«A RUA DOS CAMINHOS DE FERRO ( 4 )»
(CONTINUAÇÃO) - RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ V ]
«A RUA DOS CAMINHOS DE FERRO ( 4 )»
A CASA DE MACHADO DE CASTRO
- ( 1 ) - ALBARRADA - s.f. (do Árabe - al.barrada) Vaso com flores, para ornato de mesas; jarro de louça, com asas, para água.
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ VI ]- A ESTAÇÃO DE CAMINHO DE FERRO DE SANTA APOLÓNIA ( 1 )»
Rua dos Caminhos de Ferro - (2008) - (A casa de MACHADO DE CASTRO na "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" em estado avançado de degradação) (Abre em tamanho grande) in LISBOA S.O.S.
Rua dos Caminhos de Ferro - (1997) Foto de António Sacchetti ("Casa de Machado de Castro" na RUA DOS CAMINHOS DE FERRO antiga RUA DO CAIS DOS SOLDADOS. Janela da trapeira, com jarrões de João Roseira? da segunda metade do século XIX) in CAMINHO DO ORIENTE-GUIA DO AZULEJO
Rua dos Caminhos de Ferro - (1997) - Foto de António Sacchetti ( Casa de MACHADO DE CASTRO na RUA DOS CAMINHOS DE FERRO, fachada com azulejos "Padrão Parreira" da Fábrica (ROSEIRA) da segunda metade do século XIX, com oficina na "CALÇADA DOS CESTEIROS") inCAMINHO DO ORIENTE - GUIA DO AZULEJO
Rua dos Caminhos de Ferro - ( 1997 ) - Foto de António Sacchetti (A "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" com padrão "crochet" da Fábrica da Calçada dos Cesteiros (ROSEIRA), final do século XIX) in CAMINHO DO ORIENTE - GUIA DO AZULEJO
Rua dos Caminhos de Ferro - (1951-10) Foto de Eduardo Portugal (Conjunto de casas na "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" nos anos cinquenta do século vinte) (Abre em tamanho grande) inAML
Rua dos Caminhos de Ferro - (Entre 1898 e 1908) Foto de autor não identificado (A "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" em finais do século XIX início do século XX) (Abre em tamanho grande) in AML
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A CASA DE MACHADO DE CASTRO
Com sua fachada harmónica de três pisos, mais tarde acrescentados com uma água-furtada, esta casa representa um tipo comum de residência urbana de uma classe média, que ao longo do século XVIII se vai afirmando no panorama social lisboeta.
No piso térreo sobressai o pequeno portal, com frontão decorativo, pormenor enobrecedor que denota algum cuidado e, sobretudo, a vontade de afirmar um estatuto recente pela cópia dos modelos eruditos.
Com a aquisição mais tarde do edifício pela «FÁBRICA ROSEIRA» passou a ser balcão de vendas da produção que se manufacturava muito próximo. Sabemos que pelo menos a escadaria era dotada de azulejaria azul e branco da mesma época de construção (uma solução de "albarradas"( 1 ) inclinados a acompanhar o desenvolvimento da escada). No Palácio da Cova, situado na "CALÇADA DOS CESTEIROS", funcionava a FÁBRICA DE FAIANÇAS ROSEIRA. Nesse espaço que foi morada de"MACHADO DE CASTRO" na entrada vê-se, hoje, no tecto um mostruário de padrões de azulejos de fachada que poderá datar dos últimos anos do século XIX, época de maior produção da "FABRICA ROSEIRA".
A escadaria teve exemplares dos painéis decorativos que a fábrica também produzia, especialmente pintados pelo ceramista e proprietário da "FABRICA", «JOÃO ROSEIRA (1828-?), um soldado em tamanho natural como figura de convite e um grande jarrão de Hortênsia, hoje na colecção de FRANCISCO HIPÓLITO RAPOSO.
Os azulejos que se vêm hoje, na escadaria, foram colocados em meados dos anos 60 aquando da venda dos azulejos primitivos a HIPÓLITO RAPOSO. No entanto parece ter havido o cuidado de aí colocar azulejos da Fábrica. Pelo menos o padrão "ROSEIRA" pela cor e desenho e mesmo o padrão azul e branco podem ser-lhe atribuído.
A janela da trapeira, construída já no século XIX, foi decorada com um par de jarrões floridos, provavelmente por JOÃO ROSEIRA para o edifício, não como objectos de produção em serie, mas como tema original, publicitando as qualidades de fabrico e as possibilidades mais requintadas de decoração com azulejaria. Assim, o revestimento integral da fachada não pode deixar de representar a produção da fábrica, provavelmente mais tardio que os jarrões da janela da trapeira, ou águas-furtadas. Trata-se de um desenho que mostra uma parreira com cachos de uvas e flores. No entanto, a cercadura que sublinha os vãos é relativamente comum.
É ainda de realçar a orgânica dupla da casa com segunda fachada traseira sobre a "CALÇADA DO CARDEAL" permitindo a autonomização do referido piso térreo sobre a "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO". Embora o aspecto mais relevante desta residência é o facto de nela ter residido por alguns anos "MACHADO DE CASTRO", uma das figuras centrais do panorama artístico lisboeta da segunda metade do século XVIII.
A casa veio em dote (como já nos referimos) mas aqui nasceram os seus filhos. Só este facto simples mas marcante, impunha obras de recuperação, deste curioso exemplar de residência lisboeta, que "entraves" de vária ordem, incluindo indefinições na propriedade, não permitiram realizar obras integradas no programa de reabilitação no "CAMINHO DO ORIENTE", e está hoje num estado de degradação com as portas emparedadas.
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