁÇOVA DO CASTELO DE SÃO JORGE", onde a sua esclarecida administração realizou um notável trabalho, inclusive de ordem cultural.
No mesmo ano, a 17 de Dezembro, dia do aniversário da RAINHA D. MARIA I, por iniciativa de PINA MANIQUE, foi inaugurada a iluminação pública de LISBOA para o que cada funileiro da cidade teve de contribuir com 100 candeeiros a azeite.
Conseguiu assim iluminar uma área compreendida entre o ROSSIO e a PRAÇA DE S. PAULO, mas a importante iniciativa não foi além de 1792 por lhe terem sido recusadas, sistematicamente, as verbas para a manutenção desse serviço.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ IV ] DIOGO INÁCIO DE PINA MANIQUE (2)».

LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ IV ]

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«DIOGO INÁCIO DE PINA MANIQUE ( 2 )»
 Largo do Intendente Pina Manique - (1780) - ("PINA MANIQUE" em 03.07.1780 cria a REAL CASA PIA DE LISBOA, instalando-a no que restava do velho PAÇO DAS ALCÁÇOVA do Castelo de São Jorge) inCASA PIA DE LISBOA
 Largo do Intendente Pina Manique (2011-09-16) Foto de Luís Pavão (Reabilitação de um edifício do "LARGO DO INTENDENTE") (Abre em tamanho grande) in  AML 
 Largo do Intendente Pina Manique ( entre 1849 e 1917) Foto de autor não identificado  (Chafariz do LARGO DO INTENDENTE, antes de ser transferido para a "Rua da Palma".Na imagem podemos observar um carro "chora", transporte de atracção animal mais utilizado no século XIX até meados do século XX. Alguns faziam o itinerário - MOURARIA-INTENDENTE-BELÉM) (Abre em tamanho grande)  in AML
 Largo do Intendente Pina Manique (1911) Foto de Jushua Benoliel ("LARGO DO INTENDENTE" a ASSOCIAÇÃO DO REGISTO CIVIL fundada em 1895, no lado esquerdo uma loja de ferragens e no lado direito a Drogaria Americana) (Abre em tamanho grande)  in  AML 
 Largo do Intendente Pina Manique (entre 1940 e 1959) Foto de António Passaporte (Prédio atribuído o prémio VALMOR entre a Rua da Palma e o Largo do Intendente. O Chafariz na esquerda e início da Av. Almirante Reis, (antiga Avenida Rainha D. Amélia) (Abre em tamanho grande) in AML
Largo do Intendente Pina Manique (2014) (Antiga entrada para o LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE e prédio de gaveto do notável  arquitecto Adães Bermudes "1864-1947, que lhe valeu o prémio VALMOR em 1908)  in GOOGLE EARTH 


(CONTINUAÇÃO) - LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ IV ]

«DIOGO INÁCIO DE PINA MANIQUE ( 2 )»

Com a elaboração em 1788 do «MAPA DE TODAS AS FÁBRICAS QUE EXISTEM EM LISBOA E NO REINO», a construção do"TEATRO DE S. CARLOS" (inaugurado em 30 de Junho de 1793), e a plantação na região de LISBOA, em 1799 de 40 000 árvores, foram outras não menos importantes iniciativas de PINA MANIQUE.
Mas as listas e medidas tomadas em benefício de LISBOA não se fica por aqui. Ele interveio, praticamente, em todas as áreas da vida da cidade, quer se tratasse de moralizar os costumes quer providenciando quanto à higiene, à saúde e à assistência pública, e quanto à melhoria e embelezamento da cidade. 
A supressão de cães vadios; a proibição de lançamento ao rio de animais mortos; a limpeza dos ribeiros; a criação do serviço de carroças para recolha do lixo (que passou a ser reunido ma praia da BOAVISTA, junto do CAIS DO TOJO, e na praia de ALFAMA, donde era transportado para o ALFEITE); a remoção de lamas; a construção de esgotos; o registo e inspecção sanitária das prostitutas; a fiscalização de produtos alimentares adulterados; a entrega à MISERICÓRDIA, da"RODA DOS ENJEITADOS" (para acabar com o comércio de espanhóis com crianças portuguesas); a construção e conservação de CALÇADAS; o apoio à reconstrução da cidade (proibindo a construção de casas clandestinas, promovendo a demolição de barracas de madeira e de pano, na área urbana e nos subúrbios); a canalização na "RUA DIREITA DOS ANJOS"; das águas provenientes das áreas a Norte da cidade; a tentativa de rasgar uma praça (que só chegou a LARGO) que hoje tem o seu nome, onde colocou o chafariz que agora está no DESTERRO;a abertura da estrada orlada de árvores desde o portão da REAL QUINTA DE QUELUZ, pela "PORCALHOTA" (actual AMADORA), até à AJUDA; a construção e reparação de fontes e chafarizes; o projecto da implantação de uma fonte monumental no CAMPO DE SANTANA com elementos escultóricos do "PASSEIO PÚBLICO" e de outros chafarizes da cidade, tudo isto revela quanto esse homem austero amava a sua cidade natal. 
Finalmente, em 1803, a diplomacia francesa consegue que o príncipe Regente, D. JOÃO, que resistira a anterior pressão, afasta PINA MANIQUE da INTENDÊNCIA-GERAL DA POLÍCIA, nomeando-o CHANCELER-MOR DO REINO, cargo que em pouco tempo permaneceu, vindo a falecer cerca de dois anos depois.
No livro de óbitos da freguesia dos ANJOS, existente na TORRE DO TOMBO, lê-se com efeito: «"No primeiro dia do mez de Julho de 1805, faleceu com todos os Sacramentos, na idade de 72 anos, de um tumor, o Ilustríssimo Diogo Inácio de Pina Manique, Senhor de Manique, Alcaide-Mor de Portalegre, Chanceler-Mor do Reino, e Intendente-Geral da Polícia da Corte e Reino; casado com a D. Inácia Margarida Umbelina de Brito Nogueira e Matos, Moradores na Travessa da Cruz, desta freguesia; fez testamentos; e foi sepultado no seu jazigo, no Convento de Nª. Senhora da Penha de França. O Prior L. do José Ferrão de Mendonça e Sousa"».
Neste assento consta o registo de óbito na antiga freguesia dos ANJOS,  onde se pode ler que"no primeiro dia do mês de Julho de mil oitocentos e cinco",  faleceu, com 72 anos, aquele que mais trabalhou pelo engrandecimento e embelezamento desta cidade. Assim, segundo fez notar uma paciente investigação do olisipógrafo e grande amigo desta cidade, EDUARDO SUCENA, alguém está enganado: ou o registo de óbito (o que parece pouco provável) ou a lápide que se vê no prédio, mandado ali apor pela CASA PIA DELISBOA, da qual consta que o INTENDENTE PINA MANIQUE morreu... na véspera, ou seja, em 30 de Junho.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ V ]DIOGO INÁCIO DE PINA MANIQUE( 3 )».

LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ V ]

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«DIOGO INÁCIO DE PINA MANIQUE ( 3 )»
 Largo do Intendente Pina Manique - (1791) de D.A. de Siqueira Pinto e C. F. Queiroz (Gravura de DIOGO INÁCIO DE PINA MANIQUE)  in  RESTOS DE COLECÇÃO
 Largo do Intendente Pina Manique - (191_) Foto de Joshua Benoliel (LARGO DO INTENDENTE com saída para a RUA DO BENFORMOSO, na primeira porta ao lado esquerdo o ARMAZÉM DE PALHA, a "TENDINHA DO INTENDENTE" e "MERCEARIA e SALSICHARIA" - vinhos -tabacos etc.) (Abre em tamanho Grande)  in  AML
 Largo do Intendente Pina Manique - (191_) Foto de Joshua Benoliel (LARGO DO INTENDENTE, ao fundo pomos ver o edifício da "VIÚVA LAMEGO" com a fachada de azulejos policromos da autoria de "FERREIRA DAS TABULETAS") (Abre em tamanho grande)  in AML

 
Rua do Intendente Pina Manique (ant 1971) Foto de Eduardo Portugal (Chafariz do Intendente construído entre 1823 e 1824 um projecto conjunto dos Artºs. Henrique Guilherme de Oliveira e Honorato José Correia. Permaneceu neste Largo até 1917 junto da Fábrica de Cerâmica da Viúva Lamego, sendo depois transferido para a Rua da Palma) (Abre em tamanho Grande) in AML

Largo do Intendente Pina Manique - (2012) Foto de Autor não identificado (O "CHAFARIZ DO INTENDENTE/DESTERRO" já com a coroa e cruz na parte de cima do escudo Nacional na RUA DA PALMA) in  LISBOA - COMPARAÇÕES COM OUTROS TEMPOS 


(CONTINUAÇÃO) - LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ V ]

«DIOGO INÁCIO DE PINA MANIQUE ( 3 )»

«DIOGO INÁCIO DE PINA MANIQUE» que em 1780 passava a alto funcionário com a designação de "INTENDENTE-GERAL DA POLÍCIA, terá casado em 1773 com D. INÁCIA MARGARIDA UMBELINA DE BRITO NOGUEIRA DE MATOS. Foram pais de PEDRO ANTÓNIO DE PINA MANIQUE NOGUEIRA DE MATOS DE ANDRADE, que nasceu a 20.09.1774 e faleceu em LISBOA a 05.11.1839, tendo sido agraciado em 1801, pelo Príncipe-Regente D. JOÃO, com o 1º titulo de "BARÃO DE MANIQUE DO INTENDENTE" e depois elevado a VISCONDE do mesmo titulo em 1818 por D. JOÃO VI.

«DIOGO INÁCIO DE PINA MANIQUE» formado em LEIS pela UNIVERSIDADE DE COIMBRA, regressa a LISBOA, passou a ver serem-lhe conferidos cargos públicos sempre relacionados ou com polícia ou com moralização de costumes.
Foi colaborador intimo do "MARQUÊS DE POMBAL" e executor rigoroso de algumas ordens deste último. Esta característica supõe uma rigidez que com nada se comovia.

Um caso é bem demonstrativo: O MARQUÊS DE POMBAL, que temia uma guerra próxima com ESPANHA, precisava assim de fortalecer o seu exército e, para tanto, quis mandar incorporar todos os refractários e soube que muitos deles se acoitavam na TRAFARIA, povoação na margem esquerda do rio TEJO, onde a maioria da população era composta por pescadores.
Deu então ordens a MANIQUE e este não hesitou nos meios: cercou a TRAFARIA (naquela noite de 24 de Janeiro de 1777) e, para não perder tempo, mandou deitar-lhe fogo!... Ardeu a povoação toda para se capturar uma dezena de meliantes.

Mas não fique no entanto a ideia, de que PINA MANIQUE procedeu em tudo na vida, como no incêndio da TRAFARIA. Bastará lembrar de que foi ele o fundador da REAL CASA PIADE LISBOA, (Ordem régia de 20 de Maio de 1780, oficialmente inaugurada a 3 de Julho, sendo a sessão solene do acto no CASTELO DE SÃO JORGE, a 29 de Outubro, com discurso do DUQUE DE LAFÕES), que a instalou no antigo PAÇO DA ALCÁÇOVA. E destinada em principio apenas à recolha e tratamento de órfãos e mendigos, em breve se transformava num excelente estabelecimento de ensino. 
Deve-se também ao INTENDENTE PINA MANIQUE a recuperação social de prostitutas e mendigos.
Outra obra que ainda subsiste é o caso do REAL TEATRO DE SÃO CARLOS (hoje sem o Real), que veio preencher a lacuna do antigo "ÓPERA DO TEJO"ou REAL CASA DA ÓPERA, que o terramoto de 1755 destruiu. Deve-se também a este homem algumas organizações e determinações de questão higiene, abertura de ruas e estradas.
Ficou mais conhecido, porém, a sua luta contra todos os marginais, tentando regenerar os que de tal se mostravam capazes, punindo severamente todos os outros.
Não deixa assim de ser irónico que, nas barbas do seu "ex-PALÁCIO"do VELHO INTENDENTE, se tenha passado um arraial de costumes e marginalidades, que aos poucos se vai debelando. Mas o "DIOGO INÁCIO PINA MANIQUE" não merecia!

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ VI ]-EPISÓDIOS NO LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE NO FINAL DO SÉCULO XX (1)» 

LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ VI ]

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«EPISÓDIOS NO "LARGO DO INTENDENTE" NO FINAL DO SÉCULO XX ( 1 )»
 Largo do Intendente Pina Manique - (2014) Foto de David Kong (O antigo Presidente da CML quer ver o LARGO DO INTENDENTE com mais cafés, para a continuação da reabilitação urbana daquela zona) in O CORVO
 Largo do Intendente Pina Manique - (1964-03) Foto de Arnaldo Madureira (A "Associação da Soc. Mútuos Almirante Cândido dos Reis" no LARGO DO INTENDENTE. Edifício de traça arquitectónica do século XIX - a placa refere a data de 1863 - evocando uma instituição de carácter social, típico das estruturas institucionais da 1ª. República) in   AML 
 Largo do Intendente Pina Manique - (1968) Foto de Armando Serôdio (O "CHAFARIZ DO INTENDENTE/DESTERRO" depois de mais de cinquenta anos passados da sua transferência do LARGO DO INTENDENTE) (Abre em tamanho grande)  in AML
Largo do Intendente Pina Manique - (entre 1898 e 1908) Foto de autor não identificado ("LARGO DO INTENDENTE" e "RUA DO BENFORMOSO" o prédio virado para o Largo "FLOR DO INTENDENTE"-Vinhos Comidas e Tabacos) (Abre em tamanho grande)  in AML 

(CONTINUAÇÃO) - LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ VI ]

«EPISÓDIOS NO "LARGO DO INTENDENTE" NO FINAL DO SÉCULO XX ( 1 )»

Uma reportagem que o "JORNAL INDEPENDENTE" publicou em 12 de Junho de 1998, escrita pelo grande  jornalista «LUÍS PEDRO CABRAL».
"No dia anterior aquilo mais parecia um "FAR-WEST". Na "RUA DO BENFORMOSO" e "INTENDENTE", havia polícia em tudo o que era canto, um movimento pouco habitual para uma véspera de 10 de JUNHO. Nas dezenas de BARES que proliferam neste sítio, o ambiente era o de sempre. Tal como os residentes do bairro, os "habitiés" parecem já imunes às grandes cenas de pancadaria, às vezes da pesada, que estalam no calor da bebida à  mínima faísca  de provocação.
A porteira do "MOURO BAR" estava de avental e roupa branca, a destoar com as suas carnes mais do que generosas. E com a grossa cortina vermelha por trás. 
Lá dentro encontrava-se a sua irmã gémea, acomodada num dos incómodos lugares em frente ao balcão. Pousou um olhar intrigante e atento nas caras novas que acabavam de entrar e lançou de imediato a primeira informação: "MEUS QUERIDOS, A "BEJECA"É A 350 PAUS". Só estava um cliente no estabelecimento, bem atestado, por sinal. Ao fundo do bar, sobressai uma máquina de dados electrónicos. Um pouco antes, sem nunca abdicar de umas quantas mesas, improvisou-se uma pista de  dança. Dá-se pela sua existência por ser onde "aterra" uma mistura de luzes berrantes, que brotam de uma bola de espelhos a cair de podre. 
Um cliente, desconfiado de que a polícia tinha escolhido o mesmo bar, quis sair de imediato. Mas a empregada de mesa, também dama de companhia, agarrou-o por um braço, antes que este tombasse para o vácuo. Por muito que tentasse não conseguiu convencer o homem de que não estaria para acontecer ali uma rusga. Ela própria não estava muito certa. À cautela, foi debitando o seu sorriso desdentado para manter alguma ordem no estabelecimento, o que não conseguiu.
A música, na circunstancia, não estava a ajudar. Mais uma cerveja ali para o senhor que ia tropeçando, que precisava equilíbrio para sair.
Antes de o "MOURO BAR"ficar às moscas, eis que penetra um trio ruidoso em formação ordenada. O da frente tinha uma boina, camisa às riscas, um "pullover" azul às costas. Este cliente não parecia no seu elemento. Mas o mesmo não acontecia com os outros, que cumprimentaram o dono da casa e as respectivas meninas como já se conhecessem de outras noites.
No "MOURO", tal como nos outros locais da especialidade, não se deu muita importância ao facto de nem há um dia terem andado aos tiros mesmo em frente à sua porta. "Acontece", comenta a porteira, também já não seria a primeira vez que acontecia com clientes da casa. às vezes, basta que um homem dedique um olhar mais prolongado à acompanhante de outro.
Outras, nem é preciso tanto.
NICOLAU tinha 17 anos, fumava SG fltro e já completara o ensino preparatório quando conheceu a "ISILDA", que já atingira a maioridade e um estado de adição à heroína que deixou de ser segredo. Os amigos, esqueceram-na. Os seus pais, antes que desaparecesse o que ainda restava de valioso em casa, deram-lhe ordem de despejo. Que voltasse quando estivesse livre da droga. "ISILDA" conheceu um rapaz, 15 anos mais velho, que compreendia bem a situação em que ela se encontrava. "Já tinha passado pelo mesmo", diz.
Aceitou o convite para experimentar num bar. O seu homem movimentava-se ali com  grande à vontade. Através dele "ISILDA" conheceu outras raparigas como ela, conheceu homens sem fim, bêbados, drogados, técnicos de Contas, empregados de escritório, estivadores, camionistas, ladrões da pior espécie, até polícias". 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ VII ]-EPISÓDIOS NO LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE NO FINAL DO SÉCULO XX (2)».

LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ VII ]

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«EPISÓDIOS NO LARGO DO INTENDENTE NO FINAL DO SÉCULO XX (2)»
 Rua do Intendente Pina Manique - (2011) Foto de Luís Pavão (Palco para actividades musicais no "LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE") (Abre em tamanho grande) in AML
 Largo do Intendente Pina Manique - (1967) Foto de Arnaldo Madureira (Edifício premiado, numa das antigas entradas para o "LARGO DO INTENDENTE") in  AML 
 Largo do Intendente Pina Manique - (1944) Foto de Eduardo Portugal (Entrada na época para o "LARGO DO INTENDENTE"no lado da "RUA DA PALMA") (Abre em tamanho grande) inAML
Largo do Intendente Pina Manique - (19__) Foto de José Artur Leitão Bárcia ("Fábrica de Cerâmica da Viúva Lamego" fundada em 1849. A fachada decorada em 1805, por iniciativa do seu proprietário, COSTA LAMEGO. Os motivos decorativos são alegóricos ao Comércio e Industria, da autoria do célebre pintor "FERREIRA DAS TABULETAS") (Abre em tamanho grande)  in AML 

(CONTINUAÇÃO) - LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ VII ]

«EPISÓDIOS NO "LARGO DO INTENDENTE" NO FINAL DO SÉCULO XX (2)»

De tudo ali pára. "Até crianças nos "BM" dos papás". Não foi na "RUA DOBENFORMOSO" que conheceu NICOLAU. Foi, sim, numa das raras vezes que tentou visitar a mãe. O seu pai mora na mesma casa."Mas esse não conta".  "NICOLAU"andava por ali, a tentar fazer o menos possível ou à procura de alguém que o acompanhasse nessa tarefa. Viu "ISILDA" sair a chorar. Falaram um bocadinho, foram beber umas imperiais. No dia em que conheceu "ISILDA", "NICOLAU" conheceu outra companheira, que já lhe ocupou as veias dos braços, pernas e pescoço. Hoje, que já passaram dez anos, não prescinde de nenhuma.
"O chulo da "ISILDA", tratei eu dele", conta "NICOLAU", acompanhado por acenos de  aprovação da companheira. Sabe-se lá como, ganhou assim o respeito dos seus pares da rua. Simultâneamente, fez inimigos de peso.  "ARNALDO" - o compreensivo - nunca mais deu as caras no INTENDENTE. Mas soube mais tarde, "aquele sonso andava a "chibarse".  Tradução: "Andava o senhor "ARNALDO" a passar informação à BRIGADA ANTICRIME DA POLÍCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA". A polícia, claro, não gostou de ver um colaborador tão dedicado no banco das urgências do HOSPITAL DE S. JOSÉ. E, na versão de "NICOLAU", desde essa altura nunca mais deixou de ser perseguido."Eles andam a ver se me apanham. Mas, se julgam que eu sou parvo, estão muito enganados. Tenho sempre muito cuidado quando tenho de sair sozinho. Quando sou revistado, eu é que tiro as coisas dos bolsos". Nem a dez metros, nas imediações da "TRAVESSA DO CIDADÃO JOÃO GONÇALVES", estavam três agentes da PSP, em olhar mecânico para a "passerelle" de mini-saias, quase à paisana entre o corrupiar de taxistas que também ali estacionam as suas viaturas.
"ISILDA" explica o circuito. A partir das 14 horas aquela rua começa a ganhar vida. Grande parte dos bares têm as portas abertas, mas estão tacitamente fechadas. É hora de ponta nas diversas casas de jogo na rua. Foi de lá que saiu "ISABEL", a mais nova das mulheres que ali vivem e trabalham. Veio há coisa de um ano do ALGARVE,"agarrada à fruta". Como "ISILDA", os pais expulsaram-na de casa. "NICOLAU" remata: "É uma pena. É uma miudinha. Podia fazer o que quisesse, anda aqui metida". "ISABEL" meteu-se na conversa. Não estava disposta a falar de si, mas gostava de saber qual era o"gajo para o Casal". O "gajo"era um taxista, com itinerário permanente entre o CASAL VENTOSO, mercado abastecedor, e o INTENDENTE, mercado ansioso de ser abastecido. Lá foi "ISABEL", com encomendas para duas colegas de profissão. Em coisa de meia hora, estaria de volta.
Às 15 horas já a rua está repleta de gente. Uns sofrem a ressaca ao Sol, outros contabilizam os ganhos da noite anterior, as mulheres lançam piropos a quem está de passagem, o SINDICATO DOS TRABALHADORES DE SEGUROS DAS REGIÕES AUTÓNOMAS DA MADEIRA E DOS AÇORES, ergue as suas bandeiras, a farmácia está aberta, as lojas de bijutarias têm os empregados à porta, a empresa de mudanças está em pleno funcionamento. Até às 18 horas, acrescenta a companheira de "NICOLAU", há pouco que fazer. É nessa altura que grande parte dos frequentadores termina o seu horário de trabalho. Nas duas horas seguintes, é grande o movimento, que depois estagna, para retomar por volta das 22 horas.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ VIII ]EPISÓDIOS NO LARGO DO INTENDENTE NO FINAL DO SÉCULO XX (3)».

LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ VIII ]

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«EPISÓDIOS NO "LARGO DO INTENDENTE" no final do século XX (3)»
 Largo do Intendente Pina Manique - (2013) (O "LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE" na freguesia de ARROIOS, já significativamente renovado) (Abre em tamanho grande) inTOPONÍMIA DE LISBOA -CML
 Largo do Intendente Pina Manique - (2010) (Prédio de gaveto entre a Av. ALMIRANTE REIS, 2 e 2k e o "LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE, 1 a 6 Fachada poente) in DIRECÇÃO GERAL DO PATRIMÓNIO CULTURAL
 Largo do Intendente Pina Manique - (2007) Foto da SIPA  (Vista lateral do antigo "Chafariz do Intendente" colocado desde 1917 no lugar do DESTERRO, virado para a "RUA DA PALMA") in MONUMENTOS
Largo do Intendente Pina Manique - (1969) (O "Largo do Intendente" prédio decorado com azulejos, no lado direito a espreitar o Edifício da VIÚVA LAMEGO)  in   AML 

(CONTINUAÇÃO)- LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ VIII ]

(EPISÓDIOS NO "LARGO DO INTENDENTE" NO FINAL DO SÉCULO XX (3)»

A noite do "INTENDENTE" não arrasta muito para além das duas da manhã. 
Os que ali vão, estão de passagem para outro lado. Os que ali moram, vão trabalhar para outro sítio. Em geral, explica "ISILDA" - "as mulheres seguem para o TÉCNICO ou para a DEFENSORES DE CHAVES",  onde fazem o resto da noite.

"AUGUSTA" tem 62 anos. E, nas suas próprias palavras, já não vai nessas andanças:"Já não valho um caracol. Estou velha e este pessoal já não me liga". Os clientes da "AUGUSTA" têm normalmente duas características;"São velhos ou então desesperados". Às vezes, raras, também "atende" alguns quarentões. Nunca na vida, diz, se meteu em quaisquer drogas. No entanto, confessa, bebe uns bagaços. "AUGUSTA" quase não ganha para o que come. Se tem algum lucro é porque dispensa um quarto de pensão ou luxos afins:"À noite, é mesmo ali atrás das camionetas, ou numa escada". Durante o dia, repousa. "Dá mesmo fome".
Naquela RUA, "AUGUSTA" conhece quase toda a gente:"chegam aí miúdas que nem sabem onde se vêm meter. Um mês depois, estão apanhadas". Se não for um "CHULO", será um "dealer". 
Diz quem conhece todos os estabelecimentos de uma ponta da "RUA DO BENFORMOSO". Do"TONINHO"ao"BEIRA DOURO", o"GT", o"CRAZY-TIMES", o"ARISTOF", o"ISTAMBUL", o"PALMA", o"BORDA DE ÁGUA", o"CANGURU", os outros parecem iguais. Não são. Todos têm os seus atractivos e os seus perigos. Diz "AUGUSTA" com orgulho que escapou a tudo isso e muito mais. Sabe que já não escapa ao que tem... "tenho andado com muitas dores. Um dia destes morro para aí a um canto!" 
A "TRAVESSA DO CIDADÃO JOÃO GONÇALVES" já está muito próximo da AVENIDA ALMIRANTE REIS para que reine a total descontracção. Nada que impeça as meninas da "SEX-SHOP", que fica mesmo ao lado da mais frequentada casa de jogos da  área, de expor no corpo alguns artigos da casa.
Ainda não era meia-noite e o negócio estava preto. A polícia não arredava pé. Ainda por mais, um velhote resolveu "estacionar" no chão, mesmo por baixo dos anúncios luminosos. Do interior do estabelecimento saiu um rapagão para convencer tal personagem a levar a sua garrafa de tinto e o saco de plástico para outras paragens.
Quase se gerava ali nova confusão.
Coisa normal, no lugar onde os ânimos não dormem.
[Esta reportagem, como foi dito no início, foi escrita pelo Jornalista "LUÍS PEDRO CABRAL" em 1998 no já desaparecido JORNAL INDEPENDENTE].

Felizmente para nós e para todos os moradores do "LARGO DO INTENDENTE PINAMANIQUE", que as coisas mudaram substancialmente no aspecto social e uma verdadeira transformação do "LARGO", dando-lhe uma nova face, edifícios recuperados, embora não esteja tudo concluído, mas existem promessas que isso irá acontecer.
O comércio de Droga ali instalado depois da desactivação do "CASAL VENTOSO" está gradualmente a dispersar-se para outras paragens.
Parece castigo. O "INTENDENTE PINA MANIQUE" que tanto combateu os mendigos as prostitutas e os maus costumes, décadas e décadas mais tarde, o "LARGO" com seu nome, viria a ser conhecido exactamente pelo sentido inverso.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ IX ]-O CHAFARIZ DO INTENDENTE/DESTERRO (1)».

LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ IX ]

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«O CHAFARIZ DO INTENDENTE OU DO DESTERRO ( 1 )»
 Largo do Intendente Pina Manique - (2015) (CHAFARIZ DO INTENDENTE/DESTERRO entre a "CALÇADA DO DESTERRO" e a "RUA NOVA DO DESTERRO" e frente para a RUA DA PALMA, com o símbolo de LISBOA em calçada à portuguesa) inGOOGLE EARTH
 Largo do Intendente Pina Manique - (2007) Fotos da SIPA (Parte superior do "CHAFARIZ DO INTENDENTE/DESTERRO" com a coroa já incluída no escudo Nacional in MONUMENTOS
 Largo do Intendente Pina Manique - (1915) Foto de José Artur Leitão Bárcia (Nesta data o "CHAFARIZ DO INTENDENTE" ainda se encontrava localizado junto à FÁBRICA DA VIÚVA LAMEGO, depois de 1917, será deslocado para a RUA DA PALMA) (Abre em tamanho grande) in  AML
 Largo do Intendente Pina Manique - (ant. a 1917) Foto de José Artur Leitão Bárcia (O "CHAFARIZ DO INTENDENTE" ainda no LARGO DO INTENDENTE) (Abre em tamanho grande) in  AML
 Largo do Intendente Pina Manique - (ant. a 1917) Foto de José Artur Leitão Bárcia (O "CHAFARIZ DO INTENDENTE" ainda no LARGO DO INTENDENTE ( Abre em Tamanho Grande)in AML
Largo do Intendente Pina Manique - (entre 1898 e 1908) Foto de autor não identificado (O "LARGO DO INTENDENTE" a loja de "PHOTOGRAPHIA ACHILLES & Cª.", que será substituído em 1915 por um consultório de dentista "RODRIGUES CHAVES" - cirurgião - Dentista) (Abre em tamanho grande)in AML 

(CONTINUAÇÃO) - LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ IX ]

«O CHAFARIZ DO INTENDENTE OU DO DESTERRO ( 1 )»

O "CHAFARIZ DO INTENDENTE" de arquitectura tardo-barroca, localizado até 1917 no "LARGO DO INTENDENTE", foi construído entre 1823 e 1824, junto à "FÁBRICA DE CERÂMICA VIÚVA LAMEGO".

Mandado erguer pelo "INTENDENTE-GERAL DA POLÍCIA""PINA MANIQUE" quando morava neste local. Estava ligado à distribuição de águas de LISBOA, através de um ramal dasÁGUAS LIVRES, do tipo caixa de água.

Chafariz de planta rectangular simples, integrando arca de água com cobertura em terraço e as faces flanqueadas por pilastras toscano e platibanda almofadada a da face principal com o centro em ressalto e rematado por pináculos piramidais, assentes em plíntos paralelopípédicos.

Fachada principal em cantaria de calcário lioz, de espaldar tripartido defendido por estípedes almofadas, assentes em plintos paralelopipédicos, tendo sobre a plantibanda, ao centro, espaldar franqueado por enrolamentos e tendo almofada côncava contendo elemento campaniforme e fitomorfico, rematado frontão de volutas interrompido por uma, sustentando esfera armilar sobreposta por escudo com as armas de Portugal e coroa encimada por cruz.

(Com a primeira República em 1910 a coroa encimada pela cruz foi apeada ficando na posse da C.M.L.) A zona central do espaldar ostenta grande almofada quadrangular côncava contendo dois semicírculos recortados relevados centrando o florão, encimada por uma outra almofada com cartela rectangular tendo a inscrição «AGOAS LIVRES ANNO DE 1824».

Os panos laterais, seccionados em dois registos por friso, o inferior mais alto, possuem almofadas rectangulares verticais, de ângulos recortados, as inferiores à configuração das bicas circulares e salientes, que vertem para tanques semicirculares, de bordos e bases boleados, cada um deles com duas réguas metálicas para apoio do vasilhame.

Fachadas laterais e posterior em alvenaria rebocada e pintada de azul claro, percorrida por embasamento de cantaria, as laterais delimitadas por moldura rectangular e rasgadas por porta de verga recta, entaipada e janela quadrada, moldurada e gradeada.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ X ]-O CHAFARIZ DO INTENDENTE OU DO DESTERRO (2)»

LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ X ]

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«O CHAFARIZ DO INTENDENTE OU DO DESTERRO ( 2 )»
 Largo do Intendente Pina Manique -(entre 1898 e 1908) Foto de autor não identificado ( O "CHAFARIZ DO INTENDENTE" na sua construção inicial 1824 no "LARGO DO INTENDENTE") ( Abre em Tamanho grande) in  AML 
 Largo do Intendente Pina Manique (1947) Foto de Fernando Martinez Pozal ("CHAFARIZ DO INTENDENTE/DESTERRO" na "RUA DA PALMA" desde 1917)  in  AML 
 Largo do Intendente Pina Manique - (1950-10) Foto de Eduardo Portugal (O "CHAFARIZ DO INTENDENTE/DESTERRO" já colocado com frente para a "RUA DA PALMA" mas ainda sem a coroa na parte de cima do escudo e a cruz) (Abre em tamanho grande) in AML 
 Largo do Intendente Pina - (1906) Foto de José Artur Leitão Bárcia (Local onde foi instalado depois de 1917 o "CHAFARIZ DO INTENDENTE/DESTERRO", no sítio onde estava o "LAVADOURO PÚBLICO", no lado direito podemos ver o Hospital do Desterro) in AML 
 Largo do Intendente Pina Manique - (1951) Foto de Eduardo Portugal ("TAÇA DO INTENDENTE" um bebedouro que corria uma água sulfatada cálcica, não foi cortada porque servia para uso do gado, no entanto na década de 50 devido a eventuais infiltrações freáticas, acabou por ser desactivada) (Abre em tamanho grande)  in  AML 
Largo do Intendente Pina Manique - (1964) Foto de Arnaldo Madureira (A "TAÇA DO INTENDENTE" bebedouro público para animais, que devido a infiltrações freáticas acabou por ser desactivado)   in AML 


(CONTINUAÇÃO)- LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ X ]

«O CHAFARIZ DO INTENDENTE OU DO DESTERRO ( 2 )»

A fachada posterior do «CHAFARIZ DO INTENDENTE/DESTERRO»é rasgada por portal de arco abatido, com fecho saliente, "semi-entaipado" criando uma porta mais pequena de verga recta, encimada por janela rectilínea e gradeada.
A galeria que sai do "AQUEDUTO DAS ÁGUAS LIVRES" terá sido construída em 1784, no sítio da "CRUZ DAS ALMAS" estendendo-se ao CAMPO DE SANTANA que viria a abastecer este Chafariz. O encaminhamento da água para o abastecimento deste chafariz terá tido a influência de PINA MANIQUE que dirigiu uma carta ao MORDOMO-MOR da CORTE e REINO solicitando a construção de um chafariz para satisfazer as necessidades de água dos moradores da "FREGUESIA DOS ANJOS".
Existiram diversos projectos em 1810, nomeadamente dois do arquitecto "HENRIQUE GUILHERME DE OLIVEIRA"e um do arquitecto"HONORATO JOSÉ CORREIA DE MACEDO E SÁ".
O Governo terá recusado os projectos alegando que fossem mais simples e de menor despesa. HENRIQUE G. DE OLIVEIRA" executa um segundo projecto e HONORATO J. C. de M. e SÁ outro, sendo ambos novamente rejeitados. 
A feitura de um projecto conjunto de H.G. de O. e de H. J. C. de M. e SÁ, que viria a ser aceite em 1823.
Publicada a aprovação da feitura do chafariz no Diário do Governo, foi também solicitado aos cidadãos para se disponibilizarem a vender os materiais necessários para a construção do chafariz (inicialmente no LARGO DOS ANJOS) artigos tais como: bastardo, lajeado, canos abertos, canos brocados, cal em pó e areias. A provisão para a construção do chafariz orçava 8 583$200 Réis, endossado à FÁBRICA DE CERÂMICA DA VIÚVA LAMEGO, mas que acabou por ser construído no"LARGO DO INTENDENTE".
Nessa mesmo ano, a 3 de Maio aparece a suspensão da obra pelo Governo na qual já se tinha gasto  2 340$306Réis, para logo no mês seguinte reiniciar as obras, existindo uma conduta dos sobejos de água para a HORTA DO CONVENTO DO DESTERRO.
Finalmente no dia 19 de Julho de 1824 dava-se por concluída a obra que teria o custo total de 8 862$668 réis.
Em 1917 é retirado o "CHAFARIZ DO INTENDENTE" por exigências do trânsito sobretudo da passagem de eléctricos, foi então transferido para a RUA DA PALMA antigo espaço do prolongamento de terreno da FABRICA DE CERÂMICA DA VIÚVA LAMEGO, estando a sua localização entre a"CALÇADA DO DESTERRO"e a"RUA NOVA DO DESTERRO" com frente do chafariz virada para a "RUA DA PALMA"e espreitando de longe o"LARGO DO INTENDENTE".
Em 1931  a bica que o abastecia, "BICA DO REGUEIRÃO DOS ANJOS", foi fechada por se encontrar contaminada, sendo a água desta bica desviada para o esgoto, passando a ser fornecida pela rede pública.
Na década de 90 do século XX, a coroa é reposta pela C.M.L., a fachada posterior da arca de água encontrava-se adossado a um quintal. 

TAÇA DO INTENDENTE

No "LARGO DO INTENDENTE", alimentando um bebedouro, corre uma água sulfatada calcaria que, naturalmente, não foi cortada ao público por se julgar que serve apenas para uso do gado.
Este bebedouro é uma larga Taça de pedra, de grande perímetro, ao centro da qual se eleva uma pequena coluna donde rebenta a água com uma certa força ascensional.
Por existir muita gente que se dava bem com ela para mobilizar os intestinos e melhorar as digestões o povo improvisou um dispositivo com uma cana, para se poder beber, numa concepção prática, embora primitiva, (encontra-se neste espaço uma foto bem demonstrativa).
Até cerca da década de cinquenta início de sessenta do século XX, ainda se encontrava activada. Devido a eventuais infiltrações freáticas, acabou por ser desactivada.

(CONTINUA)-(PRÓXIMA)«LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ XI ]A FÁBRICA DE CERÂMICA VIÚVA LAMEGO ( 1 )».

LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ XI ]

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«A FÁBRICA DE CERÂMICA VIÚVA LAMEGO ( 1 )»
 Largo do Intendente Pina Manique - (entre 1898 e 1908) Foto de autor não identificado-em suporte negativo de gelatina e prata em vidro-(Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego" em actividade, vendo-se muito pessoal na frente da sua loja) (Abre em tamanho grande)  in AML 
 Largo do Intendente Pina Manique - (1961) Foto de Armando Serôdio (Revestida de azulejos policromo ao gosto da época, a FÁBRICA DA VIÚVA LAMEGO" no Largo do Intendente Pina Manique) (Abre em Tamanho grande)  in  AML 
 Largo do Intendente Pina Manique - ( 1969 ) - Foto de João H. Goulart (A FÁBRICA DE CERÂMICA VIÚVA LAMEGO no LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE)  in  AML 
 Largo do Intendente Pina Manique - (2012) Foto de Diana R. Germano (Um aspecto do "LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE" e balcão de vendas da "VIÚVA LAMEGO" depois das recentes obras de recuperação)  in  PANORAMIO
Largo do Intendente Pina Manique - (2012)  (O LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE" a loja de vendas da "VIÚVA LAMEGO" com o largo já com as obras concluídas in MINUBE

(CONTINUAÇÃO) - LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ XI ]

«A FÁBRICA DE CERÂMICA VIÚVA LAMEGO ( 1 )

Ainda que a toponímia, às vezes, nos ajude (se, por exemplo, um sítio se chama "dos OLIVAIS"é porque, forçosamente, lá existiu grande conjunto de oliveiras), não se imaginam com facilidade campos de trigo em "CAMPO DE OURIQUE", nem hortaliças a crescerem na "AVENIDA DA LIBERDADE". Mas a verdade é que o «CAMPO» foi cedendo, dando lugar à "CIDADE" através das sucessivas urbanizações.

O mesmo se diga que acontece em relação à constituição de alguns solos. LISBOA não teve sempre o aspecto uniforme dado pelo negro do basalto: havia terrenos bons para cultivo, como havia outros, cuja natureza argilosa, levava à instalação de OLARIAS. 

Mais uma vez a TOPONÍMIA vem em nosso auxilio, conservando a RUA DAS OLARIAS, o LARGO DAS OLARIAS as ESCADINHAS DAS OLARIAS e o SÍTIO DAS OLARIAS, na encosta dos MONTES DA GRAÇA e de S. GENS: o solo é, naquela zona, rico em argila o que conduziu à fixação de oleiros.

Já os ROMANOS tinham descoberto o filão, mas foram os MOUROS quem muito desenvolveu os trabalhos de barro.
Sabe-se que em meados do século XVI havia 206 Oleiros em LISBOA, a maior parte dos quais se fixava entre a referida zona das OLARIAS e o BENFORMOSO, nas imediações, portanto, da freguesia a que chamavam dos ANJOS (hoje ARROIOS).

Em face destes dados, não será assim de espantar que, mesmo já em pleno século XIX, tivesse sido montada no LARGO DO INTENDENTE a mais conhecida, "FÁBRICA DE CERÂMICA DE LISBOA", aquela que ficou para a posteridade com o nome de "VIÚVA LAMEGO".

Diga-se num breve parêntese, que algumas VIÚVAS ficaram com o nome perpetuado em LISBOA, conotadas que foram com a INDUSTRIA ou COMÉRCIO: pelo menos a VIÚVA LAMEGO, VIÚVA FERRÃO e a VIÚVA REIS, estarão para a cidade, como a viúva "CLICQUOT" está para o CHAMPANHE...

Mas a casa que nos interessa, situada no LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE, foi fundada ainda pelo Senhor LAMEGO, propriamente dito. De facto, ANTÓNIO COSTA LAMEGO possuía um terreno naquela localidade e ali instalou, em 1849, a sua oficina de Olaria. A casa "pegou" e, com o negócio a prosperar, pensou o bom oleiro LAMEGO em fazer revestir a sua oficina de uns vistosos azulejos que ainda lá estão a dar a cor garrida e a nota artística ao «LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE» desde 1865. Já então se dedicava essencialmente ao fabrico de faianças e cerâmica artística.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ XII ] A FÁBRICA DE CERÂMICA VIÚVA LAMEGO (2)»

LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ XII ]

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«A FÁBRICA DE CERÂMICA VIÚVA LAMEGO( 2 )»
 Largo do Intendente Pina Manique - (2010) Foto de M.L. Bonzatti  (Pormenor de um dos lados da fachada do edifício de vendas da "VIÚVA LAMEGO" no LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE   in FLICKR
 Largo do Intendente Pina Manique - (2012) Foto de Teresa (Loja da "FÁBRICA VIÚVA LAMEGO", no LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE)  in OS MEUS ÓCULOS DO MUNDO
 Largo do Intendente Pina Manique - (2011) Foto de João Carvalho (Fachada na "AVENIDA ALMIRANTE REIS" com azulejos da FÁBRICA DE CERÂMICA DA VIÚVA LAMEGO", antigas oficinas)  in WIKIPÉDIA
 Largo do Intendente Pina Manique - (1949) Foto de Eduardo Portugal ("LARGO DO INTENDENTE" Fábrica de Cerâmica da Viúva Lamego, com sua secção de amostras, um portão de ferro de cada extremidade e uma legenda junto ao óculo agarrada por dois azulejos alados com os dizeres "ANNO 1865") (Abre em tamanho grande)  in  AML 
Largo do Intendente Pina Manique (entre 1898 e 1908) Foto de autor não identificado - negativo em gelatina e prata em vidro - (Chaminés da antiga "FÁBRICA DE CERÃMICA VIÚVA LAMEGO" no Intendente) (Abre em tamanho grande)  in AML 

(CONTINUAÇÃO) -LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ XII ]

«A FÁBRICA DE CERÂMICA VIÚVA LAMEGO ( 2 )»

Depois da morte de "ANTÓNIO COSTA LAMEGO" seu fundador, a casa passou para as mãos da sua viúva e a chamar-se "VIÚVA LAMEGO". E por qualquer fenómeno destes, que ninguém sabe explicar, toda a gente passou a identificar a fábrica e a loja com a nova dona. Sucedendo a esta um filho com o mesmo nome do pai, que veio a vender a fábrica a um cunhado, "JOÃO GARCIA JERPE", passando depois a "JOÃO AGOSTINHO DA COSTA GARCIA".
Existe actualmente uma sociedade, "FÁBRICA DE CERÂMICA VIÚVA LAMEGO, LDA.", que continua a desenvolver as seculares actividades.
Algumas mudanças sofreu, entretanto, a casa do Intendente: quando foi fundada não se limitava à superfície que hoje tem, estendendo-se os seus terrenos até às imediações do "HOSPITAL DO DESTERRO"; mas quando foi aberta a "AVENIDA DE D. AMÉLIA" ( que conhecemos nos nossos dias, pelo nome de AVENIDA ALMIRANTE REIS), fez-se a expropriação dos terrenos que confinavam com a cerca do CONVENTO DO DESTERRO mas com a sua cedência pôde alterar e beneficiar i prédio da fábrica que ficou também com frente e entrada para aquela Avenida e pelo "LARGO DO INTENDENTE". Acabou assim por ir parte da fábrica para outro local (na PALMA DE BAIXO). As instalações  do lado do "LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE" são hoje apenas de exposição e venda, tendo a parte fabril mudado, onde se produz azulejos de excelente qualidade, quer industrial quer artísticos, como os que, com desenhos de VIEIRA DA SILVA, que revestem a estação de METROPOLITANO DA CIDADE UNIVERSITÁRIA.
E por este largo lá se conservam felizmente a fachada de azulejos e o local de exposição edifício da segunda metade do século XIX, no INTENDENTE. Tal aconteceu desde os tempos em que aquele largo, longe da decrepitude das décadas de 80 e 90 do século XX, era porta de saída obrigatória de LISBOA no século XIX, para quem demandasse o Norte; dali se seguia pela actual RUA DOS ANJOS até ARROIOS e daí se chegava à ESTRADA REAL.

Decididamente, o senhor ANTÓNIO COSTA LAMEGO, marido da futura VIÚVA, não foi parar ali por acaso.

Em Abril de 2011, era outro ANTÓNIO COSTA, este presidente da C.M.L. que se mudava para o INTENDENTE, não como "OLEIRO" mas sim como "OBREIRO" estando a trabalhar num edifício reabilitado para incentivar esta zona e "dar a volta" a um dos sítios problemáticos de LISBOA.
Escrevia o Jornal "EXPRESSO" da altura, numa visita guiada ao imóvel, que integra a antiga "FÁBRICA DE CERÂMICA VIÚVA LAMEGO"; ANTÓNIO COSTA (PS) explicou que, para "reduzir custos" foi negociado com o proprietário um pagamento antecipado que já contemplasse as obras que foram necessárias. Esperançado em conseguir resolver alguns problemas no "LARGO DO INTENDENTE", embora sinta que esta é uma grande responsabilidade, tendo em conta as expectativas geradas na zona.
O LARGO DO INTENDENTE (que em tempos muito recuados, representava uma passagem obrigatória para Norte de LISBOA) vai ser quase todo "pedonalizado", ganhando esplanadas e mais árvores e os pisos térreos serão disponibilizados para comércio.[FIM]

BIBLIOGRAFIA

REFERENTE À RUA DO BENFORMOSO e LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE

- ARAÚJO, Norberto - Peregrinações em LISBOA -VEGA-1993-2Edª. - LISBOA.
- DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA - Dirc. Francisco Santana e Eduardo Sucena-1994 - LISBOA.
- JANEIRO, Maria João - LISBOA - Histórias e Memórias - Liv. Horizonte - 2006 - LISBOA.
- LISBOA E O AQUEDUTO - Cood. de Inês Morais Viegas e Luisa Costa Dias- Dep. de Cultura da C.M.L. - 1977 - LISBOA.
- LISBOA EM MOVIMENTO - 1850-1920 - Exposição no Pavilhão, Pátio e Jardim do Museu da Cidade - Campo Grande- Lisboa - Junº/Outº de 1944- Liv. Horizonte- LISBOA.
- LISBOA - Revista Municipal - Ano XLIV - Série - Nº 5 e 6 - 3º e 4º trim. de 1983-Ed.CML.
- NOBREZAS DE PORTUGAL E DO BRASIL - Dirc. e Cood. Dr. Afonso Eduardo Martins Zuzarte- Editora Enciclopédia, LDª. - 1960 - LISBOA.
- NORTON, José - Pina Manique . Fundador da Casa Pia de Lisboa- Bertrand Editora- 2004  LISBOA.
- O INDEPENDENTE de 12 de Junho de 1998- Reportagem de Luís Pedro Cabral.
- OLIVEIRA, Cristóvão Rodrigues de - LISBOA em 1551 - SUMÁRIO - Liv. Horizonte - 1987 LISBOA.
- PINTO, Luís Leite - Hist. do Abastecimento de Água a Lisboa-J.N.C. da Moeda - 1972-LISBOA.
- SILVA, A. Vieira da, - A CERCA FERNANDINA DE LISBOA-VOL. I e II-2ª Ed. CML-LISBOA.

INTERNET

-DO MÉDIO ORIENTE E AFINS
- GENEALL
- PATRIMÓNIO CULTURAL
- REVELARLX
- TOPONÍMIA DE LISBOA
- VELHARIAS

(PRÓXIMO)«CALÇADA DE DOM GASTÃO [ I ]-CALÇADA DE DOM GASTÃO E SEU ENQUADRAMENTO».

CALÇADA DE DOM GASTÃO [ I ]

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«A CALÇADA DE DOM GASTÃO E SEU ENQUADRAMENTO»
 Calçada de Dom Gastão - (1856-1858) Filipe Folque (PLANTA Nº 16 - A zona do GRILO. A CALÇADA DO GRILO, possivelmente da segunda metade do século XVII, separa duas áreas bem distintas. Para Norte os Conventos: GRILOS e GRILAS, para Sul, duas propriedades dos Leite de Sousa (depois TAVAREDE) e Senhores das Ilhas Desertas. Separadas estas duas propriedades por uma antiga Azinhaga do Grilo, que perdeu actividade e substituída com a abertura da CALÇADA DO GRILO, muito mais larga)  in   ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA
 Calçada de Dom Gastão - (2007) (Uma panorâmica do sítio do Grilo e CALÇADA DE DOM GASTÃO, vendo-se na parte de cima a antiga zona da "ILHA DO GRILO")  in GOOGLE EARTH
 Calçada de Dom Gastão - (2005) Foto de APS  (Fachada do Palácio da "QUINTA DE LEITE SOUSA", arranjo destacável da segunda metade do século XVIII. Notam-se as duas janelas "cegas", correspondente a duas paredes mestras mais antigas, evidenciando o carácter do arranjo palaciano que sofreu esta casa da quinta) in  ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (2015) Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA. (Final da "CALÇADA DE DOM GASTÃO" esquina com a RUA JOSÉ ANTÓNIO LOPES. Quarteirão destinado a ser demolido para ali "nascer" um eventual prédio de rendimento ou Condomínio fechado, no local da bem lembrada "FARMÁCIA CONCEIÇÃO" dos nossos tempos das décadas de 40 e 50 do século passado)  in  ARQUIVO/APS 
Calçada de Dom Gastão - (2015) - Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA (Lado esquerdo da "CALÇADA DE DOM GASTÃO", edifícios recentemente edificados, onde estão instalados os CTT e as novas instalações da "FARMÁCIA CONCEIÇÃO")  inARQUIVO/APS


CALÇADA DE DOM GASTÃO [ I ]

«A CALÇADA DE DOM GASTÃO E SEU ENQUADRAMENTO»

A «CALÇADA DE DOM GASTÃO» (antiga "CALÇADA DO GRILO") pertence à freguesia do  «BEATO». Começa na "RUA DO GRILO" no número 145 e finaliza na "RUA DE XABREGAS" no número 2. Tem como convergente no lado direito as "ESCADINHAS DE D. GASTÃO" (antiga Azinhaga) que dividia entre si duas propriedades desde a "ESTRADADE MARVILA" até à parte Sul. Existiu logo a seguir às "ESCADINHAS" o chamado "LARGO DE DOM GASTÃO" (conforme nos indica o Mapa de Filipe Folque, e nos dá conta um documento do espólio do Arquivo Municipal de Lisboa). Sabe-se que esta CALÇADA DE DOM GASTÃO foi alinhada em 1916 e que para além desta artéria existiu também o "LARGO DE DOM GASTÃO", já que ambos os arruamentos aparecem numa planta de 1892 referente à construção da "RUA DA MANUTENÇÃO" que antes era leito do RIO e permitia o acesso ao cais fluvial do Palácio de DOM GASTÃO.
Na parte poente desta Calçada vamos ainda encontrar no lado direito a "RUA JOSÉ ANTÓNIO LOPES" e no lado esquerdo (Já sensivelmente em terrenos da Rua deXabregas) a "TRAVESSA DA MANUTENÇÃO" (antiga Travessa da Manutenção Militar do Estado).

Este topónimo que se perde na memória da cidade é bastante antigo, supõe-se estar ligado a um dos membros da família "COUTINHO"de nome"GASTÃO" que neste local edificou o seu Palácio.
O espaço envolvente à "CALÇADA DE DOM GASTÃO"é denominado por nomes sonantes, conforme suas épocas. "D. GASTÃO COUTINHO" senhor das "ILHAS DESERTAS" 1º Conde da TAIPA. "LUÍS CID DA SILVA E OLIVEIRA" que no início do século XVIII, era um dos senhores da "QUINTA DO GRILO". 
Nestas paragens existiu ainda "O PÁTIO DE LUÍS CID" (1724) e o "PÁTIO DO SIDE"(1738), mais tarde aparece por ligação de herdeiros "FERNÃO LEITE DE SOUSA MATOS", seu neto de nome "FERNÃO LEITE DE SOUSA" (Sargento-Mor de Lisboa em 1748 e já vivia na QUINTA do sítio do GRILO), tendo ficado como administrador da casa o mais novo "JOSÉ LEITE DE SOUSA".
Durante a maior parte do século XIX, a QUINTA DO GRILO e a casa esteve na posse de "JOÃO DE ALMADA E QUADROS""1º CONDE e BARÃO DE TAVAREDE".
O nome da propriedade era transformado de acordo com o nome dos seus proprietários - "VILA ZENHA", depois "VILA MARIA LUÍSA", onde foi instalado um colégio privado (EXTERNATO CAMILO CASTELO BRANCO-1941) antecessor da "CASAPERSEVERANÇA"controlada pela"VOZ DO OPERÁRIO" em 1914.  No lado direito da casa estava a "ESCOLA OFICIAL Nº 20" (que já não existe em 2015), funcionando nesse espaço e nos anexos de todo o lado direito a "EKA" Palace, uma organização de artes culturais de carisma indiano, que tal como as escolas e externatos ali radicados, contribuíram para a descaracterização dos seus interiores das antigas casas nobres.

Na entrada da "VILA MARIA LUÍSA" existiram até 1978 em cima das suas colunas uns jarrões que lhe emprestavam um certo valor artístico, hoje não se sabe para onde foram , e as colunas começam lentamente a ceder, para dar lugar à passagem de viaturas.
Entre a "VILA MARIA LUÍSA" e a "CALÇADA DO GRILO" existiu o "LARGO DE D. GASTÃO", casas que pertenceram à "CASA DE DOM GASTÃO". Funciona nesse espaço no nº 42 uma oficina de carros "AUTO MECÂNICA CENTRAL DE XABREGAS, LDA", há um bom par de anos.
Atravessamos a CALÇADA para o outro lado ficando nas nossas costas a "RUA DO GRILO".  Começamos no  Inicio da CALÇADA DE DOM GASTÃO, no número 1, 3 e 3A (mesmo em frente da "CALÇADA DO GRILO") são as instalações da "DROGARIAMOREIRA" já muito antiga e nosso conhecido de outros tempos, logo a seguir uns edifício novos e uma abertura, espaço de uma demolição recente. Segue-se algumas casas de "DOM GASTÃO". No primeiro andar, com entrada pelo nº 13 funcionaram nas décadas de 40 e 50 os "SERVIÇOS-MÉDICOS SOCIAIS - FEDERAÇÃO DA CAIXA DE PREVIDÊNCIA - Posto Nº 28. No número 13-A em finais de 40 existia ali uma fábrica de refrigerantes, hoje ocupada pela firma "J. M. LDA. - ROLHAS".
O "CENTRO ESCOLAR REPUBLICANO ELIAS GARCIA" funcionou no 1º andar com entrada pelo Nº 15, que depois de 1974 era nesse mesmo espaço, uma secção do "PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS".
E chegamos propriamente dito ao que resta do antigo "PALÁCIO DE DOM GASTÃO", um prédio hoje bastante modificado, que tinha um cais para o RIO, hoje "RUA DAMANUTENÇÃO". Neste espaço está instalada desde 1975  (que lhe tem introduzido várias modificações e benfeitorias) a «COOPERATIVA DE ENSINO "OS PIONEIROS"», com entrada pela Nº 21. Nos números 21-A a 23 está instalada uma sucursal da CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS. Os CTT estão localizados no Nº 25 e a"FARMÁCIA CONCEIÇÃO" que durante muitas décadas esteve  (no outro lado da Calçada) com esquina para a RUA JOSÉ ANTÓNIO LOPES, ocupa hoje o Nº 29-B. No final desta Calçada tornejando para a "TRAVESSA DA MANUTENÇÃO" existe uma dependência do Banco "SANTANDERTOTTA" num edifício alto, novo, e de habitação.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«CALÇADA DE DOM GASTÃO [ II ]-A QUINTA LEITE DE SOUSA ( 1 )».

CALÇADA DE DOM GASTÃO [ II ]

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«A QUINTA  LEITE DE SOUSA ( 1 )»
 Calça de Dom Gastão - (1856-1858) Filipe Folque (Planta Nº 16 de Filipe Folque, local da "QUINTA  LEITE DE SOUSA" e o Palácio de D, Gastão, senhor das Ilhas Desertas) in  ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA
 Calçada  de Dom Gastão - (1970) Foto de João H. Goulart ("VILA MARIA LUíSA" na CALÇADA DE DOM GASTÃO, ainda com os vasos suportados pelas colunas na entrada da vila)  in  AML 
 Calçada de Dom Gastão - (1998) Foto de António Sacchetti (O Portão de acesso ao pátio da QUINTA LEITE DE SOUSA ou VILA ZENHA e ainda VILA MARIA LUÍSA, hoje em parte destruído, para facilitar a entrada de viaturas de maior dimensão) inCAMINHO DO ORIENTE
 Calçada de Dom Gastão - (2005) Foto de APS  - (Cunhal da casa Nobre da "QUINTA  LEITE DE SOUSA", também conhecida pelo Palácio do GRILO, situado dentro da "VILA MARIA LUÍSA" na CALÇADA DE DOM GASTÃO)  in ARQUIVO/APS
Calçada de Dom Gastão - (2015) Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA ( Actual entrada para a "VILA MARIA LUÍSA" antiga QUINTA LEITE DE SOUSA", já sem os vasos nas colunas da entrada)  in ARQUIVO/APS


(CONTINUAÇÃO) - CALÇADA DE DOM GASTÃO [ II ]

«A QUINTA LEITE DE SOUSA ( 1 )»

Envolvida em algum mistério, aparecendo várias referências dispersas na história da «QUINTA DO GRILO» sem, no entanto, ser possível até ao momento, encontrar o elo de ligação entre os seus intervenientes.
"ANTÃO DE OLIVEIRA", nomeado por D. MANUEL provedor das capelas da infanta D.BRITES, ( 1 ) parece ter instituído um morgado, mais tarde referido em que a propriedade estava incluída. E tudo indica que fosse esta mesma a "quinta de além de Xabregas a par do Grilo"( 2 ) referida por D. GUIOMAR FIGUEIRA e sua filha, D. JOANA DE CASTRO, ambas viúvas ao tempo que instituíram uma CAPELA em"SÃO FRANCISCO DE XABREGAS" (1582). Deixaram por administradora "D. FILIPA DE CASTRO", filha de "ANTÃO DE ALMEIDA (ou OLIVEIRA ?) DE AZEVEDO, estribeiro-mor do CARDEAL-INFANTE, a neta de"D. ANTÓNIA DE CASTRO", cunhada e tia das testadoras, com a condição (...) "que casará a dita senhora DONA FILIPA DE CASTRO com homem fidalgo de geração dos CASTROS legítimos e verdadeiros deste Reino das treze arruelas e terá o apelido e se chamará de CASTRO". Em 1616 administrava a CAPELA"D. JOÃO DE CASTRO", genro de "ANTÃO DE OLIVEIRA  (ou ALMEIDA)  DE AZEVEDO,( 3 ) que adoptou o nome de CASTRO.
"ANTÓNIO (ou ANTÃO) DE OLIVEIRA DE AZEVEDO" tinha uma pedreira junto da sua "QUINTA DO GRILO", da qual ofereceu a pedra e o chão para a construção e adro da ERMIDA de"D. GASTÃO COUTINHO", cujo sobrinho, "LUÍS GONÇALVES DA CÂMARA COUTINHO", passado anos lhe comprou a "pedreira e terra que se lhe seguia"( 4 ).
Já em 1656, a viúva de "D. GASTÃO", "D. ISABEL FERRAZ", lhe tinha comprado uma terra junto aos seus aposentos fronteiros ( 5 )"LUÍS CID DA SILVA E OLIVEIRA" no início do século XVIII, era senhor da «QUINTA DO GRILO», como administrador do morgado instituído por "ANTÓNIO DE OLIVEIRA DE AZEVEDO", (...)"seu sexto avô, ao qual morgado sua terceira avó anexara a sua terça"  ( 6 ), assente numas casas na "RUA DE NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS". 
Outro documento confirma a instituição de "ANTÃO DE OLIVEIRA" e refere que àquele (...) "morgado anexara a sua terça sua quarta avó de D. ANTÓNIO DE CASTRO"( 7 ).  Umoutro documento refere"LUÍS CID"como administrador do morgado "instituído por ANTÃO DE OLIVEIRA seu terceiro avô"( 8 ).
Este "LUÍS CID", filho de"FRANCISCO DE ALMEIDA DA SILVA" e de"D. ISABEL DE LACERDA", irmã do CARDEAL PEREIRA DE LACERDA, Bispo do ALGARVE, ampliou a propriedade do "GRILO", pertença do morgado - "uma quinta extramuros desta cidade no sítio do GRILO em a qual quinta ele suplicante tinha acrescentado duas moradas de casas que hoje rendiam cem mil réis em cada um ano ( 9 ). Obrigou este rendimento para segurar a tença(Pensão) que permitia a profissão na LUZ de uma filha natural. 
"D. MARGARIDA" necessitando de provisão régia ( 1711 ),"pelas tais benfeitorias estarem feitas em chão da dita quinta que era de morgado de que se não seguia prejuízo algum no imediato sucessor que era um filho que tinha. de idade 14 anos. No ano de 1717, viu-se na necessidade de sub-rogar umas casas do morgado de "ANTÃO DE OLIVEIRA" - várias propriedades que fizera no chão junto à sua quinta do GRILO  ( ... )pela grande conveniência com que ficava o dito morgado  ( ... )e terem estas casas menos perigo de incêndio e ruínas, por serem de abóbadas, ao que as do dito foro estavam expostas como já lhe sucedera ( ... )e constar valer de principal o foro do morgado referido cento e setenta mil réis ( 10 ).  A viúva de "LUÍS CID", "D. MARIANA DA SILVA E SOUSA", "faleceu nas casas da quinta, em 1726 ( 11 ), quatro anos depois do filho, "FRANCISCO DIONÍSIO DE ALMEIDA SILVA E OLIVEIRA"( 12 ).

-(1)-IAN/TT. Chancelaria de D. João III, Lº. 61, fl. 132v.
-(2)-Tombo das obrigações das Capelas dos Conventos de S. Francisco de Xabregas in Andrade, Ferreira de -Palácios Reais de Lisboa, LISBOA 1949. p.55-
-(3)-Idem
-(4)-Fr. Agostinho de Santa Maria - Santuário Mariano-oficina de Antº. Pedroso Galram, LISBOA 1707-pp. 197 e 198.
-(5)-Index das Notas de vários Tabeliães de Lisboa. BNL, 1949, T. 4 p. 6.
-(6)-IAN/TT, Chancelaria de D. PEDRO II, Lº., 55, fl 149v.
-(7)-IAN/TT, Chancelaria de D. PEDRO II, Lº., 54, fl. 115.
-(8)-IAN/TT, Chancelaria de D. JOÃO V, Lº., 37, fls. 100-100v.
-(9)- Idem
(10)-IAN/TT, Chancelaria de D. JOÃO V, Lº., 45, fl. 262.
(11)- IAN/TT,RP, Santa Engrácia, Óbitos, Cx. 26, Lº 3, fl. 176.
(12)-IAN/TT, RP, Santa Engrácia, Óbitos, Cx. 26. Lº 3, fl. 122v.

SIGLAS
IAN/TT - Instituto de Arquivo Nacional/Torre do Tombo.
RP     - Registos Paroquiais.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«CALÇADA DE DOM GASTÃO [ III ]-A QUINTA LEITE DE SOUSA (2)».

CALÇADA DE DOM GASTÃO [ III ]

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«A QUINTA LEITE DE SOUSA ( 2 )»
 Calçada de Dom Gastão - (2005) Foto de APS  (Cunhal do palácio da "Quinta Leite de Sousa". A parte inferior em cantaria rusticada corresponde ao  edifício inicial, depois acrescentado com o arranjo mais tardio do piso nobre, com o Cunhal agora talhado em cantaria lisas, sem ter havido portanto qualquer vontade de conformar a parte ao gosto preexistente)  inARQUIVO /APS 
 Calçada de Dom Gastão - (2005) - Foto de APS ( A "ESCOLA PRIMÁRIA Nº 20" dentro da Vila "MARIA LUÍSA" no antigo Palácio do Grilo)  in  ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - ( 2007 ) - (Panorâmica com pormenor da área envolvente das duas propriedades que começam a Sul do Bairro de Madre de Deus e finaliza no Tejo, agora compreendida pela Rua da Manutenção)  in  GOOGLE EARTH
 Calçada de Dom Gastão (2015) Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA (Fachada sobre o pátio "Quinta Leite de Sousa" arranjo da segunda metade do século XVIII. Notam-se as duas janelas cegas correspondentes a duas paredes mestras mais antigas, evidenciando o carácter do arranjo palaciano que sofreu esta Quinta, também chamada de "Quinta do Grilo") in ARQUIVO/APS
Calçada de Dom Gastão - (2015) - Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA (A parte do antigo "Palácio do Grilo" mais a poente na "Quinta Leite de Sousa" na "Vila Maria Luísa". Podemos  ver no 2º andar que nesta altura ainda funcionava o "EXTERNATO CAMILO CASTELO BRANCO") in  ARQUIVO/APS

(CONTINUAÇÃO) - CALÇADA DE DOM GASTÃO [ III ]

«A QUINTA LEITE DE LOUSA ( 2 )»

"PASTOR DE MACEDO" refere o«PÁTIO DE LUÍS SIDE» (1724) e o «PÁTIO DO SIDE» (1738), ano, em que ali morreu o abade "JOSÉ MOURA"( 1 ).
Os bens de "Luís CID" passaram para sua irmã, "D. CONSTANÇA DA SILVA AZEVEDO E CASTRO, 5.ª SENHORA DE "LAGOA DO CARMO", no ALGARVE, casada com "FERNÃO LEITE DE SOUSA MATOS, 9.º SENHOR DO MORGADO DE "NOSSA SENHORA DA ESPERANÇA". O neto destes,"FERNÃO LEITE DE SOUSA" sargento-Mor de LISBOA, em 1748 já vivia "na sua Quinta do sítio do Grilo"( 2 ), natural da AMEIXOEIRA (1717) e habilitado pelo "SANTO OFÍCIO"( 3 ), por ,morte da avó "DONA CONSTANÇA" - legítima administradora dos quartos morgados que instituíram o reverendo cónego "ANTÓNIO DE ALMEIDA", "D. MARIA DE AZEVEDO", "D. INÊS MARIA DA SILVA" e "LOPO ROIZ DE ALMEIDA( 4 ) - ficou como administrador da casa, apesar da oposição de seu tio mais novo, JOSÉ LEITE DE SOUSA. Receoso que esta ( ...) "se utilizasse dos seus rendimentos despedira logo alguns soldados do seu regimento a cobrar com alguma violência todos os caídos que se achassem na província do "ALÉM TEJO", onde estavam as mais fazendas dos ditos morgados. Entre os bens do morgado encontravam-se (... ) umas casas Nobres na sua QUINTA DO GRILO ( ... ) cujas casas precisavam de muito reparos e juntamente de lhes acrescentar mais três casas e outras obras de que necessitavam para acomodação do suplicante e sua família ( 5 ).
Para conseguir realizar as obras, uma vez que se encontrava sem meios, contratou-se com os mestres JOÃO DUARTE, pedreiro e MANUEL LUÍS DA COSTA, carpinteiro, consignando-lhes Duzentos mil réis anuais nos rendimentos da Quinta, e mais bens do morgado (1747). Igualmente levaram obras as casas pequenas que ficaram à face da RUA. É possível que o pintor-dourador "BERNARDO DA COSTA BARRADAS" tenha trabalhado nas CASAS DO GRILO, uma vez que no testamento (1747) afirma ser credor de "FERNÃO LEITE DE SOUSA( 6 ) .
Esta propriedade, de dimensões consideráveis - estendendo-se até ao PALÁCIO OLHÃO e à ILHA DO GRILO - era constituída por casas grandes dentro do pátio, cocheira, estrebaria, dois quartos nobres e um pequeno, mais de duas dezenas de lojas, um armazém e a Quinta, composta por horta, parreiras e terras de pão ( 7 ) , por vezes arrendada. Na década de sessenta um dos quartos nobres esteve arrendado ao desembargador "FRANCISCO XAVIER DE ASSIS PACHECO". No ano de 1801 era arrendatário da QUINTA e dois quartos nobres, por quinhentos mil réis, "FRANCISCO DE MELO COGOMINHO", servido por 4 criados de  escada de cima, 1 cozinheiro, 1 moço de cozinha, i moço de copa, 5 criados de escada abaixo 2 carruagens ( 8 ) .
A "FERNÃO LEITE DE SOUSA" sucedeu (1799) sua filha natural. 1.ª VISCONDESSA DE CONDEIXA, pelo casamento com"PEDRO ATAÍDE E MELO", que viveram no GRILO. Sem geração, caiu a casa em (1829) na posse de uma prima, 10.ª senhora de TAVAREDE  e das LEZÍRIAS DE BUARCOS - Sucessora no Morgado de Nª. SENHORA DAESPERANÇA EM SANTARÉM - e mãe do 1.º CONDE E BARÃO DE TAVAREDE, "JOÃO DE ALMADA E QUADROS".
Manteve-se a CASA DE TAVAREDE na posse da "QUINTA DO GRILO" durante a maior parte do século XIX. Antes da viragem do século estava a propriedade transformada - de acordo com o nome dos proprietários  -  na VILA ZENHA, depois VILA MARIA LUÍSA, que juntamente com a instalação de uma escola pública (ESCOLA PRIMÁRIA nª 20) e de um colégio privado "EXTERNATO CAMILO CASTELO BRANCO", descaracterizaram por completo os interiores das antigas casas nobres.

- 1 - IAN/TT, RP, Santa Engrácia Óbitos, cx. 26, Lº., 3, fls. 156 e Lº., 4, Fl. 130.
- 2 - IAN/TT, CN, C-12B, cx. 65, Lº., 647, fls. 20-21v.
- 3 - IAN/TT, HSO, Mç. 2 dil. 37.
- 4 - IAN/TT, Chancelaria de D. João V, Lº., 98, fls. 22v-229.
- 5 - IAN/TT, Chancelaria de D. João V, Lº., 117. fls 37v- 38.
- 6 - IAN/TT, RGT, Lº., 240 fls. 124v-127v.
- 7 - AHTC, DC, Santa Engrácia Arruamentos. Mç. 430.
- 8 - AHTC, DC, Santa Engrácia Arruamentos. Mç. 449.

SIGLAS

IAN/TT - Instituto de Arquivos Nacionais/Torre do Tombo.
AHTC - Arquivo Histórico do Tribunal de Contas.
CN - Cartórios Notariais
DC - Décima da Cidade
RGT - Registo Geral de Testamentos
RP - Registos Paroquiais
HSO - Habilitações do Santo Ofício

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«CALÇADA DE DOM GASTÃO [ IV ] A QUINTA LEITE DE SOUSA ( 3 )».

CALÇADA DE DOM GASTÃO [ IV ]

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«A QUINTA LEITE DE SOUSA ( 3 )»
 Calçada de Dom Gastão - ( 2015) - Foto gentilmente cedida pelo amigo Ricardo Moreira (Edifício para ser transformado oportunamente, já poucas pessoas habitam este quarteirão de "CALÇADA DE D. GASTÃO", apenas alguns lojistas no piso térreo)  in  ARQUIVO/APS
 Rua de Dom Gastão - (2015) - Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA (Um aspecto da entrada da "VILA MARIA LUÍSA" com um edifício à direita já restaurado que serve uma comunidade indiana virada para várias manifestações artísticas de nome EKA) inARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (2007) - (Pormenor das casas da "Quinta Leite de Sousa""Vila Maria Luísa" e o "Palácio de Dom Gastão e senhor dos Ilhas Desertas", os anexos construídos no terraço da celebre varanda balaustrada setecentista)  in  GOOGLE EARTH
 Calçada de Dom Gastão - (1971) - Foto de João H. Goulart (A "CALÇADA DE DOM GASTÃO" junto da estrada para a "VILA MARIA LUÍSA" na década de setenta do século passado) inAML 
Calçada de Dom Gastão - (1970) - Foto de João H. Goulart ( Prédio onde existia na esquina a "Farmácia Conceição" final da "CALÇADA DE DOM GASTÃO" esquina com a "RUA JOSÉ ANTÓNIO LOPES")  in AML 

(CONTINUAÇÃO) - CALÇADA DE DOM GASTÃO [ IV ]

«A QUINTA LEITE DE SOUSA ( 3 )»

A transformação profunda após meados do século XIX pelas duas propriedades que compunham o actual amontoado informe de construções que se erguem à esquerda e à direita da actual «CALÇADA DE DOM GASTÃO», determinou alguma dificuldade na distinção entre elas e a correcta definição do âmbito de cada uma. Para mais, sabendo-se por informações seguras que as propriedades dos SENHORES DAS ILHAS DESERTAS,  herdeiros de "DOM GASTÃO COUTINHO", se dividiam dos dois lados da via pública, levou-nos à identificação inicial desta quinta como sendo as casas da banda de cima referidas em vários documentação daquela família, o mesmo se afirmando em obra anterior. No entanto, a analise cuidada da documentação e da cartografia e, sobretudo, a definição mais ponderada do primitivo esquema viário da zona, tornou claro que tal identificação não era correcta, tratando-se de facto da QUINTA que fora de "ANTÃO DEOLIVEIRA" e depois da família "LEITE DE SOUSA", caindo por herança, já no século XIX, nos Condes de "TAVAREDE".
Esta enorme quinta ocupara toda a frente da "RUA DE XABREGAS" e o começo da "CALÇADA DE D. GASTÃO", desde a "QUINTA DOS CUNHAS - OLHÃO" até à pequena Azinhaga que subia a encosta, hoje dificilmente reconhecível nas apertadas "ESCADINHAS DE DOM GASTÃO".
A existência desta azinhaga, que ligava ao esquema viário mais antigo, é determinante para se compreender a divisão da propriedade, bem como a organização primitiva do edifício nobre da QUINTA. Esta, que hoje apresenta a sua entrada para nascente, virava-se primitivamente a poente, definindo uma estrutura muito comum em "U" em torno de um pátio. Dado o declive da ravina, era suportada a parte traseira sobre o rio por um muro sustentado em arcaria e forte Cunhal rusticado  - espécie de criptopórtico - o qual permitia o indispensável nivelamento das dependências superiores e a existência de armazéns na parte baixa, sem comunicação interna inicial.
Pelo desenho evidenciado por esse Cunhal de cantaria rústica, muito em voga desde finais do século XVI, podemos avançar com a datação provisória da construção desde esse período até inícios do século XVIII, dado não se ter encontrado nenhum documento que afirme inequivocamente uma data precisa.
No entanto, as informações recolhidas que remontam a 1582, parecem apoiar a hipótese de uma presença de casas nobres já vinculadas desde o início do século XVII. O mais certo é a realização de sucessivas obras e alterações, como a documentação aliás parece também confirmar. Mais tarde, em conformação de rede viária e da subalternização dos velho caminhos, ou mesmo o seu desaparecimento físico, o conjunto vai ser reorientado organicamente, abrindo-se ao RIO e à via pública.
Temos informação de construções anexas abobadas nos início do século XVIII, e, sobretudo, a existência de uma grande campanha de obras a partir de 1747, depois da quinta cair na posse de "FERNÃO LEITE DE SOUSA", falecido já na década de noventa.
Deverá ser de iniciativa deste o acesso pelo portão nascente - hoje desmantelado para entrada de viaturas -  e a abertura no referido muro de suporte de um portal fronteiro ao pátio em declive, dando acesso ao vestíbulo e à escadaria, cuja articulação interior denota o carácter de adaptação não muito cuidada. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«CALÇADA DE DOM GASTÃO [ V ] A QUINTA DE LEITE DE SOUSA ( 4 )».

CALÇADA DE D. GASTÃO [ V ]

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«A QUINTA LEITE DE SOUSA ( 4 )»
 Calçada de Dom Gastão - (2005) - Foto de APS - (Aspecto da fachada da casa nobre da QUINTA DE LEITE DE SOUSA, onde esteve instalada a antiga "ESCOLA CENTRAL Nº 20" depois "ESCOLA PRIMÁRIA", era frequentada pelos filhos dos operários daquela zona) in  ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (2015) Foto gentilmente cedida pelo amigo Ricardo Moreira (As "ESCADINHAS DE DOM GASTÃO" antiga Azinhaga que fazia ligação entre a "CALÇADA DE DOM GASTÃO" e a "ILHA DO GRILO", anterior à abertura da "CALÇADA DO GRILO") in ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (1989) Foto de APS - (O final da "CALÇADA DE DOM GASTÃO" visto da "RUA DE XABREGAS". No lado esquerdo nesta época ainda existia na esquina a farmácia Conceição)  in  ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (1998) - Foto de António Sacchetti  (Faiança portuguesa sem marca, cerca de 1913, da antiga "ASSISTÊNCIA ESCOLAR DO BEATO E OLIVAIS", que funcionava na Quinta de LEITE SOUSA, era frequentada pelos filhos dos operários da zona Oriental, com naturais carências de vários ordem) in CAMINHO DO ORIENTE
 Calçada de Dom Gastão - (1966-11) Foto de João H. Goulart  ( As "ESCADINHAS DE DOM GASTÃO" era no passado bastante importante. Foram construindo edifícios no seu limite e ainda com a abertura da "CALÇADA DO GRILO" perdeu o seu significado) in AML 
Calçada de Dom Gastão - (194_) Foto de Fernando Martinez Pozal  (As "ESCADINHAS DE DOM GASTÃO", que separavam fisicamente as duas QUINTAS, provavelmente muito próximo da Ermida Nª. Senhora do Rosário da Restauração, mandada erguer por D. GASTÃO) (Abre em tamanho grande)  inAML

(CONTINUAÇÃO) - CALÇADA DE DOM GASTÃO [ V ]

«A QUINTA LEITE DE SOUSA ( 4 )»

Sobre a estrutura antiga fez-se correr uma nova fachada nobre palaciana, cujo rigor simétrico de 13 aberturas de sacada não condiz com a anterior estrutura dos suportes do muro, obrigando a que duas dessas janelas sejam cegas por coincidirem com anteriores paredes mestras.
Estas obras terão sido  arrastadas por bastante tempo, dado que o modelo das guardas de ferro dessas sacadas e os azulejos que decoravam a parte acrescentada são já posteriores ao terramoto, com interessantes exemplares entre estes últimos padrões ditos pombalinos.
Não foi possível apurar a data exacta em que por meados do século XIX os CONDES DE TAVAREDE,últimos detentores do vínculo, parcelaram a QUINTA em várias propriedades.

Na parte rural. sobre a "RUA DE XABREGAS", foi erguida uma importante unidade Textil"FÁBRICA DE FIAÇÃO E TECIDOS ORIENTAL" (Vulgo, FÁBRICA DAS VARANDAS), onde hoje se situa um supermercado e um inestético prédio de rendimento.
Quanto ao conjunto da casa e dependências foi transformado em VILA OPERÁRIA de nome "VILA MARIA LUÍSA", com profundas transformações e acrescentos. Num anexo que fechou o antigo pátio superior, funcionou um "CENTRO REPUBLICANO" e no seucorpo principal uma"ESCOLA PRIMÁRIA Nº 20" e outra privada, o"COLÉGIO CAMILO CASTELO BRANCO"no lado esquerdo, que ainda se mantém no edifício.
A antiga "ESCOLA CENTRAL Nº 20"da VILA ZENHA, depois"ESCOLA PRIMÁRIA Nº 20"que funcionou na"QUINTA LEITE DE SOUSA", era frequentado pelos filhos dos operários da ZONA ORIENTAL DE LISBOA, com naturais carências de vária ordem.  Em 1913, foi inaugurada a "ASSISTÊNCIA ESCOLAR DO BEATO E OLIVAIS", inaugurada pelo então PRESIDENTE DA REPÚBLICA "DR. MANUEL DE ARRIAGA". 
Anexa à ESCOLA é construída uma CANTINA para 144 crianças, dispondo ainda de gabinete de assistência médica e instalações sanitárias para banhos quentes e dispensário com roupa, tudo acondicionado em edifício então construído de raiz fechando o antigo pátio poente da casa dos "LEITE DE SOUSA". Este serviço de jantar (ver foto), com múltiplas peças, mantém-se num grande armário possivelmente destinado de origem à sua guarda, ainda hoje perfeitamente conservado pela atenção da actual responsável da escola na antiga cozinha da QUINTA.

AZULEJARIA

O edifício principal corresponde à adaptação de casa nobre a diferentes usos. "FERNÃO LEITE DE SOUSA", na segunda metade do século XVIII ao VISCONDE DE VEIROS -FRANCISCO DE PAULA LEITE DE SOUSA (1747-1833), terá sido o quem encomendou a azulejaria pombalina que encontramos. A irmã do Visconde casou com o BARÃO DE TAVAREDE que vem a herdar a propriedade. 
A  ESCOLA PRIMÁRIA OFICIAL, do tempo das escolas REPUBLICANAS e um COLÉGIO PRIVADO, ocuparam o andar nobre, pelos outros espaços distribuem-se diversas residências. Em ambos os casos a decoração azulejar, constitui um dos aspectos mais importantes e mais claros do que terá sido este conjunto de CASAS NOBRES.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«CALÇADA DE DOM GASTÃO [ VI ]A QUINTA LEITE DE SOUSA ( 5 )».

CALÇADA DE DOM GASTÃO [ VI ]

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«A QUINTA LEITE DE SOUSA ( 5 )»
 Calçada de D. Gastão (2015) Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA ( O lado nascente do Palácio da "QUINTA LEITE DE SOUSA" conhecido também pelo "PALÁCIO DO GRILO". As instalações no lado direito foram ligados ao "Palácio", o  aproveitamento  deste espaço está relacionado com uma obra de artistas de várias áreas, que vão desfrutando deste maravilhoso "Palácio" setecentista)  in  ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (2015) - Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA  - (As "ESCADINHAS DE DOM GASTÃO" com ligação à "CALÇADA DE DOM GASTÃO")  in ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (1998) Foto de António Sacchetti  - ("ESCADINHAS DE DOM GASTÃO", antiga via pública de ligação à zona da ILHA DO GRILO) in CAMINHOS DO ORIENTE
 Calçada de Dom Gastão - ( 1998 ) - Foto de António Sacchetti - (Pormenor da escadaria interior do "PALÁCIO" primeiro lanço, com revestimento de azulejos da segunda metade do século XVIII. Painel das escadas oficina de LISBOA)  inCAMINHO DO ORIENTE
Calçada de Dom Gastão - (1998) - Foto de António Sacchetti - (Escadaria da "QUINTA LEITE DE SOUSA" acrescento introduzido no século XVII, na CALÇADA DE DOM GASTÃO)   in CAMINHO DO ORIENTE

(CONTINUAÇÃO) - CALÇADA DE DOM GASTÃO [ VI ]

«A QUINTA LEITE DE SOUSA ( 5 )»

 AZULEJARIA
No entanto, o edifício a que nos referimos, no topo do pátio da "VILA MARIA LUÍSA" ainda mantém dimensões importantes e sistema de   cantarias nos cunhais e nos vãos, sobretudo no       andar      Nobre.     A escadaria, peça essencial     da habitação Nobre assenta sobre uma     arcaria  hoje        infelizmente   entaipada.    Ganharia a   sua antiga  nobreza com o vazamento dos arcos, a limpeza de pedra e a pintura dos panos de parede.
A Azulejaria que a decora mantém-se quase intacta no seu lugar.
Para a escadaria foi utilizado um painel em alto contraste cromático. Dois tons de azul-cobalto, amarelo-junquilho e roxo-vinoso, conferem-lhe um grande impacto decorativo. Está dividido em zonas de fingido apainelado marmoreado com cartelas rococó a roxo-vinoso e zonas figurativas onde se desenham cenas de caçadas aberta em cartelas com a forma de conchas, perfuradas e simétricas. Trata-se de uma composição da época pombalina.
A escadaria dá acesso ao portal de pedra, correspondendo à entrada do andar nobre.
No antigo andar Nobre, verifica-se a existência de um grande conjunto de painéis de azulejos deslocados, alguns da sua colocação original, readaptados sem grande critério. Este piso foi decorado na primeira metade do século XVIII, ou mesmo em finais do século XVII, portanto em época anterior ao terramoto, e em outra campanha de obras posterior a 1755, com azulejaria pombalina.
Da primeira campanha de azulejos destaca-se em primeiro lugar um belíssimo padrão em tons de  azul-cobalto sobre branco, formado pela rotação de um desenho em quadrado. A cercadura de óvulos e acantos é também extremamente requintada.
Noutras salas e da mesma época podem ver-se três variações dos azulejos de jarras ou albarradas. Trata-se de um esquema decorativo de belíssimo efeito que em certa medida, desde os finais do século XVII, vai substituindo a azulejaria de padrão em que dominam os ritmos diagonais e circulares, por ritmos de alternância vertical, com grande apelo figurativo.
Em duas albarradas o tema maior é a jarra ou cesta de fruta decorada com flores, repetida e intercalada num caso com anjinhos que seguram cornucópias e noutro com jarras finas para uma só flor. Uma outra albarrada apresenta a repetição da mesma jarra de flores alternando com guirlandas penduradas em desenvolvimento horizontal, com pendentes de flores e frutos.
O azul-cobalto está sempre presente em contraste com tonalidades de roxo-vinoso ou verde com pontuações de amarelo-junquilho.  Reconhecem-se padrões muito usados nas escadarias de prédios da BAIXA POMBALINA.
Dois padrões merecem um destaque especial, nesta decoração que é um verdadeiro catálogo da azulejaria pombalina: o  padrão hexágonos articulados com outros elementos de forma a obter-se uma expressão em que dominam as verticais, raríssimo no conjunto da azulejaria pombalina e o padrão de florinhas e delicado filete com folhagem em sistema de composição diagonal, marcando já pela sua leveza a transição para a azulejaria dita neoclássica.
No primeiro padrão usa-se o roxo-vinoso para os hexágonos, o azul-cobalto e amarelo junquilho para os restantes elementos. No segundo o azul-cobalto é substituído por verde e a sensação de tecido é muito mais forte do que nos restantes padrões.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«CALÇADA DE DOM GASTÃO [ VII ]A COOPERATIVA DE ENSINO "OS PIONEIROS"»
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